Karina entrou cambaleando no quarto do hospital, quase perdendo o equilíbrio. O médico havia acabado de examinar Otávio e, ao ver Ademir, disse:— Sr. Ademir, o senhor chegou. O Sr. Otávio está temporariamente fora de perigo, apenas bastante fraco. Ele precisa cuidar bem da saúde, prestar atenção à alimentação e ao descanso. O mais importante é manter o bom humor e não sofrer choques emocionais.Terminando de falar, o médico saiu.Otávio estava meio deitado e acenou com a mão.— Ademir, Karina, vocês tiraram a certidão de casamento hoje. Não disse ao Ademir para aproveitarem a lua de mel e não virem me ver?— Sr. Otávio. — Karina estava um pouco nervosa. — Desculpe...Otávio ficou confuso:— Ainda me chama de Sr. Otávio? Por que está se desculpando comigo?— Eu...Com um aperto no pulso, Ademir interrompeu suas palavras:— Karina quer dizer que, com o senhor ainda no hospital, não temos cabeça para aproveitar a lua de mel. Por isso, tivemos que desobedecer a sua vontade.Karina ficou
Dentro do quarto.Catarino estava sentado em uma cadeira, vestindo roupas de paciente, mas agora estava coberto de sopa. Não só isso, até o cabelo dele estava sujo, com comida grudada e pendurada em sua cabeça, tornando impossível ver claramente seus traços faciais.Uma mulher de meia-idade segurava uma colher de sopa, forçando-a em sua boca.— Coma! Rápido, coma! Inútil, nem sabe abrir a boca! Você é pior que um porco ou um cachorro! Ah...De repente, o cabelo da mulher foi puxado para trás com força, fazendo ela gritar de dor como um porco sendo abatido, e ela começou a xingar furiosamente:— Droga, quem é você? Solte o cabelo da sua mãe!— Mãe? — Karina tinha os olhos vermelhos de raiva, todo o seu corpo emanava uma aura assassina. — Mãe de quem? Seu cachorro desgraçado! Como ousa maltratar uma criança? Você acha que a família dele está morta?Enquanto falava, Karina apertava ainda mais o cabelo da mulher, que sentia como se seu couro cabeludo fosse arrancado.— Está doendo! Solta!
Guiada por uma forte intuição, Karina se virou de volta.Na entrada da mansão da família Costa, Vitória havia trocado de roupa e retocado a maquiagem antes de sair.A porta do carro se abriu, e Ademir desceu, segurando um buquê de flores que entregou a ela.Rosas vermelhas e vibrantes, representando um amor ardente.— Que lindas! — Vitória pegou o buquê, sorrindo enquanto segurava o braço de Ademir.Ademir, com toda a gentileza, abriu a porta do carro e a ajudou a entrar. Depois, os dois saíram juntos.Quando o carro passou, Karina se virou para o outro lado. Seu coração estava batendo muito rápido.Então, o encontro importante de Vitória naquela noite era com Ademir!Ademir tinha dito que estava comprometido.Então, era verdade!A namorada dele era Vitória!A família de Vitória deve estar sonhando de felicidade por ela ter um namorado como Ademir.Mas, infelizmente para eles, Karina descobriu.“Isso é um presente de Deus para mim?” Karina murmurou, cerrando os punhos.Por que eles mer
Karina ficou o dia inteiro na casa de Patrícia. À noite, ela olhou as horas, pegou sua mochila e saiu. Esta noite, ela tinha um trabalho de meio período para fazer. Depois dos dezoito anos, Eunice não dava mais dinheiro a Karina.Ela se sustentava com uma bolsa de estudos e trabalhos de meio período. Quanto ao cartão que Ademir lhe deu, ela o usou para pagar o tratamento de Catarino, mas fora isso, não tinha intenção de usar o dinheiro, nem deveria.Karina trabalhava no Clube de Lazer Yayoi. O Clube de Lazer Yayoi era um famoso clube de recreação dos ricos na Cidade J, um verdadeiro antro de luxo. Karina trabalhava lá como massoterapeuta e acupunturista. Seu curso era de medicina clínica e, para ganhar dinheiro com o trabalho de meio período, ela fez cursos de massagem e acupuntura.Como estagiária de medicina, já estava muito ocupada, então trabalhava como freelancer. Seu salário era calculado de acordo com o número de clientes e o tempo de serviço, sem horário fixo de entrada
