— Ademir! — Tá bom, eu já entendi. — Ademir suspirou, se rendendo sem escolha. — Espero você tomar banho e deitar, depois eu vou embora. O banheiro é escorregadio demais, prefiro ficar aqui para garantir. Que consideração, hein! Karina, irritada, jogou os cabelos para trás e entrou no quarto. Pouco tempo depois, ao sair do banho, viu Ademir já esperando com uma toalha seca nas mãos. Antes que ela pudesse explodir, ele se adiantou: — Só vou te ajudar a secar o cabelo e depois eu vou. Você cansa os braços se ficar levantando por muito tempo. Karina lançou um olhar frio para ele. — Sabia que você parece um chiclete? Por mais que tentasse se livrar dele, não conseguia. — Pois é. — Ademir não se ofendeu nem um pouco, pelo contrário, sorriu satisfeito. — Gosto desse tipo de elogio. Karina ficou sem palavras. Ela estava elogiando Ademir? — Vem cá, deixa eu secar seu cabelo. Assim você dorme mais confortável. Karina desistiu de responder. Apenas fechou os olhos e de
O homem era muito alto e magro, mas do tipo forte e bem definido. Por causa de Ademir, Karina supôs que ele deveria praticar exercícios físicos há muitos anos. Seu rosto tinha traços um pouco estrangeiros, com feições marcantes, especialmente os olhos grandes e expressivos. Talvez também vivesse bem, pois sua pele parecia muito bem cuidada, sem rugas aparentes. No entanto, pela aura que emanava, não era difícil perceber que ele já havia chegado à meia-idade. Karina ficou ouvindo por um momento e percebeu que ele falava em francês o tempo todo. — Bonjour. — Karina tentou se comunicar em francês. — Com licença, precisa de alguma coisa? O homem ficou surpreso, mas logo demonstrou grande alegria: — Você fala francês? — Um pouco. — Karina sorriu e assentiu. É claro que essa era apenas uma resposta modesta. No passado, ela chegou a se sustentar trabalhando como tradutora. — Que ótimo. — O homem apontou para cima e fez um gesto com a mão. — Eu gostaria de... — Certo. — K
— Obrigado. O garçom se aproximou para anotar os pedidos. — Deixe-me ver. — Lucas pegou o menu e escolheu vários pratos de acordo com o gosto de Karina. — Isso é suficiente? — Sim, é o bastante. — Tudo bem, se não for, pedimos mais. O fato de a filha ter tomado a iniciativa de chamá-lo para jantar o deixou surpreso e emocionado. Lucas não parava de perguntar: — Como você está ultimamente? E o bebê? — Estou bem. — Karina respondeu de forma indiferente, sem querer se alongar no assunto. Ouvindo ele insistir nas perguntas, Karina começou a sentir uma leve impaciência. De repente, ela disse: — Sobre a doação de fígado, eu falarei com o Catarino. Ao ouvir isso, Lucas ficou completamente chocado, seus olhos se arregalaram. — O que você disse? Karina não repetiu, pois sabia que ele tinha escutado perfeitamente. Ela continuou: — Mas eu quero que você me prometa uma coisa. — Karina... Karina não ousou hesitar; temia que, se parasse, mudaria de ideia. Fitand
Ademir franziu levemente a testa, um traço de inquietação passando por seu olhar. — Você não gosta de flores? Karina soltou uma risada leve, sem responder. De repente, ela disse: — Hoje, encontrei o Lucas. O rosto de Ademir mudou sutilmente. Seu olhar ficou pesado ao encará-la. — Prometi a ele que falaria com o Catarino sobre a doação do fígado. — Karina de repente sorriu. — Aquelas palavras que você sugeriu naquele dia... Por mais duras que tenham sido, até que tinham algum sentido. — Karina, eu... — Ademir subitamente se sentiu irritado. — Deixe-me terminar. — Karina sorriu, pressionando os lábios. — Mas impus uma condição: ele não pode tratar o Catarino como filho. E isso eu preciso deixar claro para você também. Vocês, a sua família, devem manter isso em segredo. Dizendo isso, ela inclinou ligeiramente o corpo. Era um gesto de despedida: — Já terminei. Durante esse tempo, você passou por muita coisa, mas agora seu objetivo foi alcançado. Pode ir... O ambient
Se os exames não mostrassem nenhum problema, então Karina poderia falar com Catarino sobre a doação de fígado. Caso contrário, não haveria necessidade de mencionar o assunto. Hoje, Karina tinha ido ao centro de exames para agendar a consulta. O que ela não esperava era que, ao chegar lá, Lucas já estivesse esperando por ela. E não era só Lucas. Até Eunice e Vitória tinham vindo. Surpresa? Um pouco. Mas, no fundo, nem tanto. — Karina. — Assim que ela se aproximou, Lucas se levantou primeiro, seguido por Eunice. Vitória, por estar em uma cadeira de rodas, não pôde fazer o mesmo, mas, ainda assim, todos eles olhavam para Karina com uma espécie de esforço deliberado para agradá-la. Karina estava bem consciente da situação. Eles não estavam tentando agradá-la. Estavam tentando agradar ao fígado de Catarino. — Karina. — Eunice sorriu, mas de maneira pouco natural. — Obrigada. — Certo. — Karina assentiu, fria, mas ainda assim educada. Vitória também expressou sua gratidã
— Vocês... — Antes que Karina pudesse dizer qualquer coisa, Vitória já havia falado. Sua expressão era clara: estava ao mesmo tempo nervosa e cheia de expectativa. — Agora há pouco... Vocês estavam falando sobre o acordo de divórcio? — A emoção era tanta que parecia que ela não conseguia acreditar. Seu olhar ia de Ademir para Karina, repetidas vezes. — Vocês vão se divorciar? Karina a encarou e soltou uma risada baixa, assentindo. Confirmou sem hesitação: — Sim. — Isso... — Vitória sentiu uma alegria intensa dentro de si, mas tentou manter a expressão neutra. — Isso não pode ser verdade, certo? Vocês não se casaram por causa do avô? Ele aceitaria esse divórcio? Suas palavras eram uma lembrança direta para Karina: aquele casamento não tinha sido uma escolha de Ademir. Ele havia sido forçado! — Vitória! Não se meta nisso! — Ademir, claro, também percebeu a intenção por trás daquelas palavras. Seu olhar mudou imediatamente, refletindo pura irritação. Mas ele não podia pe
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!
Karina se apressou para voltar para casa.Um homem de meia-idade, gordo e com a cabeça semi-careca, estava sentado no sofá da sala, olhando furioso para Vitória.— Uma estrela em ascensão, eu prometi que me casaria com você! Como ousa me enganar e me deixar esperando a noite toda?Vitória aguentava a humilhação. Nem se falava que Francisco usava essa desculpa todas as vezes para se aproveitar das mulheres. Mesmo que ele estivesse realmente disposto a se casar com Vitória, isso seria uma armadilha! Quem se atreveria a se casar com ele?Vitória teve o azar de ser notada por ele.Mas seus pais, preocupados com ela, fizeram Karina substituir Vitória.Só que não esperavam que Karina fugisse na última hora!Eunice falou cuidadosamente:— Sr. Francisco, sinto muito, a menina não entende as coisas, por favor, perdoe ela.Lucas falou timidamente:— Por favor, não fique zangado.— Não ficar zangado? — Francisco disse muito irritado. — Impossível! Já que Srta. Vitória não está disposta, eu não a