Capítulo 4
Karina entendeu, mas casamento não era algo trivial, e ela hesitou, balançando a cabeça.

— Não é necessário, né? Tente convencer o Sr. Otávio...

Antes de terminar a frase, foi interrompida.

Ademir, com a expressão inalterada e o tom de voz tranquilo, disse:

— Como condição, vou te compensar financeiramente.

Compensação financeira? Karina ficou surpresa e não conseguiu recusar. Seu irmão ainda estava esperando pelo dinheiro do tratamento. Ela tinha procurado a família Barbosa exatamente por causa do dinheiro.

Percebendo sua hesitação, Ademir acrescentou:

— Basta você concordar, e quanto você precisar, eu darei.

Karina ficou em silêncio por alguns segundos, depois assentiu:

— Está bem, eu concordo.

Ademir baixou os olhos, escondendo a frieza e o desprezo.

“Uma mulher que vende seu casamento por dinheiro é realmente barata. Tudo bem, assim será fácil se divorciar depois.”

— Vou preparar o contrato. Amanhã de manhã, leve seus documentos e nos encontraremos no cartório!

— Certo.

Na manhã seguinte, Karina esperava na porta do cartório. Ela não tinha dormido bem na noite anterior, a mente estava confusa até a chegada de Ademir. Ele se aproximou devagar, e Karina tentou sorrir:

— Ademir.

Ademir não olhou para ela, entrando diretamente:

— Venha logo!

— Ah, estou indo.

Logo terminaram os procedimentos, e Karina segurava seu certificado de casamento com sentimentos misturados. Para sobreviver, primeiro vendeu seu corpo, agora se casou por dinheiro...

Havia dois carros estacionados na porta. Ademir apontou para o de trás:

— Entre, o motorista vai te levar para sua nova casa.

Ademir foi para o carro da frente.

— Cunhada. —Júlio se aproximou de Karina e entregou-lhe um cartão. — Meu irmão mandou para você.

O dinheiro veio tão rápido que Karina não recusou. Segurando o cartão, ela agradeceu sinceramente a Ademir:

— Obrigada.

Ademir a ignorou, era apenas um negócio, ele não precisava de agradecimentos.

— Júlio, ela não merece ser sua cunhada! Vamos.

Karina, no entanto, não foi com o motorista. Após conseguir o endereço, mandou o motorista ir sozinho. Ela foi para a Casa de Repouso Castle Peak, uma instituição especializada no tratamento de autismo.

Ademir ordenou a Júlio:

— Vá até Vitória primeiro e diga a ela que o casamento foi cancelado. Acalme ela, e satisfaça todos os desejos dela.

— Certo, irmão.

O celular de Ademir vibrou, era uma mensagem de consumo: “Seu cartão de crédito foi utilizado para uma despesa de 200 mil reais.”

“Essa mulher mal pegou o cartão e já gastou essa fortuna!”

...

Saindo do Casa de Repouso Castle Peak, Karina guardou a fatura no seu caderno de contas.

Ela anotou: [XX ano X mês X dia, dívida de 200 mil reais com Ademir.]

Ela nunca planejou ficar com o dinheiro dele. No momento, não tinha condições de pagar, mas sabia que devolveria tudo no futuro.

Com essa preocupação resolvida, Karina suspirou aliviada.

Depois de dois dias de tensão, seu corpo relaxou subitamente, as pernas fraquejaram e ela quase não conseguia se manter de pé, sentindo suor frio nas costas e na testa.

Como médica estagiária, ela sabia qual era o problema com seu corpo.

Aquela noite de amor tinha sido intensa demais, e nos últimos dois dias, ela sentiu muita dor e ainda estava sangrando.

Ela não podia mais adiar e foi imediatamente ao hospital, marcando uma consulta na ginecologia.

...

Ademir estava em uma reunião quando recebeu a ligação de Júlio.

— Irmão! — Júlio disse, aflito. — Srta. Vitória teve um problema. Quando contei a ela sobre o cancelamento do casamento, ela desmaiou e agora está no hospital!

— Estou indo para aí!

No hospital, Eunice chorava alto:

— Oh, minha filha sofredora! Cancelar o casamento, é o mesmo que te matar?

— Mãe, não diga isso. Sr. Ademir já se casou com outra. — Vitória estava com os olhos cheios de lágrimas, parecendo extremamente triste. —Não tenho essa sorte. Sr. Ademir, obrigado por vir me ver.