— Júlio, saia da frente.Ademir empurrou Júlio, o olhar frio substituindo a raiva de antes, retomando sua habitual expressão aristocrática e distante. Ademir falou friamente:— O que você quer?— Foi você que mandou me demitirem?— Sim. — Ademir a olhou de relance. — Já respondi sua pergunta, Júlio, vamos.— Sim, irmão...— Espere! — Karina correu alguns passos para bloquear o caminho de Ademir. — Foi meu erro!Karina mordeu o lábio inferior, falando com humildade. Ela realmente reconhecia seu erro! Quis usar o casamento para se vingar da família Costa, mas esqueceu que Ademir não era alguém com quem ela pudesse brincar. Foi pura imprudência dela!— Eu imploro, não deixe que me demitam, este trabalho é muito importante para mim!Ela estava no último ano da faculdade, ainda estagiando, e como estagiária não recebia salário. Dependia totalmente desse emprego de meio período para sobreviver. Os olhos de Karina estavam enevoados, parecendo que iria chorar a qualquer momento, ela suplicou:
Sem o trabalho de meio período, Karina teve que viver de maneira humilde e precisava encontrar outro emprego o mais rápido possível. No entanto, como ela esperava, devido ao seu estágio já ser muito ocupado e não ter tempo livre, encontrar um trabalho de meio período não estava sendo fácil.Durante uma semana inteira, Karina passou todos os dias procurando trabalho, comendo apenas alguns pedaços de pão quando estava com fome, o que a deixou visivelmente mais magra.Hoje não foi diferente. Karina terminou seu turno noturno e planejava continuar procurando emprego.— Karina.Helena, que também era estagiária, deu um tapinha no ombro dela:— O Sr. Antônio te chamou no escritório dele.Karina ficou surpresa:— Você sabe por que ele quer falar comigo?— Não sei. — Helena balançou a cabeça. — Vou coletar sangue agora. Vá rápido.— Certo.Karina franziu a testa, sentindo que essa situação lhe era estranhamente familiar. Sem perder tempo, se dirigiu ao escritório de Antônio.Antônio era o che
Karina entrou no quarto do hospital e se sentou ao lado da cama. Otávio, sorrindo, perguntou a ela:— Karina, você está preparada? Já arrumou suas malas?Preparar o quê? Arrumar malas?Karina ficou confusa e não soube o que responder. Otávio percebeu imediatamente a estranheza:— Como assim, Ademir não te contou? Esse garoto! Eu sabia, ele me enrolou!Acontece que um velho amigo de Otávio estava prestes a comemorar seu aniversário. Como o senhor não podia ir pessoalmente, pediu que Ademir levasse Karina junto para representá-lo. O velho senhor, com sua sabedoria, tinha boas intenções; ele sabia que havia problemas entre os dois jovens e queria, de alguma forma, aproximá-los.— Karina, me escute. — Otávio estava preocupado com o casamento dos dois. — O Ademir não gosta de ser controlado, mas vocês já estão casados e precisam cultivar esse relacionamento, viver bem juntos, não é?— Sim. — Karina não tinha como contestar, apenas concordou.— Boa menina. — Otávio sorriu aliviado. — Karin
— Solte ela.Ademir pronunciou cada palavra devagar e calmamente, mas Júlio sentiu uma onda inexplicável de inquietação em seu coração.— Sim, mano. — Júlio se apressou a soltar Karina.Mesmo depois de todo esse tumulto, Karina não acordou.Ademir franziu a testa. “Será que ela está com algum problema de saúde? Foi o avô que a mandou aqui, e se ela voltar e reclamar com ele, quem vai se dar mal sou eu. Que incômodo!”Com o rosto sério, Ademir se inclinou, pegou Karina nos braços e a levou para dentro do quarto, colocando ela na cama.Enquanto a movia, o vestido dela subiu acima dos joelhos, revelando dois hematomas nos joelhos.“O que é isso?”Ademir ficou surpreso. Então, foi por isso que ela estava reclamando de dor na noite passada? Mas como ela conseguiu isso?Aninhada no peito quente de Ademir, Karina relutava em se soltar, abraçando o pescoço dele e murmurando:— Nuvem...Ademir ficou surpreso. “Nuvem? Isso é um nome? Parece o nome de uma garota. Por que Karina estaria chamando o