— Talvez ele esteja apenas preocupado com sua segurança — sugeriu, o que me fez sentir segura. — ele colocou o copo na bancada e se aproximou de mim, seus olhos fixos nos meus, o sorriso desaparecendo gradualmente para dar lugar a um olhar mais sério e intenso. — Você sabe o por quê? — ele acariciou meu rosto com a ponta dos dedos, a suavidade do toque enviando ondas de eletricidade pela minha pele, fazendo meu coração acelerar. Um riso suave escapou de meus lábios, enquanto negava com a cabeça. A tensão no ar era quase ensurdecedor, e um impulso incontrolável me fez me inclinar em sua direção. — Você se tornou uma mulher irresistível, Ayla — continuou, seus olhos brilhando com desejo — e seu pai quer mantê-la longe de homens terríveis como eu. — É mesmo? — a minha voz soou baixa, mas provocativa. Com uma ousadia que eu não sabia que possuía, coloquei a mão em volta do seu pescoço, puxando-o para perto, nossos narizes quase se tocando podia sentir o calor de sua pele, sua resp
Estou há um tempo mandando mensagens sem resposta... parecia até que ela tinha trocado de número ou que estava me evitando, como se... como se eu não existisse mais para ela. sei que a gente terminou, mas eu só queria saber como é que ela está lá? Na cidade grande depois daquela dia que ela fez questão de me humilhar uma sensação estranha apertou meu peito. Ela tinha realmente ido embora, sem se preocupar como que eu sentia, sem deixar uma palavra sequer. A dor tomou conta de mim, como se ela tivesse arrancado algo que eu nem sabia que estava ali. Passei noites e dias assim, perdido em pensamentos e sem nenhuma resposta. — Francisca, por acaso você sabe alguma coisa sobre a Ayla? Como tá indo lá na capital? — perguntei, tentando soar casual. Ela soltou uma risada baixa e seca, que fez cada pêlo no meu braço se arrepiar. — Ayla..? — repetiu, o tom carregado de algo que eu não consegui decifrar. — E o que te interessa, hein? — Me encarou sério. — E nada de "Ayla", é a senhorit
Ela me observava, sem piscar. — Engraçado... sabe que pra mim, ele ainda é o mesmo de antes? — respondeu Maria, levantando uma sobrancelha. — Pode ter mudado de lugar, de roupa, até de jeito de falar, mas no fundo ele ainda é só o Rafa. — O mesmo garoto. — Dei uma risada curta, mas o peso da memória me atingiu em cheio. — Lembra, Hector? — MARIA — Quando a gente fugia pra jogar bola no campo? Você, eu, a Ayla, o Davi? — Suspirei, sentindo o calor da nostalgia. — São momentos que, sinceramente, nunca vou esquecer. Como passa rápido, né? Parece que foi ontem... e, ao mesmo tempo, parece uma vida inteira atrás. — Pois é... — Enquanto ele mudou de lugar, eu continuei no mesmo, Maria. E agora parece que... não tem mais espaço. Como se a distância tivesse arrancado uma parte do que a gente era. Ela apenas concordou compreensivamente, como quem entende. Afinal de contas, até a vida teve o prazer cruel de me tirar a única mulher que eu amei de verdade.APdo Damião…{AYLA TORRES} Rafa
Eu acordei com um susto monumental. Acordei mesmo. Minha própria respiração me sufocando, e foi então que ouvi o som estridente do meu celular tocando. Acorda, Ayla, acorda! pelo amor de Deus. Era o alarme me dizendo que eu estava ferrada. Eu rolei da cama – literalmente – e caí no chão com um estrondo que me fez gemer de dor. Olhei o relógio e senti o sangue gelar. "Droga, droga, droga! Já passou da hora!", resmunguei, ainda com a cabeça rodando. Foi só então que percebi que estava completamente pelada. E claro, espalhada pelo chão feito um animal. Levantei correndo, tropeçando nos lençóis que Rafael, o sereno e pacífico, ainda mantinha sobre o corpo na cama. Ele dormia como se o mundo fosse um lugar pacífico e justo. Me aproximei, furiosa. — Rafael! — bati no braço dele. Nada. Ele resmungou algo ininteligível e virou para o lado. — Rafael, acorda! — praticamente gritei, cutucando-o com um travesseiro. Ele abriu os olhos devagar, com aquele típico olhar confuso de quem está compl
