Por anos, nossas famílias viveram em constante conflito. Era como se a rivalidade fosse gravada em nossos DNAs. Os pais de Davi sempre estiveram na linha de frente, enfrentando eleição após eleição, determinados a tirar do poder aquela m*****a família. Porém, tudo mudou quando a família Galisteu perdeu o cargo. Descobriu-se que ele estava envolvido em um caso amoroso com o padre da cidade. Esse foi o maior escândalo da década—todo mundo comentava ao mesmo tempo, e, embora a internet tentasse evitar que fosse o assunto mais falado, não teve sucesso.
Foi então que a eles começou a agir, tentando desesperadamente reverter a situação e limpar a imagem de "boas pessoas" que tanto se esforçaram para manter. Como eram próximos de várias figuras influentes, qualquer escândalo poderia manchar a reputação que construíram ao longo dos anos. A estratégia deles se estendeu por um longo tempo, incluindo até mesmo a indicação de outras pessoas para disputar o cargo de prefeito. Mas, no final, não deu em outra: Carlos acabou vencendo, consolidando ainda mais sua posição. (•••) Meu celular vibrou no bolso, chamando minha atenção. Desbloqueei a tela e lá estava uma mensagem de Rafael. RAFA: Faço questão de amanhã pegar você no aeroporto. Dei um sorriso discreto ao ler aquilo. Fazia tanto tempo que não o via pessoalmente que fiquei me perguntando como seria agora. Ele parecia o mesmo nas fotos que postava no I*******m, mas sabemos que nada substitui o impacto de estar frente a frente. Respondi com um simples "ok", desliguei o celular e o guardei de volta no bolso da calça, tentando ignorar o estranho formigamento de expectativa que a mensagem deixou. Amanhã, eu finalmente vou embora. Finalmente vou sumir desse interior de quinta que me sufoca. Não vou sentir falta do cheiro de terra, do som dos grilos à noite, ou do céu que todos acham maravilhoso, apenas lembranças que eu quero deixar para trás. E ainda assim... havia algo dentro de mim que hesitava. Não era tristeza, mas uma pontada incômoda, como se uma parte de mim soubesse que, mesmo odiando este lugar, algumas coisas ficariam para trás — Por mais que eu quisesse me livrar disso, era impossível ignorar essa sensação estranha que apertava meu peito. Eu sempre soube que faria isso. Sempre soube que esse fatídico dia chegaria. Agora, eu caminhava pelo jardim imenso da fazenda, deixando que meus olhos percorrem ao meu redor, como se estivesse registrando tudo pela última vez antes de dar meu adeus definitivo. As árvores, os arbustos, até mesmo o caminho de pedras que levava ao portão. Mas não, eu não vou olhar para trás. Amanhã, é um novo começo. Estava perdida em meus pensamentos, olhando para o horizonte onde o céu ainda tentava resistir à noite. De repente, algo firme pressionou contra a minha cintura, me arrancando do chão por um instante. Meu corpo reagiu antes da minha mente; a surpresa fez meu coração acelerar. Mas antes que eu pudesse sequer gritar, uma mão grande quente e áspera cobriu minha boca, abafando qualquer som que ousasse escapar. Minha respiração ficou presa. O medo explodiu em ondas enquanto meus olhos buscavam, desesperados, alguma coisa — qualquer coisa. Mas tudo o que eu sentia era o aperto firme, quase possessivo, e o calor daquela mão que parecia me prender mais do que apenas fisicamente. O coração batia frenético, pulsando em meu peito. Olhei rapidamente para o lado, tentando ver quem era o homem que me puxava para longe. O que vi foi apenas uma sombra, sua face escondida sob a aba larga de um chapéu de cowboy, e uma bandana amarrada na boca que ocultava sua identidade. O toque não era bruto, mas também não tinha delicadeza. Era autoritário, como se cada movimento fosse calculado. Meus pensamentos estavam em desordem. Quem ousava? Por quê? Ele me arrastou para um lugar escuro, e meu pânico crescia a cada segundo. Por um instante, nosso olhar se encontrou e, quando ele me lançou para trás, perdi o equilíbrio e caí, minhas mãos apoiando-se no chão frio enquanto tentava me recuperar. A porta atrás de nós se fechou com um estalo seco, trancando-me naquele espaço apertado, e com ele. Olhei para ele, o coração acelerado. Ele não disse uma palavra, mas a tensão em sua postura falava por si. Era um momento decisivo. Meu olhar percorreu freneticamente o chão em busca de algo, qualquer coisa que pudesse usar. Meus dedos tremiam quando os encontrei: uma pedra áspera, fria, pesada o suficiente para machucar. "Era ridículo, pensar que aquilo seria a minha salvação. Dei um passo para trás, o coração batendo descontrolado contra as costelas, os olhos fixos na silhueta que se aproximava. O som abafado das botas dele ecoava como um martelo na minha cabeça. Olhei para ele, para o pano cobrindo sua boca, e