“As coisas têm vida própria. Tudo é questão de despertar a sua alma.” A noite que deveria consagrar Amélie Moreau como uma estrela da dança vira um pesadelo quando o teatro onde está se apresentando é invadido por um grupo de criminosos mascarados. Amélie, a filha de um influente deputado, é rapidamente reconhecida como peça valiosa no jogo de vingança contra seu pai. Entre os reféns, ela se destaca não apenas pelo medo, mas pela força com que enfrenta o caos — e pela atenção indesejada de Kai, um dos sequestradores. Apesar de ser um dos homens armados, Kai parece diferente: hesitante, protetor, e com um olhar que revela mais do que deveria. Enquanto as horas de cativeiro se arrastam, entre medo e incertezas, Amélie percebe algo que não consegue explicar: um vínculo inesperado com Kai. Ele, que deveria ser apenas um dos monstros mascarados, revela traços de humanidade que ela não esperava encontrar. Seus olhares se cruzam mais do que deveriam, suas palavras, ainda que poucas, carregam um peso que ela não consegue ignorar. Essa conexão inesperada desafia tudo o que Amélie acreditava sobre certo e errado, forçando-a a encarar seus próprios sentimentos em meio ao caos. Quando o resgate chega e ela é retirada à força de seus algozes, um pedaço de si parece ficar para trás — junto com o homem que a fez questionar seus sentimentos mais profundos. Mas o destino não terminou seu jogo, e o que começou como um sequestro pode se transformar em algo muito mais complexo e perigoso.
Ler maisCapítulo 7Acordo com um choque. Não um susto comum, mas algo brutal e violento. Minhas roupas são agarradas com força, minha gola quase estrangulando meu pescoço enquanto sou erguida sem cerimônia dos assentos.Um grito escapa da minha garganta quando percebo um dos terroristas me agarrando, seus olhos brilhando com raiva.— Você devia ter nos contado! — Ele rosna na minha cara, e mesmo que esteja usando a máscara, eu me sinto aterrorizada.Meus músculos estão completamente tensionados, eu tento me afastar dele, me questionando o que diabos aconteceu enquanto eu dormia.— Temos que nos livrar dessa puta! — Ele grita para os outros, sua voz carregada de ódio e impaciência.Ele me segura como se eu fosse um lixo e estivesse prestes a me descartar. Um arrepio percorre a minha espinha, como se cada célula do meu corpo percebesse o perigo iminente.Um empurrão violento me joga contra a parede. Minha cabeça bate no concreto, e a dor lateja instantaneamente, mas meu pânico é maior do que qu
Capítulo 6O corpo de Kai é quente enquanto me carrega até o banheiro. Eu não tenho forças para andar sozinha. E eu sou uma dançarina… não consigo deixar de pensar no quão ferrada eu estou. Ele me deixa dentro de uma das pequenas cabines do chuveiro, fechando a porta para me dar privacidade. Em poucos segundos a água quente escorre pelo meu corpo, lavando as marcas do que acabara de acontecer. Observo, em silêncio, os vestígios do seu toque e de tudo o que havíamos feito desaparecer na água, seu esperma misturado com o meu próprio sangue. A dor ainda está presente, mas a sensação de estranheza domina minha mente. Não sou mais virgem. E apesar de nunca ter me apegado demais a esse termo, eu me sinto nua agora que ele foi tirado de mim. Por mais que eu queira me afastar de tudo isso, algo dentro de mim está confuso, atraído. Eu sei o que aconteceu, mas não sei o que eu realmente sinto sobre isso. Lá fora, Kai está se limpando. Eu posso ouvir seus movimentos, sua respiração, enquan
Capítulo 5Ele beija o meu pescoço. E eu arfo. — Você… — Minha voz soa um sussurro perdido no momento, enquanto as sensações estranhas tomam conta do meu corpo.Sensações que eu não deveria sentir. Pelo menos não por um criminoso. — O que tem eu?Eu suspiro, lutando com as borboletas idiotas que se agitam no meu estômago.— Você cheira a dias chuvosos… — É tudo o que eu consigo dizer quando a minha mente se fragmenta.A parte sensata está escondida, apenas observando de longe, mas há uma fita em seus lábios que a impedem de gritar para que eu ouça. Ela sempre esteve dominando e agora sente o quão ruim é ser dominada pela outra parte da minha consciência. Ele sorri contra a minha pele. Sinto sua mão deslizar pelas minhas costas, me pressionando ainda mais fortemente contra seu corpo duro e quente.Nunca senti um homem tão forte pressionado contra mim. É como se seus músculos fossem de pedras.Isso me diz mais sobre ele do que ele gostaria que eu soubesse. A tensão entre nós cresce
