Quando a tia de Odette a trancou em uma espécie de sanatório juvenil, para que pudesse ficar com o dinheiro do seus pais falecidos, o mundo parecia ter acabado pra ela. Lá, trancada, ela imaginou que sua vida tinha chegado ao limite. O que ela não tinha ideia, era do alfa quebrado que também tinha sido trancado naquelas paredes há muito mais tempo. Quando o alfa Cedric descobrir que sua companheira foi jogada lá dentro junto com ele, pode ser tarde de mais para que ela consiga escapar de suas garras.
Ler mais-Quem é você? -Eu pergunto, já que tudo que a mulher estranha fazia, era me encarar. Bom, eu não podia negar que nós duas éramos pessoas estranhas nessa situação, mas do meu ponto de vista eu tinha direito a achá-la estranha também.-Quem é você?- Ela me refuta e um dejavu passa na minha cabeça no mesmo instante. “Eu não sei senhor, tenho mudado muitas vezes desde que acordei essa manhã.” foi o que se passou na minha cabeça. Acho que ler “Alice no país das maravilhas” tantas vezes possa ter me feito muito mais mal do que se quer eu poderia imaginar. -Eu perguntei primeiro…Mas sou Odette. -Você pode ter perguntado primeiro “Odette”, mas é você quem invadiu meu quintal. -Seu rosto era sério, e cheguei a me sentir uma criança levando uma bronca. Seguindo o curso de como as coisas estavam indo, no final não consegui me impedir de responder como se eu de fato fosse uma criança mal educada levando uma bronca.-Desculpe, não vi o seu nome em nenhuma pedra por aqui, como saberia que esse é
Eu não deveria ter seguido a porcaria do barulho, e muito menos parado de seguir o coelho, mas parece que meus instintos são tão funcionais como os de uma bússola quebrada, e eu sempre acabo fazendo a escolha errada para no final tomar o caminho errado. Apesar da crença tão certa que martela na minha cabeça: “Quando se está perdido, qualquer caminho lhe serve.” Acontece que sempre dá pra ser perder mais. Se embrenhar mais em uma floresta, escorregar mais para dentro do poço, cair bem do topo do lugar que se resolve subir. Sempre dá pra piorar, sempre e sempre. E agora, minha grande piora, meu grande escorregar do poço é eu estar olhando diretamente para o homem que eu tinha matado. Ele estava apenas parcialmente enterrado, bem na minha frente no chão da floresta, com suas vestes ensanguentadas completamente sujas de terra. Seu pé é virado em um ângulo muito estranho e anormal, e ele se contorce para fora da terra como se estivesse na noite dos mortos vivos. Ele sorri para mim, seus
POV CEDRICPara ele, era muito ruim agora ficar longe de Odette. Cada segundo uma tortura, e parecia que seu lobo não conseguia entender a necessidade disso. Mas depois ele lembrava que precisavam de suprimentos. E tinha o segundo motivo, escondido lá no fundo da sua cabeça mas o perturbando como um assunto inacabado. Nem se ele morresse conseguiria descansar em paz até que todos que tinham machucado ela pagassem por isso. Cada um deles deveria estar descansando em uma cova rasa antes que ele pudesse relaxar completamente, e faria questão de não pular nenhuma das pessoas dessa lista. Odette com certeza não tem estado bem. E quem estaria? Com tudo isso que aconteceu. Era horrível acordar com os gritos dela em desespero, durante um pesadelo, e era mais horrível o fato de todas as suas noites serem assim. Quantas vezes agora, ao invés de dormir, ele só não se mantinha ao lado dela, observando-a dormir o seu sono pacífico antes de começar a gemer e a pedir socorro no meio do seu son
E aquela bola de neve, aquela que tão arduamente eu tentei manter no lugar, parada, estava agora rolando morro abaixo e se transformando em uma avalanche muito mais rápido do que eu pensei que aconteceria, quase rápido demais pros meus olhos acompanharem, eu diria. Quando eu olhei diretamente pro meu braço, não havia nada. A pele estava impecável. Mas quando eu olhava para a escada e via só aquela linha de sangue pegajoso e gosmento, e uma mancha desse mesmo sangue grudada no degrau de madeira,eu soube que eu jamais conseguiria impedir aquela avalanche que estava vindo. Era tudo demais pra mim. Eu me levanto das escadas e sigo para o quarto segurando meu braço como se realmente eu pudesse sentir a ferida aberta, e ela estivesse pingando sangue por todo o meu o meu caminho até o quarto. Quando eu já chego no quarto, começo a perder o conhecimento de onde eu estava, minha cabeça não queria mais lembrar. Talvez até quem eu era, era uma informação que eu não conseguia mais lembrar a não
E depois disso, ele me dá um beijo carinhoso na testa e parte. Eu vejo ele sair correndo por entre as árvores até desaparecer. Fico um tempo apenas processando o que tinha sido tudo isso. Eu deveria me sentir mal pro Bridget e o provável destino que eu incubi a ela? Eu seria uma pessoa tão ruim assim se não sentisse nem um bocado de remorso? Pois eu não sentia. Eu fiquei tempo demais ali fora, olhando para as árvores balançarem contra o vento, até que comecei a sentir o tempo ir mudando e começar a esfriar. Quando sinto um vento gelado bater bem no meio da minha espinha, decido entrar e trancar a porta. AA frase “cabeça vazia, oficina do diabo.” Não existe à toa. Então consciente disso, eu fiz o que grande parte das pessoas fazem no meu lugar, quando estão com as cabeças confusas e completamente perdidas no que fazer a seguir e precisam ocupar o tempo da melhor forma possível. A minha primeira opção era fazer um bolo, mas como eu não tinha os ingredientes, eu fui arrumar a casa.
