" Alya Torres, a herdeira de uma família rica, sempre teve tudo que o dinheiro pode comprar. " Héctor Martínez nunca deveria ter olhado para ela. Mas uma vez que o fez, não havia mais volta. Sendo apenas um simples peão, ele se perdeu em um amor que queimava por dentro, selvagem e errado. Não era apenas paixão... era algo mais escuro, mais profundo. Ela era tudo o que ele não podia ter, e isso só fez sua obsessão crescer. Amar? Talvez. Possuir? Certamente. Mas quando a fortuna de sua família desmorona e ela é pressionada a se casar para salvar o futuro da sua família, até onde ela estará disposta a ir para ter tudo de volta? E ele, aceitará ser apenas uma peça no jogo dela?
Leer más— Heitor, você lembra da Ayla, né? — Cecília perguntou, com um sorriso curioso. — Vocês eram inseparáveis na infância.Eu levantei a cabeça, finalmente encarando-o.Agora, olhando mais de perto, ele parecia... maior. Ou seria só impressão minha?E eu, bem, eu não mudei. Ainda era a mesma Ayla de sempre, com a mesma altura que me fazia parecer pequena diante dele. Eu mal passava da altura do peito dele.Então, seus olhos se fixaram em mim. Direto. Sem desviar, sem nenhum vestígio de hesitação.— Claro que lembro — ele disse, a voz profunda e serena — Como poderia esquecer?Aquela resposta foi estranha, mais forte do que qualquer outra coisa. Como se, de repente, o passado inteiro tivesse voltado, mas agora, era diferente. Eu não era mais aquela garota que se sentia segura ao lado dele.Agora, eu era só uma estranha para ele. E ele, para mim. Uma distância imensa, como se o tempo tivesse apagado tudo o que um dia fomos.— Como você está? — Ele perguntou, e aquilo foi tenebroso eu não e
— É bom você não ficar dando desculpas depois. Vai ser divertido, prometo. — Ela levantou as sobrancelhas, com um sorriso que, apesar de provocador, tinha algo de sincero.Eu ri baixinho, tentando disfarçar a insegurança. Divertido, é? — Eu só preciso pegar algo nada de mais. — Respondi, me levantando lentamente, forçando minha cabeça a relaxar, já decidida a seguir em frente.Ela se virou rapidamente para Cecília e fez um gesto dramático com a mão.— Viu? — ela disse, rindo — Eu sabia que ela vinha. Não pode resistir à nossa companhia.Cecília riu.Fui até o meu quarto. Abri a gaveta e puxei o colar de ouro com o “R”. Passei os dedos pelo pingente antes de prendê-lo no pescoço, deixando que o frio do metal se acomodasse contra minha pele.Agora sim…As duas estavam rindo da piada que Angela acabou de contar, e a gargalhada da Cecília ressoando pela rua. Meio irônico, né? Elas acabaram de se conhecer, e já eram quase como velhas amigas. Enquanto caminhávamos em
— Você é um inútil, German! Nunca presta atenção nas coisas! Sempre foi assim!A voz da minha mãe. Ácida. Cega de raiva.Meu peito se apertou.— Pai… — minha voz saiu mais baixa. — O que tá acontecendo?— Sua mãe só tá um pouco alterada — ele tentou minimizar, mas o jeito como sua respiração pesou me dizia outra coisa. — Tá tudo bem.Minha mandíbula enrijeceu.— Quando vocês voltam?Outro silêncio. Esse demorou mais.— Filha… eu ainda não sei. Mas quando eu terminar de resolver as coisas aqui, eu vou.E então minha mãe voltou a gritar. Acusações, palavras duras, uma enxurrada de ódio direcionada a ele. O inferno que atravessava a linha como um veneno, que eu conhecia bem demais.Ouvi meu pai soltar o ar, cansado.— Eu… depois a gente se fala, tá bom, querida?E antes que eu pudesse responder, a chamada foi encerrada.Fiquei ali, imóvel, o celular ainda colado ao meu ouvido. O silêncio do quarto pareceu ensurdecedor depois daquela tempestade.Eu já deveria estar acostumada. Mas não es
— Ayla! Sai desse quarto agora! — A voz atravessou a porta, impaciente, insistente.Afundei mais no travesseiro, meu corpo afogando na exaustão da noite anterior. Meu cérebro ainda estava preso em um sonho do qual eu já não me lembrava. A luz do dia já vazava pela janela, irritante, invasiva.— Ayla!Grunhi, puxando o cobertor sobre a cabeça. Que inferno.Por que todo mundo tinha essa obsessão de me arrancar da única coisa que me dava paz?Minha paciência se esgotou.— Se for pra falar merda, dá meia-volta! — Minha voz abafada pelo travesseiro.Ouvi um suspiro do outro lado da porta.— Você não pode passar o dia inteiro trancada aí!Posso sim. E eu vou.Mas, claro, ninguém nunca me deixava em paz.— Ângela… — resmunguei — Se você não me deixar dormir, eu juro que vou te assombrar quando morrer.Ela bufou, impaciente, e eu quase pude visualizar seus olhos revirando no maior deboche. Não demorou um segundo sequer para que a porta fosse escancarada.O colchão afundou quando e
— Por favor, não — eu tentei gritar de novo, mas a voz não saiu. Era apenas um sussurro rouco, perdido no silêncio da sala.Ele não respondeu. Apenas sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos….Acordei Gritando.Minha respiração veio em soluços irregulares, e o suor escorria pelo meu rosto, gelado como se o próprio pesadelo tivesse grudado na minha pele. O quarto estava incompleta escuridão, mas o cheiro ainda estava ali. Sangue. Muito sangue. Eu estava sangrando. Escorria por entre minhas pernas, quente, denso.Meus pulmões pareciam queimar enquanto eu tentava puxar o ar, mas só conseguia sentir aquele gosto metálico na garganta, o desespero se agarrou a mim como garras invisíveis, apertando, sufocando, arrancando qualquer resquício de racionalidade.— Eu não tive culpa! — Minha própria voz soou cortante, rachada, como se estivesse saindo de um lugar muito mais profundo do que minha garganta. — Foi ela... foi ela! Ela me obrigou! Eu não quis! Eu nunca quis!Minhas mãos tremiam.
