Agora, olhando para ele, hipnotizada. Seus traços são perfeitos de um jeito quase bruto, como algo que só a terra poderia moldar. A pele morena dele reluzia de forma sutil sob o sol que se infiltrava pelas frestas da janela. Havia algo quase mágico no jeito que a luz o tocava, destacando seus músculos firmes, bem definidos, mas sem exagero, esculpidos pelo trabalho árduo no campo. Ele não era feito de academias ou aparências. Ele era feito de terra, suor, sol, e isso o tornava ainda mais bonito.
"Por que você não é rico, seu bobo? pensei — Você poderia ser o homem ideal... Se não fosse tão insignificante." Um sorriso amargo se espalhou em meu rosto. Ele jamais saberia que, por mais que eu desejasse estar com ele, a realidade das nossas classes nos separava, (A dor de desejar o impossível era mais cruel do que qualquer outra coisa.) Eu não estava disposta a me afundar por alguém que não entendia as regras . No final das contas, eu sempre colocaria minha felicidade em primeiro lugar — Antes de qualquer coisa, ou de qualquer um. "Meus pensamentos estavam vagando, mas não fazia diferença. Era como se eu vivesse em um pesadelo, e eu só queria que ele sentisse um pouco do que eu sentia. Não me importava, de qualquer jeito." — Olha só, não se ache tão importante. — Declarei, tentando manter a firmeza na voz. — Eu me afastei porque estou começando uma nova vida e... Você não faz parte dela Hector. Nunca fez. — Você realmente acha que eu sou idiota, Ayla? — A voz dele saiu baixa, quase ameaçadora, mas a tensão na sua mandíbula deixava claro o quanto ele estava controlando a raiva — Você pensa que pode me usar e me jogar fora como se fosse fácil assim? Engoli em seco, sentindo a pressão aumentar. Sem me dar tempo para reagir, ele socou a madeira ao lado do meu corpo, o som do impacto fazendo meu corpo todo tremer de susto. — Não, você não vai me descartar assim. Dei uma risada debochada, sentindo as lágrimas ameaçando escapar dos meus olhos. — Hector, você realmente se acha o centro do mundo, né? — Eu quase não acreditei nas próprias palavras, mas elas saíram frias. "Como ele podia ser tão ingênuo? Eu realmente estava começando a me perguntar o que passou pela cabeça dele. Achou mesmo que eu ficaria com ele? A minha família jamais aceitaria, e minha mãe... essa era a última pessoa que ele poderia esperar que aceitasse algo assim. — Oh, por favor! — retruquei, o sarcasmo escapando, mesmo que meu coração estivesse despedaçado. — Você não tem nada a ver com a minha vida. E, pra ser bem clara, olha pra você e olha pra mim. Eu sou algo muito além de você. Um lixo como você não chega nem perto do que eu sou. Achou que eu ia perder meu tempo com um pobre coitado igual a você? Você não é nada, e nunca foi. As palavras saíam como veneno dos meus lábios. Senti um gosto agridoce de satisfação ao vê-lo sofrer. Ele era um lixo que não tinha nada a oferecer, e eu... eu simplesmente não conseguia parar de destruir tudo o que ele ainda pensava que fosse. A expressão de Héctor se transformou em uma mistura de raiva e desespero, seus olhos se encheram de lágrimas, e pude ver o peso das minhas palavras afundando em seu coração. Ele estava perdendo a luta, e eu sabia disso. — Ayla! Por favor... — ele começou, mas não dei a ele a chance de terminar. — Não se preocupe, vou cuidar da minha vida, — afirmei. — Vou para a capital, me tornar uma das melhores estilistas do mundo... — olhei para ele de cima a baixo, sentindo o nojo invadir meu olhar — Vai continuar sendo esse peão miserável que não vale nem o chão que pisa. E não há nada, absolutamente nada, que você possa fazer sobre isso. Ele soluçou… Eu magoei ele. Sei disso. Sinto isso. E o pior? Ele ali, completamente destruído. Mas por que isso machuca tanto? Por que essa dor aperta no meu peito e não me deixa respirar? Não deveria doer assim. Não deveria. Eu não sou a culpada, não sou. Eu fiz o que tinha que fazer. Mas estou sentindo, e é como se a dor de ver ele naquele estado fosse uma punição que eu mesma estou me dando. — Ayla, eu pedi um tempo. Eu sei que não posso te dar o luxo que você está acostumada mas te prometi que faria acontecer. Nem que eu precisasse arrancar o chão com as mãos. Lembra? Eu te prometi naquele dia queríamos ir embora daqui, e vou cumprir. Não importa o que eu tenha que fazer. Eu nem precisava fechar os olhos para lembrar aquele dia que me marcou para sempre. Eu estava sozinha. Tão sozinha. No fundo, eu sabia que ele não teria feito nada. Promessas bonitas não salvam ninguém, e ele era mestre em prometer. E ainda assim, uma parte de mim queria