CristianoMinutos antes...Um banho de água fria era o que eu precisava para voltar à razão, e foi o que recebi ao descobrir que Emilly era comprometida. Ainda assim, na noite passada cheguei em casa muito puto, sentindo os nervos se repuxarem e o corpo ferver. Desejei aquela mulher de uma forma avassaladora, como nunca cheguei a desejar ninguém, nem mesmo Júlia. Descobri duas coisas naquela situação constrangedora. A primeira, foi que nunca cheguei a sentir nem um terço daquele tesão, por minha ex-namorada. A segunda, foi que eu tinha razão sobre não confiar em mulher nenhuma.Ao entrar em casa, minha fúria devia ser tão aparente, que Júlia não insistiu para conversarmos. Se recolheu logo que saí do banho e peguei roupa de cama para me ajeitar no sofá da sala.Hoje de manhã acordo mais cedo do que de costume, passo o café e Júlia entra na cozinha hesitante quando experimento o primeiro gole, olhando-a por cima da caneca.— Bom dia — cumprimenta.— Bom dia. — Minha resposta é ríspida,
EmillyOs funcionários não comentam sobre outra coisa, além do tal cadáver que foi encontrado na floresta. Todos estão preocupados sobre isso e cada um solta uma informação diferente. Dispensei todos da reunião, pois nem eu consegui me concentrar em nada. Agora estou sufocando no tédio. Há horas busco no sistema a última vistoria de um dos equipamentos alugados para um cliente, e já cliquei tantas vezes no mesmo link por falta de atenção, que nem sei mais o que estou fazendo.O celular toca ao lado do teclado e levo a mão ao peito no susto. É um número desconhecido e o código de discagem direta à distância, é da capital, o que não é incomum, só estranho que a chamada seja no meu número pessoal e não no celular da empresa.— Alô. — Afundo o cotovelo sobre a mesa, estou exausta e preciso de apoio.— Emy. — Reconheço a voz de Margot e um mal pressentimento me faz tremer.— Margot, onde você está? — Em um salto me levanto, a cadeira parece queimar minha bunda, e vou espiar o corredor para
CristianoEncontrar Emilly foi uma surpresa, não sei dizer se foi boa ou ruim. Por alguma razão, me desestabilizou. Estava sentindo uma terrível dor latejar minha têmpora direita, voltava para o local onde parei a moto, digitando uma mensagem para meu amigo Gustavo, quando paro estático ao me deparar com ela em uma esquina. A última pessoa que esperava encontrar assim. Não sei como meu coração pode me trair e reagir ao simples olhar daquela mulher, mas o safado disparou no peito.Foi um encontro estranho, me senti patético em diversos níveis por não conseguir ficar calado e acabar mexendo no assunto sobre a outra noite, ela não me devia satisfações. Sei que não tinha nenhum direito, eu devo estar muito estressado para agir daquela forma. Mas depois daquele rápido encontro, meu aborrecimento se volta mais uma vez para Júlia.Como assim, disse que era minha namorada? Caralho!Piloto direto para o apartamento com fogo correndo nas veias, eu deveria mandar Júlia embora, mas me sentirei o
Emilly— Obrigada, Neiva. — Pelo espelho, sorrio para minha cabelereira, que, além do cabelo, fez uma maquiagem maravilhosa.— Trouxe o vestido para se trocar?— Não, vou passar em casa ainda. — Afasto a cadeira sem muito ânimo, me sinto pesada, angustiada. Sei o que me espera nessa festa e é desgastante. Odeio os confrontos inevitáveis com minha madrasta.Neiva fechou o salão para me atender e passou longas quatro horas fazendo minhas unhas, cabelo e maquiagem. Por isso me forço a esboçar o melhor sorriso e fazê-la sentir-se com a missão cumprida. Pego a bolsa e tiro o convite do bolsinho, estendendo em sua direção.— Você vai, né?Diante do convite dourado com letras bordadas, sorri, encabulada.— Imagina, nem tenho roupa pra esse evento.— Ah, não exagera, Neiva.— Eu agradeço o convite, Emy, mas tenho que ficar com meus filhos.— Eu entendo, mas gostaria muito que fosse. — Torço a boca. Imaginei que ela não fosse aceitar, mas precisava fazer o convite. Neiva tem salão em Serra dos
