Capítulo 1

Assim que chegou ao escritório, Harry foi recebido com um largo sorriso de Ana, sua secretária.

— Bom dia – ele cumprimentou antes de entrar em sua sala.

Ao sentar, colocou o celular sobre a mesa, no mesmo segundo viu uma notificação. Desbloqueou a tela e sorriu ao ver o nome de Esther.

“Está livre nesta tarde?”, ela perguntou.

Harry respirou fundo antes de responder. Mesmo depois de tantos anos de amizade, toda vez que falava com ela sentia-se como um adolescente desajeitado.

“Vou verificar minha agenda”, ele brincou, antes de responder: “Para você, sempre arrumo um tempo”.

“Passarei aí na hora do almoço. Beijos”, ela avisou.

Harry começou a cantarolar enquanto ligava o computador, mas engoliu em seco e tossiu ao ver Leandro entrar sem aviso.

— Não sabe bater? – Harry o encarou, irritado.

— Posso saber o motivo de tanta felicidade tão cedo? – Leandro sentou-se no sofá, esperando uma resposta.

Harry inclinou a cadeira para trás, mantendo uma expressão séria.

— Não é da sua conta – ele murmurou.

— Deixa eu adivinhar: é por causa da Esther? Pensei que estaria uma fera após receber o convite de casamento.

— Precisava tocar nesse assunto? – Harry revirou os olhos. — Por que veio até aqui?

— Vim saber como você está. Desista dela, deixe isso no passado e siga em frente. Você é rico, tem um cargo importante. Sabe quantas mulheres estão à procura de alguém como você? Por que ainda perde tempo com ela? — Leandro disse, preocupado.

— Esther é diferente – Harry respondeu, ajustando a gravata.

Leandro respirou fundo.

— Que tal sairmos hoje à noite? Vamos beber um pouco, aproveitar a vida e conhecer algumas mulheres.

— Tenho outros planos para esta noite – Harry falou.

— Esses planos envolvem a Esther? Ela vai se casar, Harry. Em todos esses anos, você nunca teve coragem de assumir seus sentimentos por ela. O que pretende? Viver como um cachorrinho, seguindo-a pelo resto da vida? – Leandro se levantou, encarando o amigo.

— Já me decidi: vou conquistá-la – Harry afirmou, levantando-se.

Os olhos escuros de Leandro brilharam, ele abriu um largo sorriso. Aproximou-se e surpreendeu Harry com um abraço.

— Até que enfim! – ele suspirou.

— Se ela não sentir o mesmo, eu a deixarei partir e seguirei em frente – Harry garantiu.

— Esperei anos para ouvir você dizer isso! – Leandro ergueu as mãos, animado. — A operação Esther está de volta?

Harry gargalhou ao ouvir o nome do plano que haviam criado quando adolescentes, para que ele conquistasse o coração de sua amada.

— Vamos chamar de Operação Esther 2.0, afinal, a primeira tentativa falhou miseravelmente.

— Porque você sempre foi um bundão – Leandro provocou.

Harry se levantou, dando um soco no ar, enquanto encarava o amigo, que continuava sorrindo.

— Desta vez, eu não posso vacilar. Essa é minha última chance de conquistá-la.

— Quer algumas dicas para conquistar uma mulher? Você é péssimo nisso – Leandro cruzou os braços.

Harry ergueu as sobrancelhas, fazendo uma careta para o amigo.

— Sou ótimo com as mulheres – ele retrucou.

— Então, por que levou tanto tempo com a Esther, senhor romance? – Leandro estalou a língua.

Harry gargalhou com a provocação do amigo.

— Você sabe o porquê – ele começou, mas Leandro o interrompeu.

— Não vai dizer que era para não arruinar a amizade de vocês. É isso que todos os covardes dizem.

Aquelas palavras foram um golpe baixo. Harry pegou a primeira coisa que encontrou — uma pequena bola de fisioterapia — e jogou em Leandro, que não conseguiu desviar a tempo.

— Não se esqueça de que continuo sendo seu chefe aqui – Harry o ameaçou.

Leandro riu e, antes que ele pudesse responder algo, Harry se aproximou, fazendo com que Leandro saísse rapidamente, deixando-o sozinho.

Harry bufou, pegou a bola no chão e começou a apertá-la. No fundo, ele sabia que Leandro estava certo e se culpava por sua covardia. O casamento de Esther parecia ser o empurrão de que precisava para finalmente confessar seus sentimentos.

Seu peito apertava ao pensar que ela poderia não sentir o mesmo. Sabia que precisaria se afastar se isso acontecesse, mas sentia uma necessidade urgente de dizer tudo o que guardou por tanto tempo. Não podia mais viver de incertezas. Ainda naquela noite, ele teria as respostas de que tanto precisava para, enfim, encontrar paz.

Harry pediu para sua secretária fazer uma reserva para o jantar, ao qual pretendia convidar Esther assim que ela chegasse. Quando foi informado de que nenhum dos restaurantes renomados que escolheu tinha vagas para aquela noite, ele viu isso como um sinal ruim. Mas, teimoso, decidiu insistir — esperou demais para dizer o que sentia.

Enquanto trabalhava, olhava para o relógio constantemente. Parecia que o tempo estava mais lento do que o normal, como se as horas naquele dia tivessem se alongado.

Sentindo-se um pouco idiota por estar tão ansioso, escondeu o relógio de pulso na gaveta, respirou fundo e voltou sua atenção para a tela do computador. Ele só saiu de seu foco quando o telefone tocou.

— A senhorita Brooks acabou de chegar – sua secretária avisou.

— Peça para ela entrar.

Harry se levantou no exato momento em que a porta se abriu, revelando Esther, com seu sorriso largo e os cabelos cacheados e volumosos balançando enquanto ela entrava. Ele adorava aquele sorriso e, por um momento, sentiu que poderia se perder nele. Aproximou-se para cumprimentá-la com um beijo no rosto.

— É impressionante, cada vez que te vejo parece que está mais forte. Daqui a pouco ficará do tamanho de um armário – Esther brincou.

Harry riu alto.

— Tenho passado tempo demais na academia.

— Tentando impressionar alguma garota? – ela arqueou a sobrancelha.

Harry apertou os lábios antes de responder:

— Você sabe que não.

A verdade da qual ele queria dizer “Venho tentando te impressionar desde o ensino médio. Você é a garota”. Ele fez uma careta ao pensar nisso; em voz alta, soaria terrível.

— Se continuar assim, vai acabar enorme, igual àquelas geladeiras de duas portas que tenho em casa – ela gargalhou. — Mas não se preocupe, tenho certeza de que alguma garota vai aparecer no seu caminho... ou talvez mais de uma. – Esther piscou.

— Não acredito que você me comparou com um armário e agora com uma geladeira. Em todas as comparações, você usou as palavras “grande” e “enorme”... está tentando insinuar alguma coisa, senhorita Brooks? – ele sorriu de um jeito provocador, mordendo os lábios.

Esther arregalou os olhos, em seguida soltou uma gargalhada, desta vez com as bochechas levemente coradas. Ela deu um leve tapa em seu peito e ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Harry, já passou da idade de pensar nessas bobagens e tirar do contexto palavras tão simples.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo