Capítulo 3

Ele avançou, e foi como se a própria sala encolhesse à sua volta. Era impossível ignorar sua presença; com quase dois metros de altura, ele parecia dominar todo o espaço. Eu, com meu mísero metro e cinquenta e nove, me sentia ainda menor diante dele, uma presa encurralada.

— Qual é o seu maldito problema?! — gritei, meus punhos cerrados, meu corpo tremendo entre o medo e a raiva. — Se o objetivo era me matar de susto, parabéns, você conseguiu, idiota!

Ele parou, ficando tão perto que eu quase podia sentir o calor que emanava de seu corpo. olhos castanhos tão profundos e escuros que parecia impossível encontrar o fundo. As mãos grandes, envoltas em luvas de couro preto, estavam tensas ao lado do corpo, como se ele lutasse para se controlar. O contraste com o roupa de cowboy impecável que usava só tornava sua aparência mais intimidante.

— Isso não foi minha primeira opção, Ayla — ele disse, a voz baixa e arrastada, quase hipnotizante, como um veneno que se espalhava lentamente. Seus olhos sombrios encontraram os meus, e um sorriso enviesado, quase imperceptível, dançou em seus lábios. — Mas você... você simplesmente não sabe ouvir, não é? Então, veja só onde chegamos.

Minha respiração acelerou enquanto ele se abaixava levemente, aproximando o rosto do meu. A diferença de altura, e eu precisei inclinar a cabeça para manter o contato visual. Uma sensação sufocante tomou conta de mim quando ele ergueu a mão, tão grande que parecia que poderia envolver todo o meu rosto, mas, em vez disso, apenas parou a centímetros de mim, como se estivesse medindo sua próxima ação.

— Então conserte — rebati, a voz trêmula, mas cheia de uma determinação que eu mal sabia de onde vinha. — Porque eu juro, Héctor, se você não me deixar sair agora, eu...

Ele soltou um suspiro profundo...

— Eu precisava te tirar do teu mundinho, que você visse quem realmente sou, sem distrações. E você... bem, você nunca me dá uma chance de falar.

Eu rolei os olhos, tentando manter a distância. Cruzei os braços, sentindo o peso de suas palavras apertando meu peito.

— Sequestrando alguém é a melhor forma de garantir que ela te ouça, então? — perguntei, minha voz carregada de sarcasmo. — Parabéns, Héctor. Você conseguiu minha atenção. Agora, o que você realmente quer?

— Eu quero respostas, Ayla. — Sua voz estava mais suave agora, mas ainda carregava a urgência de alguém desesperado. — Por que você não responde mais minhas mensagens? Foi por isso que sumiu das redes sociais? Parece que até você desapareceu do mundo, só pra eu não ter mais notícias de você.

Ele forçando nossos corpos a se tocarem, e a eletricidade da tensão entre nós percorreu minha pele, fazendo meu corpo vibrar. Instintivamente, dei um passo para trás, tentando me afastar, mas ele não cedia, avançando com uma certeza inabalável. Até que eu senti a parede fria contra minhas costas,

— Estou aqui para te dizer que não vou desistir de nós tão facilmente. Não importa o quanto você tente, Ayla — Ele agarrou uma mecha do meu cabelo loiro, puxando-a, e a cheirou lentamente, os olhos fixos nos meus, uma expressão possessiva em seu rosto. — Você não tem para onde correr. Vou te fazer entender isso.

Meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu pisquei rapidamente, recusando-me a deixá-las cair.

— Não existe "nós", Héctor — sussurrei, minha voz carregada de frieza. — Encarei seus olhos castanhos, sem um pingo de arrependimento. — E nunca existiu. Achei que tinha sido clara o suficiente.

Meu coração martelava no peito.

— Você acha que eu acredito nisso, Ayla?

— Héctor... — Minha voz saiu num sussurro, carregada de emoção, mas antes que eu pudesse dizer mais, ele falou novamente.