Então levantei as mãos para o alto e gritei nunca me senti tão feliz na minha vida. A moto fez uma curva ainda mais fechada, aqui no face agarrei mais sua cintura e eu quase perdi o fôlego. O vento cortava minha pele, e meu coração batia fora de compasso, mas o sorriso dele, eu senti ele sem nem precisar olhar, como se ele soubesse exatamente o que estava fazendo comigo. E então veio a última manobra. Ele virou a moto ao contrário. Quando ele finalmente desacelerou, trazendo a moto de volta ao chão, meu coração batia tão forte que doía. Ele olhou para mim. E viu. — Gostou, não foi? — A voz dele veio afiada. Eu engoli em seco, mas não deixei que ele percebesse. Não respondi — Tsc… Garotas como você… loirinha, riquinha… são as piores. A provocação bateu forte, mas não como um tapa. Como um soco no ego. Meus olhos se estreitaram. — Ah, é? — Minha voz saiu firme, cortante, mesmo que por dentro algo queimasse. — Acha que me conhece? — Falei entre os dentes, o desafio e
— Espera... — minha voz saiu hesitante, mas ele já tinha virado de costas, ajustando as luvas com a mesma calma irritante de antes. — Eu não sei se...— Se soltar, você morre. — Ele me cortou sem paciência, a voz grave, seca, sem espaço para discussão. — E eu não freio por ninguém.Eu dei um passo para trás, sentindo o estômago revirar só de olhar para aquela moto. Acelerar por aí em um círculo de metal, desafiando a gravidade?Tudo bem, eu só queria olhar. Só queria sentir a adrenalina no ar, ver de perto esse mundo insano que nunca foi meu. Mas subir nessa moto?Quer dizer… às vezes eu tomo umas decisões questionáveis, daquelas que fariam qualquer um se perguntar se eu tenho um parafuso a menos. Mas perder completamente o juízo? Isso ainda não aconteceu.Eu acho.— Eu não vou subir nisso. — Cruzei os braços, firme, ignorando o frio que subiu pela minha espinha.Ele soltou um suspiro pesado, como se estivesse perdendo a paciência. Como se eu fosse um incômodo.— Você veio pra cá porq
— Então, Ayla…de Skin lendária — Ele fez uma pausa dramática, olhando para a plateia, e um coro de assobios ecoou. Eu revirei os olhos. — Parece coisa rara por aqui, hein? — Ele riu, me analisando de cima a baixo com aquele olhar de quem adorava um espetáculo. — Diz aí, sorteada, além de ser linda, o que mais temos de interessante?O microfone se aproximou de mim de novo. Meu estômago revirou. Não tinha paciência para esse tipo de jogo.— Ahm… eu respiro? — soltei, e a plateia explodiu em risadas.O locutor sorriu, levantando as mãos em rendição.— E ainda tem personalidade… O sorriso dele aumentou. — Alguém aqui já se apaixonou?O barulho da multidão era ensurdecedor, mas, no meio disso, escutei um cara gritar:— EU!Minha cabeça virou na direção do som, e vi um cara pulando, balançando os braços como se estivesse tentando me chamar atenção a qualquer custo. Revirei os olhos.O locutor riu, aproveitando a deixa.— Olha aí, já temos um candidato! E então, Ayla, ele faz o seu tipo?A
— Relaxa, Ângela. É só uma cerveja — eu disse, dando um gole enquanto os motociclistas continuavam sua dança mortal lá em cima. A bebida era gelada e refrescante, e por um momento, tudo parecia perfeito.Mas então, algo mudou. O locutor anunciou a entrada de mais um piloto, e a multidão explodiu em gritos ainda mais altos. — E agora, o momento que todos estavam esperando! — Com vocês. O CACHORRO LOUCO! — A voz do cara ressoou no microfone e a multidão respondeu como um eco, uma onda de excitação percorrendo a todos.O cara no palco não parava, incitando ainda mais o caos. O som das motos e os gritos se misturavam como uma onda de energia, algo pesado no ar. Ao mesmo tempo que o chão estava tremendo, quase como se o mundo inteiro estivesse ali, se movendo com a gente.De repente, o som dos motores mudou. Um ronco mais profundo, mais selvagem, ecoou pelo estádio, fazendo o ar vibrar e a multidão silenciar por um instante. Todos os olhos se voltaram para a entrada, onde uma figura