Um desejo para curar corações partidos
Um desejo para curar corações partidos
Por: Karollyn Adriane
Prefácio

“Dedico esse livro a todos que desejam um recomeço. Que o destino providencie uma nova chance de serem felizes”.

**Prefácio**

E, pela segunda vez, Harry a deixou partir. Seu coração parecia ter sido estraçalhado ao ver Esther o encarando com lágrimas descendo em seu rosto antes de afastar-se dele.

Harry não conseguiu reagir. Por mais que sentisse como se o mundo aos seus pés tivesse desabado, ele não fez menção de sair do lugar enquanto ainda conseguia ver Esther se distanciando cada vez mais, até que, em um momento, não pôde mais vê-la. Sentiu como se seu coração tivesse ido com ela. Nunca havia sentido algo parecido: era cruel, devastador e agonizante.

Uma pequena parte de si ainda tinha esperança de que ela se virasse, talvez corresse atrás dele para um último beijo, ou apenas para admirar, pela última vez, seu belo rosto.

Aqueles breves segundos ficariam marcados em sua memória pelo resto da vida. Tudo havia acabado. Passara a vida toda apaixonado por aquela mulher, e, por duas vezes, ele precisou deixá-la partir.

Harry começava a acreditar que eles não nasceram para ficar juntos. Pode parecer tolice, mas, boa parte de sua vida, ele acreditou que Esther era seu destino. Nenhuma outra mulher jamais conseguiu ocupar o lugar dela em seu coração, e agora esse lugar estava preenchido por um grande vazio, que Harry temia jamais conseguir preencher.

Mas o que ele poderia fazer?

Ele estava tão perdido quanto no momento em que acordou e percebeu que tudo o que havia escrito naquela máquina antiga havia se tornado realidade. Parecia loucura; uma magia sobrenatural assim não era para existir, pelo menos, era o que ele pensava.

Mas seria possível que um simples desejo pudesse se tornar realidade? E por que nada saiu da maneira que ele queria?

(Alguns anos antes…)

Enquanto a música tocava, Harry só queria curtir o momento. Esther tomava outro copo de cerveja, e ele sorriu ao vê-la rebolar e descer até o chão. Assim que “Billie Jean”, do Michael Jackson, começou a tocar, Esther deu um grito e o puxou para a pista de dança. Aquela era uma de suas músicas favoritas. Harry adorava aqueles momentos descontraídos com sua amiga, nem mesmo se importava se estava passando vergonha enquanto dançava.

Todos ali estavam bêbados e eram amigos da escola; o conheciam desde sempre. Não havia motivo para se envergonhar, afinal, seu time inteiro de futebol estava ali, dançando e se divertindo ao ritmo da música.

Eles o acompanharam enquanto ele girava e dava um chute no ar. Harry não imaginava que, um dia, sentiria tanta falta daquela época, principalmente das músicas épicas. Quando a música acabou, ele estava ofegante, e todos gargalhavam alegremente. Harry estava com sede; precisava beber algo.

Eles estavam se divertindo tanto que não sentiam nenhuma culpa por enganarem os pais para ir à festa. Estavam no último ano do ensino médio, e, em breve, as aulas terminariam. Precisavam aproveitar ao máximo a juventude e não queriam se arrepender de ter perdido esses momentos.

Enquanto Harry enchia seu copo de cerveja, levou um susto quando Esther chegou por trás. Ao se virar, viu que ela gargalhava ao vê-lo assustado.

— Sentirei saudades disso – Esther sorriu.

— Não é como se nunca mais fôssemos nos ver – Harry encostou-se na parede enquanto bebia.

— Mas nada será igual; tudo vai mudar – Esther abaixou a cabeça.

Harry pegou uma mecha de seu cabelo e a colocou atrás da orelha.

— Nada entre nós vai mudar, estrelinha – ele sussurrou em seu ouvido.

Um arrepio percorreu o corpo de Esther ao ouvir o som da voz dele. Ela o encarou; talvez fosse a bebida falando mais alto, mas, por um minuto, Esther esqueceu que aquele era seu melhor amigo. Aproximou-se mais dele e o beijou, sem pensar em mais nada. Talvez o ato tenha sido repentino demais.

Harry já havia beijado muitas garotas, mas nunca havia cogitado beijar Esther. Ele se surpreendeu quando a morena se aproximou e colocou os lábios nos dele. Depois do susto inicial, ele abriu a boca, dando passagem para a língua dela. Esther subiu a mão até a nuca dele, puxando seu cabelo e soltando um suspiro.

