— Leandro – Harry o chamou, sem saber o que dizer. Uma lágrima escapou dos olhos de seu amigo, enquanto toda a coragem que Harry sentiu ao chegar ali sumiu por completo. Adam desligou o som e foi o primeiro a quebrar o silêncio, gritando da janela do carro:— Por Deus, Mia, esse homem está apaixonado por você! Ele confessou seus sentimentos. Como tem coragem de arrancar o coração do coitado e esmagá-lo? Quer saber? Você é uma vaca! – Adam despejou tudo o que pensava. Um som os fez olhar em direção à porta, que se abriu. Mia saiu saltitando de dentro e pulou nos braços de Leandro, quase o fazendo cair no chão.— Sim, mil vezes sim! – ela gritou, antes de beijá-lo. Leandro suspirou, deixando todo aquele peso sair de seus ombros. Quando seus lábios se afastaram, ele perguntou:— O que aconteceu lá em cima? Pensei que você tivesse fugido.— Estávamos muito longe um do outro. Queria responder à sua pergunta e beijá-lo. Fiquei tão nervosa que não conseguia encontrar a chave da porta
Desde o dia em que pediu Esther em namoro, não se permitiu mais pensar naquele sonho estranho. Mas ali, em New Haven, sentia uma sensação estranha no peito, como um déjà vu. Não era só isso, tudo piorou quando nesta madrugada teve outro sonho estranho, onde Esther estava o deixando. Naquele sonho, ele não conseguia prestar atenção nas palavras dela, estava atordoado, e cada frase era como uma facada em seu peito. Quando ela se distanciou, algo mais estranho aconteceu: ele se pegou pensando no desejo que fez e que se tornou realidade. Aquilo não fazia sentido. Desejou curar corações partidos, então por que o dele estava partido novamente? E, pela segunda vez, ele a deixou ir embora. Parecia uma miragem vê-la se distanciar aos poucos, até Esther sumir. A dor em seu peito era tanta que parecia estar perdendo até mesmo a capacidade de respirar. Quando acordou, estava ofegante, e seu coração partido batia cada vez mais acelerado. Por que aquilo estava acontecendo? Era só um sonho. Est
Parte dele não sabia se aquele sentimento que crescia em seu peito era real, se estava mesmo apaixonado por essa Esther ou era ilusão de sua mente por conta do sonho. Quando se permitiu esquecer daquele sonho, teve certeza de que estava apaixonado por Esther e todas as versões dela. Esses sentimentos continuaram crescendo até ele ter a certeza de que a amava, e confessou isso antes de pedir para que ela morasse com ele. Parecia estar tão nervoso quanto aquele dia, principalmente depois do que estava prestes a fazer. Harry sentia que sua história foi reescrita. Dessa forma, tinha certeza que deveria fazer o pedido ali, onde, em outra vida, confessou que a amava, onde teve seu coração partido e, mesmo sofrendo, jamais conseguiu esquecê-la. Agora, tinha a chance de viver feliz ao lado da mulher que amava, sem nenhum impedimento. Harry pegou uma rosa-vermelha e colocou entre o cabelo de Esther, tentando ignorar as pessoas ao fundo que pararam tudo o que estavam fazendo para observá-
Um som familiar fez com que ele parasse. Todos os músculos de seu corpo endureceram. Ao olhar para frente, se viu próximo à estante com várias edições de livros de Jane Austen. Novamente, sentiu como se estivesse tendo um déjà vu.— Procurando por algo em específico? – a mulher perguntou enquanto se aproximava, o barulho da bengala batendo no piso ecoava por todo o cômodo. Harry se virou como se estivesse vendo um fantasma. As luzes estavam acesas, permitindo que enxergasse com clareza a fisionomia de Adelaine. Ele abriu a boca para responder, mas estava surpreso, e nenhum som saia. Era como se estivesse vendo uma criatura mística, um ser sobrenatural à sua frente. Não estava com medo, porém, um arrepio percorreu todo o seu corpo.— Por um tempo, achei que você era apenas fruto da minha imaginação. A procurei em todos os lugares, e ninguém sequer sabia da sua existência – Harry falou.— Acredito que tenha vindo atrás de respostas para as suas perguntas – ela disse com um semblante s
