Stella está decidida a recomeçar, mesmo carregando as cicatrizes de um passado marcado pelo abandono e pela perda. Com as poucas esperanças que lhe restaram ela se muda para recomeçar a vida em uma cidade nova, longe de tudo que a machucou. Acreditando que o passado nunca mais a encontrará. Até seu caminho se cruzar com um homem misterioso no elevador. Matteo Bianchi é o típico chefe frio e inacessível, um homem que trocou o calor das emoções pela segurança do trabalho. Mergulhado em um mar de culpa e remorso, ele se isolou da família e de todas as chances de recomeçar. Quando seus caminhos se cruzam, ele faz uma proposta inusitada: fingir ser sua noiva por um ano. Para ela, uma chance de estabilidade. Para ele, uma tentativa de reencontrar significado na vida. Mas será que um acordo tão improvável pode despertar sentimentos reais e trazer a redenção que ambos tanto precisam?
Ler mais1 ano depois...O sol já começava a se esconder atrás das montanhas, tingindo o céu de tons dourados e laranja. O quarto de Giorgia, nosso cantinho acolhedor, foi banhado pela luz suave do entardecer, criando uma sensação de paz que me envolvia. Embalava nossa filha em meus braços, sentindo sua respiração calma e leve, como se o mundo lá fora fosse apenas um eco distante, longe do nosso pequeno universo. Ela me olhou com os olhos curiosos, e o coração parecia se expandir dentro de mim, repleto de um amor tão profundo que não sabia como descrever.Eu cantava para ela, uma melodia suave, quase como um sussurro, minha voz refletindo a serenidade que invadia minha alma. Cada nota era um agradecimento silencioso por tudo o que a vida me deu. Por Giorgia. Por Matteo. Pela chance de recomeçar, de ser feliz de uma forma que eu nunca imaginei possível.Quando minha mente se perde, pensando em tudo o que passou, não posso deixar de sorrir. O homem que entrou na minha vida de uma maneira inesper
O ar estava impregnado com o perfume das flores que decoravam a vinícula. O entardecer tingia o céu com tons de dourado e laranja, enquanto o sol se escondia por entre as colinas. Nunca imaginei que um dia poderia ser tão perfeito. Tudo parecia parte de um sonho — mas era real, e ela estava prestes a caminhar em minha direção.Minhas mãos suavam, e eu tentava controlar a respiração enquanto esperava no altar. O vento suave fazia as folhas das videiras balançarem, criando uma música natural que se misturava à melodia suave tocada pelo quarteto de cordas. Amigos e familiares estavam reunidos, mas minha atenção estava toda na entrada, onde sabia que Stella apareceria a qualquer momento.Quando a música mudou, meu coração deu um salto. E então, ela surgiu. Stella.Ela estava linda. Deslumbrante. Inimaginavelmente perfeita. O vestido branco moldava seu corpo com delicadeza, o tecido leve dançando com a brisa. Seu cabelo estava preso em um penteado elegante, com algumas mechas soltas que em
Assim que a chamada de vídeo conectou e a tela mostrou o rosto sério do advogado, meu estômago revirou. Matteo segurava minha mão firmemente, sentado ao meu lado no sofá, mas eu sentia os dedos dele suarem tanto quanto os meus. Tentei respirar fundo, mas o ar parecia não chegar aos meus pulmões. Era agora.— Boa tarde, Stella, Matteo — começou o advogado, ajeitando os óculos. Sua expressão profissional não entregava nada, e isso só aumentava meu nervosismo. — Recebemos a decisão do juiz sobre o pedido de guarda apresentado pelo genitor da sua filha.Meu coração disparou. Eu apertei a mão de Matteo com força, sentindo um nó na garganta. Por mais que eu tivesse tentado me preparar para qualquer resposta, agora que o momento tinha chegado, parecia impossível me manter calma.— E…? — Minha voz saiu trêmula, quase um sussurro. Matteo deslizou o polegar pelo dorso da minha mão, um gesto pequeno, mas reconfortante.O advogado fez uma pausa, provavelmente para organizar os papéis em sua mesa,
Eu me perguntei pela milésima vez se tinha feito a escolha certa ao trazer Stella tão rapidamente de volta para a Itália. A casa era bonita, espaçosa e cheia de potencial, mas eu podia ver nos olhos dela que algo ainda não estava certo. Ela caminhava pelos cômodos como se estivesse tentando se encontrar, como se algo estivesse fora de lugar.Deixei meu casaco no encosto do sofá e a observei da cozinha. Stella estava na sala, ajeitando as almofadas do jeito dela. Aquelas almofadas eram novas, escolhidas em uma das muitas lojas que visitamos desde que chegamos em Livorno. Eu sabia que ela sentia falta do apartamento pequeno, onde cada canto tinha um pedacinho dela, onde o mundo parecia mais simples.— Preciso colocar algo aqui na parede. — ela disse, mais para si mesma do que para mim, apontando para um espaço vazio acima do aparador. — Talvez uma foto nossa... ou um quadro colorido.— É uma ótima ideia — respondi, apoiando-me na porta.Ela olhou para mim e sorriu, mas era aquele sorris
