Capítulo 6
Dentro do quarto.

Catarino estava sentado em uma cadeira, vestindo roupas de paciente, mas agora estava coberto de sopa. Não só isso, até o cabelo dele estava sujo, com comida grudada e pendurada em sua cabeça, tornando impossível ver claramente seus traços faciais.

Uma mulher de meia-idade segurava uma colher de sopa, forçando-a em sua boca.

— Coma! Rápido, coma! Inútil, nem sabe abrir a boca! Você é pior que um porco ou um cachorro! Ah...

De repente, o cabelo da mulher foi puxado para trás com força, fazendo ela gritar de dor como um porco sendo abatido, e ela começou a xingar furiosamente:

— Droga, quem é você? Solte o cabelo da sua mãe!

— Mãe? — Karina tinha os olhos vermelhos de raiva, todo o seu corpo emanava uma aura assassina. — Mãe de quem? Seu cachorro desgraçado! Como ousa maltratar uma criança? Você acha que a família dele está morta?

Enquanto falava, Karina apertava ainda mais o cabelo da mulher, que sentia como se seu couro cabeludo fosse arrancado.

— Está doendo! Solta! — A mulher, que era corajosa apenas com os fracos, tremia e implorava por misericórdia. — Eu não me atrevo mais, não me atrevo mais!

Karina soltou a mulher, jogando-a no chão.

Sem hesitar, pegou a tigela de comida, encheu uma colher e forçou ela na boca da mulher.

— Você não gosta de alimentar as pessoas assim? Então coma logo!

— Ah!

A colher de metal quase cortou a boca da mulher.

Sem poder falar, a mulher fazia gestos implorando por perdão.

Karina não a deixaria escapar tão facilmente.

Um estalo ressoou!

Karina deu um tapa na mulher:

— Foi assim que você bateu no meu irmão? Se divertiu? Não se preocupe, eu vou devolver cada golpe!

Mais uma série de estalos ecoou.

A mulher estava prostrada no chão, sem fôlego, quando Karina a levantou de novo.

— Vamos, vamos ver o seu chefe!

— Não, por favor! — A mulher, com o rosto inchado, suplicava. — Menina, me perdoe desta vez! Eu não queria fazer isso, me pagaram para agir assim!

Karina ficou confusa, estreitando os olhos:

— Quem?

— Foi... A Eunice.

Era ela! Karina sentiu como se seu sangue fosse congelar.

Porque ela fugiu, se recusando a vender seu corpo, a vingança de Eunice veio rapidamente! Mas se queriam se vingar, que viessem direto para ela. Por que atormentar Catarino? Ele tinha apenas catorze anos e ainda era autista!

— Fora daqui!

A mulher saiu correndo, quase se arrastando pelo chão.

Com o quarto em completo caos, Karina limpou tudo e estendeu a mão para Catarino.

— Catarino, vamos com a irmã se limpar, está bem?

Como sempre, Catarino não respondeu.

Karina já estava acostumada e pegou sua mão. Então, Catarino segurou sua mão.

— Catarino! — Karina exclamou, feliz. — Você pegou a mão da irmã? Você reconhece sua irmã?

No entanto, Catarino não reagiu mais.

Mesmo assim, Karina estava muito feliz. Depois de tantos anos, seu irmão finalmente mostrou alguma reação! Mesmo que fosse uma reação mínima.

Isso indicava que o tratamento estava funcionando!

Levando Catarino ao banheiro, Karina percebeu que, além da comida e sopa derramadas, as calças de Catarino estavam molhadas de urina! Aquela mulher só o observava friamente, sem se importar em trocar suas roupas!

— Catarino, a culpa é da irmã.

Segurando as lágrimas, Karina deu um banho nele e trocou suas roupas. O jovem revelou sua aparência limpa e bonita.

Ele se sentou quietamente enquanto Karina trazia mais comida para alimentá-lo.

O jovem abriu a boca obedientemente, segurando a roupa da irmã de forma instintiva.

Catarino estava assustado, incapaz de se expressar em palavras, só conseguia demonstrar seu medo assim.

Karina quase chorou, murmurando:

— Catarino, não tenha medo, a irmã vai proteger você.

Antes de sair do Asilo Castelo Verde, Karina denunciou aquela mulher. Pessoas como ela, que aceitavam dinheiro para prejudicar os outros, só trariam sofrimento a outros pacientes.

Em seguida, Karina pegou um carro e foi para a Mansão da Família Costa.

Eunice estava maltratando seu irmão e ela não podia deixar isso barato!

