A voz de Karina era baixa e suave enquanto ela dizia lentamente:— O Túlio foi a primeira pessoa de quem eu gostei. Ele tinha uma aparência boa e uma boa situação familiar, ele me amava, ele só me amava. E eu também o amava...— Chega, não diga mais nada! — Ademir falou com o rosto fechado, fechando os olhos com força. — Não tenho interesse na sua história de amor do passado! O que eu quero é o seu presente e o seu futuro!— Não se apresse, já estou quase terminando. — Karina ignorou a expressão de raiva dele e continuou falando. — Eu amava tanto o Túlio, e depois que nos separamos, fiquei muito machucada, quase acreditei que não conseguiria viver...Ao ver isso, os olhos de Ademir começaram a arder de raiva, e essa raiva parecia só crescer!Se fosse possível matar alguém sem consequências, ele já teria matado Túlio há muito tempo!Ademir sentia um ódio profundo, odiava o fato de Túlio ter sido o primeiro homem a encontrar Karina e a conquistar seu coração antes dele.Felizmente, Karin
Na manhã seguinte, Ademir apareceu novamente.Patrícia abriu a porta para ele:— Sr. Ademir.Ademir franziu ligeiramente a testa, não parecia muito surpreso.Ele olhou para dentro:— E a Karina, onde está?Patrícia apontou para o quarto:— Ela ainda está dormindo, não acordou ainda.Ademir acenou com a cabeça, demonstrando que entendia.Como sempre, ele entregou o café da manhã para Karina:— Não deixe a Karina dormir até tarde. Se o café esfriar, esquente antes de dar a ela, frio não tem o mesmo gosto, e dormir com o estômago vazio também não faz bem à saúde.— Entendido. — Patrícia pegou o café da manhã e, ainda assim, fez uma pergunta. — Sr. Ademir, o senhor quer entrar para sentar um pouco? Talvez a Karina acorde logo.— Não, obrigado. — Ademir deu um pequeno sorriso, balançando a cabeça. — Se eu entrar, a Karina não vai acordar.Karina a havia chamado de propósito, não apenas para quando Ademir viesse, mas também para usá-la como um obstáculo, para que não precisasse enfrentar Ade
— Está frio lá fora, Catarino, entre logo no carro. — Está bem.Entraram no carro e seguiram em direção ao Hospital J. Na parte da manhã, o centro de exames estava mais cheio. Karina tinha um agendamento, e como era do próprio hospital, levou Catarino pela passagem destinada aos funcionários.Antes de entrarem, Karina deu instruções ao Ademir: — Você não precisa entrar, eu e a Cecília vamos dar conta. — Tudo bem. — Ademir assentiu. — Fico esperando lá fora.Ademir ainda fez um último aviso a Cecília: — Se precisar de algo, me avise. — Pode deixar, Sr. Ademir.Dentro do saguão, estava um alvoroço. O barulho era tão grande que Ademir sentiu uma dor de cabeça. Se não fosse por Karina, ele não estaria ali, passando por aquela tortura. — Ademir. — Era Vitória.Ademir olhou para cima e viu Vitória sendo empurrada em uma cadeira de rodas pelos profissionais de saúde. Ele não conseguiu evitar franzir a testa: — O que você está fazendo aqui? Karina tinha pedido para que el
— O quê? — Karina o olhou com estranheza. — Isso não é algo que você faz por acaso? Afinal, você vai ver a Vitória todo dia.Ela ainda estava perguntando a Karina o porquê? Ademir imediatamente sentiu uma sensação de sufocamento.Sim, ele via a Vitória todos os dias. No entanto, Ademir não gostava nada de como Karina havia dito aquilo! Ao dizer dessa forma, Karina parecia querer colocá-lo do lado da família Costa, como se ele não tivesse mais nenhuma ligação com ela. Mas, afinal, eles eram casados, mais próximos do que qualquer outra coisa. Ele sentia que Karina estava com uma percepção errada, ela parecia ter algum tipo de mal-entendido sobre ele.— Karina, eu e a Vitória...Assim que ouviu o nome de Vitória, Karina não pôde evitar franzir a testa, sentindo um desconforto físico.— Eu preciso ir ao banheiro. — Karina estava com a barriga cada vez maior e muitas vezes não conseguia segurar a vontade de ir ao banheiro. Ela entregou a mochila para Cecília. — Por favor, me ajuda a se
