— Está frio lá fora, Catarino, entre logo no carro. — Está bem.Entraram no carro e seguiram em direção ao Hospital J. Na parte da manhã, o centro de exames estava mais cheio. Karina tinha um agendamento, e como era do próprio hospital, levou Catarino pela passagem destinada aos funcionários.Antes de entrarem, Karina deu instruções ao Ademir: — Você não precisa entrar, eu e a Cecília vamos dar conta. — Tudo bem. — Ademir assentiu. — Fico esperando lá fora.Ademir ainda fez um último aviso a Cecília: — Se precisar de algo, me avise. — Pode deixar, Sr. Ademir.Dentro do saguão, estava um alvoroço. O barulho era tão grande que Ademir sentiu uma dor de cabeça. Se não fosse por Karina, ele não estaria ali, passando por aquela tortura. — Ademir. — Era Vitória.Ademir olhou para cima e viu Vitória sendo empurrada em uma cadeira de rodas pelos profissionais de saúde. Ele não conseguiu evitar franzir a testa: — O que você está fazendo aqui? Karina tinha pedido para que el
— O quê? — Karina o olhou com estranheza. — Isso não é algo que você faz por acaso? Afinal, você vai ver a Vitória todo dia.Ela ainda estava perguntando a Karina o porquê? Ademir imediatamente sentiu uma sensação de sufocamento.Sim, ele via a Vitória todos os dias. No entanto, Ademir não gostava nada de como Karina havia dito aquilo! Ao dizer dessa forma, Karina parecia querer colocá-lo do lado da família Costa, como se ele não tivesse mais nenhuma ligação com ela. Mas, afinal, eles eram casados, mais próximos do que qualquer outra coisa. Ele sentia que Karina estava com uma percepção errada, ela parecia ter algum tipo de mal-entendido sobre ele.— Karina, eu e a Vitória...Assim que ouviu o nome de Vitória, Karina não pôde evitar franzir a testa, sentindo um desconforto físico.— Eu preciso ir ao banheiro. — Karina estava com a barriga cada vez maior e muitas vezes não conseguia segurar a vontade de ir ao banheiro. Ela entregou a mochila para Cecília. — Por favor, me ajuda a se
O exame médico exigia jejum.Ainda não eram nem oito horas, nem sequer oito e meia.Com medo de que Karina encontrasse uma desculpa para recusar, ele teve que se esforçar para agradar o Catarino:— O que você quer comer, Catarino? Eu te levo para comer.Catarino olhou discretamente para Karina e sorriu:— Hambúrguer! Frango frito!Ademir e Karina ficaram em silêncio.Embora Catarino fosse um prodígio, ele ainda era uma criança.Karina foi firme em sua recusa:— Não! Você precisa comer algo saudável!Catarino, muito inteligente, não quis discutir com a irmã e, com um olhar de pena, olhou para Ademir.Ademir conseguiria recusar? Ele ainda precisava de Catarino.— Não se preocupe, eu sei o que fazer.No final, foram até o Cozyroom.Ademir não pediu o cardápio, e claro, no cardápio não havia essas opções.Ele fez o pedido diretamente, pedindo para o chef preparar algo na hora.A cozinha era comandada por mestres, e fazer um hambúrguer ou frango frito era algo simples para eles.Quando a co
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!
Karina se apressou para voltar para casa.Um homem de meia-idade, gordo e com a cabeça semi-careca, estava sentado no sofá da sala, olhando furioso para Vitória.— Uma estrela em ascensão, eu prometi que me casaria com você! Como ousa me enganar e me deixar esperando a noite toda?Vitória aguentava a humilhação. Nem se falava que Francisco usava essa desculpa todas as vezes para se aproveitar das mulheres. Mesmo que ele estivesse realmente disposto a se casar com Vitória, isso seria uma armadilha! Quem se atreveria a se casar com ele?Vitória teve o azar de ser notada por ele.Mas seus pais, preocupados com ela, fizeram Karina substituir Vitória.Só que não esperavam que Karina fugisse na última hora!Eunice falou cuidadosamente:— Sr. Francisco, sinto muito, a menina não entende as coisas, por favor, perdoe ela.Lucas falou timidamente:— Por favor, não fique zangado.— Não ficar zangado? — Francisco disse muito irritado. — Impossível! Já que Srta. Vitória não está disposta, eu não a
— Sr. Ademir. — Francisco de repente parou de andar. No círculo comercial, todos que tinham algum status conheciam Ademir. — O que o senhor está fazendo aqui?Ademir nem olhou para ele, com os olhos fixos em Vitória, que não parava de chorar.Essa mulher era a garota que na noite passada chorava delicadamente em seus braços...De repente, ele levantou a mão e deu um tapa forte em Francisco, jogando-o no chão!Francisco imediatamente cuspiu um dente, ainda coberto de sangue.A família de Vitória estava tão assustada que nem ousava respirar.Os lábios finos de Ademir se curvaram em um sorriso sarcástico. Sua voz, indiferente, era como uma lâmina fina e afiada:— Você ousa tocar na minha pessoa?!Francisco, caído no chão, cobria a boca, falando tremulamente:— Sr. Ademir, eu não sabia que ela era sua pessoa, eu não a toquei, juro! Por favor, me perdoe!Ademir não acreditou em suas palavras e olhou para Vitória.— É verdade?Vitória balançou a cabeça, atordoada:— Não, não é...— Saia daqu
Karina entendeu, mas casamento não era algo trivial, e ela hesitou, balançando a cabeça.— Não é necessário, né? Tente convencer o Sr. Otávio...Antes de terminar a frase, foi interrompida.Ademir, com a expressão inalterada e o tom de voz tranquilo, disse:— Como condição, vou te compensar financeiramente.Compensação financeira? Karina ficou surpresa e não conseguiu recusar. Seu irmão ainda estava esperando pelo dinheiro do tratamento. Ela tinha procurado a família Barbosa exatamente por causa do dinheiro.Percebendo sua hesitação, Ademir acrescentou:— Basta você concordar, e quanto você precisar, eu darei.Karina ficou em silêncio por alguns segundos, depois assentiu:— Está bem, eu concordo.Ademir baixou os olhos, escondendo a frieza e o desprezo.“Uma mulher que vende seu casamento por dinheiro é realmente barata. Tudo bem, assim será fácil se divorciar depois.”— Vou preparar o contrato. Amanhã de manhã, leve seus documentos e nos encontraremos no cartório!— Certo.Na manhã se
Karina entrou cambaleando no quarto do hospital, quase perdendo o equilíbrio. O médico havia acabado de examinar Otávio e, ao ver Ademir, disse:— Sr. Ademir, o senhor chegou. O Sr. Otávio está temporariamente fora de perigo, apenas bastante fraco. Ele precisa cuidar bem da saúde, prestar atenção à alimentação e ao descanso. O mais importante é manter o bom humor e não sofrer choques emocionais.Terminando de falar, o médico saiu.Otávio estava meio deitado e acenou com a mão.— Ademir, Karina, vocês tiraram a certidão de casamento hoje. Não disse ao Ademir para aproveitarem a lua de mel e não virem me ver?— Sr. Otávio. — Karina estava um pouco nervosa. — Desculpe...Otávio ficou confuso:— Ainda me chama de Sr. Otávio? Por que está se desculpando comigo?— Eu...Com um aperto no pulso, Ademir interrompeu suas palavras:— Karina quer dizer que, com o senhor ainda no hospital, não temos cabeça para aproveitar a lua de mel. Por isso, tivemos que desobedecer a sua vontade.Karina ficou