O palco, que antes significava o lugar em que eu realizava meus sonhos, agora vem se transformando em um espaço sombrio e opressor. O som de murmúrios e suspiros abafados se mistura com os passos apressados dos terroristas. Kai me colocou em seu casaco na floresta e me trouxe de volta para dentro. Ele deu desculpas para a nossa demora. Os outros me olharam estranho, mas não ousaram questionar Kai.Ele me colocou de volta no meu lugar, encostada na pilastra. Alguns minutos depois, trouxeram uma Noemie muito machucada e a jogaram junto dos outros. Eu não ousei olhar muito tempo em sua direção, não querendo imaginar o quanto a machucaram e muito menor deixar a culpa me corroer. Voltaram a negociar normalmente com o governo através de celulares descartáveis depois que perceberam que não há ninguém de grande valor entre nós. O que é um verdadeiro alívio para mim. A atmosfera permanece densa enquanto o relógio avança, levando-nos para o coração da madrugada. Eu estou aqui, amarrada novame
O ar ao meu redor parece sufocante, como se cada respiração que eu tentasse tomar fosse interrompida pelo medo, que nesse momento parece estar materializada como uma pedra no meu peito. Kai me guia pelo corredor estreito, suas mãos firmes segurando meu braço, mas não apertado. Há algo estranhamente reconfortante em seu toque, e eu não sei dizer o porquê. Ele está calado, o que pode deixar tudo ainda mais perturbador, no ponto de vista de uma vítima. Talvez ele só esteja pensando em coisas triviais, Amélie…Tento me acalmar, evitando lembrar da forma brusca em que ela arrancou o colar do meu pescoço. Quando chegamos ao banheiro, ele abre a porta com cuidado, mas não me solta imediatamente, olhando dentro do cômodo com um olhar aguçado. Então seu olhar parece pesar sobre mim quando me solta, avaliando cada movimento meu, como se pudesse prever o que eu faria. — Entre. — Ele diz, sua voz baixa, quase um sussurro. Eu entra, porém meus pés criam raízes no chão quando percebo a situaç
Capítulo 2As luzes retornam abruptamente, ofuscando meus olhos ainda marejados. Antes mesmo que eu possa reagir, sinto dedos firmes ao redor do meu braço. O homem que ouvi ser chamado de Kai está me puxando, com um controle que faz meu coração bater ainda mais rápido. Ele não diz nada enquanto me arrasta até o palco, onde vejo o restante dos reféns já reunidos, todos amarrados. O ar está carregado de pânico, gritos abafados e soluços.Ele me faz sentar ao lado de uma pilastra. Sua mão aperta meu ombro para me manter imóvel enquanto ele pega cordas e amarra meus pulsos e tornozelos. O tecido áspero arranha minha pele, mas não ouso reclamar. Estou tremendo, tentando conter o que parece ser o início de uma crise de pânico.Quando Kai termina, ele permanece ajoelhado na minha frente. Seus olhos percorrem meu rosto e, por um momento, penso ver algo mais ali – talvez curiosidade, talvez dúvida. Ele inclina a cabeça levemente, e então sua mão se move para o colar que pende no meu pescoço.O
Capítulo 1O vento gelado entra por uma fresta na janela e passa pelo meu pescoço, me arrancando um leve arrepio. Tento ignorar, mas é impossível.Estou sozinha na sala de preparação, ajustando a fita da sapatilha com dedos trêmulos, não sei se pela temperatura ou pela ansiedade que me corrói desde que acordei hoje. A fita desliza entre os dedos, e faço o nó com mais força, como se aquele simples ato pudesse me manter ancorada à realidade.Esta noite é o meu sonho se tornando possível. Talvez. Respiro fundo, tentando afastar o peso desse “talvez”. Se eu conseguir impressionar os jurados hoje, pode ser a porta de entrada para academias internacionais, programas de aperfeiçoamento ou até mesmo uma chance de ser convidada para uma companhia profissional. Mais que isso, é minha chance de sair do rótulo de "filha dos políticos" e provar que tenho algo a oferecer por conta própria.Mesmo que todos sempre duvidam grosseiramente disso. O espelho na minha frente devolve meu reflexo, mas não p