algo nele me pareceu... familiar. O cheiro, o jeito como ele andava, tudo aquilo mexia comigo, mas eu não conseguia entender. — Se você não me deixar sair agora... — minha voz saiu rouca, quase um sussurro, mas logo cresceu em volume e fúria — ...Eu juro que te quebro essa pedra na cabeça, seu desgraçado! Eu a levantei com as duas mãos, apontando-a para ele como uma ameaça. Minha respiração era pesada. O desgraçado parou.... Por um momento, tudo ficou em silêncio, como se o universo estivesse prendendo a respiração. Mas eu não estava blefando, e ele sabia disso. "E se ele não recuar? E se isso só piorar as coisas? Não importa. É ele ou eu. Não vou morrer aqui. — Ayla... sou eu — murmurou, a voz baixa, quase um sussurro, mas carregada de uma urgência que fez meu peito apertar. Aquela voz Foi como se um raio atravessasse meu corpo, um choque tão profundo que fez minhas pernas fraquejarem por um momento. Meu coração disparou, descompassado, batendo tão forte que parecia ecoar nos meus ouvidos. Ele tirou o chapéu com um gesto decidido, atirando-o de qualquer jeito para um canto. Em um movimento fluido, arrancou o lenço que escondia seu rosto. E então, lá estava ele. Hector A respiração ficou presa na minha garganta, meu peito subindo e descendo rapidamente enquanto tentava assimilar o que via. Aquela presença avassaladora, o olhar intenso que eu conhecia tão bem, e o leve tremor em sua mão, que ele tentava esconder, mas eu percebia. Eu não sabia se era raiva, alívio ou medo, mas algo dentro de mim parecia desmoronar e se reconstruir ao mesmo tempo.Ele avançou, e foi como se a própria sala encolhesse à sua volta. Era impossível ignorar sua presença; com quase dois metros de altura, ele parecia dominar todo o espaço. Eu, com meu mísero metro e cinquenta e nove, me sentia ainda menor diante dele, uma presa encurralada.— Qual é o seu maldito problema?! — gritei, meus punhos cerrados, meu corpo tremendo entre o medo e a raiva. — Se o objetivo era me matar de susto, parabéns, você conseguiu, idiota!Ele parou, ficando tão perto que eu quase podia sentir o calor que emanava de seu corpo. olhos castanhos tão profundos e escuros que parecia impossível encontrar o fundo. As mãos grandes, envoltas em luvas de couro preto, estavam tensas ao lado do corpo, como se ele lutasse para se controlar. O contraste com o roupa de cowboy impecável que usava só tornava sua aparência mais intimidante.— Isso não foi minha primeira opção, Ayla — ele disse, a voz baixa e arrastada, quase hipnotizante, como um veneno que se espalhava lentamente. Seus ol
Agora, olhando para ele, hipnotizada. Seus traços são perfeitos de um jeito quase bruto, como algo que só a terra poderia moldar. A pele morena dele reluzia de forma sutil sob o sol que se infiltrava pelas frestas da janela. Havia algo quase mágico no jeito que a luz o tocava, destacando seus músculos firmes, bem definidos, mas sem exagero, esculpidos pelo trabalho árduo no campo. Ele não era feito de academias ou aparências. Ele era feito de terra, suor, sol, e isso o tornava ainda mais bonito. "Por que você não é rico, seu bobo? pensei — Você poderia ser o homem ideal... Se não fosse tão insignificante." Um sorriso amargo se espalhou em meu rosto. Ele jamais saberia que, por mais que eu desejasse estar com ele, a realidade das nossas classes nos separava, (A dor de desejar o impossível era mais cruel do que qualquer outra coisa.) Eu não estava disposta a me afundar por alguém que não entendia as regras . No final das contas, eu sempre colocaria minha felicidade em primeiro lug
— Ayla, por favor... não vai embora— A voz dele quebrou, como se cada palavra fosse uma luta contra algo muito mais forte do que ele. — Eu... faria qualquer coisa, qualquer coisa que você pedisse, Ayla. Eu me ajoelho, faço tudo. Mas por favor... — A voz dele estava rouca agora, quase inaudível. — Não me deixa. Não quero ficar sem você... não posso. Parei no meio do movimento e me virei para ele, encarando-o pela última vez, como se fosse a última coisa que eu faria naquele momento. Uma lágrima traiçoeira escorreu pelo meu rosto, mas eu não a limpei. Me recusei a mostrar qualquer fraqueza. Eu não ia ceder. — Ah, sabe como é... — minha voz saiu cortante, Um tom que eu só usava quando a paciência já tinha se esgotado. — Cada um recebe exatamente o que merece. E você... — pausei. — definitivamente, mereceu tudo isso. Patético! — Eu estou quebrado pela segunda vez, Ayla. — A voz dele vacilou por um instante, mas logo recuperou o tom firme. — E, mesmo depois de tudo que você disse,