Aquilo era tão bom que ele não queria parar. Harry pegou em sua cintura, intensificando ainda mais o beijo. Seu coração palpitava mais rápido, seu sangue esquentava, e o desejo de continuar beijando-a se intensificava. Então, Esther parou e olhou em seus olhos. Ele sentia como se fosse uma alucinação; aquilo não parecia real. Era sua melhor amiga e por que ele desejava tanto continuar beijando-a?

Esther o encarava com intensidade, até que seus olhos começaram a fechar lentamente. Harry a segurou antes que ela desmaiasse ali.

Respirando fundo, Harry a carregou para fora da casa. Apesar do barulho alto, Esther dormia profundamente. Ele a colocou no carro e a levou até a casa dela.

Enquanto dirigia, Harry a olhava ao seu lado para se certificar de que estava tudo bem. Assim que parou o carro, passou a mão nos cabelos e suspirou fundo.

******************

Depois daquela noite, Esther nunca tocou no assunto do beijo. Harry tentou, mas foi covarde o bastante para nunca conseguir falar sobre isso.

Talvez esse tenha sido o seu maior erro. Levou meses para Harry entender que estava apaixonado por sua melhor amiga. Se Esther não o tivesse beijado naquela festa, ele talvez jamais percebesse.

Harry encarava o envelope à sua frente, passando a mão nas letras douradas enquanto relembrava o passado. Era o convite de casamento de Esther e Daniel. Ele pegou seu copo e deu mais um gole na bebida, ainda observando em choque aquele papel.

Um simples objeto que era como uma sentença para o fim de tudo o que Harry desejava. Todas às vezes que tentou dizer o que sentia por ela, ele falhou, sem nem saber o porquê. Talvez fosse o medo de ser rejeitado, ou de que Esther se distanciasse dele.

Seu coração se apertava só de pensar em uma vida sem ela. Por isso, contentou-se em ser apenas seu amigo. Ele jamais conseguiria viver sem ver seus olhos brilhando quando ela fala sobre algo de que gosta, ou sem ouvir sua gargalhada, uma bela música para seus ouvidos. Harry não conseguia imaginar uma vida sem Esther Brooks.

Havia algo naquela mulher que o prendia, como se suas almas estivessem ligadas uma à outra. Por mais que tentasse, Harry sempre falhava em se manter distante dela. Mesmo depois de todos esses anos, ele ainda podia sentir o sabor do beijo e o toque quente dos lábios de Esther quando fechava os olhos e se lembrava daquele momento. Aquilo o estava destruindo por dentro.

Harry já havia bebido muito naquela noite. Jogou o envelope no chão, soltou um grito e se deitou, fechando os olhos.

Às vezes, ele amaldiçoava aquele dia. Se Esther nunca o tivesse beijado, ele jamais teria se apaixonado por ela, e eles poderiam ter continuado amigos. Mas quem ele estava tentando enganar?

Seria impossível conviver com Esther sem se apaixonar. A cada dia, ele tinha mais certeza de que ela era perfeita para ele. Nenhuma outra mulher que ele já beijou o fazia sentir o que sentia por Esther.

Naquela noite, Harry decidiu que faria tudo o que fosse preciso para que Esther se apaixonasse por ele e percebesse que Daniel nunca foi o cara certo. Mas ainda havia um grande obstáculo: ela o via apenas como um amigo. Como ele mudaria isso?

Harry abriu os olhos, encarando o teto, enquanto as cenas daquele beijo ainda se repetiam em sua mente. Ele não queria continuar vivendo do passado; queria mudar seu futuro. Harry deveria ser o homem esperando por Esther no altar, e não Daniel.

******************

Harry acordou de mau-humor, com uma terrível dor de cabeça. Quando finalmente conseguiu dormir, já era de madrugada, e ele sonhou com ela novamente. Ao se levantar, sua mente estava agitada e cheia de pensamentos. O que ele deveria fazer?

Seguir em frente e deixá-la ir?

Se fizesse isso, passaria o resto da vida arrependido e com um enorme vazio no coração por não poder ver Esther novamente.

— Chega de arrependimentos. Seja homem e faça o que for preciso para conquistá-la – sussurrou, encarando seu reflexo no espelho.

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