— Ayla, por favor... não vai embora— A voz dele quebrou, como se cada palavra fosse uma luta contra algo muito mais forte do que ele. — Eu... faria qualquer coisa, qualquer coisa que você pedisse, Ayla. Eu me ajoelho, faço tudo. Mas por favor... — A voz dele estava rouca agora, quase inaudível. — Não me deixa. Não quero ficar sem você... não posso.
Parei no meio do movimento e me virei para ele, encarando-o pela última vez, como se fosse a última coisa que eu faria naquele momento. Uma lágrima traiçoeira escorreu pelo meu rosto, mas eu não a limpei. Me recusei a mostrar qualquer fraqueza. Eu não ia ceder. — Ah, sabe como é... — minha voz saiu cortante, Um tom que eu só usava quando a paciência já tinha se esgotado. — Cada um recebe exatamente o que merece. E você... — pausei. — definitivamente, mereceu tudo isso. Patético! — Eu estou quebrado pela segunda vez, Ayla. — A voz dele vacilou por um instante, mas logo recuperou o tom firme. — E, mesmo depois de tudo que você disse, aqui estou eu, ainda te amando... contra toda lógica, contra minha própria vontade. — Só me avisa da próxima vez, tá? Quem sabe, na terceira vez, eu morra de uma vez por todas... "Então morre de uma vez, Hector. Melhor, desaparece de uma vez por todas, quem sabe assim essa merda de sentimento que nunca deveria ter existido some. Foi aqui que tudo começou. E é aqui que tudo acaba, sem mais nem menos (•••) Capital do México. {AYLA TORRES} As taças tilintavam quando eu e Rafael brindamos, e eu encarei aqueles olhos verdes, tão cheios de expectativa, enquanto eu exibia um sorriso calculado. Tudo fazia parte do jogo. — Fico tão orgulhoso que Alya finalmente decidiu terminar os estudos e tem uma carreira sólida. — disse Rafael, todo orgulhoso, como se isso fosse algum feito extraordinário. " Claro! Já que a princesinha mimada decidiu finalmente sair do seu castelo e fazer algo produtivo —Quem diria que havia um mundo além das lojas de roupas? — Sabe o que é ótimo nisso? — Isabel interrompeu, lançando um olhar cheio de segundas intenções. — Agora vocês vão poder passar mais tempo juntos. Porque Alya sentiu muito sua falta, Damião. — Mamãe, por favor! — Cortei, chamando sua atenção. Ela deu de ombros, indiferente, como sempre. — Alya, não tem problema nenhum! — Rafa disse, com um sorriso tranquilo. — Eu também senti muita falta. Quase revirei os olhos Claro, minha mãe estava louca com a ideia de se juntar como Rafa. E o que mais ela queria era uma aliança que aumentasse o status dela. Para ela, o resto era só detalhe — tudo o que importava era o prestígio. Dinheiro. No final das contas, tudo se resume a isso. Dinheiro é poder, e poder é o que realmente move o mundo. Não é à toa que sou filha dela. Minha mãe sempre teve o dom de falar as coisas de um jeito seco, mas com uma verdade. (•••) Ela me puxou para um canto antes de eu sair da fazenda, deixando claro suas expectativas, como sempre. — Filha! — Você já está com 18 anos. — Ela começou, o tom tão frio. — E já está na hora de pensar no futuro. Você sabe que, quando eu tinha sua idade, já estava casada com seu pai. E olhe só onde estamos agora... tudo graças as minhas boas escolhas. O Rafael é mais do que um simples amigo. Ele é um peixe grande, e se você se aproximar dele, será bom pra nossa família. A aliança entre nossas famílias é o que vai garantir que você mantenha tudo no lugar. Entendeu amorzinho? As palavras da minha mãe ficaram ecoando na minha cabeça enquanto eu encarava o sorriso ingênuo do Rafa. Ele era o alvo perfeito, o encaixe ideal para os planos ambiciosos que minha mãe tinha para mim. tem um relacionamento, com ele não era uma questão de paixão, muito menos de amor. Era simplesmente uma jogada de poder, uma maneira de garantir que eu continuasse a escalar o topo sem obstáculos. — Olha, vou ser sincero, eu ainda não estou convencido de deixar minha filha na cidade grande ainda mais sozinha — meu pai disse, interrompendo o momento com sua habitual preocupação tola. — Vocês sabem como está o mundo hoje em dia? E lá estava ele, o velho discurso de sempre. Papai com suas preocupações infinitas, como se eu fosse uma garotinha 5 anos indefesa. Ele simplesmente não conseguia entender que eu já havia crescido, que eu queria mais do que ele poderia me dar. Queria o mundo, queria poder, queria tudo o que estivesse ao meu alcance. — Não se preocupe, German. — Rafa — colocou as mãos no ombro do meu pai, numa tentativa patética de parecer confiável. — Eu vou cuidar dela — disse, com aquele sorriso confiante. E então ele olhou pra mim, seus olhos brilhando como se fosse dono de tudo. Aquilo me fez lembrar de