-Eu respondo isso em um minuto, assim que você me responder a minha pergunta. -Vá em frente então. -Você falou a verdade com aquela história sobre companheiros?-Sim, cada palavra que eu disse é a verdade.Ele me responde muito rápido. Eu estava pensando que ele precisaria pelo menos de um tempo antes de confirmar uma coisa que parece tão importante em sua realidade, mas não. Ele foi direto. -Mas como…você pode ter certeza? - Ele sorri, de uma forma confortável. Como se eu fosse uma criança perguntando uma coisa óbvia. -Ode…eu tenho certeza. Isso é um tipo de coisa que se tem certeza no momento que acontece. Mas não se preocupe com isso agora, pois se fosse pra te preocupar eu teria puxado esse assunto desde muito tempo atrás, mas é você quem manda aqui e eu só te sigo.-Tudo bem…é só que, eu mal consigo pensar direito.-Então não pense. -Ele se espreguiça e relaxa de novo deitado nas minhas pernas, fechando os olhos mais uma vez. - Só deixe acontecer. -Você fala como se fosse fá
Estávamos no sofá. Cedric estava de olhos fechados, deitado com a cabeça encostada em minhas pernas. Eu estava lendo um livro qualquer que tinha encontrado no andar de baixo dentro de algum armário cheio de poeira. Pra minha grande felicidade, não era sobre qualquer rato ou outro tipo de animal que agora eu com certeza achava irritante, mas sim sobre uma garota que acaba sendo transportada durante um passeio no museu para uma terra mágica, onde uma rainha amaldiçoada a persegue sem cansar, enquanto ela tenta voltar para casa na companhia de um dragão negro que pode se tranformar em humano. Me perguntava se podia ser mais feliz se essa fosse a minha história ao invés da que acabei vivendo, mas quando olho para Cedric dormindo tão tranquilamente enquanto eu passava minha mão livre em seus cabelos rebeldes, resolvi parar me lamentar e chorar sobre o leite derramado. Decidi tomar a melhor lição do mundo que todo e qualquer livro de fantasia consegue nos trazer: A de ter coragem. -Cedric
Feridas abertas e expostas que iam de um rosado a um vermelho vivo, e depois ao preto, como se a minha carne que estivesse apodrecendo de dentro pra fora. Eu já sabia que eram essas feridas as responsáveis por esse cheiro tão detestável. Sinto meu coração acelerado de pavor e o suor frio que provavelmente também encharcar meu corpo de verdade, começar a sair dos meus poros. Ou pelo menos das partes da minha pele que ainda tinham poros. Tento gritar, mas tudo que eu sinto é aquele arranhar clássico na garganta, dolorido, mas sem que som nenhum saia. Como se a voz arranhasse todo o caminho pra passar, mas desaparecesse antes de conseguir sair. O clássico de gritar e não conseguir, presente em tantos filmes de terror e principalmente, presente nos maiores momentos de pânico que temos. Eu até podia achar que esse tipo de coisa de gritar sem som não existia, que tinha sido uma invenção dos escritores de terror para assustar criancinhas, mas isso já tinha acontecido uma vez comigo, quando
Bom, eu consegui evitar todos esses assuntos que pra mim eram tão terríveis, nos próximos dois dias que se passaram. Não foi difícil ignorar todo o mundo exterior e começar a chafurdar na realidade que existia apenas dentro daquela casa. No primeiro momento, eu não tinha nem sequer olhado onde estávamos, já que se só a claridade dentro da casa era o suficiente para fazer minhas córneas virarem geleia, não me arrisquei a olhar diretamente para as janelas, pelo menos nos primeiros momentos da manhã que acordei nessa casa. Mas depois? O que eu vi do lado de fora não me surpreendeu tanto assim. Árvores nos cercavam em todas as direções da casa. Digo que não me surpreendeu, pois todo o lugar já me dava um ar de cabana na floresta, com os móveis de madeira e as cores mais escuras. Parecia extremamente confortável de se morar ali. Mas não é porque eu estava isolada em uma cabana na floresta com um suposto lobisomem extremamente bonito, ignorando todo o meu passado, presente e provável fut