que ele soubesse, que ele estivesse lá, que ele me impedisse de entrar naquela sala, mesmo sem saber. Mas ele não estava. Nunca está. — Eu não queria que fosse assim! — Forcei as palavras a saírem, a voz quebrando como se fosse a última coisa que eu pudesse dizer. — Mas você merecia a verdade. Não posso mais ficar... — Você se despediu de mim antes de eu ter a chance de te dizer que ainda te amo, Ayla. Você não tem ideia do que isso significa. — Sua voz embargada. Sem saber como reagir, me virei para ir embora, enquanto passava por ele, senti uma mão firme a agarrar meu pulso. Antes que eu pudesse protestar, Seus lábios colidindo com os meus em um beijo intenso e desesperado. O mundo ao nosso redor desapareceu, e por um momento, correspondi ao beijo, cedendo àquele desejo reprimido. Mesmo sabendo que era errado. Mas logo a realidade me atingiu como um balde de água fria. Afastei-me dele, a raiva misturada à confusão queimando dentro de mim. Sem pensar, levantei a mão e dei um tapa forte em seu rosto, o som ecoando no ar como um golpe final. — Nunca mais faça isso! — gritei, meu coração acelerado, enquanto a raiva e a dor se misturavam em meu peito. Eu passei por ele, os olhos ardendo, molhados por lágrimas que deslizavam pelo meu rosto.— Ayla, por favor... não vai embora— A voz dele quebrou, como se cada palavra fosse uma luta contra algo muito mais forte do que ele. — Eu... faria qualquer coisa, qualquer coisa que você pedisse, Ayla. Eu me ajoelho, faço tudo. Mas por favor... — A voz dele estava rouca agora, quase inaudível. — Não me deixa. Não quero ficar sem você... não posso. Parei no meio do movimento e me virei para ele, encarando-o pela última vez, como se fosse a última coisa que eu faria naquele momento. Uma lágrima traiçoeira escorreu pelo meu rosto, mas eu não a limpei. Me recusei a mostrar qualquer fraqueza. Eu não ia ceder. — Ah, sabe como é... — minha voz saiu cortante, Um tom que eu só usava quando a paciência já tinha se esgotado. — Cada um recebe exatamente o que merece. E você... — pausei. — definitivamente, mereceu tudo isso. Patético! — Eu estou quebrado pela segunda vez, Ayla. — A voz dele vacilou por um instante, mas logo recuperou o tom firme. — E, mesmo depois de tudo que você disse,
Mordi os lábios Eu só senti o amargo na garganta, misturado com o ódio que só crescia a cada segundo. Eu só precisava dali. — E aí minha gente! — Aquela voz eu conheci perfeitamente. Minha expressão se transformou assim que vi Davi atravessar a porta, seu olhar varrendo o ambiente até pousar em nós. Meu coração deu um salto involuntário — Ali estava ele, depois de tanto tempo. Senti falta dele. — Olha só quem apareceu! — Rafa se levantou, o sorriso crescendo enquanto puxava Davi para um abraço caloroso. — Vem cá, brother! Senta com a gente. Davi retribuiu o abraço com o mesmo entusiasmo, os dois se cumprimentando. Ele riu ao se acomodar ao nosso lado e olhou para nós com um brilho nostálgico. — É muito bom ver gente da minha cidade. — disse Davi, de tom leve, mas cheio de significado. Sem pensar duas vezes, me levantei com um sorriso e estendi os braços. — Vem cá, Davi! — murmurei, puxando-o o loiro para um abraço apertado. — Meu Deus, que saudade! — To muito
FUNK CLUB Condesa {AYLA TORRES} Caminhando pelos corredores do clube, senti o calor da mão de Damião segurando a minha, firme e segura, enquanto ele me guiava pela multidão. À medida que avançávamos, ele me apresentava a algumas pessoas, trocando cumprimentos rápidos, mas meu foco estava no ambiente ao redor, naquela energia contagiante. No meio dos dois, com Davi ao meu outro lado, eu me sentia envolvida, como se fôssemos fossemos ainda crianças correndo pela fazenda. O brilho das luzes do bar reluzia sobre nós quando finalmente alcançamos o balcão, onde a noite só estava começando. Davi pediu algumas bebidas — Confesso que estou adorando esse lugar, murmurei, encarando ao redor Rafael sorriu... — Cadê seus amigos? — perguntou Rafa, olhando ao Davi — Eles mandaram mensagem dizendo que já estão chegando. Rafa deu um breve aceno de cabeça concordando. — Nossa, que sorte a nossa — comentei, deslizando para o assento de couro macio na mesa principal. O tipo de lug
