Cristiano Nunes, um investidor de polícia, enfrenta o desafio de desvendar um crime ao ser transferido da capital de São Paulo para a cidade turística Serra dos Anjos. Enquanto mergulha na investigação, seu destino se entrelaça com o de Emilly Marino, uma mulher independente e empresária da construção civil, cujo passado guarda segredos desconhecidos até por ela mesma. A intensa atração entre eles se torna evidente, e apesar dos muitos motivos que Cristiano tem para se manter distante, percebe que resistir não será tão simples. Entre o dever e o coração, ele se vê diante de escolhas que desafiarão suas convicções e o levarão além dos limites da investigação policial.
Ler maisCristianoMeses depois...Como sempre, estamos em frente ao D’ângelo Grill, com Gustavo fazendo piadas sobre casamento e polícia, e Alex tentando me acalmar, tanto das piadas de Gus quanto da situação geral. Conferi o bolso da jaqueta quatro vezes e as alianças estão na caixinha preta camurçada como deixei.Quando Vanessa bate no meu braço e indica o outro lado da rua com o queixo, um frio estranho misturado a uma sensação quente, rodopia em minha barriga. Emilly está chegando. Viro e, ao vê-la, abro um largo sorriso. Ela está perfeita. Aliás, ela é perfeita.Olha para os dois lados, esperando uma brecha no trânsito para atravessar a avenida e levo um susto quando um garoto passa atrás dela correndo. Ele quase a derruba no chão ao puxar sua bolsa. Antes que ela reaja ao susto e grite, estou correndo atrás do meliante. Atravesso a avenida sem pensar, espalmando as mãos diante dos carros e parando o trânsito. Os motoristas freiam buzinando alto e me xingam, mas eu só enxergo aquele meni
EmillyNosso tempo juntos foi pouco para justificar como me sinto. Como pode alguém significar tanto na minha vida, em tão pouco tempo? Mas foi assim que aconteceu. Cris tinha um jeito de me olhar inigualável. A gente se comunicava e se entendia dessa forma, mesmo sem palavra alguma. Ele fazia com que eu me sentisse única, especial. E sofro muito a sua ausência. Até que foi ficando mais fácil. Ou, talvez, eu esteja fingindo tão bem, que até mesmo me convenço de que superei.Depois de vê-lo com Samantha na capital, pensei tanto sobre isso. Todos os argumentos e motivos que me deu para terminarmos foram esquecidos e sufocados pela ideia de que terminou para voltar com aquela mulher. Tentei ser indiferente, paquerar, sair com uns caras, mas falhei como se estivesse estragada para outros homens.Afundei-me no trabalho, ampliei a empresa e, no tempo vago, me ocupo no ginásio, treinando as lutas que os policiais ensinam aos adolescentes. Depois do trauma que Alberto criou em mim, saber me d
EmillyO carro some da minha vista e confesso que me assusto com o tamanho da dor que pesa sobre mim. A garganta se fecha e me falta ar. É como se os pulmões estivessem se comprimindo. Achei que havia chorado tudo o que podia, mas as lágrimas jorram sem controle algum. Encosto atrás de uma coluna fora da visão de quem passa pela rua e tento me controlar antes de sair do prédio.É quando ouço a voz de Alex atrás de mim.— Emilly?No susto, me viro rápido, e a dor aumenta ao ver a forma complacente com que me olha. Sim, estou digna de pena, por isso ajeito o cabelo e passo o dorso da mão pelo rosto, tentando secá-lo.— Oi, Alex. — O fio de voz que sai não parece nada com a minha.— Conseguiu encontrar o Cris?— Sim, acabou de sair. — Aponto a rua me obrigando a sorrir e fingir que não está doendo demais.— Que bom que veio, ele estava arrasado pensando que iria embora sem te ver.Olho na direção do portão e volto a encará-lo. Seu olhar é tão terno, que sou incapaz de mentir ou sequer om
CristianoEla se foi. — Penso, sentado no carro em frente à casa de Vanessa.Eu deixei Emilly na cozinha e atravessei a sala sentindo que meu interior se desmoronava. Como se houvesse algo comprimindo meu peito, estilhaçando meu coração. Tranquei a porta do banheiro e apertei a pia com a mesma força com que trinquei os dentes, lutando contra o desejo ardente de chorar, gritar, quebrar alguma coisa, como se isso fosse aliviar a dor. Quando voltei para a sala e vi que Emilly tinha saído com suas coisas sem se despedir, a raiva que sentia aumentou. Não dela, mas de toda essa situação de merda. Saí de casa para trabalhar impaciente como há muito tempo não me sentia. Vanessa percebe de longe que meu humor não está dos melhores. Entra no carro, tentando desvendar o motivo do meu estresse logo cedo, mas não quero falar. Discutimos por eu não aceitar passar na padaria, e quando chegamos na DP, saio do carro deixando as chaves na ignição.— Se quiser, volte lá sozinha. — Viro as costas e entr
