" Alya Torres, a herdeira de uma família rica, sempre teve tudo que o dinheiro pode comprar. " Héctor Martínez nunca deveria ter olhado para ela. Mas uma vez que o fez, não havia mais volta. Sendo apenas um simples peão, ele se perdeu em um amor que queimava por dentro, selvagem e errado. Não era apenas paixão... era algo mais escuro, mais profundo. Ela era tudo o que ele não podia ter, e isso só fez sua obsessão crescer. Amar? Talvez. Possuir? Certamente. Mas quando a fortuna de sua família desmorona e ela é pressionada a se casar para salvar o futuro da sua família, até onde ela estará disposta a ir para ter tudo de volta? E ele, aceitará ser apenas uma peça no jogo dela?
Ler mais— Cecília, você pode até tentar ser do jeito que quiser, mas quando se trata de criar minha filha, você não tem nada a ver com isso — Isabela disparou, com os olhos duros.— E eu te falo o mesmo, Isabela — Cecília não hesitou. — Você não tem o direito de falar assim dele. Ele apenas um menino, sabia? E mais, ele cuida muito bem da sua filha, o que é algo que você deveria agradecer.Minha mãe fez aquela cara de quem se arrepende, mas eu sabia que era só encenação. Ela só queria evitar mais uma discussão na frente da Cecília.— Vamos sair daqui — disse Cecília, com um tom decidido. — Se eles não estão aqui no estábulo, é porque provavelmente estão com o Rafael. Brincando, sei lá, fazendo alguma coisa. Logo, eles começaram a se distanciar.Quando finalmente ficamos sozinhos, Hector soltou um suspiro baixo e me olhou com aquela expressão que eu já conhecia bem.— Tá tudo bem? — perguntou — quase como se quisesse se certificar de não me incomodar.Balancei a cabeça, tentando esconder o ner
Minha respiração saiu pesada. O olhar dele era intenso, carregado de algo que eu não queria decifrar. Então, o toque veio—leve, mas certeiro. O polegar dele deslizou devagar pela minha bochecha, apagando qualquer traço das minhas lágrimas.— Eu teria ido mesmo assim. — A voz dele. — Mas ela me odiaria ainda mais.Minha respiração ficou mais pesada.— E, Ayla… Eu não queria piorar tudo. Então preferi esperar notícias suas. Quem me contava tudo era o Rafa.Engoli em seco, sentindo o nó na garganta apertar até ficar quase insuportável. A sensação de impotência me envolvia por completo—saber que ele realmente tentou, que não foi por falta de vontade, fazia tudo pior.— Me desculpa... — A palavra saiu engasgada…Ele não parecia estar mentindo. Pelo contrário. Havia algo nele, uma irritação. Como se ter que me dar essa explicação o estivesse destruindo por dentro.Nunca quis parecer frágil na frente dele. Mas, naquele momento, era impossível segurar.— Eu não sabia, Hector... — Minha voz sa
— HECTOR! — exclamei — Acenando com a mão, sem saber se queria um sorriso dele ou se preferia ir até lá e socá-lo de uma vez. Ele se virou, passando o antebraço pela testa suada. E então, quando me viu, aquele sorriso surgiu no mesmo instante—fácil, aberto, como se nada no mundo pudesse derrubá-lo. Como se eu não tivesse passado a última semana inteira remoendo tudo. O moreno veio na minha direção com passos largos, sem hesitação. — Ayla?! — Os olhos dele se arregalaram, e, em um segundo, a expressão mudou. Preocupação. — Que diabos você tá fazendo aqui? Você tá bem? A febre passou? Falso. Revirei os olhos, cruzando os braços. A febre tinha ido embora, mas a raiva? Essa ainda tava aqui, firme e forte. — Senti tanto a sua falta… — Ele disse, com aquela entonação estranha que eu não conseguia entender. — Você sumiu. Uma semana inteirinha sem dar as caras. Os olhos dele desceram pelo meu corpo, observando cada detalhe, como se procurasse algum sinal de que ainda não estava 1
Minha garganta secou, e eu engoli em seco, tentando me recompor. Olhei para a janela novamente, tentando me distrair com a paisagem, mas era impossível. Meus olhos voltaram para ele, quase que involuntariamente, e dessa vez ele me viu. No retrovisor, e eu senti um calafrio percorrer minha espinha, mas disfarcei rapidamente, virando o rosto para a janela novamente. Meu coração batia mais rápido, e eu tentei me convencer de que era só o movimento do carro. Foi quando senti o toque de um dedo no meu ombro. Eu congelei, o arrepio subindo pela minha espinha. Virei o rosto lentamente e lá estava Ângela, com aquele sorriso travesso que me fazia querer pular da janela. Ela inclinou a cabeça, seus olhos brilhando com algo entre curiosidade e diversão. — Aquele cara... — ela sussurrou, com os olhos fixos em Hector. — Não é de se jogar fora, né? Eu dei um sorriso pequeno, quase imperceptível, mas não respondi. Em vez disso, meus olhos voltaram para o retrovisor, quase que involuntariamente
