Sete anos atrás, Elle e Diego viveram seu primeiro amor. Ela, uma garota rica; ele, um imigrante pobre. Um relacionamento proibido, vivido em segredo, que terminou de forma abrupta e sem explicação. Agora, Elle reencontra Diego de forma inesperada, a oportunidade de obter respostas vem acompanhada de muitos sentimentos. Diego, é um ex-policial, foi acusado injustamente de corrupção e agora é perseguido tanto pela polícia quanto pelo perigoso cartel de drogas El Lobo. Em meio ao caos, ele precisa proteger o amor de sua vida — sem saber se, desta vez, serão capazes de mudar as regras do destino.
Leer másConforme os dias passavam, uma rotina foi se desenvolvendo. Viver preso dentro de uma casa, onde nem as janelas eram abertas, era sufocante, por isso era necessário ocupar o tempo ao longo do dia para manter a mente distraída. Maria costumava cozinhar, geralmente no fim da tarde, já que, pela manhã, ficava trancada no quarto com Gabriel, contando detalhes de tudo que viu ao longo dos anos. Eu dava aulas de artes para Marquinho, que demonstrava interesse por muitos assuntos e se mostrava inteligente, tinha pedido para Gabriel trazer livros, já que não tinha internet disponível. Maria o ensinou a ler e escrever, pois ele só frequentou a escola por um curto período de tempo, quando moraram por alguns meses em Chicago, e ela me contou que ele havia adorado a experiência. Diego tentava se entreter, mas sua mente estava sempre ocupada com os problemas. Eu fazia o possível para que ele não se afundasse em um mar de desesperança, principalmente depois que Gabriel explicou que
Eu tinha negócios em Miami que o cartel El Lobo atrapalhava, e vinha buscando uma solução há bom tempo quando o caso de Diego chegou às minhas mãos, achei que a sorte tinha resolvido sorrir para o meu lado. O garoto podia saber algo útil que eu pudesse usar para tirar o cartel do caminho. Minha ideia era ajudá-lo a fugir até entender tudo o que poderia aproveitar. Mas as coisas se complicaram. Por um momento, quando Castillo avisou que Diego não ia fugir, mas sim tentar resgatar a namorada, eu desisti. Acreditei que ele ia acabar se matando. Afinal, quais eram as chances? Mas então Castillo me ligou dizendo que Diego teve êxito. Mais que isso: ele trouxe a esposa do chefão, Maria. Eu conhecia Maria… ou achava que conhecia. Já tinha visto a ficha dela, fotos tiradas ao longo dos anos, tiradas por detetives que adorariam acabar com Marcus e os outros chefões. Era uma mulher triste, mas bonita. Muito bonita. Dava para entender por que era mulher de Marcus. Quando a v
Ainda não conseguia dormir direito e acordei antes do sol nascer. Já estava de pé na cozinha preparando um chá quando o pessoal começou a acordar. Sabia que era a minha vez de falar com Gabriel, e a possibilidade de passar longas horas com ele, contando minha história, me fazia sentir um frio na barriga que não deveria sentir. Ver Gabriel trazendo brinquedos para o Marquinho, prometendo brincar com ele, conversando com ele, deixando meu filho à vontade e feliz era demais. Além disso, a forma como me olhava me deixava estranha, e eu tinha que me lembrar a todo momento de que o interesse dele era calculado. Gabriel queria informações. Eu ainda não sabia o que ele perguntaria ou como pretendia usar o que eu tinha a dizer, mas precisava ter em mente que esse era o único interesse dele. Vaguei pela casa até Gabriel chegar. Ele cumprimentou todo mundo de forma simpática e, de novo, conversou com Marquinho, perguntando o que ele achou dos jogos e ouvindo com paciência enquant
A tarde de jogos se estendeu até a noite, quando Marquinho ficou exausto e mal conseguia ficar de olhos abertos e Maria o obrigou a ir dormir. — Foi divertido, desde que nos reencontramos, tudo foi tão intenso e louco. Foi bom esquecer, por um instante, que somos um bando de fugitivos — Eu falei quando entramos no quarto. — É verdade. Ver você sorrindo assim é a coisa mais linda que já vi em muito tempo — Diego disse, me abraçando e beijando meu pescoço. Ri em seus braços, afundando o rosto em seu pescoço e sentindo seu cheiro, que me deixava enlouquecida. O calor do seu corpo contra o meu era viciante e de me dava um sensação confortável. Senti Diego apertar minha cintura, me segurando com posse, o que me arrepiou da cabeça aos pés. Virei o rosto para beijá-lo, e ele correspondeu de imediato, seus lábios quentes se moldando aos meus com desejo. Nos últimos dias, dormíamos juntos, mas nada tinha acontecido além disso. Eu acordava com ele me abraçando, sentindo sua
Gabriel voltou cedo no dia seguinte, trazendo doces e alguns brinquedos para Marquinho. Se a ideia era amolecer Maria e se aproximar dela, como ela mesma desconfiava, ele estava no caminho certo. Ela ficou agradecida, e o menino, animado. Deixamos os dois na sala e fomos para o quarto, onde Gabriel avisou que era o momento da entrevista. Ele queria ouvir a história de Diego em detalhes. O advogado gravaria a conversa enquanto fazia anotações.Fiquei ao lado de Diego, não poderia deixá-lo sozinho, queria demonstrar que estava com ele em qualquer momento. — Quero saber desde o início. Quando vocês começaram a perceber que havia uma nova droga nas ruas? E quando você começou o trabalho à paisana? — disse Gabriel, abrindo o carderno para começar as anotações. Diego contou tudo em detalhes, os nomes dos envolvidos, como descobriu sobre a chegada de um novo carregamento de drogas e como foi até o local sozinho. Nesse ponto, admitiu que havia cometido um erro, coisa de polícial
— Não consegue dormir também? - Perguntei para Maria. Eu tinha acordado assustada com o ruído vindo da cozinha, mas quando Diego chegou lá, era apenas Maria fazendo um chá. Sem sono, me sentei na cadeira da cozinha e resolvi conversar com ela com calma.— É difícil dormir nessa cidade. O Marcus tem uma casa aqui, acontecem muitos negócios. Já fiquei na cidade algumas vezes, então algumas pessoas me conhecem — disse Maria, sentando-se também. A cada dia, ela parecia mais cansada, com olheiras e linhas de expressão ao redor dos olhos, apesar de ser uma mulher jovem.— Posso perguntar o que mudou? Você parecia bem desesperada quando Gabriel falou de voltar para cá. Como ele te convenceu? O momento parecia ideal para entender o que estava acontecendo. Maria ficou em silêncio, encarando a caneca de chá como se estivesse extraindo força do líquido fumegante. Não quis pressioná-la e deixei que respondesse quando estivesse pronta.— Eu pensei em fugir — ela finalmente respondeu.
O helicóptero pousou em um heliponto de outro prédio, agora em Miami. O vento das hélices agitava nossos cabelos quando Gabriel abriu a porta e saltou primeiro, estendendo a mão para ajudar Maria a descer. Ela ainda estava tensa e ficou visivelmente aliviada ao sair da aeronave. — Não se preocupem, aqui é seguro. Vamos pegar um carro lá embaixo e seguir para uma casa protegida — disse Gabriel, seguindo em frente. Dois SUVs pretos estavam estacionados a poucos metros de distância. Não precisei observar muito para perceber os homens à paisana ali para garantir nossa segurança. Dois agentes de terno escuro e óculos de sol nos esperavam. Trocaram um breve aceno com Gabriel antes de abrir as portas para nós. Entramos todos no mesmo carro, um dos seguranças avisou que o outro seguiria logo atrás como apoio. Assim que o motor ligou, senti um aperto no peito. Estávamos mesmo de volta a Miami, no território do inimigo. Me perguntei, mais uma vez, se estava realmente fazendo
Mesmo com o cansaço pesando sobre mim, o sono parecia distante. Encostada na parede do quarto, observava Maria, que permanecia imóvel ao lado do filho. Seu medo era palpável, eu podia quase tocar. Tinha quase certeza de que ela não dormiria, imaginando as inúmeras possibilidades de escapar desse novo pesadelo. Voltei para a sala, onde Diego e Gabriel ainda conversavam. Castillo permanecia à parte, apenas observando. O clima estava tenso, mas Gabriel parecia confiante em sua estratégia. Assim que entrei, ele me lançou um olhar avaliador, como se já soubesse o que eu iria dizer. — Maria não vai aceitar ir para Miami — falei, cruzando os braços. — Você sabe disso. — Sei — respondeu Gabriel. — Mas precisamos que ela entenda que essa é a melhor alternativa. Deixá-la sozinha, fugindo por aí, não é uma opção. A melhor chance dela é essa. — E se ela fugir? — perguntei. Imaginei que essa ideia já tivesse passado pela cabeça dele desde o momento em que Maria foi para o quarto. Diego, que e
— Achei que você nunca aparecia pessoalmente — disse Diego, com um tom de voz meio desconfiado.— Em geral, essa informação está correta, mas digamos que esse caso começou a ter desdobramentos interessantes. Veja, quando Castillo avisou que você ia sair em uma empreitada solitária para tentar salvar a bela moça aqui, confesso que apenas esperei pela pior notícia. Mas, como por um milagre, você não apenas conseguiu tirá-la de lá sã e salva, como também trouxe a mulher de Marcus Rivera e o filho dele. Então pensei: Nossa, temos alguém em mãos que realmente vale a pena. Desculpe se o velho Castillo aqui é meio descrente... já perdemos algumas pessoas no meio do caminho. Sabe como é, ossos do ofício. Então, de qualquer forma, avisei nosso amigo aqui que valia a visita. Agora, vamos discutir o que fazer com vocês. Diego parecia desconfiado. Gabriel era carismático ao falar, mas não deixava margem para dúvidas. Ele percebeu que tinha muito a ganhar nos ajudando, a ponto de se envolve