— Algo me diz que em breve o status de relacionamento de Harry Miller irá mudar – Leandro surgiu ao seu lado, pegando-o desprevenido.— Posso até ouvir os sinos da igreja tocando – Adam brincou.— Ignorem eles, são idiotas – Harry murmurou. Seus pais gargalharam enquanto observavam Harry dar um puxão de orelha nos dois.— Se é assim, precisamos conhecer nossa futura nora – Owen entrou na brincadeira. — Ela será a mãe dos meus netos um dia. Netos? Oi? Como o assunto chegou a esse ponto? Agora mesmo, ele se perguntava se estava preparado para um relacionamento sério, e seus pais já estavam falando de netos. Podia ver na tela do celular o seu rosto perder a cor enquanto escutava as gargalhadas ao seu redor.— Também quero conhecer ela, meu bem, mas pelo que Harry disse, ainda é cedo. Não podemos assustá-la desse jeito. Vamos esperar eles entrarem em um relacionamento sério – Helena disse.— Filho, se está mesmo gostando dessa garota, seja bom com ela, assim como te criamos e tenha
— Harry, deixe o pobre coitado dizer todos os sentimentos que estão sufocando o seu peito e ser livre dessa terrível angústia – Adam disse, Harry não identificou nenhuma verdade em suas palavras, ainda mais pelo tom de deboche que ele usava.— É sério? Acha que é uma boa ideia? – Leandro virou-se para encará-lo, segurando o volante como se sua vida dependesse disso.— Não, idiota, estou te zuando – Adam revirou os olhos. — Ainda bem que trouxe meu celular para gravar tudo. Pensando bem, eu apoio, ganharia a aposta se você começar a namorar – ele voltou a gargalhar.— Esquece essa aposta – Leandro retrucou.— Harry não vai escapar de lavar a minha roupa por dois meses – Adam se divertiu.— Sou um homem de palavra. Mas agora não é o momento para falarmos sobre isso – Harry disse, olhando para Leandro, que estava irritado com o assunto. Leandro voltou a encarar Adam como se estivesse prestes a quebrar o nariz dele. Antes que Harry o repreendesse para prestar atenção na estrada, ele se
— Leandro – Harry o chamou, sem saber o que dizer. Uma lágrima escapou dos olhos de seu amigo, enquanto toda a coragem que Harry sentiu ao chegar ali sumiu por completo. Adam desligou o som e foi o primeiro a quebrar o silêncio, gritando da janela do carro:— Por Deus, Mia, esse homem está apaixonado por você! Ele confessou seus sentimentos. Como tem coragem de arrancar o coração do coitado e esmagá-lo? Quer saber? Você é uma vaca! – Adam despejou tudo o que pensava. Um som os fez olhar em direção à porta, que se abriu. Mia saiu saltitando de dentro e pulou nos braços de Leandro, quase o fazendo cair no chão.— Sim, mil vezes sim! – ela gritou, antes de beijá-lo. Leandro suspirou, deixando todo aquele peso sair de seus ombros. Quando seus lábios se afastaram, ele perguntou:— O que aconteceu lá em cima? Pensei que você tivesse fugido.— Estávamos muito longe um do outro. Queria responder à sua pergunta e beijá-lo. Fiquei tão nervosa que não conseguia encontrar a chave da porta
Desde o dia em que pediu Esther em namoro, não se permitiu mais pensar naquele sonho estranho. Mas ali, em New Haven, sentia uma sensação estranha no peito, como um déjà vu. Não era só isso, tudo piorou quando nesta madrugada teve outro sonho estranho, onde Esther estava o deixando. Naquele sonho, ele não conseguia prestar atenção nas palavras dela, estava atordoado, e cada frase era como uma facada em seu peito. Quando ela se distanciou, algo mais estranho aconteceu: ele se pegou pensando no desejo que fez e que se tornou realidade. Aquilo não fazia sentido. Desejou curar corações partidos, então por que o dele estava partido novamente? E, pela segunda vez, ele a deixou ir embora. Parecia uma miragem vê-la se distanciar aos poucos, até Esther sumir. A dor em seu peito era tanta que parecia estar perdendo até mesmo a capacidade de respirar. Quando acordou, estava ofegante, e seu coração partido batia cada vez mais acelerado. Por que aquilo estava acontecendo? Era só um sonho. Est
