Capítulo 3
— Sr. Ademir. — Francisco de repente parou de andar. No círculo comercial, todos que tinham algum status conheciam Ademir. — O que o senhor está fazendo aqui?

Ademir nem olhou para ele, com os olhos fixos em Vitória, que não parava de chorar.

Essa mulher era a garota que na noite passada chorava delicadamente em seus braços...

De repente, ele levantou a mão e deu um tapa forte em Francisco, jogando-o no chão!

Francisco imediatamente cuspiu um dente, ainda coberto de sangue.

A família de Vitória estava tão assustada que nem ousava respirar.

Os lábios finos de Ademir se curvaram em um sorriso sarcástico. Sua voz, indiferente, era como uma lâmina fina e afiada:

— Você ousa tocar na minha pessoa?!

Francisco, caído no chão, cobria a boca, falando tremulamente:

— Sr. Ademir, eu não sabia que ela era sua pessoa, eu não a toquei, juro! Por favor, me perdoe!

Ademir não acreditou em suas palavras e olhou para Vitória.

— É verdade?

Vitória balançou a cabeça, atordoada:

— Não, não é...

— Saia daqui!

— Muito obrigado, Sr. Ademir! — Francisco saiu correndo, tropeçando no próprio pé.

A família Costa estava perplexa, olhando uns para os outros.

Ademir se abaixou e ajudou Vitória a se levantar.

Com os dedos, ele suavemente acariciou sua bochecha, enxugando suas lágrimas.

— Por que está chorando? Não tenha medo, enquanto eu estiver aqui, ninguém vai ousar te machucar.

A voz de Ademir era levemente rouca e extremamente agradável.

Vitória corou sem perceber:

— O senhor me conhece?

— Na noite passada... — Ao mencionar a noite passada, Ademir suavizou o tom. — Quarto 7203 do Hotel Dynasty, eu e você, entende?

A noite passada?

Hotel Dynasty?

Ela e ele?

A família inteira ficou sem palavras, chocada.

Os três, entendendo a situação, pensaram na mesma coisa.

Karina não mentiu, ela realmente foi ao hotel na noite passada, só que de alguma forma acabou na cama desse homem importante!

E ele parecia não ter visto o rosto de Karina claramente.

Ele achava que a pessoa da noite passada era Vitória!

Vitória segurou o peito:

— Com licença, quem é o senhor?

Ademir abriu os lábios finos e disse:

— Ademir Barbosa.

Na Cidade J, quem não conhecia esse nome?

O presidente do Grupo Barbosa, um dos homens mais poderosos da Cidade J, conhecido por sua discrição e por nunca aparecer na mídia. Ninguém imaginava que ele fosse tão jovem e tão bonito.

O rosto de Vitória ficou ainda mais vermelho e seu coração começou a bater aceleradamente. Esta era a oportunidade dela!

Já que Ademir a confundiu com a mulher da noite passada, então Vitória assumiria esse papel.

Vitória assentiu com a cabeça:

— Ontem à noite, entrei no quarto errado... O senhor veio aqui hoje para fazer o quê?

Ademir fixou o olhar em seu rosto, tentando recuperar alguma lembrança da noite anterior. Infelizmente, não conseguiu se lembrar de nada. Mas isso era um detalhe irrelevante para ele.

— Você já é minha, e coincidentemente, eu preciso de uma esposa. Vamos nos casar.

Casar-se!

Os três ficaram atordoados com a imensa surpresa, tão felizes que não conseguiram falar.

Sem receber resposta, Ademir ergueu uma sobrancelha:

— Por que não respondem? Não quer?

— Quero! — Vitória voltou a si e baixou a cabeça, tímida. — Eu quero.

Ademir ficou satisfeito:

— Cuidarei dos preparativos do casamento. Você só precisa esperar, e se tornar minha noiva.

— Farei tudo o que você mandar. — A voz de Vitória era suave, revelando seu bom humor.

Não era só ela, Lucas e Eunice também estavam imersos em uma enorme alegria. Vitória se casaria com Ademir, e um futuro de imensa riqueza aguardava todos eles!

...

Na mansão da família Barbosa.

Otávio colocou a Colar de pedras preciosas de volta na caixa e a empurrou em direção a Karina:

— Guarde ela bem, originalmente era sua.

— Sim, Sr. Otávio.

— Ainda me chama de Sr. Otávio? — Otávio suspirou. — Anos atrás, sua mãe salvou minha vida. Eu dei esta Colar de pedras preciosas a ela e prometi seu casamento com Ademir. Esses anos todos, perdemos o contato. Não sabia que sua mãe já havia falecido. Felizmente, você nos encontrou. Já cresceu tanto, está na hora de se casar. Não vai me chamar de avô?