— Quem me dera. — Sua voz era firme. — Foram os pais do Gael que me criaram. Eles não são ninguém "Importante" para o mundo, mas para nós, são tudo. Graças a eles, consegui terminar os estudos e tenho uma vida confortável. Gael a encarou com um olhar firme e orgulhoso, como se entendesse cada palavra. Era como se eles compartilhassem o mesmo pensamento. Eu assenti, oferecendo um sorriso que, para todos ali, parecia empático. — Nossa! — disse comovida com a historinha.— Ah, entendo perfeitamente. — Inclinei a cabeça, como quem compartilha de um sentimento profundo. Mas, internamente... chato, chato,chato.... Depois de um bom tempo conversando sobre a faculdade e os desafios da vida na capital, Davi se virou para mim, o olhar curioso. — Então, é... você já conseguiu se instalar bem aqui na cidade? — perguntou, amistoso. Engoli um pouco da bebida. — Não, Eu ainda estou no hotel com os meus pais. Mas prometo que amanhã vou procurar com mais afinco. — respondi, tentando soar conf
Ele deu de ombros, como se não fosse grande coisa. — Agradeça ao Davi. Ele tem um bom gosto. Soltei uma risada suave, concordando. — É, parece que ele sabe o que faz. — E aí, quer uma cerveja? — ele perguntou, indo para cozinha, todo sorridente. — Não... — disse, balançando a cabeça. — Para mim já deu bebi demais por hoje. Chega... — Então, quer pelo menos uma água? — ele insistiu, ainda com aquele sorriso. — Quero sim, obrigada— respondi, aliviada. Depois de um tempo, ele me entregou um copo de água, e eu bebi um grande gole, tentando ignorar o olhar dele enquanto me analisava em silêncio. Mas quando meus olhos recaíram sobre Rafael, algo me fez hesitar. Ele estava sentado à minha frente, com a camisa social preta de mangas dobradas até os cotovelos, revelando os antebraços fortes, onde as veias pareciam desenhar um mapa que dava ainda mais destaque à sua pele branca. Seu cabelo louro escuro estava ligeiramente bagunçado, caindo de um jeito que parecia perfeitamente planej
Revirei os olhos, sentindo o peito subir e descer rápido. Eu só queria sair dali, acabar com aquela conversa. Virei de costas, decidida a ignorar. — Ayla, me fala a verdade... E algo sobre o seu futuro? Fechei os olhos, engolindo a enxurrada de pensamentos de merda que queria cuspir. A minha mãe não tinha culpa de nada disso, eu sabia. Então virei de frente para ela. Ela só estava ali, esperando que eu dissesse algo, qualquer coisa, e eu precisava me recompor antes de explodir. — Não, mãe! — Respirei fundo, sentindo o peso da culpa, antes mesmo de soltá-las, a frustração queimando em meu peito. Então, solto devagar, tentando domar o tom de voz. — Desculpa por ter sido rude, mãe — falei mais baixo, tentando suavizar, mas sabendo que o estrago já estava feito, enquanto meu coração acelerava. — É só que... — As meninas do interior não param de me mandar mensagens… — Fiz uma pausa — Toda essa coisa de mudança... me deixou exausta. Tava até pensando em trocar o numero do meu celul
— Eita, já beirando a aposentadoria e ainda tá querendo mostrar serviço? — debochou Rafa, rindo enquanto se contorcia para se soltar, tropeçando alguns passos para trás. Germain deu um sorriso de canto e apertou o mata-leão com mais força, seus braços firmes como uma corda de laço. — Garoto, eu já derrubei boi maior que você com uma mão só — retrucou, enquanto ele ficava vermelho, tentando puxar o ar. — Cuidado aí, coroa! — Rafael arfou, com uma risada forçada. — Não vai querer provocar o reumatismo. A cena era hilária. Eu não consegui segurar o riso, assistindo aqueles dois se engalfinhando feito idiotas. Era exatamente como dizem por aí sobre os homens: quando acham que estão sendo espertos, na verdade tão só bancando os idiotas. Assim que eles desapareceram pela porta, Angela se aproximou, segurando delicadamente minha mão. O toque era inesperado, e eu a olhei com surpresa, um calor subindo pelo meu rosto. Seus olhos, brilhantes e cheios de alegria, me deixaram sem palav
— Talvez ele esteja apenas preocupado com sua segurança — sugeriu, o que me fez sentir segura. — ele colocou o copo na bancada e se aproximou de mim, seus olhos fixos nos meus, o sorriso desaparecendo gradualmente para dar lugar a um olhar mais sério e intenso. — Você sabe o por quê? — ele acariciou meu rosto com a ponta dos dedos, a suavidade do toque enviando ondas de eletricidade pela minha pele, fazendo meu coração acelerar. Um riso suave escapou de meus lábios, enquanto negava com a cabeça. A tensão no ar era quase ensurdecedor, e um impulso incontrolável me fez me inclinar em sua direção. — Você se tornou uma mulher irresistível, Ayla — continuou, seus olhos brilhando com desejo — e seu pai quer mantê-la longe de homens terríveis como eu. — É mesmo? — a minha voz soou baixa, mas provocativa. Com uma ousadia que eu não sabia que possuía, coloquei a mão em volta do seu pescoço, puxando-o para perto, nossos narizes quase se tocando podia sentir o calor de sua pele, sua resp