EmillyNão consigo dormir. Como se não bastasse minha própria insônia, Cris também revira inquieto pelo resto da madrugada.Ele se levanta primeiro, fica um tempo sentado na beirada da cama e finjo que estou dormindo. Depois de um tempo vai para o banheiro, onde se tranca por longos minutos. Literalmente me arrasto para fora do colchão, como se tivesse uma bigorna pesada sobre meus ombros. Aproveito esse tempo para arrumar minhas coisas. Meu coração parece se quebrar em diversos pedacinhos a cada peça de roupa que enfio na bolsa.Quando Cris volta para o quarto, para no batente da porta observando o que faço e fica imóvel, encostado no umbral por um tempo. Embora eu deseje me aproximar e abraçá-lo, mantenho a distância, sem parar de arrumar minhas coisas. Forço um sorriso e faço uma piada na esperança de aliviar a tensão.— Acho que vou levar essa camiseta para mim. — Ergo a camiseta dele, que usei por alguns dias aqui. Cris move, quase que imperceptivelmente, os lábios, nem dá para c
CristianoÀ noite, Emilly está ajeitando a cozinha e me deito em uma espreguiçadeira pensando em minha conversa com Isaac. Ao mesmo tempo que é tentadora a ideia de tentar amarrá-la em mim com um compromisso, o inferno que meu relacionamento com Júlia se tornou antes mesmo de eu descobrir a traição, me faz ser menos emocional e mais racional nesse momento.Emilly se aproxima e se senta entre minhas pernas. Envolvo seu corpo com os braços. Seu perfume é delicioso, uma combinação de fragrâncias florais perfeita. Ao mesmo tempo em que acaricio sua pele macia, beijo seu cabelo úmido. Vanessa para em nossa frente e faz uma de suas dancinhas loucas.— Vou indo, amores. Vocês vão ficar?— Mais um pouquinho — aviso. O lugar parece um paraíso, quero aproveitar o máximo que puder.Ela se despede de Emilly com um abraço.— Vou ajudar o Marquinho no bar. — Se estica para me dá um beijo no rosto e acena à caminho do carro. — Até amanhã, pombinhos.Depois de uns quinze minutos que os convidados se
CristianoQueria dizer tantas coisas a ela. Contar como me sinto, o quanto é diferente de tudo o que já senti na vida. Ser honesto e desabafar. Só não o fiz por não achar justo com nenhum de nós dois. Essa conversa tornaria minha partida mais pesada e difícil. E porque eu sabia que estava sendo óbvio demais. Qualquer um que nos visse juntos, enxergaria o que havia entre nós.Passamos os dias seguintes curtindo cada segundo que podíamos na companhia um do outro. Frequentemente me pego pensando se terei mesmo forças para deixá-la. Cogito diversas vezes sobre tentarmos o relacionamento à distância, mas com a rotina que terei, os finais de semana comprometidos com meu pai, e o trabalho na empresa dela, sei que teremos momentos difíceis demais. O que passei com Júlia não desejo para ninguém, muito menos repetir a dose. Confiei demais na minha ex e ela me traiu. Confiar novamente em alguém não é algo que possamos simplesmente desejar e fazer. Difícil. Quero ficar com Mili, não quero me afas
EmillyAcabei dormindo, mas estou acordada há alguns minutos, já escovei os dentes, me enfiei em um vestido verde claro de alças finas, que foi o primeiro que achei na minha mala, e agora espero o Cris para jantarmos. Ele mandou mensagens várias vezes perguntando como estou, e seu carinho parece um bálsamo para meus males. Tento não pensar que nosso tempo juntos está com os dias contados. A cabeça ainda dói quando o efeito do remédio passa, mas até agora não tive outros sintomas.Pego o celular e me sento na cama em seu quarto, quando ouço o barulho da porta. Não tenho nenhuma força para esconder a ansiedade que sinto para vê-lo, por isso corro para encontrá-lo na sala.Encontro-o encostado na parede, segurando a porta aberta, dando passagem para que Evans entre. E meu amigo está visivelmente constrangido, cheio de receios. Não sei se meu olhar estreito sobre ele piora a situação, mas entra na sala me olhando como um filho que espera apanhar da mãe. E é bom que esteja com muito medo m
EmillyRecuperaram meu aparelho celular no carro de Alberto. Ontem, enquanto ainda estava no hospital, meu pai e meus irmãos ligaram, atendi para tranquilizá-los de que estava bem, mas não quis conversar por muito tempo. Estava exausta, e acho que, por causa da medicação, dormi grande parte do tempo. Quando estava acordada, Cris se deitava comigo acariciando meu cabelo. Acabava dormindo novamente.Nos intervalos entre um sono e outro, Virgílio também ligou, e outros amigos, mas tentei ser breve, estou sem paciência para ficar falando no assunto.Hoje, acordo com o cheiro delicioso de café. Demoro alguns minutos para me localizar, lembrar de que estou na cama do Cris. A claridade que invade por frestas da janela, denunciam que o dia amanheceu, e me sento na cama, criando coragem para ir até a cozinha. Antes que me levante, uma bandeja surge no corredor, e logo vejo o lindo homem que a carrega, sem camisa, exibindo músculos em um torso perfeito. Acho que Cris não esperava me encontrar a