Mordi os lábios Eu só senti o amargo na garganta, misturado com o ódio que só crescia a cada segundo. Eu só precisava dali. — E aí minha gente! — Aquela voz eu conheci perfeitamente. Minha expressão se transformou assim que vi Davi atravessar a porta, seu olhar varrendo o ambiente até pousar em nós. Meu coração deu um salto involuntário — Ali estava ele, depois de tanto tempo. Senti falta dele. — Olha só quem apareceu! — Rafa se levantou, o sorriso crescendo enquanto puxava Davi para um abraço caloroso. — Vem cá, brother! Senta com a gente. Davi retribuiu o abraço com o mesmo entusiasmo, os dois se cumprimentando. Ele riu ao se acomodar ao nosso lado e olhou para nós com um brilho nostálgico. — É muito bom ver gente da minha cidade. — disse Davi, de tom leve, mas cheio de significado. Sem pensar duas vezes, me levantei com um sorriso e estendi os braços. — Vem cá, Davi! — murmurei, puxando-o o loiro para um abraço apertado. — Meu Deus, que saudade! — To muito
FUNK CLUB Condesa {AYLA TORRES} Caminhando pelos corredores do clube, senti o calor da mão de Damião segurando a minha, firme e segura, enquanto ele me guiava pela multidão. À medida que avançávamos, ele me apresentava a algumas pessoas, trocando cumprimentos rápidos, mas meu foco estava no ambiente ao redor, naquela energia contagiante. No meio dos dois, com Davi ao meu outro lado, eu me sentia envolvida, como se fôssemos fossemos ainda crianças correndo pela fazenda. O brilho das luzes do bar reluzia sobre nós quando finalmente alcançamos o balcão, onde a noite só estava começando. Davi pediu algumas bebidas — Confesso que estou adorando esse lugar, murmurei, encarando ao redor Rafael sorriu... — Cadê seus amigos? — perguntou Rafa, olhando ao Davi — Eles mandaram mensagem dizendo que já estão chegando. Rafa deu um breve aceno de cabeça concordando. — Nossa, que sorte a nossa — comentei, deslizando para o assento de couro macio na mesa principal. O tipo de lug
— Quem me dera. — Sua voz era firme. — Foram os pais do Gael que me criaram. Eles não são ninguém "Importante" para o mundo, mas para nós, são tudo. Graças a eles, consegui terminar os estudos e tenho uma vida confortável. Gael a encarou com um olhar firme e orgulhoso, como se entendesse cada palavra. Era como se eles compartilhassem o mesmo pensamento. Eu assenti, oferecendo um sorriso que, para todos ali, parecia empático. — Nossa! — disse comovida com a historinha.— Ah, entendo perfeitamente. — Inclinei a cabeça, como quem compartilha de um sentimento profundo. Mas, internamente... chato, chato,chato.... Depois de um bom tempo conversando sobre a faculdade e os desafios da vida na capital, Davi se virou para mim, o olhar curioso. — Então, é... você já conseguiu se instalar bem aqui na cidade? — perguntou, amistoso. Engoli um pouco da bebida. — Não, Eu ainda estou no hotel com os meus pais. Mas prometo que amanhã vou procurar com mais afinco. — respondi, tentando soar conf
Ele deu de ombros, como se não fosse grande coisa. — Agradeça ao Davi. Ele tem um bom gosto. Soltei uma risada suave, concordando. — É, parece que ele sabe o que faz. — E aí, quer uma cerveja? — ele perguntou, indo para cozinha, todo sorridente. — Não... — disse, balançando a cabeça. — Para mim já deu bebi demais por hoje. Chega... — Então, quer pelo menos uma água? — ele insistiu, ainda com aquele sorriso. — Quero sim, obrigada— respondi, aliviada. Depois de um tempo, ele me entregou um copo de água, e eu bebi um grande gole, tentando ignorar o olhar dele enquanto me analisava em silêncio. Mas quando meus olhos recaíram sobre Rafael, algo me fez hesitar. Ele estava sentado à minha frente, com a camisa social preta de mangas dobradas até os cotovelos, revelando os antebraços fortes, onde as veias pareciam desenhar um mapa que dava ainda mais destaque à sua pele branca. Seu cabelo louro escuro estava ligeiramente bagunçado, caindo de um jeito que parecia perfeitamente planej
Revirei os olhos, sentindo o peito subir e descer rápido. Eu só queria sair dali, acabar com aquela conversa. Virei de costas, decidida a ignorar. — Ayla, me fala a verdade... E algo sobre o seu futuro? Fechei os olhos, engolindo a enxurrada de pensamentos de merda que queria cuspir. A minha mãe não tinha culpa de nada disso, eu sabia. Então virei de frente para ela. Ela só estava ali, esperando que eu dissesse algo, qualquer coisa, e eu precisava me recompor antes de explodir. — Não, mãe! — Respirei fundo, sentindo o peso da culpa, antes mesmo de soltá-las, a frustração queimando em meu peito. Então, solto devagar, tentando domar o tom de voz. — Desculpa por ter sido rude, mãe — falei mais baixo, tentando suavizar, mas sabendo que o estrago já estava feito, enquanto meu coração acelerava. — É só que... — As meninas do interior não param de me mandar mensagens… — Fiz uma pausa — Toda essa coisa de mudança... me deixou exausta. Tava até pensando em trocar o numero do meu celul