Juliana Oliveira passou sete anos ao lado de Gustavo Costa, mas não conseguiu competir com a atração e a novidade que outra pessoa trouxe para a vida dele. Especialista em terapia de casais, ela sempre soubera como ajudar os outros a manter seus relacionamentos nos trilhos, mas não conseguiu salvar o seu próprio amor. Quando percebeu que Gustavo já havia perdido o interesse, decidiu romper o noivado. — Juliana, você vai se arrepender disso. — Ele a olhou com frieza e certeza. Todos estavam ansiosos para ver Juliana Oliveira sofrer. Mas, em vez disso, ela se viu envolvida nos braços de outro homem, que a abraçou com força, o queixo repousado em seu ombro, e sua respiração quente a tocando. — Você sabe qual é a melhor maneira de se vingar de um ex? Ju, casa comigo e seja a tia mais nova dele.
Leer másVítor achava que Bianca só podia estar fora da realidade.Ele sempre a tratara daquele jeito, e agora ela vinha insinuar que alguém havia falado mal dela para ele?Quanta autoestima exagerada!Ele nunca teve paciência para bajulações. Com o cenho franzido, decidiu ser direto:— Bianca, será que você pode parar de se iludir? Quem ia perder tempo falando mal de você? Você acha que todo mundo é igual a você, fofoqueira?Eles estudavam na mesma turma. As conversas paralelas, os burburinhos nos intervalos… Era impossível não ouvir.E Bianca, sentada ao lado dele, não parava de tagarelar.Falava sobre quem estava namorando quem, qual professora estava grávida, quantos filhos fulano já tinha.Tudo irrelevante, tudo entediante.As palavras afiadas de Vítor fizeram o rosto de Bianca empalidecer no ato.A forma como ela sempre tentara chamar a atenção dele… Agora, nos lábios dele, isso virava fofoca barata?O gosto amargo da humilhação subiu à garganta, e lágrimas brotaram nos olhos dela, invol
Até agora, Catarina vinha mantendo um tom educado apenas por consideração ao Vítor.Mas naquele momento… Quem exatamente era aquela garota, afinal?Catarina franziu a testa, seu olhar carregado de desprezo.— Vou avisar uma única vez: não tente se aproximar do Vítor com segundas intenções. Ele é puro, inocente... E a família Moreira não é algo que você possa sequer sonhar em alcançar.A última frase saiu com uma superioridade cortante, como se fosse dita de um pedestal inatingível.Qualquer outra pessoa provavelmente teria se sentido humilhada, diminuída diante daquilo.Mas Juliana não era qualquer pessoa.Ela não reagia como a maioria.Diante daquela provocação velada, ela apenas esboçou um leve sorriso, um sorriso frio, que não chegava aos olhos.Brincando com a caneta que girava lentamente entre seus dedos, respondeu com uma voz calma, quase indiferente:— E eu preciso me esforçar para ter acesso? Ah, aliás... você sabe o quanto o Vítor é carinhoso comigo? Ele vem falar comigo todos
À distância.Bianca caminhava ao lado de Gustavo, mas estava claramente distraída.— Irmão, já falei que não precisava vir... É só uma reunião de pais, não tem por que você perder tempo com isso. — Disse ela, fazendo um biquinho contrariado.Nas reuniões anteriores, sempre dava um jeito: pagava alguém para fingir ser seu responsável.Os professores, cientes de sua posição como filha da família Costa, preferiam não se envolver e fingiam não perceber.Mas hoje… Sabe-se lá por quê, o Gustavo apareceu sem ser chamado.Já estava no portão da escola quando ligou, mandando ela ir buscar ele.Só de pensar na nota da última prova, penúltima colocada da turma, Bianca já sentia dor de cabeça.Ela não gostava de estudar.Ora, dinheiro na família Costa era o que não faltava. Havia o suficiente para ela gastar por várias vidas. Então, por que se matar de esforço?Se não conseguisse entrar numa boa universidade no país, poderia muito bem ir para o exterior, fazer um intercâmbio de luxo e voltar com u
Quando viu Catarina finalmente se afastar, Vítor soltou um longo suspiro de alívio.— Juliana, ela não é minha irmã de sangue... A relação entre a gente é só isso mesmo, nada além disso.A reunião de pais ainda não tinha começado oficialmente.Aproveitando o tempo, Vítor levou Juliana para dar uma volta pela escola.Como uma das melhores instituições de ensino médio da Cidade A, todas as instalações eram de altíssimo nível, entre as melhores do país.Para Juliana, no entanto, tudo parecia exatamente como ela lembrava do passado.Naquele momento, o lugar mais movimentado era o campo esportivo.Era horário do intervalo, e quase todos os alunos do primeiro ano estavam lá, conversando animadamente, em pequenos grupos.Juliana ficou parada na entrada por um tempo, observando aquela energia juvenil, antes de seguir Vítor para outro local.Eles chegaram a uma estufa aberta, com paredes de vidro.Lá dentro, uma grande variedade de plantas e flores era cultivada com todo cuidado. O ambiente hav