— Heitor, você lembra da Ayla, né? — Cecília perguntou, com um sorriso curioso. — Vocês eram inseparáveis na infância.Eu levantei a cabeça, finalmente encarando-o.Agora, olhando mais de perto, ele parecia... maior. Ou seria só impressão minha?E eu, bem, eu não mudei. Ainda era a mesma Ayla de sempre, com a mesma altura que me fazia parecer pequena diante dele. Eu mal passava da altura do peito dele.Então, seus olhos se fixaram em mim. Direto. Sem desviar, sem nenhum vestígio de hesitação.— Claro que lembro — ele disse, a voz profunda e serena — Como poderia esquecer?Aquela resposta foi estranha, mais forte do que qualquer outra coisa. Como se, de repente, o passado inteiro tivesse voltado, mas agora, era diferente. Eu não era mais aquela garota que se sentia segura ao lado dele.Agora, eu era só uma estranha para ele. E ele, para mim. Uma distância imensa, como se o tempo tivesse apagado tudo o que um dia fomos.— Como você está? — Ele perguntou, e aquilo foi tenebroso eu não e
— É bom você não ficar dando desculpas depois. Vai ser divertido, prometo. — Ela levantou as sobrancelhas, com um sorriso que, apesar de provocador, tinha algo de sincero.Eu ri baixinho, tentando disfarçar a insegurança. Divertido, é? — Eu só preciso pegar algo nada de mais. — Respondi, me levantando lentamente, forçando minha cabeça a relaxar, já decidida a seguir em frente.Ela se virou rapidamente para Cecília e fez um gesto dramático com a mão.— Viu? — ela disse, rindo — Eu sabia que ela vinha. Não pode resistir à nossa companhia.Cecília riu.Fui até o meu quarto. Abri a gaveta e puxei o colar de ouro com o “R”. Passei os dedos pelo pingente antes de prendê-lo no pescoço, deixando que o frio do metal se acomodasse contra minha pele.Agora sim…As duas estavam rindo da piada que Angela acabou de contar, e a gargalhada da Cecília ressoando pela rua. Meio irônico, né? Elas acabaram de se conhecer, e já eram quase como velhas amigas. Enquanto caminhávamos em
— Você é um inútil, German! Nunca presta atenção nas coisas! Sempre foi assim!A voz da minha mãe. Ácida. Cega de raiva.Meu peito se apertou.— Pai… — minha voz saiu mais baixa. — O que tá acontecendo?— Sua mãe só tá um pouco alterada — ele tentou minimizar, mas o jeito como sua respiração pesou me dizia outra coisa. — Tá tudo bem.Minha mandíbula enrijeceu.— Quando vocês voltam?Outro silêncio. Esse demorou mais.— Filha… eu ainda não sei. Mas quando eu terminar de resolver as coisas aqui, eu vou.E então minha mãe voltou a gritar. Acusações, palavras duras, uma enxurrada de ódio direcionada a ele. O inferno que atravessava a linha como um veneno, que eu conhecia bem demais.Ouvi meu pai soltar o ar, cansado.— Eu… depois a gente se fala, tá bom, querida?E antes que eu pudesse responder, a chamada foi encerrada.Fiquei ali, imóvel, o celular ainda colado ao meu ouvido. O silêncio do quarto pareceu ensurdecedor depois daquela tempestade.Eu já deveria estar acostumada. Mas não es
— Ayla! Sai desse quarto agora! — A voz atravessou a porta, impaciente, insistente.Afundei mais no travesseiro, meu corpo afogando na exaustão da noite anterior. Meu cérebro ainda estava preso em um sonho do qual eu já não me lembrava. A luz do dia já vazava pela janela, irritante, invasiva.— Ayla!Grunhi, puxando o cobertor sobre a cabeça. Que inferno.Por que todo mundo tinha essa obsessão de me arrancar da única coisa que me dava paz?Minha paciência se esgotou.— Se for pra falar merda, dá meia-volta! — Minha voz abafada pelo travesseiro.Ouvi um suspiro do outro lado da porta.— Você não pode passar o dia inteiro trancada aí!Posso sim. E eu vou.Mas, claro, ninguém nunca me deixava em paz.— Ângela… — resmunguei — Se você não me deixar dormir, eu juro que vou te assombrar quando morrer.Ela bufou, impaciente, e eu quase pude visualizar seus olhos revirando no maior deboche. Não demorou um segundo sequer para que a porta fosse escancarada.O colchão afundou quando e
— Por favor, não — eu tentei gritar de novo, mas a voz não saiu. Era apenas um sussurro rouco, perdido no silêncio da sala.Ele não respondeu. Apenas sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos….Acordei Gritando.Minha respiração veio em soluços irregulares, e o suor escorria pelo meu rosto, gelado como se o próprio pesadelo tivesse grudado na minha pele. O quarto estava incompleta escuridão, mas o cheiro ainda estava ali. Sangue. Muito sangue. Eu estava sangrando. Escorria por entre minhas pernas, quente, denso.Meus pulmões pareciam queimar enquanto eu tentava puxar o ar, mas só conseguia sentir aquele gosto metálico na garganta, o desespero se agarrou a mim como garras invisíveis, apertando, sufocando, arrancando qualquer resquício de racionalidade.— Eu não tive culpa! — Minha própria voz soou cortante, rachada, como se estivesse saindo de um lugar muito mais profundo do que minha garganta. — Foi ela... foi ela! Ela me obrigou! Eu não quis! Eu nunca quis!Minhas mãos tremiam.