Harry Miller conhece Esther Brooks praticamente a sua vida toda e sempre foram melhores amigos, até Esther beijá-lo em uma festa, o que fez seus sentimentos mudarem. Ele nunca soube ao certo se já gostava dela daquela maneira, mas, depois disso, a paixão se intensificou. Assim que a beijou, soube que ela era a mulher certa. Infelizmente, em todos esses anos, Harry nunca teve coragem de dizer o que sentia por ela, algo que ia muito além da amizade. Esther nunca sequer comentou sobre aquele beijo, como se já tivesse esquecido o ocorrido. Após receber o convite de casamento de Esther com seu primo Daniel Miller, ele toma uma decisão: será tudo ou nada. Ele irá confessar o que sente por ela antes que seja tarde demais. Quando Harry percebe que Esther está escondendo muitos segredos dele, o incentiva a fazer uma viagem, poucos meses antes de seu casamento. Essa viagem mudará tudo entre eles. Harry descobre, da maneira mais difícil, a dor de ter o coração partido, e o destino o presenteia com um desejo: desta vez, tudo será diferente para os dois. Ele acorda com dezoito anos novamente, e tudo o que viveu antes parece ser apenas um sonho que mexeu profundamente com seus sentimentos. Mas, assim que encontra a garota que ocupava boa parte de seus pensamentos, faz de tudo para se aproximar dela.
Ler maisPor mais que acompanhasse Esther praticamente a vida toda, ele não podia dizer que entendia completamente o que ela sentia. Quando via tudo o que Esther passava com os pais, os problemas que ele tinha com sua própria família se tornavam sem importância. Talvez ele nem mesmo devesse chamar aquilo de problemas. Esther não merecia vivenciar isso. Ela merecia uma família acolhedora, que a amassem e, ao mesmo tempo, a apoiassem em seus sonhos, que a deixassem ser livre. Mas o maior erro de muitas pessoas é ter filhos e achar que são suas posses. A partir do momento em que se tornam mãe e pai, acreditam que têm o direito de forçar a criança a viver conforme as altas expectativas que criaram para ela. Infelizmente, não era somente Esther que passava por esse tormento. Muitas outras pessoas dão o seu máximo para receber o mínimo de afeto de outros e acabam pagando um preço alto demais no caminho, perdendo a liberdade. Harry pegou a mão de Esther tentando confortá-la. Ele não queria que a
A maneira como ela o encarava era diferente de todas as outras vezes. Seu olhar estava mais penetrante, e Harry podia jurar que havia algo naquele gesto. Um arrepio percorreu seu corpo, mas, antes de cogitar fazer qualquer aproximação, Esther se esquivou e levantou, recolhendo a bagunça que fizeram. Harry se levantou em seguida para ajudá-la. Quando fez menção de ir para a cozinha, sentiu o impacto do corpo de Esther batendo no dele. Ela parecia constrangida quando se desculpou e continuou andando.— Obrigada, mas não precisava ajudar – ela falou, abaixando a cabeça.— Imagina, eu também fiz essa bagunça – Harry disse, pegando as coisas de sua mão e jogando no lixo. Foi estranho; de repente, o clima entre eles começou a mudar, e Esther parecia mais tímida ao se aproximar. Nunca havia acontecido algo assim. Harry entendeu isso como um sinal para continuar com o seu plano inicial. Algo dentro dele dizia que isso iria dar certo, e aquele olhar de Esther sobre ele foi como uma chama
Em várias ocasiões, eles tocaram nesse assunto, mas ela nunca sequer teve coragem de confessar seus motivos. Apesar de aconselhá-la a viver sua vida, ele jamais falou para Esther se distanciar da família, mas sabia que, para ela conseguir se curar dos tormentos que a assombravam, ela precisava fazer isso. No entanto, ele não queria ser visto como o vilão daquela história, era assim que ela o veria, pois Esther estava cega demais para perceber o que acontecia ao seu redor. Então, ele decidiu esperar que ela visse tudo isso por conta própria, e aquela viagem era sua última chance. Leandro tinha razão em uma coisa: se Esther se casasse, ele precisaria se distanciar dela. Havia tomado muito de suas dores durante todos esses anos e, de alguma forma, Harry sabia que o pouco que restava da essência de Esther sumiria com aquele casamento. Ele queria poder esquecer aqueles sentimentos por ela, se apaixonar por outra pessoa e continuar sendo seu melhor amigo, para que Esther não ficasse sozi
Em todos aqueles anos, Harry havia conhecido várias personalidades de Esther; a atual era mais reservada, e, por conta disso, aquele simples ato o deixou surpreso e esperançoso. Foi somente quando saíram daquela tensão do casamento que ele pôde ver o vislumbre da garota pela qual ele se apaixonou. Esther estava debruçada sobre o balcão da cozinha, mexendo no notebook, quando Harry apareceu.— O que você está fazendo? – Harry perguntou.— Enviando um e-mail para minha mãe e para Daniel avisando que ficarei fora por um tempo – ela respondeu, sem ao menos tirar os olhos do notebook. Harry se serviu de café. Assim que se sentou na frente da amiga, ela empurrou um prato com ovos mexidos e torradas que estava ao seu lado.— Fiz para você.— Estou vendo vantagens nesta viagem, assim poderei aproveitar seus dotes culinários – Harry piscou, levando um pouco de ovo à boca.— São só ovos mexidos – ela deu um pequeno sorriso e, pela primeira vez desde que ele entrou naquele cômodo, levantou o