algo. Quando éramos crianças, ele disse a mesma coisa. Prometeu ao papai que ia cuidar de mim. E no final, o que aconteceu? Nada. Eu quase me afoguei no maldito rio, se não fosse pelo Héc... Ah, que droga! Porque diabos eu fico lembrando daquele imbecil? A lembrança do Héctor invadiu minha mente. Pensei nele por um segundo a mais do que deveria, e lá estava eu, apertando o copo até sentir o vidro ceder, até o calor do sangue escorrer pelos meus dedos. Ridículo. Ele não vale isso... Filha, cuidado — a voz da minha mãe chegou do nada, enquanto ela pegava um guardanapo e pressionava minha mão. — Eu estou bem — rosnei entre dentes, tentando afastar a irritação, mas era inútil. o Rafael se aproximou rápido, os olhos preocupados. — Você tá bem, Alya? Por Deus, o que você fez? — A preocupação dele era quase cômica, mas a raiva dentro de mim queimava tão mal que eu mal conseguia controlar. Eu queria explodir. Gritar. Dizer a verdade que ninguém queria ouvir. Poucas horas atrás, Eu estava terminando um relacionamento de 7 anos. Simplesmente, o cara mais simples e pobretão que eu já conheci sabia me fazer sentir cada segundo, cada movimento, muito mais profundo do que qualquer outro homem por aí. E agora, mal posso acreditar, mas acho que vou sentir falta disso. Daquela força crua, daquele jeito sem polidez que só ele tinha.Mordi os lábios Eu só senti o amargo na garganta, misturado com o ódio que só crescia a cada segundo. Eu só precisava dali. — E aí minha gente! — Aquela voz eu conheci perfeitamente. Minha expressão se transformou assim que vi Davi atravessar a porta, seu olhar varrendo o ambiente até pousar em nós. Meu coração deu um salto involuntário — Ali estava ele, depois de tanto tempo. Senti falta dele. — Olha só quem apareceu! — Rafa se levantou, o sorriso crescendo enquanto puxava Davi para um abraço caloroso. — Vem cá, brother! Senta com a gente. Davi retribuiu o abraço com o mesmo entusiasmo, os dois se cumprimentando. Ele riu ao se acomodar ao nosso lado e olhou para nós com um brilho nostálgico. — É muito bom ver gente da minha cidade. — disse Davi, de tom leve, mas cheio de significado. Sem pensar duas vezes, me levantei com um sorriso e estendi os braços. — Vem cá, Davi! — murmurei, puxando-o o loiro para um abraço apertado. — Meu Deus, que saudade! — To muito
FUNK CLUB Condesa {AYLA TORRES} Caminhando pelos corredores do clube, senti o calor da mão de Damião segurando a minha, firme e segura, enquanto ele me guiava pela multidão. À medida que avançávamos, ele me apresentava a algumas pessoas, trocando cumprimentos rápidos, mas meu foco estava no ambiente ao redor, naquela energia contagiante. No meio dos dois, com Davi ao meu outro lado, eu me sentia envolvida, como se fôssemos fossemos ainda crianças correndo pela fazenda. O brilho das luzes do bar reluzia sobre nós quando finalmente alcançamos o balcão, onde a noite só estava começando. Davi pediu algumas bebidas — Confesso que estou adorando esse lugar, murmurei, encarando ao redor Rafael sorriu... — Cadê seus amigos? — perguntou Rafa, olhando ao Davi — Eles mandaram mensagem dizendo que já estão chegando. Rafa deu um breve aceno de cabeça concordando. — Nossa, que sorte a nossa — comentei, deslizando para o assento de couro macio na mesa principal. O tipo de lug
— Quem me dera. — Sua voz era firme. — Foram os pais do Gael que me criaram. Eles não são ninguém "Importante" para o mundo, mas para nós, são tudo. Graças a eles, consegui terminar os estudos e tenho uma vida confortável. Gael a encarou com um olhar firme e orgulhoso, como se entendesse cada palavra. Era como se eles compartilhassem o mesmo pensamento. Eu assenti, oferecendo um sorriso que, para todos ali, parecia empático. — Nossa! — disse comovida com a historinha.— Ah, entendo perfeitamente. — Inclinei a cabeça, como quem compartilha de um sentimento profundo. Mas, internamente... chato, chato,chato.... Depois de um bom tempo conversando sobre a faculdade e os desafios da vida na capital, Davi se virou para mim, o olhar curioso. — Então, é... você já conseguiu se instalar bem aqui na cidade? — perguntou, amistoso. Engoli um pouco da bebida. — Não, Eu ainda estou no hotel com os meus pais. Mas prometo que amanhã vou procurar com mais afinco. — respondi, tentando soar conf