Desde a última vez que se encontraram, já havia passado um bom tempo, foi no feriado de Primeiro de Maio daquele ano.Catarina tinha voltado do exterior para a cidade A e disse a todos que, dali em diante, queria ficar no país e construir sua vida aqui. Não pretendia mais ir embora.Todos sabiam muito bem o verdadeiro motivo.O sentimento que Catarina nutria por Bruno já era praticamente um segredo conhecido por todos.Por causa dele, ela já tinha vinte e seis anos e continuava solteira. Entre as mulheres da sua idade, ela parecia uma exceção, quase deslocada.A família Moreira, mais de uma vez, tentou aconselhá-la com carinho: já estava na hora de seguir em frente, de gostar de outra pessoa. Entre ela e Bruno, não havia qualquer possibilidade.Se existisse, depois de tantos anos correndo atrás, mais de uma década! O coração de Bruno já teria amolecido, não é?— Vítor!No momento em que Vítor começou a suar frio, sem saber o que fazer, Catarina já o tinha avistado.Ela levantou a mão
A localização era exatamente a mesma do Bruno.Vítor, que dias atrás tinha ido encontrar o Fábio, já estava por dentro de algumas fofocas.Uma delas: Laura gostava do Bruno.Claro, era uma paixão completamente unilateral.Na opinião de Vítor, aquilo já beirava o assédio.Um sapo querendo beijar um cisne... Será que essa mulher não tinha noção nenhuma do próprio nível?— Laura? — Juliana repetiu, achando o nome familiar.Com a explicação detalhada de Vítor, ela finalmente se lembrou de quem se tratava.A mesma mulher que havia gasto milhões para comprar o apartamento dela, a grande trouxa da história.O plano de Laura era simples: ficar bem perto de Bruno, ser vizinha dele e tentar conquistá-lo.Mas o resultado?Mal assinou o contrato e Bruno já tinha pedido à imobiliária para vender o imóvel.Juliana podia até imaginar o rosto verde de raiva que Laura deve ter feito ao descobrir isso.Vítor soltou um resmungo indignado:— Juliana, fica tranquila! O Bruno nunca vai gostar de uma mulher
Três dias depois.Juliana tinha acabado de encerrar uma transmissão ao vivo e estava organizando os trechos que poderiam ser editados e postados separadamente, quando Vítor apareceu na porta.O garoto vestia o uniforme do colégio mais prestigiado da Cidade A, cheio de energia juvenil, mas o rosto mostrava puro sofrimento.— Juliana, você precisa me ajudar! — Implorou ele, com um drama digno de novela. — Se você não me ajudar, talvez eu nem veja o sol nascer amanhã! Você não quer ter isso na consciência, quer?Vítor usava as palavras mais exageradas que conseguia encontrar, tentando demonstrar o tamanho do desespero em que se encontrava.Juntou as mãos como se estivesse rezando, olhando para Juliana com um olhar suplicante, parecendo um filhote abandonado.Juliana riu e jogou uma maçã para ele.— Primeiro me conta… O que aconteceu?— Juliana, eu estou no terceiro ano agora, né? Amanhã vai ter reunião de pais na escola... E... Eu fui muito mal na prova mensal. Não tenho coragem de chamar
Sem esperar, Juliana apertou o botão para desligar, sem dar chance para Bruno responder.Seu coração ainda batia acelerado. Ela tomou um copo d’água de uma vez só, tentando acalmar a inquietação que queimava em seu peito.O celular vibrou. Uma nova mensagem de Bruno:[Descanse bem. Boa noite.]Não era a primeira vez que ele desejava a ela boa noite.Na verdade, parecia que, há alguns meses, Bruno havia criado o hábito de enviar um "boa noite" todas as noites, sem falhar um único dia.No começo, Juliana simplesmente ignorava.Mas, com o tempo, passou a responder de vez em quando.[Boa noite.]Ela largou o celular de lado e foi ao banheiro lavar o rosto e escovar os dentes.Ao voltar para o quarto, viu várias notificações de chamadas não atendidas na tela.Todas do mesmo número. Quinze ligações.Juliana suspirou fundo, pronta para ignorar.Mas o telefone tocou novamente, pela décima sexta vez.Sem paciência, atendeu no viva-voz.— Juliana.A voz soava familiar.O movimento que ela fazia
A pergunta de Joana deixou Gustavo em silêncio por um longo tempo.Só depois que os dois entraram juntos no elevador, um atrás do outro, ele respondeu, com a voz calma e contida:— Eu e a Vivi somos apenas amigos.Na verdade, nem antes ele havia pensado em se casar com Viviane.E agora, depois do que tinha descoberto... Isso era ainda mais impossível.— Amigos? — Joana repetiu, franzindo a testa com força. — Você realmente acredita que o jeito como convive com ela é coisa de “apenas amigos”?Ela mesma já tinha presenciado algumas cenas entre os dois.Por mais que tentasse interpretar de outra forma, não havia como negar: aquilo estava longe do comportamento de simples amigos.Se fosse pra usar um termo popular da internet, isso aí é puro clima de romance mal resolvido.Gustavo, mesmo tendo uma noiva, mantinha proximidade demais com outra mulher.Isso não era só descuido, era falta de caráter.Já tinha passado dos vinte, será que ainda não entendia as regras silenciosas dos relacionamen