A tarde estava quente, e o ventilador girava preguiçosamente no canto da sala enquanto Matteo empurrava mais uma caixa para o centro do apartamento. O pequeno espaço, que eu havia chamado de lar por tanto tempo, agora parecia diferente, quase irreconhecível com as paredes nuas e os móveis desmontados. Era estranho pensar que, em breve, ele não seria mais meu.— Você tem certeza que quer mandar esse móvel para o seu vizinho? — Matteo perguntou, apontando para o rack que já estava encostado perto da porta. Ele me observava com aquela expressão meio desconfiada que fazia sempre que achava que eu estava escondendo algo.— Tenho. — respondi, tentando parecer decidida. — Ele estava precisando de um e... bem, eu não vou levar isso para a Itália. Faz sentido que fique com ele.Matteo apenas assentiu, mas não parecia convencido. Ele voltou a se concentrar na caixa de livros à sua frente, deixando o ar carregado de uma pergunta não feita.Suspirei e me sentei no chão, passando as mãos pelo cabel
Eu estava sentada no sofá da sala de estar da casa da avó de Matteo, com um chá quente nas mãos, enquanto Antonella revirava uma enorme caixa de papelão no meio da sala. O aroma de camomila e biscoitos recém-assados preenchia o ambiente, criando uma atmosfera acolhedora que só a casa dela conseguia ter. Matteo estava ao meu lado, observando tudo com um sorriso divertido nos lábios.— Aqui está! — exclamou Antonella, erguendo um pequeno ursinho de pelúcia marrom com uma orelha um pouco torta. Ela o sacudiu no ar, como se fosse um troféu, e depois caminhou até mim com um brilho nos olhos. — Este era do Matteo quando ele era pequeno. Não largava por nada!Olhei para Matteo, que corou ligeiramente e deu de ombros.— Eu tinha uns dois ou três anos, não me lembro disso.Antonella riu.— Não importa se você não lembra, eu lembro! Ele dormia com esse ursinho toda noite. E agora, quero que a sua filha tenha algo que foi do pai dela.Segurei o ursinho com cuidado, sentindo o tecido macio, embora
O sol começava a se despedir, pintando o céu com laranjas e dourados que refletiam suavemente na superfície tranquila do lago. Era impossível desviar os olhos daquela imagem – mas, naquele momento, nada era mais bonito do que Stella aconchegada contra mim, com o corpo relaxado e a cabeça apoiada no meu ombro.Minhas mãos se moviam de forma quase automática sobre a curva da barriga dela, desenhando círculos leves sobre o tecido florido do vestido. Cada toque era um lembrete de que, ali, sob minhas mãos, estava a nossa filha. Nossa família.— Essa torta está divina. — ela murmurou entre uma mordida e outra, a voz baixa, mas cheia de satisfação.Sorri, encostando o queixo no topo da cabeça dela.— Claro que está. Você acha que eu ia te trazer algo menos do que perfeito?Ela riu, aquele riso suave que parecia um raio de sol invadindo o peito.— Não sabia que você tinha dotes culinários tão avançados. — Ah, não tenho. — admiti com uma risada, apertando-a levemente contra mim. — Mas sei es
O carro deslizou pelas ruas tranquilas e arborizadas, longe da agitação da cidade. A cada curva, eu me sentia mais envolvida pela serenidade do lugar, como se estivéssemos entrando em um outro mundo, longe de tudo. Matteo dirigia em silêncio, mas eu podia sentir a tensão leve em seus ombros, como se ele estivesse me conduzindo a algo importante, algo que ele queria compartilhar comigo.A estrada estreitou-se, e logo estávamos dentro de um condomínio, com casas antigas e bem cuidadas que me lembraram uma vila italiana. As paredes de pedra, as ruas calmas e as árvores que pareciam abraçar cada casa ao redor criavam uma atmosfera acolhedora e charmosa. Eu avistava crianças brincando perto de um lago, suas risadas ecoando suavemente, e famílias caminhando tranquilamente pelas ruas.Matteo reduziu a velocidade até parar em frente a uma das propriedades, uma casa de dois andares que parecia saída de um conto de fadas. As paredes eram de pedras claras, cobertas por flores que subiam pelas par
Entrar na loja de artigos para bebês foi como abrir as portas de um mundo mágico. Assim que cruzamos o limiar, fui invadida por um arco-íris de tons pastel: rosa, azul, amarelo, verde, todos suavemente estampados em roupinhas, cobertores e brinquedos. O cheiro doce de algodão novo pairava no ar, e as prateleiras pareciam brilhar sob os olhos atentos da avó Antonella.— É como entrar no paraíso, Stella! — Antonella exclamou, segurando um par de sapatinhos minúsculos em uma mão e um body de coelhinho na outra.— Não sei se 'paraíso' é bem a palavra, mas... — comecei, antes que ela me interrompesse com um olhar determinado.— Não seja modesta, querida. Essa bebê merece tudo do bom e do melhor.Fiorella, ao meu lado, já havia começado sua própria busca, vasculhando uma arara de vestidos.— Olha isso, Stella! Um vestidinho vermelho com bolinhas brancas! Vai ficar perfeito no Natal!Eu ri, mas antes que pudesse responder, o carrinho de compras — que eu tinha certeza de que estava vazio um mi