Capítulo 0005
Assim que as palavras foram ditas, os três ficaram surpresos.

Desde quando Bruno se mostrava tão caloroso?

Na memória de Gustavo, seu tio sempre foi uma pessoa fria e distante. Quando adulto, passou a maior parte do tempo no exterior, envolvido em pesquisas científicas, e nunca demonstrou nenhuma proximidade com ninguém.

Agora, no entanto, ele estava oferecendo levar Juliana?

Gustavo franziu a testa, sentindo uma estranha sensação de alerta. Ele disse:

— Tio, eu posso levá-la sozinho.

— Você tem muitas responsabilidades na festa de aniversário do vovô.

Enquanto falava, o olhar de Bruno se alternava entre Gustavo e Viviane, com um leve sorriso nos lábios, frio e distante.

Viviane apertou os dedos, sentindo-se extremamente desconfortável.

A pressão que esse homem exalava era impressionante.

Será que ele tinha uma relação tão próxima assim com Juliana?

Involuntariamente, Viviane começou a se perder em pensamentos, mas o que mais sentia era uma onda crescente de ciúmes de Juliana.

Sem prestar atenção em mais nada, Bruno abriu a porta traseira do carro e, com elegância, disse:

— Srta. Juliana, por favor.

Naquele momento, Juliana não tinha motivo para recusar.

Observando os dois se afastarem, Gustavo mantinha o rosto fechado, e o clima estava tenso.

Desde quando Juliana e Bruno estavam tão próximos assim?

Enquanto ainda ponderava, a voz de Viviane ressoou:

— A Juliana é realmente incrível, não? Na frente do noivo, fica próxima de outro homem, sem o menor pudor.

“No carro.”

Os dois estavam sentados, cada um em seu canto, separados uma distância que parecia suficiente para acomodar mais duas pessoas.

Juliana mantinha os olhos baixos, ponderando se deveria iniciar a conversa.

Bruno, por sua vez, observava o perfil delicado dela, com um olhar que parecia conter paciência e reflexão.

Ele foi o primeiro a romper o silêncio:

— Brigou com o Gustavo?

A entonação fria não revelava nenhuma emoção.

Juliana não tinha intenção de esconder nada, então respondeu com sinceridade:

— Eu e ele já terminamos.

Após uma breve pausa, ela continuou:

— Obrigada pelo vestido. Vou transferir o dinheiro quando puder.

— Não precisa. Foi um presente.

Com essas palavras, o clima no carro se tornou ainda mais silencioso.

O motorista conduzia suavemente, mantendo o trajeto tranquilo.

Juliana, nervosa, desvia o olhar para a paisagem pela janela, mas seus pensamentos estavam todos voltados para Bruno.

Ela e Gustavo estiveram juntos por sete anos. Durante esse tempo, ambos já haviam se apresentado para as famílias.

No entanto, Bruno foi a única pessoa que ela conheceu depois de voltar de seu intercâmbio.

Foi nessa ocasião que descobriu que ele era o tio mais novo de Gustavo.

Por precaução, ela fingiu não o conhecer, e Bruno, por sua vez, cooperou, evitando qualquer menção sobre o tempo que passaram no exterior.

— Se algum dia surgir um problema que você não consiga resolver, pode me procurar diretamente.

A voz repentina de Bruno interrompeu os pensamentos de Juliana.

— Eu posso resolver sozinha. — Ela, com delicadeza, recusou.

Bruno não insistiu.

Quando o carro parou em frente ao prédio de Juliana, ele esperou até que ela entrasse. So então deu ordem ao motorista para fazer o retorno.

Nesse momento, o celular de Bruno tocou.

Do outro lado da linha, uma voz masculina se fez ouvir:

— Bruno, quanto tempo você vai ficar no Brasil antes de voltar?

— Não volto mais.

As três palavras de Bruno, ditas de forma casual, causaram um verdadeiro alvoroço em quem as ouviu.

— Não volta mais?! Não faça isso, Bruno! O projeto está quase pronto... Espera, você não está fazendo isso por causa dela, está?

A palavra "ela" foi pronunciada com uma ênfase bastante peculiar.

Todos que conheciam Bruno sabiam que ele tinha um amor impossível, algo tão profundo e marcante quanto uma cicatriz que nunca se apaga.

