O pai biológico a ignorava, a madrasta a maltratava, e Karina, sem saída, foi forçada a se casar com o nobre Ademir Barbosa, da Cidade J! No dia do casamento, seu marido descobriu que ela havia perdido a virgindade antes da união, e a julgou como uma mulher de moral dissoluta e vida desregrada. Após dez meses de gravidez, Karina deu à luz, assinou os papéis do divórcio e saiu de casa sem nada, desaparecendo sem deixar rastros. Anos depois, Karina voltou para a Cidade J, acompanhada de uma criança. - Sr. Ademir, ouvi dizer que o senhor está precisando de um médico particular? Ademir, muito satisfeito, respondeu: - Você está contratada. Diziam por aí que o Sr. Ademir não tinha esposa, não precisava de amante, mas dedicava um imenso carinho à sua médica particular, tratando o filho dela, cujo pai era desconhecido, como se fosse seu próprio filho.
Ler maisQuando o dia mal havia amanhecido, Karina já estava de pé. Patrícia abriu os olhos, ainda sonolenta, e perguntou: — Que horas são? — Ainda é cedo. — Karina afagou o rosto de Patrícia. — Vou tomar café da manhã com o Catarino, por isso acordei mais cedo. Volta a dormir. — Tá bom. — Assim que ouviu isso, Patrícia fechou os olhos obedientemente. Karina se levantou, arrumou tudo com cuidado e saiu, pegando um carro até a Villa Verão. Quando chegou, Cecília foi quem abriu a porta. Sorrindo, disse: — O Catarino está se arrumando. De manhã, nem precisa chamá-lo, ele acorda sozinho. Ficou falando o tempo todo que a irmã vinha. Enquanto guiava Karina para dentro, acrescentou: — Senta um pouquinho. O café da manhã já está pronto, vou trazer agora. — Obrigada. — Não há de quê, é meu dever. Assim que o café da manhã foi servido, Catarino saiu do banheiro. — Irmã! — O garoto ficou radiante ao vê-la, os olhos brilhando de alegria. Correu até ela e se sentou ao seu lado.
— Karina! — Ademir franziu a testa, segurando a mão de Karina com firmeza. — Estou falando de você agora! — Certo, então fale de mim. — Karina ergueu a sobrancelha com um sorriso divertido, olhando para ele com calma. — Você acha que sou tão fácil de enganar? Que bastam algumas palavras suas para me fazer chorar de emoção e, no fim, aceitar ficar com você? — Nunca pensei assim. — O amargor tomou conta de seu peito, e Ademir balançou a cabeça. — Estou preparado... Vou me dedicar e conquistar você de verdade... — Nem vem! — Karina recusou sem hesitar, com uma firmeza límpida no olhar. — Eu não aceito! O silêncio tomou conta do ambiente. Só restavam os dois, se encarando. Os olhos negros de Ademir permaneceram fixos nela. Depois de um momento, ele sorriu de repente: — Já imaginei que diria isso. Mas, Karina, você precisa entender que o fato de eu gostar de você... não está sob seu controle. Nem sob o meu. Ele ergueu a rosa que trazia nas mãos e a estendeu diante dela. — Fo
Karina ficou completamente atordoada com a pergunta de Ademir, sem saber como responder. — Eu não te disse que você não precisa mais fazer tantas coisas pela Vitória...? — Eu não estou fazendo isso por ela! — Ademir já não conseguia mais conter sua frustração, sua paciência estava se esgotando. — Pare de falar da Vitória! Agora sou eu e você. Você fica trazendo o nome dela o tempo todo... Quer me afastar desse jeito? Karina ficou paralisada e, logo em seguida, sentiu uma leve inquietação no peito. De repente, ela disse: — Chega, não quero mais ouvir. Enfiou a mão no bolso, procurando a chave. — Terminamos de falar antes de você entrar. — O pulso de Karina foi envolvido pela mão firme de Ademir. Sua voz grave carregava um traço de autoridade. — Você realmente não entende ou está me punindo de propósito? Você realmente não sabe o que eu quero dizer? — O que eu deveria saber? — O coração de Karina acelerou descompassado. — Eu gosto de você. No instante em que essas pal
Naquele dia, elas haviam saído às pressas, sem dar uma boa explicação a Simão. — Não precisa. — Patrícia sacudiu a cabeça. — Hoje é dia de semana, ele tem que trabalhar. Não é como a gente, que está sem nada para fazer. De fato, fazia sentido. Karina não insistiu mais. O filme era bem mediano, e quando saíram do cinema, as duas estavam quase dormindo. A Cidade J continuava coberta por uma forte nevasca. — Está tão frio! — Patrícia disse animada, enlaçando o braço de Karina. — Vamos comer hot-pot? Estou morrendo de vontade de algo apimentado! — Então vamos naquele de sempre. — Ótimo! Por sorte, elas já estavam perto do Restaurante Ocean. Assim que pisou dentro do restaurante, Patrícia ficou paralisada. — O que foi? — Karina perguntou intrigada, seguindo o olhar de Patrícia. Não muito longe dali, Simão estava saindo do restaurante. Mas ele não estava sozinho. Ao seu lado, havia uma jovem. Os dois riam alegremente, e Simão, atencioso, segurava um casaco feminin