Quais loucuras você faria por alguém que ama? Nunca em toda a sua vida, Harry imaginou estar naquela situação. Já era tarde da noite, e mesmo assim, decidiram colocar suas malas no carro e seguir estrada. Esther não queria dar chance de alguém descobrir seu plano e atrapalhar, e Harry não ousou contradizê-la. Sentia uma energia nova subindo em seu peito e a adrenalina correndo nas veias. Por um instante, teve um vislumbre dos tempos de adolescente, quando faziam esse tipo de loucura. Ele havia esquecido como era aquela sensação e, naquele momento, se permitiu esquecer de tudo e viver o presente, com Esther ao seu lado. Após cantarem algumas músicas e dividirem uma porção de batata frita, Esther adormeceu ao seu lado, apesar de antes ter prometido com convicção que seria a melhor copiloto:“Vou ficar acordada a noite toda para te ajudar a não dormir ao volante. Já preparei várias músicas para animar e serei a melhor co-piloto dessa viagem”. Mas, assim que a quinta música começou,
— Estou precisando de umas férias mesmo – Harry respondeu com um sorriso de lado. Esther deu um grito e acabou com a distância entre eles, espremendo-o em um abraço caloroso e aconchegante. Fazia meses que ele não conseguia tirar um sorriso sincero dela, nem mesmo a via tão animada assim.— Para onde vamos? – Esther perguntou, mas, antes mesmo de ele responder, continuou: — Não importa, temos que fazer as malas – ela falou enquanto entrava no carro.— Agora? – Harry disse surpreso.— Sim, meus pais estão fora hoje; se não aproveitarmos essa oportunidade, jamais conseguiremos sair do país. Harry sorriu ao ligar o carro, com um sentimento nostálgico no peito. Fazia muito tempo que não se sentia assim.— Passaremos na sua casa primeiro? Ou eu te deixo lá e depois volto para te buscar?— Vamos fazer assim: primeiro passamos em casa; farei de tudo para arrumar a mala em tempo recorde, depois iremos para a sua casa.****************** Quando chegaram, já estava escurecendo.— E agora? Se
Enquanto caminhavam até o carro, Harry percebeu que Esther parecia querer dizer algo, o que era estranho, pois, em todos os anos de amizade, isso nunca aconteceu. Esther era a pessoa com quem ele sempre se sentia livre para falar sobre qualquer coisa (bem, quase tudo, já que ele nunca teve coragem de confessar o que sentia além da amizade). Mas, ultimamente, as coisas entre eles pareciam diferentes, e Harry não gostava disso. Quando decidiu perguntar o que ela estava pensando, ambos abriram a boca ao mesmo tempo, e sorriram, resmungando qualquer coisa.— Pode falar primeiro – Harry se adiantou.— Você precisa mesmo voltar ao trabalho hoje? Ele pensou em responder que sim, pois tinha muito trabalho, o que não seria mentira. Mas havia algo no olhar dela, quase uma súplica. Harry sabia que precisava estar com ela naquele momento. Talvez, assim, Esther tivesse coragem de contar o que a estava incomodando tanto.— O que você tem em mente? – Harry perguntou, observando enquanto ela mudav
Nem mesmo se quisesse, Harry conseguiria descrever o que sentiu e pensou quando as cortinas se abriram e Esther apareceu com o vestido de noiva. Ela sempre foi linda, mas naquele momento parecia uma miragem ou alucinação diante dele. Sabe aquelas cenas de filmes românticos onde o personagem se encanta com a beleza da moça, e os dois parecem estar vivendo em câmera lenta enquanto ela o observa timidamente, com as bochechas vermelhas? Isso poderia descrever perfeitamente aquele momento. Se prestasse atenção, Harry podia escutar a batida do seu coração, que parecia querer sair de seu peito. Ele nem piscou, ainda petrificado no sofá diante dela.— Fale alguma coisa – Esther quebrou o silêncio, ainda constrangida. Ele engoliu em seco antes de ter qualquer outra reação. Harry sentia que nenhuma palavra do dicionário poderia descrever a beleza da mulher à sua frente. Sim, pode parecer exagero, mas era o que seu coração apaixonado gritava enquanto batia cada vez mais rápido no peito. T
Aquela conversa estava entrando em um caminho perigoso. Já havia sido excitante ouvir a maneira como Esther descrevia o seu porte físico; agora, o jeito como ela sorria, com as bochechas coradas, fazia sua imaginação percorrer um caminho diferente do que estava vendo à sua frente. Harry imaginou como seria tomar aqueles lábios nos seus com um beijo fervoroso, percorrendo as mãos por cada centímetro de seu corpo, fazendo-a suspirar com seu toque. Ele desejava mais do que tudo vê-lá sentindo o desejo e a chama ardendo dentro deles. Harry saiu de sua ilusão quando Esther começou a estalar os dedos à sua frente. Ele agradeceu mentalmente por isso, pois estava imaginando ela sentada em sua mesa com as pernas em volta dele, enquanto implorava para senti-lo ainda mais. Se continuasse com aqueles pensamentos, passaria por algo vergonhoso na frente dela, que ainda o via como seu amigo.— No mundo da lua de novo? – Esther cruzou os braços, o encarando. Era fofo como ela o encarava, fingin