Algo dentro de mim quebrou com aquelas palavras. A mistura de dor, desejo e raiva fervia dentro de mim.

Se você soubesse!

— Eu não te ignorei de propósito, Héctor. — Minha voz tremia, mas continuei. — Eu precisava me afastar para enxergar as coisas com clareza... para descobrir quem eu sou longe de você.

Ele riu, uma risada curta e amarga, balançando a cabeça.

— E o que você descobriu? — Ele engoliu em seco, o peito subindo e descendo como se tentasse controlar a tempestade dentro de si. — Que eu sou o problema? Um sorriso tenso, quase sarcástico, se formou enquanto mostrava os dentes. Os olhos cravados nos meus, fervendo de frustração. — Me diga... Ayla! — Sua voz tremia, oscilando entre raiva e desespero. — Qual é a porra do meu problema? — Ele passou a língua pelos lábios, mordendo o canto da boca com nervosismo. — Eu prometo que vou arrumar uma solução para isso. — Suas mãos tremiam, os punhos cerrados ao lado do corpo, tentando se manter firme, mas claramente à beira de perder o controle.

— Não é isso! — desviei o olhar não querendo encarar seu rosto, a dor transbordando. — Não é sobre você. É sobre mim. Sobre as dúvidas que me assombravam... sobre as decisões que eu precisava tomar sozinha.

Héctor ficou em silêncio por um momento, mas a intensidade em seus olhos não diminuiu.

— E agora? — Ele me encarou com um olhar triste. — Já tem todas as respostas que procurava? — Sua voz era baixa. O Meu coração apertou ao vê-lo tão vulnerável, e eu me perguntei se, de alguma forma, eu já tinha a resposta que ele queria ouvir.

Mas no final eu tinha.

— Porque eu ainda estou aqui, Ayla... — Com as mesmas perguntas...

Eu precisava ser forte. Precisava acabar com isso de uma vez por todas. Da primeira vez, não consegui, mas agora era diferente; eu tinha que fazer isso. Meu coração batia descontroladamente, subindo e descendo em meu peito, mas eu não podia vacilar.

há exatamente uma semana atrás especificamente no meu aniversário de 18 anos ele me mandou uma mensagem, meu coração pulou. Oito horas da noite eu tinha que estar no celeiro. Estava pronta para terminar com ele ali, e seguir em frente, mas ao ver seu rosto iluminado pela lua foi impossível de dizer não.

Então, agarrei-me a ele uma última vez, sentindo o calor de sua pele, o cheiro de sua essência e o ritmo de seu coração. Beijei-o com intensidade, como se fosse a última vez, tentando gravar cada momento na memória.

Ele me fez sentir a mulher mais desejada do mundo. As memórias ainda estão frescas na minha mente. Fechei os olhos e revivi os momentos: seus lábios deslizando pelo meu pescoço, as mãos firmes explorando cada curva do meu corpo, enquanto seu olhar queimava com um desejo que parecia impossível.

“Alya, você é minha. Só minha”, ele sussurrou, e essas palavras me deixaram completamente sem fôlego, como se eu estivesse à beira do colapso.

Minhas pernas tremiam ao recordar aquelas estocadas profundas, a forma como nos movemos juntos, quase como se fôssemos um só, me lembrando de como ele me fez esquecer de tudo lá fora. Era como se tudo tivesse desaparecido, e eu estivesse vivendo apenas para aqueles momentos, onde não havia mais ninguém além de nós. E mesmo agora, a lembrança daquele calor me envolvia, fazendo meu coração acelerar de novo.

Ele foi o meu primeiro em tudo. O primeiro beijo, o primeiro toque, a primeira vez que senti o calor de outro corpo contra o meu de uma forma que ninguém mais poderia entender. Foi ele quem me fez descobrir a intensidade de estar viva, de desejar, de me perder em sensações que eu nunca soube que existiam.

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