Karina nunca imaginou que a pergunta de Lucas seria essa. Ele estava preocupado com ela? Karina sentiu vontade de rir, sem palavras. À beira da morte, Lucas parecia ter se tornado uma pessoa mais gentil, quase como se fosse outra pessoa. — Karina, você gosta dele? — Vendo que ela não respondia, Lucas perguntou novamente, ansioso. Eunice tinha saído para buscar os remédios e voltaria em breve. O tempo estava se esgotando… Karina finalmente reagiu. Balançou a cabeça lentamente, mas com firmeza: — Não, eu não gosto. Mesmo que já tivesse gostado um dia, isso pertencia ao passado. Mas não havia necessidade de contar isso a Lucas. Depois de falar, Karina sacudiu levemente o braço que ele segurava. — Posso ir agora? — Pode. — Lucas soltou a mão. Karina não hesitou. Se virou e foi embora. Não muito longe dali, Eunice voltava da farmácia com os remédios. — Tinha muita gente na fila. — Ela se aproximou, segurando o saco de remédios, e ajudou Lucas a se levantar. — P
Karina também lançou a Patrícia um olhar confuso: — Eu também não entendo. Ela soltou uma risada fria e disse: — O Sr. Ademir sempre foi tão orgulhoso, achando que podia fazer tudo. Mas desta vez, desculpe... Karina iria decepcioná-lo. Por Catarino, ela não recuaria. Naquela noite, Ademir não apareceu. Se ele não havia voltado para Cidade J ou se simplesmente tinha voltado e não foi procurá-la, Karina não se importava. Nem queria saber. Na manhã seguinte, ela foi até o Hospital J. Tinha saído às pressas quando foi subitamente afastada por licença médica e não havia passado o trabalho adiante. Agora, estava ali para fazer a transição de suas funções. Alguns documentos estavam trancados em seu armário, e ela precisava pegá-los para entregar ao próximo responsável. Depois de concluir tudo, ao passar pelo saguão da recepção, viu Lucas sentado numa das cadeiras da área de espera. Karina parou por um instante, hesitou, mas acabou indo até ele. Desde que adoeceu, Luc
Karina ficou de boca aberta, parecendo extremamente chocada: — Não, eu só estou lendo alguns livros. Não precisa fazer essa cara tão feroz. — Karina. — O homem chamou seu nome, pausando por um instante enquanto abotoava os botões dela. — Quantos anos você tem? Você tem noção das coisas? Sabe quanto tempo falta para você dar à luz? É claro que Karina sabia. Faltavam menos de três meses. Ela franziu levemente a testa: — Você está... Preocupado com o bebê na minha barriga? — Não posso me preocupar? Karina não conseguiu segurar o riso: — Você realmente é engraçado. Esse bebê aqui nem é seu, não tem nada a ver com você. Por que está tão nervoso? Ainda está atuando? — Karina! O tom frio e até mesmo sarcástico dela irritou o homem. Ademir segurou os ombros de Karina com força. Ele estava tomado por uma fúria intensa, mas não tinha como extravasá-la. Depois de um momento, ele a soltou. — Venha comer alguma coisa! Karina não disse nada. "Nem com isso ele se irrita?
Havia muitos tipos de pratos, mas todos em pequenas porções, garantindo que Karina pudesse provar de tudo sem ficar muito cheia. Ao dar a primeira mordida, ela soube imediatamente: era o toque de Wanessa. Fazia muito tempo que Karina não comia algo preparado por ela e sentia muita falta de sua comida. Saboreou cada garfada com satisfação. Embora tivesse passado por um momento desagradável com Ademir, nunca se privava quando se tratava dessas coisas. Simplesmente não via necessidade de fazer isso. Ademir sorriu levemente. Ele apreciava essa atitude de Karina. Quando terminou de comer, Karina limpou a boca com um guardanapo. Ademir lhe entregou um copo de água: — Comeu bem? — Sim. — Karina pegou o copo, tomou dois goles e, em seguida, encarou Ademir com seriedade. — O que você disse há pouco... Eu não acredito em uma única palavra. — Karina... — Não importa se foi por causa da Vitória... — Disse ela, com indiferença. — Hoje à noite, quando sair daqui, não volte mais.
— Karina, por que você quer chamar a polícia? — Ademir se aproximou lentamente e se agachou diante dela. — Para com isso, ainda somos marido e mulher. Eu vim à casa da minha esposa... Isso é crime? Karina estava irritada e perguntou: — O que você quer, afinal? — Eu? — Ademir endireitou o corpo, ergueu a mão e acariciou suavemente os cabelos longos dela. — Você não está descansando direito, não é? Pode tirar licença médica, ainda vai receber o salário. Sua barriga já está enorme... Eu só não quero que você se canse. Espero que você e o bebê fiquem bem. Essas palavras fizeram Karina sentir um desconforto profundo. Ela arregalou os olhos. — O quê? Agora que não tem como me obrigar, resolveu falar bonito? Acha que, com isso, eu vou concordar em doar parte do meu fígado? — É assim que você me vê? — E não é? — Karina soltou uma risada fria. — O Sr. Ademir tem uma memória péssima, hein? Não faz muito tempo, você mesmo me deu uma lição, não foi? Ela se referia ao dia em que E