— E olha só, é de morango, o seu preferido! — comentei, animada, enquanto pegava a velinha do número 12 e a colocava bem no centro do bolo. Ele continuava com aquele sorriso bobo, quase que incrédulo. Puxei o isqueiro da mochila, acendi a velinha, e ele ficou segurando o bolo enquanto eu começava a bater palmas, cantando "Parabéns pra Você" com uma empolgação que fez ele rir, meio sem graça, mas feliz. Ele olhava para o bolo pequeno, mas eu sabia que pra ele aquilo era enorme. Quando terminei de cantar, dei um leve empurrão no ombro dele. — Agora faz um pedido, vai! — falei, toda ansiosa, observando enquanto ele fechava os olhos e ficava em silêncio por uns segundos. Ele abriu os olhos devagar, com aquele olhar sério, mas doce, e soprava a velinha. A chama se apagou, e eu bati palmas de novo, rindo. — E aí? O que você pediu? — perguntei, inclinando a cabeça com curiosidade. Hector deu um sorriso meio tímido e desviou o olhar por um segundo antes de voltar a me encarar. — Pedi
Até que, de repente, senti uns toques leves na minha cabeça. Não era algo forte, mas suficiente para me tirar do transe. Num susto, levantei os olhos, ainda turvos, tentando focar no que estava à minha frente, a visão embaçada. E então, ela estava ali. Uma morena de pele parda, cabelos encaracolados, que parecia ter saído de um sonho — ou talvez de um pesadelo, dependendo da perspectiva. Os olhos claros dela eram tão penetrantes que me arrancaram do torpor no mesmo instante. Ela não sorria. — Vai continuar babando na minha bancada ou vai pedir alguma coisa? — A voz dela, sem nenhuma paciência. Ela sequer me lançou um olhar direto. Afinal eu era só mais um bêbado, chorão, prestes a ser chutado para fora como lixo. encarei seu rosto, mas a única coisa que consegui enxergar foi o desprezo estampado nos olhos. — Se não tiver nada pra pedir, é melhor dar o fora logo. — Ela bufou, Seus olhos reviraram com desgosto, como se minha simples presença fosse uma afronta a ela. — Como
— E aí? estressadinha! — ela fez um bico e um com olhar sério. — já se apaixonou por alguém que nem se deu o trabalho de te levar a sério? — perguntei, tentando manter a voz firme, mas ela saiu um pouco mais cortante do que eu esperava. Quase como se eu estivesse prestes a ceder mais uma vez. Como é foda ser um homem apaixonado... e bêbado, então? Pior ainda. O desespero de sentir tudo aflorado, sem controle algum, só me fazia querer mais distância de mim mesmo. Tudo graças a ela. O gosto dela começava doce, mas no final termina amargo como fel Ela nem piscou, apenas cruzou os braços e me lançou um olhar cheio de desdém. — Sabe o que eu acho? — Ela soltou uma risada amarga, a voz carregada de desprezo. — A garota que você tanto idealizou te viu como apenas uma distração. Porque, sério, olha pra você. Afundado nesse copo, chorando sozinho. Você realmente acha que alguém assim merece mais do que pena? O estômago deu um nó, mas não recuei. Era a verdade, e eu não queria fingir q
Até que, do nada, um cantor começou a cantar. A primeira nota me fez erguer a cabeça, e pelo canto do olho percebi que a moça do bar também se virou, como se, sem querer, a música tivesse prendido a atenção dela tanto quanto a minha. O cantor estava sentado, segurando um violão, dedilhando as cordas com uma calma, enquanto cantava ao microfone. Aquela melodia era daquelas que carregam um peso, que faz qualquer um que já sofreu olhar pro nada e reviver o passado. (•••) Porque eu te amo e quero esquecer O processo final foi forte e doloroso Ha decepção, decepção por essas fotos Me machucou muito e por sua causa existem sonhos desfeitos Acabou devido a algo errado Não acaba por algo bom Eu não pedi explicações Eles só querem que eu esqueça você Para esquecer você tem que deletar Mas primeiro você tem que choror De forma alguma, contato zero Mesmo que eu sinta que estou morrendo (Contacto Cero-Mariachi) (•••) Parei de prestar atenção no cantor, voltando pro meu c