Ele avançou, e foi como se a própria sala encolhesse à sua volta. Era impossível ignorar sua presença; com quase dois metros de altura, ele parecia dominar todo o espaço. Eu, com meu mísero metro e cinquenta e nove, me sentia ainda menor diante dele, uma presa encurralada.
— Qual é o seu maldito problema?! — gritei, meus punhos cerrados, meu corpo tremendo entre o medo e a raiva. — Se o objetivo era me matar de susto, parabéns, você conseguiu, idiota! Ele parou, ficando tão perto que eu quase podia sentir o calor que emanava de seu corpo. olhos castanhos tão profundos e escuros que parecia impossível encontrar o fundo. As mãos grandes, envoltas em luvas de couro preto, estavam tensas ao lado do corpo, como se ele lutasse para se controlar. O contraste com o roupa de cowboy impecável que usava só tornava sua aparência mais intimidante. — Isso não foi minha primeira opção, Ayla — ele disse, a voz baixa e arrastada, quase hipnotizante, como um veneno que se espalhava lentamente. Seus olhos sombrios encontraram os meus, e um sorriso enviesado, quase imperceptível, dançou em seus lábios. — Mas você... você simplesmente não sabe ouvir, não é? Então, veja só onde chegamos. Minha respiração acelerou enquanto ele se abaixava levemente, aproximando o rosto do meu. A diferença de altura, e eu precisei inclinar a cabeça para manter o contato visual. Uma sensação sufocante tomou conta de mim quando ele ergueu a mão, tão grande que parecia que poderia envolver todo o meu rosto, mas, em vez disso, apenas parou a centímetros de mim, como se estivesse medindo sua próxima ação. — Então conserte — rebati, a voz trêmula, mas cheia de uma determinação que eu mal sabia de onde vinha. — Porque eu juro, Héctor, se você não me deixar sair agora, eu... Ele soltou um suspiro profundo... — Eu precisava te tirar do teu mundinho, que você visse quem realmente sou, sem distrações. E você... bem, você nunca me dá uma chance de falar. Eu rolei os olhos, tentando manter a distância. Cruzei os braços, sentindo o peso de suas palavras apertando meu peito. — Sequestrando alguém é a melhor forma de garantir que ela te ouça, então? — perguntei, minha voz carregada de sarcasmo. — Parabéns, Héctor. Você conseguiu minha atenção. Agora, o que você realmente quer? — Eu quero respostas, Ayla. — Sua voz estava mais suave agora, mas ainda carregava a urgência de alguém desesperado. — Por que você não responde mais minhas mensagens? Foi por isso que sumiu das redes sociais? Parece que até você desapareceu do mundo, só pra eu não ter mais notícias de você. Ele forçando nossos corpos a se tocarem, e a eletricidade da tensão entre nós percorreu minha pele, fazendo meu corpo vibrar. Instintivamente, dei um passo para trás, tentando me afastar, mas ele não cedia, avançando com uma certeza inabalável. Até que eu senti a parede fria contra minhas costas, — Estou aqui para te dizer que não vou desistir de nós tão facilmente. Não importa o quanto você tente, Ayla — Ele agarrou uma mecha do meu cabelo loiro, puxando-a, e a cheirou lentamente, os olhos fixos nos meus, uma expressão possessiva em seu rosto. — Você não tem para onde correr. Vou te fazer entender isso. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu pisquei rapidamente, recusando-me a deixá-las cair. — Não existe "nós", Héctor — sussurrei, minha voz carregada de frieza. — Encarei seus olhos castanhos, sem um pingo de arrependimento. — E nunca existiu. Achei que tinha sido clara o suficiente. Meu coração martelava no peito. — Você acha que eu acredito nisso, Ayla? — Héctor... — Minha voz saiu num sussurro, carregada de emoção, mas antes que eu pudesse dizer mais, ele falou novamente. Algo dentro de mim quebrou com aquelas palavras. A mistura de dor, desejo e raiva fervia dentro de mim. Se você