Karina não conseguia chamar.

Antes de morrer, sua mãe contou sobre o casamento prometido, mas também disse para não levar a sério. Não deveria usar a gratidão como moeda de troca.

Ela veio hoje não por causa do casamento, mas para pedir dinheiro emprestado para pagar o tratamento do irmão. Sua mãe salvou a vida de Otávio, então ele emprestaria o dinheiro, certo? Ela iria devolver.

Se não estivesse desesperada, nem teria pensado em pedir dinheiro à família Barbosa.

Karina hesitou antes de falar:

— Sr. Otávio, eu vim hoje...

Houve um som de passos se aproximando.

Otávio exclamou:

— Ademir voltou!

Quem chegava era realmente Ademir.

Cumprindo sua promessa ao avô, ele não ficou muito tempo com a família Costa. Assim que mencionou o casamento, voltou para a Mansão dos Barbosa.

Ele queria contar essa boa notícia ao avô, para deixá-lo feliz.

Ademir entrou com suas longas pernas, a luz destacando seu rosto elegante e encantador, demonstrando uma excelente disposição.

Enquanto caminhava, Ademir falou:

— Avô, voltei para jantar com você...

De repente, Ademir parou.

Ele viu Karina.

Uma jovem alta e esbelta, de pele clara e delicada, com traços faciais impecáveis.

Otávio, contente, segurou o neto e disse:

— Ademir, esta é sua noiva Karina. Se prepare para recebê-la em casa.

— Olá. — Karina se levantou timidamente e acenou para Ademir.

Ademir franziu a testa, e seu bom humor desapareceu instantaneamente.

“Ela é a noiva que meu avô mencionou, que estava desaparecida há tanto tempo?”

Se Karina tivesse chegado dois dias antes, ele poderia tê-la aceitado por causa de seu avô.

Mas agora, ele tinha Vitória. Ele foi o responsável por transformar Vitória de uma menina em uma mulher, e havia prometido casamento a ela.

Ele não a abandonaria.

Para ele, não havia espaço para mais ninguém.

Ademir lançou um olhar frio para Karina e recusou:

— Avô, eu não posso me casar com ela.

— O que você disse? — Otávio ficou surpreso.

— Avô, eu já tenho uma garota que quero casar...

— Besteira! — Otávio o interrompeu, sem entender como seu neto, sempre obediente, poderia desafiá-lo assim. — Que absurdo!

Ademir falou com um tom mais sério:

— Não estou mentindo. Eu não vou me casar com ela.

O olhar de Ademir pousou em Karina, frio como gelo:

— Você realmente acreditou nisso?

— Se cale! Você quer me matar de raiva! — Otávio segurou o peito, respirando com dificuldade. — Desde pequeno eu te ensinei a ser grato e a manter sua palavra! Você quer que eu seja visto como um mentiroso! Ah...

De repente, Otávio fechou os olhos e seu corpo deslizou da cadeira, caindo no chão.

— Avô!

— Sr. Otávio!

Imediatamente, Otávio foi levado de emergência ao hospital. Após a reanimação, ele foi transferido para o quarto.

Depois de se certificar de que o avô estava bem, Ademir encontrou Karina no hall do hospital.

Karina estava parada, se sentindo inquieta e culpada:

— O Sr. Otávio está bem?

— Sim. — Ademir respondeu com uma expressão sombria.

— Que bom. — Sabendo que ele estava irritado com ela, Karina continuou. — Por favor, diga ao Sr. Otávio que eu não vim por causa do noivado.

Karina não imaginava que Otávio ficaria tão chateado a ponto de adoecer por causa do noivado. Diante disso, ela não tinha coragem de pedir o empréstimo de dinheiro.

— Já que o Sr. Otávio está bem, eu...

Ela foi interrompida pelo olhar gelado e sombrio de Ademir:

— Agora não depende mais de você. Você acha que não tem que se responsabilizar pelo que causou?

Se não fosse por ela, seu avô não teria adoecido.

Seu avô sempre valorizou a lealdade e a honra mais do que a própria vida. Ademir não podia brincar com a vida do avô.

Com um sorriso frio, Ademir continuou:

— Você quer que eu seja lembrado como o neto ingrato que matou o avô de raiva? Este casamento deve acontecer.

Karina ficou paralisada, instintivamente querendo recusar, mas as palavras não saíram. Ela sabia que tinha sua parcela de culpa na doença de Otávio. Se ela não tivesse vindo à Mansão dos Barbosa...

Ademir olhou para ela com desprezo e disse friamente:

— Vamos fazer um acordo. Um casamento de fachada, apenas para acalmar o avô. Sem envolvimento real. Quando ele se recuperar, nos divorciamos.

Então era isso.
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