Ele deu de ombros, como se não fosse grande coisa. — Agradeça ao Davi. Ele tem um bom gosto. Soltei uma risada suave, concordando. — É, parece que ele sabe o que faz. — E aí, quer uma cerveja? — ele perguntou, indo para cozinha, todo sorridente. — Não... — disse, balançando a cabeça. — Para mim já deu bebi demais por hoje. Chega... — Então, quer pelo menos uma água? — ele insistiu, ainda com aquele sorriso. — Quero sim, obrigada— respondi, aliviada. Depois de um tempo, ele me entregou um copo de água, e eu bebi um grande gole, tentando ignorar o olhar dele enquanto me analisava em silêncio. Mas quando meus olhos recaíram sobre Rafael, algo me fez hesitar. Ele estava sentado à minha frente, com a camisa social preta de mangas dobradas até os cotovelos, revelando os antebraços fortes, onde as veias pareciam desenhar um mapa que dava ainda mais destaque à sua pele branca. Seu cabelo louro escuro estava ligeiramente bagunçado, caindo de um jeito que parecia perfeitamente planej
Revirei os olhos, sentindo o peito subir e descer rápido. Eu só queria sair dali, acabar com aquela conversa. Virei de costas, decidida a ignorar. — Ayla, me fala a verdade... E algo sobre o seu futuro? Fechei os olhos, engolindo a enxurrada de pensamentos de merda que queria cuspir. A minha mãe não tinha culpa de nada disso, eu sabia. Então virei de frente para ela. Ela só estava ali, esperando que eu dissesse algo, qualquer coisa, e eu precisava me recompor antes de explodir. — Não, mãe! — Respirei fundo, sentindo o peso da culpa, antes mesmo de soltá-las, a frustração queimando em meu peito. Então, solto devagar, tentando domar o tom de voz. — Desculpa por ter sido rude, mãe — falei mais baixo, tentando suavizar, mas sabendo que o estrago já estava feito, enquanto meu coração acelerava. — É só que... — As meninas do interior não param de me mandar mensagens… — Fiz uma pausa — Toda essa coisa de mudança... me deixou exausta. Tava até pensando em trocar o numero do meu celul
— Eita, já beirando a aposentadoria e ainda tá querendo mostrar serviço? — debochou Rafa, rindo enquanto se contorcia para se soltar, tropeçando alguns passos para trás. Germain deu um sorriso de canto e apertou o mata-leão com mais força, seus braços firmes como uma corda de laço. — Garoto, eu já derrubei boi maior que você com uma mão só — retrucou, enquanto ele ficava vermelho, tentando puxar o ar. — Cuidado aí, coroa! — Rafael arfou, com uma risada forçada. — Não vai querer provocar o reumatismo. A cena era hilária. Eu não consegui segurar o riso, assistindo aqueles dois se engalfinhando feito idiotas. Era exatamente como dizem por aí sobre os homens: quando acham que estão sendo espertos, na verdade tão só bancando os idiotas. Assim que eles desapareceram pela porta, Angela se aproximou, segurando delicadamente minha mão. O toque era inesperado, e eu a olhei com surpresa, um calor subindo pelo meu rosto. Seus olhos, brilhantes e cheios de alegria, me deixaram sem palav
— Talvez ele esteja apenas preocupado com sua segurança — sugeriu, o que me fez sentir segura. — ele colocou o copo na bancada e se aproximou de mim, seus olhos fixos nos meus, o sorriso desaparecendo gradualmente para dar lugar a um olhar mais sério e intenso. — Você sabe o por quê? — ele acariciou meu rosto com a ponta dos dedos, a suavidade do toque enviando ondas de eletricidade pela minha pele, fazendo meu coração acelerar. Um riso suave escapou de meus lábios, enquanto negava com a cabeça. A tensão no ar era quase ensurdecedor, e um impulso incontrolável me fez me inclinar em sua direção. — Você se tornou uma mulher irresistível, Ayla — continuou, seus olhos brilhando com desejo — e seu pai quer mantê-la longe de homens terríveis como eu. — É mesmo? — a minha voz soou baixa, mas provocativa. Com uma ousadia que eu não sabia que possuía, coloquei a mão em volta do seu pescoço, puxando-o para perto, nossos narizes quase se tocando podia sentir o calor de sua pele, sua resp
Estou há um tempo mandando mensagens sem resposta... parecia até que ela tinha trocado de número ou que estava me evitando, como se... como se eu não existisse mais para ela. sei que a gente terminou, mas eu só queria saber como é que ela está lá? Na cidade grande depois daquela dia que ela fez questão de me humilhar uma sensação estranha apertou meu peito. Ela tinha realmente ido embora, sem se preocupar como que eu sentia, sem deixar uma palavra sequer. A dor tomou conta de mim, como se ela tivesse arrancado algo que eu nem sabia que estava ali. Passei noites e dias assim, perdido em pensamentos e sem nenhuma resposta. — Francisca, por acaso você sabe alguma coisa sobre a Ayla? Como tá indo lá na capital? — perguntei, tentando soar casual. Ela soltou uma risada baixa e seca, que fez cada pêlo no meu braço se arrepiar. — Ayla..? — repetiu, o tom carregado de algo que eu não consegui decifrar. — E o que te interessa, hein? — Me encarou sério. — E nada de "Ayla", é a senhorit