soubesse! — Eu não te ignorei de propósito, Héctor. — Minha voz tremia, mas continuei. — Eu precisava me afastar para enxergar as coisas com clareza... para descobrir quem eu sou longe de você. Ele riu, uma risada curta e amarga, balançando a cabeça. — E o que você descobriu? — Ele engoliu em seco, o peito subindo e descendo como se tentasse controlar a tempestade dentro de si. — Que eu sou o problema? Um sorriso tenso, quase sarcástico, se formou enquanto mostrava os dentes. Os olhos cravados nos meus, fervendo de frustração. — Me diga... Ayla! — Sua voz tremia, oscilando entre raiva e desespero. — Qual é a porra do meu problema? — Ele passou a língua pelos lábios, mordendo o canto da boca com nervosismo. — Eu prometo que vou arrumar uma solução para isso. — Suas mãos tremiam, os punhos cerrados ao lado do corpo, tentando se manter firme, mas claramente à beira de perder o controle. — Não é isso! — desviei o olhar não querendo encarar seu rosto, a dor transbordando. — Não é sobre você. É sobre mim. Sobre as dúvidas que me assombravam... sobre as decisões que eu precisava tomar sozinha. Héctor ficou em silêncio por um momento, mas a intensidade em seus olhos não diminuiu. — E agora? — Ele me encarou com um olhar triste. — Já tem todas as respostas que procurava? — Sua voz era baixa. O Meu coração apertou ao vê-lo tão vulnerável, e eu me perguntei se, de alguma forma, eu já tinha a resposta que ele queria ouvir. Mas no final eu tinha. — Porque eu ainda estou aqui, Ayla... — Com as mesmas perguntas... Eu precisava ser forte. Precisava acabar com isso de uma vez por todas. Da primeira vez, não consegui, mas agora era diferente; eu tinha que fazer isso. Meu coração batia descontroladamente, subindo e descendo em meu peito, mas eu não podia vacilar. há exatamente uma semana atrás especificamente no meu aniversário de 18 anos ele me mandou uma mensagem, meu coração pulou. Oito horas da noite eu tinha que estar no celeiro. Estava pronta para terminar com ele ali, e seguir em frente, mas ao ver seu rosto iluminado pela lua foi impossível de dizer não. Então, agarrei-me a ele uma última vez, sentindo o calor de sua pele, o cheiro de sua essência e o ritmo de seu coração. Beijei-o com intensidade, como se fosse a última vez, tentando gravar cada momento na memória. Ele me fez sentir a mulher mais desejada do mundo. As memórias ainda estão frescas na minha mente. Fechei os olhos e revivi os momentos: seus lábios deslizando pelo meu pescoço, as mãos firmes explorando cada curva do meu corpo, enquanto seu olhar queimava com um desejo que parecia impossível. “Alya, você é minha. Só minha”, ele sussurrou, e essas palavras me deixaram completamente sem fôlego, como se eu estivesse à beira do colapso. Minhas pernas tremiam ao recordar aquelas estocadas profundas, a forma como nos movemos juntos, quase como se fôssemos um só, me lembrando de como ele me fez esquecer de tudo lá fora. Era como se tudo tivesse desaparecido, e eu estivesse vivendo apenas para aqueles momentos, onde não havia mais ninguém além de nós. E mesmo agora, a lembrança daquele calor me envolvia, fazendo meu coração acelerar de novo. Ele foi o meu primeiro em tudo. O primeiro beijo, o primeiro toque, a primeira vez que senti o calor de outro corpo contra o meu de uma forma que ninguém mais poderia entender. Foi ele quem me fez descobrir a intensidade de estar viva, de desejar, de me perder em sensações que eu nunca soube que existiam.Agora, olhando para ele, hipnotizada. Seus traços são perfeitos de um jeito quase bruto, como algo que só a terra poderia moldar. A pele morena dele reluzia de forma sutil sob o sol que se infiltrava pelas frestas da janela. Havia algo quase mágico no jeito que a luz o tocava, destacando seus músculos firmes, bem definidos, mas sem