Capítulo 5

— Ayla, por favor... não vai embora— A voz dele quebrou, como se cada palavra fosse uma luta contra algo muito mais forte do que ele. — Eu... faria qualquer coisa, qualquer coisa que você pedisse, Ayla. Eu me ajoelho, faço tudo. Mas por favor... — A voz dele estava rouca agora, quase inaudível. — Não me deixa. Não quero ficar sem você... não posso.

Parei no meio do movimento e me virei para ele, encarando-o pela última vez, como se fosse a última coisa que eu faria naquele momento. Uma lágrima traiçoeira escorreu pelo meu rosto, mas eu não a limpei. Me recusei a mostrar qualquer fraqueza. Eu não ia ceder.

— Ah, sabe como é... — minha voz saiu cortante, Um tom que eu só usava quando a paciência já tinha se esgotado. — Cada um recebe exatamente o que merece. E você... — pausei. — definitivamente, mereceu tudo isso.

Patético!

— Eu estou quebrado pela segunda vez, Ayla. — A voz dele vacilou por um instante, mas logo recuperou o tom firme. — E, mesmo depois de tudo que você disse, aqui estou eu, ainda te amando... contra toda lógica, contra minha própria vontade.

— Só me avisa da próxima vez, tá? Quem sabe, na terceira vez, eu morra de uma vez por todas...

"Então morre de uma vez, Hector. Melhor, desaparece de uma vez por todas, quem sabe assim essa merda de sentimento que nunca deveria ter existido some.

Foi aqui que tudo começou. E é aqui que tudo acaba, sem mais nem menos

(•••)

Capital do México.

{AYLA TORRES}

As taças tilintavam quando eu e Rafael brindamos, e eu encarei aqueles olhos verdes, tão cheios de expectativa, enquanto eu exibia um sorriso calculado.

Tudo fazia parte do jogo.

— Fico tão orgulhoso que Alya finalmente decidiu terminar os estudos e tem uma carreira sólida. — disse Rafael, todo orgulhoso, como se isso fosse algum feito extraordinário.

" Claro! Já que a princesinha mimada decidiu finalmente sair do seu castelo e fazer algo produtivo —Quem diria que havia um mundo além das lojas de roupas?

— Sabe o que é ótimo nisso? — Isabel interrompeu, lançando um olhar cheio de segundas intenções. — Agora vocês vão poder passar mais tempo juntos. Porque Alya sentiu muito sua falta, Damião.

— Mamãe, por favor! — Cortei, chamando sua atenção.

Ela deu de ombros, indiferente, como sempre.

— Alya, não tem problema nenhum! — Rafa disse, com um sorriso tranquilo. — Eu também senti muita falta.

Quase revirei os olhos

Claro, minha mãe estava louca com a ideia de se juntar como Rafa. E o que mais ela queria era uma aliança que aumentasse o status dela. Para ela, o resto era só detalhe — tudo o que importava era o prestígio.

Dinheiro. No final das contas, tudo se resume a isso. Dinheiro é poder, e poder é o que realmente move o mundo.

Não é à toa que sou filha dela.

Minha mãe sempre teve o dom de falar as coisas de um jeito seco, mas com uma verdade.

(•••)

Ela me puxou para um canto antes de eu sair da fazenda, deixando claro suas expectativas, como sempre.

— Filha! — Você já está com 18 anos. — Ela começou, o tom tão frio. — E já está na hora de pensar no futuro. Você sabe que, quando eu tinha sua idade, já estava casada com seu pai. E olhe só onde estamos agora... tudo graças as minhas boas escolhas. O Rafael é mais do que um simples amigo. Ele é um peixe grande, e se você se aproximar dele, será bom pra nossa família. A aliança entre nossas famílias é o que vai garantir que você mantenha tudo no lugar. Entendeu amorzinho?

As palavras da minha mãe ficaram ecoando na minha cabeça enquanto eu encarava o sorriso ingênuo do Rafa. Ele era o alvo perfeito, o encaixe ideal para os planos ambiciosos que minha mãe tinha para mim. tem um relacionamento, com ele não era uma questão de paixão, muito menos de amor. Era simplesmente uma jogada de poder, uma maneira de garantir que eu continuasse a escalar o topo sem obstáculos.

— Olha, vou ser sincero, eu ainda não estou convencido de deixar minha filha na cidade grande ainda mais sozinha — meu pai disse, interrompendo o momento com sua habitual preocupação tola. — Vocês sabem como está o mundo hoje em dia?

E lá estava ele, o velho discurso de sempre. Papai com suas preocupações infinitas, como se eu fosse uma garotinha 5 anos indefesa. Ele simplesmente não conseguia entender que eu já havia crescido, que eu queria mais do que ele poderia me dar. Queria o mundo, queria poder, queria tudo o que estivesse ao meu alcance.

— Não se preocupe, German. — Rafa — colocou as mãos no ombro do meu pai, numa tentativa patética de parecer confiável. — Eu vou cuidar dela — disse, com aquele sorriso confiante.

E então ele olhou pra mim, seus olhos brilhando como se fosse dono de tudo.

Aquilo me fez lembrar de algo.

Quando éramos crianças, ele disse a mesma coisa. Prometeu ao papai que ia cuidar de mim. E no final, o que aconteceu? Nada. Eu quase me afoguei no maldito rio, se não fosse pelo Héc...

Ah, que droga!

Porque diabos eu fico lembrando daquele imbecil? A lembrança do Héctor invadiu minha mente.

Pensei nele por um segundo a mais do que deveria, e lá estava eu, apertando o copo até sentir o vidro ceder, até o calor do sangue escorrer pelos meus dedos.

Ridículo. Ele não vale isso...

Filha, cuidado — a voz da minha mãe chegou do nada, enquanto ela pegava um guardanapo e pressionava minha mão.

— Eu estou bem — rosnei entre dentes, tentando afastar a irritação, mas era inútil.

o Rafael se aproximou rápido, os olhos preocupados. — Você tá bem, Alya? Por Deus, o que você fez? — A preocupação dele era quase cômica, mas a raiva dentro de mim queimava tão mal que eu mal conseguia controlar.

Eu queria explodir. Gritar. Dizer a verdade que ninguém queria ouvir.

Poucas horas atrás, Eu estava terminando um relacionamento de 7 anos. Simplesmente, o cara mais simples e pobretão que eu já conheci sabia me fazer sentir cada segundo, cada movimento, muito mais profundo do que qualquer outro homem por aí. E agora, mal posso acreditar, mas acho que vou sentir falta disso.

Daquela força crua, daquele jeito sem polidez que só ele tinha.

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