Ele deu de ombros, como se não fosse grande coisa. — Agradeça ao Davi. Ele tem um bom gosto. Soltei uma risada suave, concordando. — É, parece que ele sabe o que faz. — E aí, quer uma cerveja? — ele perguntou, indo para cozinha, todo sorridente. — Não... — disse, balançando a cabeça. — Para mim já deu bebi demais por hoje. Chega... — Então, quer pelo menos uma água? — ele insistiu, ainda com aquele sorriso. — Quero sim, obrigada— respondi, aliviada. Depois de um tempo, ele me entregou um copo de água, e eu bebi um grande gole, tentando ignorar o olhar dele enquanto me analisava em silêncio. Mas quando meus olhos recaíram sobre Rafael, algo me fez hesitar. Ele estava sentado à minha frente, com a camisa social preta de mangas dobradas até os cotovelos, revelando os antebraços fortes, onde as veias pareciam desenhar um mapa que dava ainda mais destaque à sua pele branca. Seu cabelo louro escuro estava ligeiramente bagunçado, caindo de um jeito que parecia perfeitamente planej
Revirei os olhos, sentindo o peito subir e descer rápido. Eu só queria sair dali, acabar com aquela conversa. Virei de costas, decidida a ignorar. — Ayla, me fala a verdade... E algo sobre o seu futuro? Fechei os olhos, engolindo a enxurrada de pensamentos de merda que queria cuspir. A minha mãe não tinha culpa de nada disso, eu sabia. Então virei de frente para ela. Ela só estava ali, esperando que eu dissesse algo, qualquer coisa, e eu precisava me recompor antes de explodir. — Não, mãe! — Respirei fundo, sentindo o peso da culpa, antes mesmo de soltá-las, a frustração queimando em meu peito. Então, solto devagar, tentando domar o tom de voz. — Desculpa por ter sido rude, mãe — falei mais baixo, tentando suavizar, mas sabendo que o estrago já estava feito, enquanto meu coração acelerava. — É só que... — As meninas do interior não param de me mandar mensagens… — Fiz uma pausa — Toda essa coisa de mudança... me deixou exausta. Tava até pensando em trocar o numero do meu celul
— Eita, já beirando a aposentadoria e ainda tá querendo mostrar serviço? — debochou Rafa, rindo enquanto se contorcia para se soltar, tropeçando alguns passos para trás. Germain deu um sorriso de canto e apertou o mata-leão com mais força, seus braços firmes como uma corda de laço. — Garoto, eu já derrubei boi maior que você com uma mão só — retrucou, enquanto ele ficava vermelho, tentando puxar o ar. — Cuidado aí, coroa! — Rafael arfou, com uma risada forçada. — Não vai querer provocar o reumatismo. A cena era hilária. Eu não consegui segurar o riso, assistindo aqueles dois se engalfinhando feito idiotas. Era exatamente como dizem por aí sobre os homens: quando acham que estão sendo espertos, na verdade tão só bancando os idiotas. Assim que eles desapareceram pela porta, Angela se aproximou, segurando delicadamente minha mão. O toque era inesperado, e eu a olhei com surpresa, um calor subindo pelo meu rosto. Seus olhos, brilhantes e cheios de alegria, me deixaram sem palav
— Talvez ele esteja apenas preocupado com sua segurança — sugeriu, o que me fez sentir segura. — ele colocou o copo na bancada e se aproximou de mim, seus olhos fixos nos meus, o sorriso desaparecendo gradualmente para dar lugar a um olhar mais sério e intenso. — Você sabe o por quê? — ele acariciou meu rosto com a ponta dos dedos, a suavidade do toque enviando ondas de eletricidade pela minha pele, fazendo meu coração acelerar. Um riso suave escapou de meus lábios, enquanto negava com a cabeça. A tensão no ar era quase ensurdecedor, e um impulso incontrolável me fez me inclinar em sua direção. — Você se tornou uma mulher irresistível, Ayla — continuou, seus olhos brilhando com desejo — e seu pai quer mantê-la longe de homens terríveis como eu. — É mesmo? — a minha voz soou baixa, mas provocativa. Com uma ousadia que eu não sabia que possuía, coloquei a mão em volta do seu pescoço, puxando-o para perto, nossos narizes quase se tocando podia sentir o calor de sua pele, sua resp