exagero, esculpidos pelo trabalho árduo no campo. Ele não era feito de academias ou aparências. Ele era feito de terra, suor, sol, e isso o tornava ainda mais bonito. "Por que você não é rico, seu bobo? pensei — Você poderia ser o homem ideal... Se não fosse tão insignificante." Um sorriso amargo se espalhou em meu rosto. Ele jamais saberia que, por mais que eu desejasse estar com ele, a realidade das nossas classes nos separava, (A dor de desejar o impossível era mais cruel do que qualquer outra coisa.) Eu não estava disposta a me afundar por alguém que não entendia as regras . No final das contas, eu sempre colocaria minha felicidade em primeiro lug
— Ayla, por favor... não vai embora— A voz dele quebrou, como se cada palavra fosse uma luta contra algo muito mais forte do que ele. — Eu... faria qualquer coisa, qualquer coisa que você pedisse, Ayla. Eu me ajoelho, faço tudo. Mas por favor... — A voz dele estava rouca agora, quase inaudível. — Não me deixa. Não quero ficar sem você... não posso. Parei no meio do movimento e me virei para ele, encarando-o pela última vez, como se fosse a última coisa que eu faria naquele momento. Uma lágrima traiçoeira escorreu pelo meu rosto, mas eu não a limpei. Me recusei a mostrar qualquer fraqueza. Eu não ia ceder. — Ah, sabe como é... — minha voz saiu cortante, Um tom que eu só usava quando a paciência já tinha se esgotado. — Cada um recebe exatamente o que merece. E você... — pausei. — definitivamente, mereceu tudo isso. Patético! — Eu estou quebrado pela segunda vez, Ayla. — A voz dele vacilou por um instante, mas logo recuperou o tom firme. — E, mesmo depois de tudo que você disse,
Mordi os lábios Eu só senti o amargo na garganta, misturado com o ódio que só crescia a cada segundo. Eu só precisava dali. — E aí minha gente! — Aquela voz eu conheci perfeitamente. Minha expressão se transformou assim que vi Davi atravessar a porta, seu olhar varrendo o ambiente até pousar em nós. Meu coração deu um salto involuntário — Ali estava ele, depois de tanto tempo. Senti falta dele. — Olha só quem apareceu! — Rafa se levantou, o sorriso crescendo enquanto puxava Davi para um abraço caloroso. — Vem cá, brother! Senta com a gente. Davi retribuiu o abraço com o mesmo entusiasmo, os dois se cumprimentando. Ele riu ao se acomodar ao nosso lado e olhou para nós com um brilho nostálgico. — É muito bom ver gente da minha cidade. — disse Davi, de tom leve, mas cheio de significado. Sem pensar duas vezes, me levantei com um sorriso e estendi os braços. — Vem cá, Davi! — murmurei, puxando-o o loiro para um abraço apertado. — Meu Deus, que saudade! — To muito
FUNK CLUB Condesa {AYLA TORRES} Caminhando pelos corredores do clube, senti o calor da mão de Damião segurando a minha, firme e segura, enquanto ele me guiava pela multidão. À medida que avançávamos, ele me apresentava a algumas pessoas, trocando cumprimentos rápidos, mas meu foco estava no ambiente ao redor, naquela energia contagiante. No meio dos dois, com Davi ao meu outro lado, eu me sentia envolvida, como se fôssemos fossemos ainda crianças correndo pela fazenda. O brilho das luzes do bar reluzia sobre nós quando finalmente alcançamos o balcão, onde a noite só estava começando. Davi pediu algumas bebidas — Confesso que estou adorando esse lugar, murmurei, encarando ao redor Rafael sorriu... — Cadê seus amigos? — perguntou Rafa, olhando ao Davi — Eles mandaram mensagem dizendo que já estão chegando. Rafa deu um breve aceno de cabeça concordando. — Nossa, que sorte a nossa — comentei, deslizando para o assento de couro macio na mesa principal. O tipo de lug