O exame médico exigia jejum.Ainda não eram nem oito horas, nem sequer oito e meia.Com medo de que Karina encontrasse uma desculpa para recusar, ele teve que se esforçar para agradar o Catarino:— O que você quer comer, Catarino? Eu te levo para comer.Catarino olhou discretamente para Karina e sorriu:— Hambúrguer! Frango frito!Ademir e Karina ficaram em silêncio.Embora Catarino fosse um prodígio, ele ainda era uma criança.Karina foi firme em sua recusa:— Não! Você precisa comer algo saudável!Catarino, muito inteligente, não quis discutir com a irmã e, com um olhar de pena, olhou para Ademir.Ademir conseguiria recusar? Ele ainda precisava de Catarino.— Não se preocupe, eu sei o que fazer.No final, foram até o Cozyroom.Ademir não pediu o cardápio, e claro, no cardápio não havia essas opções.Ele fez o pedido diretamente, pedindo para o chef preparar algo na hora.A cozinha era comandada por mestres, e fazer um hambúrguer ou frango frito era algo simples para eles.Quando a co
O homem falou com razão, mas no rosto de Karina havia apenas um leve sorriso. Ela hesitou por um momento, parecendo não saber se deveria ou não falar.Ele percebeu e disse:— Fale logo!— Tudo bem. — Karina decidiu, sem mais rodeios, não esconder mais nada.Quanto a Vitória, Karina realmente não queria tocar no assunto. Pois, ao mencioná-la, parecia que Karina se importava demais, o que sempre dava a impressão de que havia algo de ciúmes no ar.Mas foi Ademir quem tocou no assunto primeiro.— Você provavelmente não entendeu o ponto. Desde o momento em que decidimos nos divorciar, se você ainda tem sentimentos pela Vitória ou se vocês continuam se enrolando, eu já não me importo mais com isso...Ademir, naquele instante, sentiu como se estivesse sem ar, e seu olhar se tornou sombrio.Mas Karina ainda não havia terminado:— Eu não entendo você. Você não disse que a amava? Se é assim, agora você tem a oportunidade de ficar com ela, está bem diante de você. Deveria aproveitar...— Eu não!
Ademir segurou o pulso do Sr. Levi com força e, entredentes, disse:— Solta!Ademir estava visivelmente irritado, enquanto o Sr. Levi não parecia nada confortável com a situação envolvendo Karina. Não soltou o pulso de imediato, demonstrando claramente que queria protegê-la.Com um português imperfeito, disse:— Quem é você? Não machuque ela.Infelizmente, Ademir não entendeu nada do que foi dito! Mas esse homem não estava disposto a soltar, ele já havia percebido tudo.— Não vai soltar, é? — Ademir sorriu friamente. — Então não me culpe por ser indelicado!Dizendo isso, levantou o punho direito, pronto para agredir.— Ademir! — Karina se assustou e, desesperada, puxou ele. — O que você está fazendo?O rosto de Ademir estava tomado de raiva.— Quem é ele? Por que veio te buscar?Ademir sabia muito bem que aquele dia era o dia do encontro de ex-colegas de Karina. Embora ela não tivesse contado nada a ele, Ademir compreendia que, dada a situação, Karina certamente não iria lhe contar. Ai
Ademir imediatamente percebeu que talvez tivesse se enganado novamente.Lançou um olhar para o Sr. Levi, que lhe sorriu educadamente e acenou com a cabeça.Ademir começou a observar o Sr. Levi com mais atenção.Quem era esse homem, afinal?Karina não parecia estar rodeada de pessoas assim... De onde ele teria surgido?A porta da sala de maré se abriu por dentro, e Karina saiu acompanhada de um colega.— Sr. Levi.O Sr. Levi se aproximou rapidamente.— Este é o Sr. Levi...— Olá.Eles estavam conversando em francês, e como Ademir não falava a língua, ele só conseguia entender algumas palavras.Conversaram por um tempo, e logo o Sr. Levi entrou na sala VIP com o colega, enquanto Karina não o acompanhou.Ademir entendeu o suficiente para perceber que Karina parecia ser uma espécie de assistente.Depois de concluir sua tarefa, ela se preparava para seguir para o pavilhão de concha.Ademir sabia que havia cometido um erro, então seguiu Karina em silêncio, esperando uma chance para se descul