Estou há um tempo mandando mensagens sem resposta... parecia até que ela tinha trocado de número ou que estava me evitando, como se... como se eu não existisse mais para ela. sei que a gente terminou, mas eu só queria saber como é que ela está lá? Na cidade grande depois daquela dia que ela fez questão de me humilhar uma sensação estranha apertou meu peito. Ela tinha realmente ido embora, sem se preocupar como que eu sentia, sem deixar uma palavra sequer. A dor tomou conta de mim, como se ela tivesse arrancado algo que eu nem sabia que estava ali. Passei noites e dias assim, perdido em pensamentos e sem nenhuma resposta. — Francisca, por acaso você sabe alguma coisa sobre a Ayla? Como tá indo lá na capital? — perguntei, tentando soar casual. Ela soltou uma risada baixa e seca, que fez cada pêlo no meu braço se arrepiar. — Ayla..? — repetiu, o tom carregado de algo que eu não consegui decifrar. — E o que te interessa, hein? — Me encarou sério. — E nada de "Ayla", é a senhorit
Ela me observava, sem piscar. — Engraçado... sabe que pra mim, ele ainda é o mesmo de antes? — respondeu Maria, levantando uma sobrancelha. — Pode ter mudado de lugar, de roupa, até de jeito de falar, mas no fundo ele ainda é só o Rafa. — O mesmo garoto. — Dei uma risada curta, mas o peso da memória me atingiu em cheio. — Lembra, Hector? — MARIA — Quando a gente fugia pra jogar bola no campo? Você, eu, a Ayla, o Davi? — Suspirei, sentindo o calor da nostalgia. — São momentos que, sinceramente, nunca vou esquecer. Como passa rápido, né? Parece que foi ontem... e, ao mesmo tempo, parece uma vida inteira atrás. — Pois é... — Enquanto ele mudou de lugar, eu continuei no mesmo, Maria. E agora parece que... não tem mais espaço. Como se a distância tivesse arrancado uma parte do que a gente era. Ela apenas concordou compreensivamente, como quem entende. Afinal de contas, até a vida teve o prazer cruel de me tirar a única mulher que eu amei de verdade.APdo Damião…{AYLA TORRES} Rafa
Eu acordei com um susto monumental. Acordei mesmo. Minha própria respiração me sufocando, e foi então que ouvi o som estridente do meu celular tocando. Acorda, Ayla, acorda! pelo amor de Deus. Era o alarme me dizendo que eu estava ferrada. Eu rolei da cama – literalmente – e caí no chão com um estrondo que me fez gemer de dor. Olhei o relógio e senti o sangue gelar. "Droga, droga, droga! Já passou da hora!", resmunguei, ainda com a cabeça rodando. Foi só então que percebi que estava completamente pelada. E claro, espalhada pelo chão feito um animal. Levantei correndo, tropeçando nos lençóis que Rafael, o sereno e pacífico, ainda mantinha sobre o corpo na cama. Ele dormia como se o mundo fosse um lugar pacífico e justo. Me aproximei, furiosa. — Rafael! — bati no braço dele. Nada. Ele resmungou algo ininteligível e virou para o lado. — Rafael, acorda! — praticamente gritei, cutucando-o com um travesseiro. Ele abriu os olhos devagar, com aquele típico olhar confuso de quem está compl
— E olha só, é de morango, o seu preferido! — comentei, animada, enquanto pegava a velinha do número 12 e a colocava bem no centro do bolo. Ele continuava com aquele sorriso bobo, quase que incrédulo. Puxei o isqueiro da mochila, acendi a velinha, e ele ficou segurando o bolo enquanto eu começava a bater palmas, cantando "Parabéns pra Você" com uma empolgação que fez ele rir, meio sem graça, mas feliz. Ele olhava para o bolo pequeno, mas eu sabia que pra ele aquilo era enorme. Quando terminei de cantar, dei um leve empurrão no ombro dele. — Agora faz um pedido, vai! — falei, toda ansiosa, observando enquanto ele fechava os olhos e ficava em silêncio por uns segundos. Ele abriu os olhos devagar, com aquele olhar sério, mas doce, e soprava a velinha. A chama se apagou, e eu bati palmas de novo, rindo. — E aí? O que você pediu? — perguntei, inclinando a cabeça com curiosidade. Hector deu um sorriso meio tímido e desviou o olhar por um segundo antes de voltar a me encarar. — Pedi