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Capítulo 7: Stella Conti

O relógio na parede indicava que o dia tinha se estendido mais do que o previsto.

Suspirei, ajeitando os papéis na mesa com movimentos rápidos, mas visivelmente cansados. Os relatórios e as pautas das reuniões de Fiorella estavam por toda parte, espalhados como folhas após uma tempestade. Desde que ela chegou pela manhã, entrando e saindo de reuniões com os investidores ao lado do irmão, minha mesa parecia uma zona de guerra.

Eu sabia que precisava deixar tudo organizado antes de ir embora.

Deveria ter levantado para esticar as pernas ao menos uma vez, mas até esses poucos minutos pareciam luxo. Mesmo recebendo horas extras por continuar ali, sentia falta de um pouco mais de tempo em casa. Principalmente agora.

Um ronco repentino ecoou no silêncio, me arrancando de meus pensamentos. Foi só então que percebi o quão vazia minha barriga estava. Instintivamente, levei a mão ao ventre, acariciando a pequena curva que começava a se formar.

— Calma, meu amor — murmurei baixinho, como se pudesse tranquilizá-lo. — Já vamos comer.

Suspirei de novo, tentando ignorar a fome enquanto empilhava os papéis em pequenas pilhas. Mais cinco minutos não fariam diferença, certo? Talvez pudesse sair um pouco mais cedo, passar na padaria no caminho e garantir algo que matasse minha fome antes que o enjoo começasse.

Desliguei o computador, decidida a terminar tudo amanhã.

— Um dia. Somente um dia, eu mereço sair no meu horário — murmurei para mim mesma.

Meu olhar caiu sobre o post-it preso ao monitor: "Você é forte." Escrevi isso numa manhã otimista, mas agora parecia o lembrete de que precisava para fechar o escritório e cuidar do que realmente importava.

Puxei minha bolsa da cadeira, pendurando-a no ombro com cuidado. Um enjoo mais forte subiu de repente, e precisei fechar os olhos por um instante, respirando fundo para controlar a náusea. Precisava comer logo.

O corredor estava silencioso, iluminado apenas pelas luzes automáticas. Era sexta-feira, e a maioria dos funcionários tinha saído mais cedo para o happy hour. Poucos ficavam até tarde.

Caminhei devagar em direção ao elevador, uma mão segurando a alça da bolsa e a outra pousada levemente na barriga. Por mais que tentasse, minha cabeça continuava a fazer contas. Enquanto andava, abri a bolsa e comecei a vasculhar o pouco dinheiro que sabia estar lá dentro. Será que dava para algo mais decente no mercado? Talvez uma fruta e um pãozinho.

Era sexta, dia oficial do "descanso merecido". Talvez pudesse me permitir um hambúrguer gigante e batatas fritas. Só de imaginar a comida gordurosa, mas aconchegante, meu estômago roncou mais alto.

Quando as portas do elevador se abriram, minha concentração nos trocados se dissolveu.

Meu coração parou por um segundo e, quando voltou a bater, foi em um ritmo que me deixou ainda mais tonta.

Matteo.

Ele estava ali, alto e inconfundível, parado como se tivesse esperado exatamente por aquele momento. Por mim.

Os olhos dele, intensos como sempre, correram por mim rapidamente, e eu quase me encolhi sob o peso daquele olhar.

— Stella — ele disse, o nome saindo firme, mas com um toque de algo que não soube decifrar.

Eu não conseguia me mover. Passei o dia todo fugindo dele, inventando compromissos e tarefas, me escondendo atrás da pilha de papéis na minha mesa. E agora, no último minuto, o destino decidiu me pregar essa peça.

Segurei mais firme a bolsa e tentei não demonstrar como meu corpo inteiro parecia lutar entre fugir e ficar.

— Matteo — murmurei, hesitante. — Você ainda está aqui?

O olhar dele suavizou, mas não perdeu a intensidade.

— Podia perguntar o mesmo para você. Achei que já tinha ido embora.

Eu queria responder, mas meu enjoo parecia competir com minha capacidade de raciocinar. Tudo o que consegui foi me segurar no pequeno fio de coragem que restava.

Sem saber o que mais fazer, entrei no elevador. Matteo deu um passo para trás, mas não o suficiente para que sua presença parecesse menos... dominante. A porta se fechou, e o silêncio no pequeno espaço tornou-se quase palpável.

— Então... — ele começou, a voz grave quebrando o constrangimento. — Como foi seu dia?

— Bem corrido — respondi, tentando soar casual. Apoiei a mão na parede do elevador para me equilibrar, enquanto a outra segurava a bolsa. O enjoo parecia piorar, mas forcei um sorriso. — Nada fora do normal.

— Você parece cansada.

Olhei de relance para ele, mas desviei o olhar imediatamente. Ele não parecia crítico, mas sua atenção era desconcertante.

— Só o ritmo de sempre — desconversei, ajeitando a alça da bolsa no ombro.

Ele ficou em silêncio por um momento, mas percebi que me observava. Meu estômago roncou de novo, alto o suficiente para não passar despercebido. Tapando a boca, engoli em seco ao sentir que o vazio quase me venceu.

— Stella — ele disse, a voz firme e direta. — Quando foi a última vez que você comeu?

Pisquei algumas vezes, tentando ganhar tempo.

— Eu almocei... — comecei, mas ele levantou uma sobrancelha, esperando que continuasse. Suspirei, derrotada. — Mas não consegui parar depois disso. Tinha muito o que fazer.

— Não conseguiu ou não quis?

A franqueza dele me fez encará-lo de verdade pela primeira vez.

— Não é tão simples assim — murmurei, olhando para a porta do elevador como se fosse minha saída.

— Simples ou não, você vai jantar agora.

— Vou, assim que chegar em casa.

Matteo balançou a cabeça, decidido.

— Estou indo comer também. Vamos juntos.

— Ficou maluco — murmurei, engolindo uma risada nervosa.

— Não estou perguntando. — Ele apertou o botão para o térreo. — Você está pálida e, pelo visto, prestes a desmaiar. Ou me deixa te levar para jantar ou eu carrego você até lá. Considere uma oferta de paz.

Suspirei, derrotada e cansada demais para discutir.

— Tudo bem — cedi, minha voz quase um sussurro. — Mas não precisa ficar.

— Isso não está em discussão.

As portas do elevador se abriram, e ele fez um gesto para que eu saísse primeiro.

Não havia espaço para recusar. Apesar do orgulho gritar, talvez fosse bom ter alguém insistindo em cuidar de mim por uma vez.

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