“Dedico esse livro a todos que desejam um recomeço. Que o destino providencie uma nova chance de serem felizes”.**Prefácio** E, pela segunda vez, Harry a deixou partir. Seu coração parecia ter sido estraçalhado ao ver Esther o encarando com lágrimas descendo em seu rosto antes de afastar-se dele. Harry não conseguiu reagir. Por mais que sentisse como se o mundo aos seus pés tivesse desabado, ele não fez menção de sair do lugar enquanto ainda conseguia ver Esther se distanciando cada vez mais, até que, em um momento, não pôde mais vê-la. Sentiu como se seu coração tivesse ido com ela. Nunca havia sentido algo parecido: era cruel, devastador e agonizante. Uma pequena parte de si ainda tinha esperança de que ela se virasse, talvez corresse atrás dele para um último beijo, ou apenas para admirar, pela última vez, seu belo rosto. Aqueles breves segundos ficariam marcados em sua memória pelo resto da vida. Tudo havia acabado. Passara a vida toda apaixonado por aquela mulher, e, por dua
Assim que chegou ao escritório, Harry foi recebido com um largo sorriso de Ana, sua secretária.— Bom dia – ele cumprimentou antes de entrar em sua sala. Ao sentar, colocou o celular sobre a mesa, no mesmo segundo viu uma notificação. Desbloqueou a tela e sorriu ao ver o nome de Esther.“Está livre nesta tarde?”, ela perguntou. Harry respirou fundo antes de responder. Mesmo depois de tantos anos de amizade, toda vez que falava com ela sentia-se como um adolescente desajeitado.“Vou verificar minha agenda”, ele brincou, antes de responder: “Para você, sempre arrumo um tempo”.“Passarei aí na hora do almoço. Beijos”, ela avisou. Harry começou a cantarolar enquanto ligava o computador, mas engoliu em seco e tossiu ao ver Leandro entrar sem aviso.— Não sabe bater? – Harry o encarou, irritado.— Posso saber o motivo de tanta felicidade tão cedo? – Leandro sentou-se no sofá, esperando uma resposta.Harry inclinou a cadeira para trás, mantendo uma expressão séria.— Não é da sua conta
Aquela conversa estava entrando em um caminho perigoso. Já havia sido excitante ouvir a maneira como Esther descrevia o seu porte físico; agora, o jeito como ela sorria, com as bochechas coradas, fazia sua imaginação percorrer um caminho diferente do que estava vendo à sua frente. Harry imaginou como seria tomar aqueles lábios nos seus com um beijo fervoroso, percorrendo as mãos por cada centímetro de seu corpo, fazendo-a suspirar com seu toque. Ele desejava mais do que tudo vê-lá sentindo o desejo e a chama ardendo dentro deles. Harry saiu de sua ilusão quando Esther começou a estalar os dedos à sua frente. Ele agradeceu mentalmente por isso, pois estava imaginando ela sentada em sua mesa com as pernas em volta dele, enquanto implorava para senti-lo ainda mais. Se continuasse com aqueles pensamentos, passaria por algo vergonhoso na frente dela, que ainda o via como seu amigo.— No mundo da lua de novo? – Esther cruzou os braços, o encarando. Era fofo como ela o encarava, fingin
Nem mesmo se quisesse, Harry conseguiria descrever o que sentiu e pensou quando as cortinas se abriram e Esther apareceu com o vestido de noiva. Ela sempre foi linda, mas naquele momento parecia uma miragem ou alucinação diante dele. Sabe aquelas cenas de filmes românticos onde o personagem se encanta com a beleza da moça, e os dois parecem estar vivendo em câmera lenta enquanto ela o observa timidamente, com as bochechas vermelhas? Isso poderia descrever perfeitamente aquele momento. Se prestasse atenção, Harry podia escutar a batida do seu coração, que parecia querer sair de seu peito. Ele nem piscou, ainda petrificado no sofá diante dela.— Fale alguma coisa – Esther quebrou o silêncio, ainda constrangida. Ele engoliu em seco antes de ter qualquer outra reação. Harry sentia que nenhuma palavra do dicionário poderia descrever a beleza da mulher à sua frente. Sim, pode parecer exagero, mas era o que seu coração apaixonado gritava enquanto batia cada vez mais rápido no peito. T