— Quem me dera. — Sua voz era firme. — Foram os pais do Gael que me criaram. Eles não são ninguém "Importante" para o mundo, mas para nós, são tudo. Graças a eles, consegui terminar os estudos e tenho uma vida confortável. Gael a encarou com um olhar firme e orgulhoso, como se entendesse cada palavra. Era como se eles compartilhassem o mesmo pensamento. Eu assenti, oferecendo um sorriso que, para todos ali, parecia empático. — Nossa! — disse comovida com a historinha.— Ah, entendo perfeitamente. — Inclinei a cabeça, como quem compartilha de um sentimento profundo. Mas, internamente... chato, chato,chato.... Depois de um bom tempo conversando sobre a faculdade e os desafios da vida na capital, Davi se virou para mim, o olhar curioso. — Então, é... você já conseguiu se instalar bem aqui na cidade? — perguntou, amistoso. Engoli um pouco da bebida. — Não, Eu ainda estou no hotel com os meus pais. Mas prometo que amanhã vou procurar com mais afinco. — respondi, tentando soar conf
Ele deu de ombros, como se não fosse grande coisa. — Agradeça ao Davi. Ele tem um bom gosto. Soltei uma risada suave, concordando. — É, parece que ele sabe o que faz. — E aí, quer uma cerveja? — ele perguntou, indo para cozinha, todo sorridente. — Não... — disse, balançando a cabeça. — Para mim já deu bebi demais por hoje. Chega... — Então, quer pelo menos uma água? — ele insistiu, ainda com aquele sorriso. — Quero sim, obrigada— respondi, aliviada. Depois de um tempo, ele me entregou um copo de água, e eu bebi um grande gole, tentando ignorar o olhar dele enquanto me analisava em silêncio. Mas quando meus olhos recaíram sobre Rafael, algo me fez hesitar. Ele estava sentado à minha frente, com a camisa social preta de mangas dobradas até os cotovelos, revelando os antebraços fortes, onde as veias pareciam desenhar um mapa que dava ainda mais destaque à sua pele branca. Seu cabelo louro escuro estava ligeiramente bagunçado, caindo de um jeito que parecia perfeitamente planej
Revirei os olhos, sentindo o peito subir e descer rápido. Eu só queria sair dali, acabar com aquela conversa. Virei de costas, decidida a ignorar. — Ayla, me fala a verdade... E algo sobre o seu futuro? Fechei os olhos, engolindo a enxurrada de pensamentos de merda que queria cuspir. A minha mãe não tinha culpa de nada disso, eu sabia. Então virei de frente para ela. Ela só estava ali, esperando que eu dissesse algo, qualquer coisa, e eu precisava me recompor antes de explodir. — Não, mãe! — Respirei fundo, sentindo o peso da culpa, antes mesmo de soltá-las, a frustração queimando em meu peito. Então, solto devagar, tentando domar o tom de voz. — Desculpa por ter sido rude, mãe — falei mais baixo, tentando suavizar, mas sabendo que o estrago já estava feito, enquanto meu coração acelerava. — É só que... — As meninas do interior não param de me mandar mensagens… — Fiz uma pausa — Toda essa coisa de mudança... me deixou exausta. Tava até pensando em trocar o numero do meu celul
— Eita, já beirando a aposentadoria e ainda tá querendo mostrar serviço? — debochou Rafa, rindo enquanto se contorcia para se soltar, tropeçando alguns passos para trás. Germain deu um sorriso de canto e apertou o mata-leão com mais força, seus braços firmes como uma corda de laço. — Garoto, eu já derrubei boi maior que você com uma mão só — retrucou, enquanto ele ficava vermelho, tentando puxar o ar. — Cuidado aí, coroa! — Rafael arfou, com uma risada forçada. — Não vai querer provocar o reumatismo. A cena era hilária. Eu não consegui segurar o riso, assistindo aqueles dois se engalfinhando feito idiotas. Era exatamente como dizem por aí sobre os homens: quando acham que estão sendo espertos, na verdade tão só bancando os idiotas. Assim que eles desapareceram pela porta, Angela se aproximou, segurando delicadamente minha mão. O toque era inesperado, e eu a olhei com surpresa, um calor subindo pelo meu rosto. Seus olhos, brilhantes e cheios de alegria, me deixaram sem palav