CristianoVanessa e eu discutimos por quase uma hora na cozinha.Depois de me cortar as unhas, passar base, aparar o cabelo, lambrecá-lo de gel, me convencer a tirar toda a barba e me enfiar em um terno, sugeriu que eu levasse a Júlia em seu lugar.— Sinceramente, eu não tô acreditando que você pense ser boa ideia eu levar a Júlia.— Ninguém aqui na cidade sabe o que ela fez.— E nem quero que saibam. Não é legal que te olhem como o corno da vez, sabia? Mas essa não é a questão, o problema é ela pensar que está tudo bem entre nós dois, porque não está.Finalmente, após perceber o quanto estou relutante, coloca uma mão no meu ombro e aperta, dizendo:— Tá, eu vou falar. Sabe o que é... — Puxa outra cadeira e se senta ao meu lado.. — Estou gostando muito do Marquinhos, mas tem uma galera zoando ele, dizendo que tem algo entre nós dois... — decide ser honesta comigo.Nem precisa terminar, eu entendo. Faz um tempo que ignoro, mas sei que comentam sobre nós termos um caso, o que nunca foi
EmillyLogo ao entrar no salão, me deparo com a Clarisse, esposa do meu pai. É uma mulher arrogante, cujos defeitos escondem qualquer qualidade que possa ter. O fato de sermos obrigadas a lidar uma com a outra por tantos anos, não mudou os sentimentos repulsivos que nutro a seu respeito. E não é coisa de filha ciumenta, é um pouco mais sério do que isso.— Tente não arrumar confusão nessa festa. — Virgílio cochicha entredentes no meu ouvido, forçando um sorriso para Clarisse, que caminha graciosamente ao nosso encontro, e por “graciosamente”, quero dizer: De seu jeito desengonçado de quem jamais vai ser elegante sobre um salto.Eu entendo a preocupação dele. Virgílio testemunhou o jantar catastrófico em que joguei uma lagosta inteira sobre minha madrasta.— Não esquenta, é só Clarisse se manter afastada. — Cantarolo de volta, olhando ao redor e acenando para alguns conhecidos que trabalham nos últimos retoques da decoração. Avisto Iran, dono do buffet contratado, e abro um largo e exa
CristianoA primeira pessoa em que meus olhos caem assim que entro no salão repleto de magnatas bem arrumados em suas roupas de gala, é Emilly. E como eu deveria ter previsto, está acompanhada pelo homem que alegou ser seu namorado. Eu não deveria me surpreender com o fato de uma mulher mentir para mim, mas um riso escapa, acho que de nervoso.Beijei muitas mulheres desde que descobri a traição de Júlia, mas nenhuma povoou tanto minha mente como esta ordinária que desfila em um vestido projetado como um imã para atrair as atenções. Dizer que está linda não faz jus, Emilly está extraordinária, e eu preciso me esforçar muito para desviar os olhos das fendas de seu vestido.Após cumprimentar algumas pessoas, encontro meu chefe acompanhado por algumas autoridades e a esposa em uma animada roda de conversa. Assim que me vê, abre um largo sorriso e estica a mão, tocando minhas costas.— Até que enfim você chegou, pensei que não viria.— Eu não perderia comida e bebida de graça por nada. — C
EmillyEstou morrendo de vergonha por ter sugerido que fossemos ao meu apartamento, mas saiu sem que eu pudesse evitar. Quero tanto, que não consegui me conter.Ainda sorrio como uma colegial, observando Cristiano transitar pelo salão, me sentindo uma completa devassa por estar tão excitada só de olhar para esse homem. Sim, tenho medo do que ele possa pensar a meu respeito, mas acontece que, se é bonito durante um dia de trabalho comum, arrumado dessa forma, parece um deus grego. Irresistível. A temperatura ambiente está perfeita, mas sinto um calor terrível percorrer todo meu corpo. Consequentemente, não tenho paciência com os comentários de Virgílio, muito menos com sua mania de passar a mão em mim todas as vezes em que se aproxima para falar algo ao pé do meu ouvido. Em determinado momento, toco seu tórax afastando-o e sugiro.— Você deveria socializar e convidar essas pessoas para conhecerem seu restaurante. — Pisco um olho estalando a língua. — Aproveita.Ele abre um largo sorris