Ademir detestava mulheres chorando, mas Vitória tinha sido sua primeira mulher.

Ele não teve escolha a não ser mostrar um pouco de paciência.

— Aconteceu de repente, casar-se com ela foi uma necessidade. Mas não temos sentimentos um pelo outro, o divórcio é inevitável. Eu prometo que o que te prometi não vai mudar, só preciso que você espere um pouco.

— Sério? — Eunice parou de chorar imediatamente. —Sr. Ademir, você não vai enganar a Vitória, vai?

Ademir não gostava de ser questionado, mesmo que fosse pela mãe de Vitória.

— Você está me questionando?

— Eu acredito! — Vitória segurou a manga de Ademir, soluçando. — Eu acredito em você.

Ao ouvir isso, a expressão de Ademir suavizou.

Sua garota estava sofrendo.

Tudo por causa de Karina, que fez Ademir perder a confiança de Vitória!

— Descanse bem e não pense em coisas ruins.

— Sim, vou seguir seus conselhos.

Depois de acalmar Vitória, Ademir se apressou para voltar à empresa.

Ao passar pelo saguão do hospital, avistou uma silhueta familiar.

“É a Karina? Ela não foi para a Mansão Mission Hills, o que está fazendo aqui?”

Ademir a seguiu.

Karina entrou em um consultório, e Ademir levantou os olhos para ver a placa: Ginecologia!

A expressão de Ademir se fechou e ele esperou do lado de fora.

Meia hora depois, Karina saiu pálida, se apoiando na parede, e se deparou com ele.

Karina ficou surpresa:

— O que você está fazendo aqui?

Ademir não respondeu e perguntou:

— O que você veio fazer aqui?

— Isso é assunto meu. — Karina desviou o olhar. — Você não precisa saber.

A porta do consultório de repente se abriu, e uma enfermeira, segurando um prontuário, chamou:

— Karina, você esqueceu seu prontuário!

— Ah, obrigada!

Karina estendeu a mão para pegar, mas Ademir foi mais rápido e agarrou o prontuário.

Karina, assustada, tentou pegá-lo de volta:

— Me devolva! Não leia!

— Eu vou ler sim!

Aproveitando sua vantagem de altura, Ademir abriu o prontuário, e Karina estava tão desesperada que quase chorou.

— Por que você está lendo isso? Você não tem o direito de olhar!

Mas Ademir já tinha visto.

Sua expressão estava sombria, e ele disse, incrédulo:

— Que tipo de ferimento vergonhoso é esse?

Karina fechou os olhos de vergonha, e seu rosto perdeu toda a cor.

A enfermeira não aguentou mais e disse:

— Você é o namorado dela e não sabe? Você realmente não a valoriza, só pensa no seu próprio prazer. Ela está com lacerações de terceiro grau e precisou de vários pontos. Trate sua namorada melhor. — Se virando, a enfermeira murmurou. — Sem experiência, não tente fazer movimentos difíceis.

Ademir se sentiu como se tivesse levado um golpe. Lacerações de terceiro grau, pontos? Movimentos difíceis?

Que situação intensa!

Ele tinha casado com uma mulher assim!

Recém-casados, e ela já tinha traído com outro homem!

Por causa dessa mulher, a sua própria mulher estava triste e magoada!

— Karina, chamar você de descarada é pouco! Você é vergonhosa! —Ademir a puxou e começou a andar.

A força de Ademir era tanta que Karina gemeu de dor:

— Para onde você está me levando?

— Para ver o avô! —Após o que aconteceu, Ademir não podia suportar nem mais um minuto. — Vou mostrar ao avô quem você realmente é! Uma mulher tão promíscua, ousa vir à família Barbosa e exigir cumprir o casamento?

Karina se sentiu ao mesmo tempo culpada e injustiçada.

Queria lembrar a Ademir que ela não tinha desejado o casamento; não foi ele quem quis isso?

Além disso, não era um casamento de conveniência? Sem envolvimento real, cada um vivendo sua vida, e logo se divorciariam.

Mas ela tinha uma dívida de gratidão com Ademir.

“Deixe estar, ele pode fazer o que quiser.”

Ao chegarem ao quarto do avô, Ademir abriu a porta e empurrou Karina para dentro.

— Vá, diga ao avô que tipo de mulher você é!
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