Parte dele não sabia se aquele sentimento que crescia em seu peito era real, se estava mesmo apaixonado por essa Esther ou era ilusão de sua mente por conta do sonho. Quando se permitiu esquecer daquele sonho, teve certeza de que estava apaixonado por Esther e todas as versões dela. Esses sentimentos continuaram crescendo até ele ter a certeza de que a amava, e confessou isso antes de pedir para que ela morasse com ele. Parecia estar tão nervoso quanto aquele dia, principalmente depois do que estava prestes a fazer. Harry sentia que sua história foi reescrita. Dessa forma, tinha certeza que deveria fazer o pedido ali, onde, em outra vida, confessou que a amava, onde teve seu coração partido e, mesmo sofrendo, jamais conseguiu esquecê-la. Agora, tinha a chance de viver feliz ao lado da mulher que amava, sem nenhum impedimento. Harry pegou uma rosa-vermelha e colocou entre o cabelo de Esther, tentando ignorar as pessoas ao fundo que pararam tudo o que estavam fazendo para observá-
Um som familiar fez com que ele parasse. Todos os músculos de seu corpo endureceram. Ao olhar para frente, se viu próximo à estante com várias edições de livros de Jane Austen. Novamente, sentiu como se estivesse tendo um déjà vu.— Procurando por algo em específico? – a mulher perguntou enquanto se aproximava, o barulho da bengala batendo no piso ecoava por todo o cômodo. Harry se virou como se estivesse vendo um fantasma. As luzes estavam acesas, permitindo que enxergasse com clareza a fisionomia de Adelaine. Ele abriu a boca para responder, mas estava surpreso, e nenhum som saia. Era como se estivesse vendo uma criatura mística, um ser sobrenatural à sua frente. Não estava com medo, porém, um arrepio percorreu todo o seu corpo.— Por um tempo, achei que você era apenas fruto da minha imaginação. A procurei em todos os lugares, e ninguém sequer sabia da sua existência – Harry falou.— Acredito que tenha vindo atrás de respostas para as suas perguntas – ela disse com um semblante s
“Dedico esse livro a todos que desejam um recomeço. Que o destino providencie uma nova chance de serem felizes”.**Prefácio** E, pela segunda vez, Harry a deixou partir. Seu coração parecia ter sido estraçalhado ao ver Esther o encarando com lágrimas descendo em seu rosto antes de afastar-se dele. Harry não conseguiu reagir. Por mais que sentisse como se o mundo aos seus pés tivesse desabado, ele não fez menção de sair do lugar enquanto ainda conseguia ver Esther se distanciando cada vez mais, até que, em um momento, não pôde mais vê-la. Sentiu como se seu coração tivesse ido com ela. Nunca havia sentido algo parecido: era cruel, devastador e agonizante. Uma pequena parte de si ainda tinha esperança de que ela se virasse, talvez corresse atrás dele para um último beijo, ou apenas para admirar, pela última vez, seu belo rosto. Aqueles breves segundos ficariam marcados em sua memória pelo resto da vida. Tudo havia acabado. Passara a vida toda apaixonado por aquela mulher, e, por dua
Assim que chegou ao escritório, Harry foi recebido com um largo sorriso de Ana, sua secretária.— Bom dia – ele cumprimentou antes de entrar em sua sala. Ao sentar, colocou o celular sobre a mesa, no mesmo segundo viu uma notificação. Desbloqueou a tela e sorriu ao ver o nome de Esther.“Está livre nesta tarde?”, ela perguntou. Harry respirou fundo antes de responder. Mesmo depois de tantos anos de amizade, toda vez que falava com ela sentia-se como um adolescente desajeitado.“Vou verificar minha agenda”, ele brincou, antes de responder: “Para você, sempre arrumo um tempo”.“Passarei aí na hora do almoço. Beijos”, ela avisou. Harry começou a cantarolar enquanto ligava o computador, mas engoliu em seco e tossiu ao ver Leandro entrar sem aviso.— Não sabe bater? – Harry o encarou, irritado.— Posso saber o motivo de tanta felicidade tão cedo? – Leandro sentou-se no sofá, esperando uma resposta.Harry inclinou a cadeira para trás, mantendo uma expressão séria.— Não é da sua conta