Solteiro desde sempre, aos 29 anos,repentina mudança de atitude de Bruno surpreendeu a todos.

Quando acreditavam que ele finalmente assumiria um relacionamento publicamente, Bruno revelou que a pessoa envolvida já tinha namorado.

A reação das pessoas naquela época?

Um misto de hesitação, choque e incredulidade.

Bruno, o caçula da família Mendes, nasceu com tudo o que muitos invejam, como se tivesse sido destinado à grandeza desde o início.

Ele tinha mais admiradores do que seria possível contar, mas parecia que seu coração estava reservado apenas para uma única pessoa.

Por isso, em determinado momento, todos começaram a achar que o problema era com a garota, que não sabia valorizar o que tinha.

Até que descobriram.

A mulher que havia conquistado Bruno à primeira vista não era outra senão a noiva de seu sobrinho.

— Eles terminaram.

As duas palavras, ditas com um leve sorriso de satisfação, refletiam o bom humor de Bruno naquele momento.

— Bruno, você realmente acredita que eles terminaram? Não quero ser rude, mas depois de sete anos juntos, você acha que essa relação vai acabar assim, da noite para o dia? Deve ter sido só uma briga. E se eles se reconciliarem? Não vai querer acabar como um idiota nessa história, vai?

Após essas palavras, um longo silêncio se seguiu.

Finalmente, Bruno estreitou os olhos e, com uma voz baixa e fria, respondeu:

— Ela não vai.

Três dias se passaram desde o aniversário de Sr. Michel.

Durante esse tempo, Juliana recebeu um pedido de desculpas relutante de Bianca, além de uma enxurrada de ligações da família Rodrigues.

Ela ignorou todas, preferindo bloquear os números sem exceção.

Hoje, o dia estava nublado.

Juliana estava em um restaurante, reunida com uma cliente.

A mulher, com um pouco mais de vinte anos, exalava elegância e sofisticação em cada detalhe.

— Você já viu os documentos. Agora pode me dar sua resposta? — Perguntou a cliente.

Juliana hesitou.

Baseada nas cartas de tarô lidas antes do encontro, o futuro do relacionamento daquela mulher com o marido parecia sombrio.

Na verdade, estava à beira de um colapso irreversível.

— Ele tem agido de maneira estranha ultimamente? Por exemplo, mostrando um repentino entusiasmo em ser atencioso? — Juliana perguntou delicadamente, observando as reações da cliente.

A mulher franziu a testa, pensativa, antes de assentir rapidamente:

— Sim, ele começou a compartilhar coisas do dia a dia comigo e até se oferece para me buscar e levar ao trabalho todos os dias.

— Você acha isso normal? — Juliana devolveu a pergunta, olhando a cliente com olhos tranquilos.

Maia Cardoso, a cliente, encontrou o olhar de Juliana e hesitou pela primeira vez.

Normal?

Deveria ser... Normal?

Enquanto Maia lutava com suas dúvidas, Juliana foi direta:

— Srta. Maia, eu não recomendaria tentar consertar esse relacionamento.

As cartas de tarô eram apenas uma ferramenta auxiliar, mas, ao cruzar as informações da leitura com os fatos reais, tudo apontava para o mesmo resultado:

O marido de Maia havia se apaixonado por outra pessoa.

Maia franziu o cenho.

— Por quê?

Com as mãos cruzadas sob o queixo, Juliana sorriu levemente, mantendo sua postura elegante.

— Srta. Maia, você me acompanha até um lugar?

Juliana conduziu Maia até um clube privativo.

— Desculpe por seguir os passos do seu marido sem avisar. Ele está na sala 311. Quer que eu entre com você?

Maia respirou fundo e respondeu:

— Espere por mim na porta.

Juliana assentiu com calma.

Enquanto ouvia os sons abafados vindos da sala, se encostou à parede, sem que sua expressão mudasse.

Anos de experiência no trabalho a tornaram imune a surpresas.

Ela nunca questionava a sinceridade de um sentimento, mas sabia que a natureza dos sentimentos humanos era efêmera e inconstante.

Foi quando um grito repentino interrompeu seus pensamentos.

Preocupada com a possibilidade de Maia estar em perigo, Juliana empurrou a porta e entrou.

O que viu primeiro foi Viviane sendo agarrada pelos cabelos.
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