...

A noite caiu.

Ademir estava dirigindo, a caminho da Mansão da família Costa, quando recebeu a ligação de Vitória.

— Ademir, onde você está?

Ademir respondeu:

— Estou preso no trânsito, talvez me atrase um pouco.

— Eu estou esperando pacientemente, não se preocupe, a segurança é o mais importante.

— Está bem.

...

— Srta. Karina, você voltou...

O empregado abriu a porta, mas Karina parecia não ouvir e entrou direto.

Ela foi até a cozinha, pegou uma jarra de água e voltou para a sala de estar.

No topo da escada, Eunice e Vitória desciam de braços dados, conversando e rindo.

Karina sorriu friamente e subiu rapidamente.

— Karina. — Eunice ficou surpresa. — Você ainda tem a ousadia de voltar? Ah...

Um grito de surpresa!

Karina tinha levantado a jarra e jogado a água nelas.

Vitória gritou:

— Ah! Karina, você enlouqueceu?

Karina olhava para elas com fúria, tremendo de raiva incontrolável:

— Eu, louca? Isso é só água! Vocês subornaram a enfermeira para jogar comida quente no Catarino! E o deixaram encharcado de urina, sujo e fedido!

— Mãe...

Eunice afastou Vitória:

— Não se preocupe com isso, o tempo está acabando, vá trocar de roupa!

— Oh, está bem.

Vitória parecia ter um compromisso importante e subiu rapidamente.

Restava apenas Eunice para lidar com Karina, com uma expressão feroz, Eunice disse:

— Sim! Eu subornei a enfermeira para maltratar seu irmão idiota! Você teve a audácia de fugir e não dormir com o Sr. Francisco, causando um grande problema, e não pensou que isso cairia sobre seu irmão?

Ela já sabia pela enfermeira que Karina havia pagado pelo tratamento de Catarino.

Eunice olhou para Karina com desprezo:

— Você conseguiu dinheiro? Como? Me deixe adivinhar, vendendo seu corpo! De qualquer forma, você está vendendo seu corpo e não ajuda sua família! Sua vadia, você não tem vergonha?

Karina, tomada pela fúria, riu ironicamente e levantou a mão, dando um tapa violento em Eunice.

— Essa boca que não sabe falar como gente, é melhor não a ter!

— Ah? — Eunice exclamou, incrédula e enfurecida. — Sua pequena vadia, como ousa me bater?

Eunice imediatamente pulou e tentou bater em Karina.

Em um instante, as duas se engalfinharam. Mas rapidamente, Karina conseguiu imobilizar Eunice, segurando-a sob seu corpo.

Karina levantou as duas mãos e começou a bater, sem dar chance para Eunice se defender.

— Eunice, você acha que ainda sou uma criança? Que pode me bater e me insultar à vontade?

Nos últimos quinze anos, Karina realmente não ousava resistir.

Primeiro, porque era muito pequena, e segundo, por causa do seu irmão.

Agora, Karina não precisava mais suportar isso!

Com os olhos cheios de fúria, Karina gritou:

— Eu cresci! E você, envelheceu! Se você ousar machucar o Catarino de novo, uma vez sequer, eu vou te bater do mesmo jeito que você o bate!

— Ahhh... — Eunice chorava e gritava. — Socorro!

Vendo os empregados escondidos em um canto, ela ordenou:

— O que vocês estão esperando? Chamem a polícia! Vai acabar em morte! Está acontecendo um assassinato!

— O que está acontecendo aqui?

Antes que os empregados pudessem ligar, Lucas voltou. Ele correu rapidamente e puxou Karina, jogando-a ao chão.

— Karina! Todo o seu estudo foi em vão? Eunice é sua parente mais velha! Como ousa levantar a mão contra ela?

Eunice riu loucamente:

— Matem essa pequena vadia!

— Você que tente! — Karina encarou Lucas, os olhos cheios de ódio. — Você, traidor, sustentando amante, pai negligente, vendendo a filha por status! E você, amante usurpadora, maltratando crianças! Nenhum de vocês terá um final feliz! Vocês terão o que merecem! Não é que a justiça tarda, ela apenas chega no momento certo!

Com os olhos cheios de lágrimas, Karina se virou e correu para fora.

Ao sair pelos portões da Mansão da família Costa, um carro preto de luxo passou por Karina.

Ela deu alguns passos, e de repente olhou para trás. “Aquele carro que acabou de passar... por que me parece tão familiar? Acho que o vi recentemente em algum lugar.”
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