A voz chegou antes da dona.— Lucas!O chamado agudo e cristalino se aproximava rapidamente.Logo depois, uma mulher de estatura baixa entrou correndo pela porta da frente.Os cabelos pretos e sedosos caíam naturalmente sobre os ombros.Os traços eram delicados, a pele, extremamente clara.À primeira vista, ela não chamava tanta atenção.Bonita? Sim. Mas nada de tirar o fôlego.Era essa a amante do Lucas?Será que ele tinha perdido completamente o senso estético?Comparar aquela mulher com Joana era quase ofensivo.Uma era uma mulher comum; a outra, herdeira de uma das famílias mais tradicionais da elite.Era como se Lucas fosse um porco do mato recusando arroz refinado!— Vani, o que você tá fazendo aqui, hein? Eu não te pedi pra ficar quietinha me esperando? — Disse Lucas, num tom de repreensão suave, quase carinhoso.O olhar dele... Era puro afeto.Lucas tinha cinquenta anos, mas, graças a anos de atividade física, mantinha o corpo forte e a postura jovem.Poderia facilmente passar
Joana respirou fundo e caminhou até Bruno.Fez um leve gesto com a cabeça, pedindo que ele recuasse.— Deixa comigo. Eu mesma resolvo.Sua voz era baixa, contida.Mas o cansaço em seu olhar era impossível de esconder.Nos últimos três dias, ela mal dormira quatro horas por noite.E mesmo quando adormecia, o coração disparava e ela acordava sobressaltada, como se tivesse caído num pesadelo sem fim.Agora, cada nervo do seu corpo estava em estado de alerta. E doía.Ela parou de frente para Lucas.Ele ainda segurava Vanessa em seus braços, protetor.E o sorriso que se formou nos lábios de Joana... Tinha algo de melancolia. Algo de derrota.— Lucas.Chamou o nome dele com uma calma que assustava.Antes que Lucas respondesse, Vanessa se adiantou, encolhendo o corpo timidamente:— Sra. Joana...Joana lançou um olhar frio na direção dela.— Eu te chamei?A sala inteira pareceu congelar por um instante.Vanessa empalideceu no ato.Não chegou a chorar, mas fez um biquinho, como quem se sentia i
Joana contava com o respaldo da família Mendes, ela era, por si só, o retrato da alta sociedade.Dinheiro?Nunca foi um problema.As palavras de Vanessa foram uma afronta direta. Uma ofensa sem perdão.Desde quando alguém já viu uma herdeira de verdade passar necessidade?Mesmo sem recorrer à fortuna da família ao longo dos anos, Joana havia conquistado mais dinheiro do que Lucas e por mérito próprio!Os dois a encaravam de olhos arregalados, sem acreditar no que ouviam. E, por um instante, como se fosse um milagre, o coração partido de Joana encontrou um breve alívio.A palma da sua mão ainda ardia, uma dor quente, cortante, que fazia cada nervo pulsar.Mas sua mente nunca estivera tão lúcida.A traição de Lucas, de repente, parecia menos difícil de aceitar.Ela também tinha orgulho.— Lucas, vou pedir pra advogado redigir o acordo de divórcio. Mas quero que você nunca se esqueça de uma coisa: quem traiu esse casamento foi você.Seu rosto pálido revelava o cansaço, mas os olhos... Os
O olhar de Juliana não desgrudava de Lucas.De repente, ela puxou discretamente a manga da pessoa ao seu lado, fazendo um gesto para que ele se aproximasse.— Você não acha o Lucas... Estranho? — Sussurrou.Bruno, que não era tão atento quanto Juliana, voltou a observar Lucas com mais cuidado.Ajeitou os óculos, os olhos por trás das lentes se estreitaram.— Agora que você falou... Ele está mesmo esquisito.Durante toda a confusão, Lucas olhava para Vanessa com um carinho profundo demais.Não importava o que ela dissesse ou fizesse, ele permanecia calmo, inabalável.Era como se estivesse completamente apaixonado por ela.Mas... Tão apaixonado assim?Juliana não acreditava nem por um segundo.Ela se aproximou de Joana, falou algo baixinho, depois puxou Bruno pela mão e os dois saíram da casa.Ao passar perto de Vanessa, os passos de Juliana desaceleraram.Vanessa, como se sentisse algo, estremeceu visivelmente.Então escutou Juliana dizer:— Tem certeza que o Lucas te ama tanto assim?S
Um dia antes do baile de gala beneficente.Bruno foi pessoalmente até a casa de Juliana para levá-la à loja de vestidos.Tudo já estava previamente combinado. Assim que cruzaram a porta, uma equipe os recebeu com atenção imediata.— Sr. Mendes, Sra. Mendes, esta é uma das peças favoritas da nossa estilista principal. Chegou hoje mesmo do exterior... — Explicou a atendente com entusiasmo, enquanto orientava os assistentes a trazerem os modelos.O vestido era predominantemente preto.O decote ombro a ombro revelava uma elegância discreta, sem exageros.Nada de brilhos chamativos, apenas linhas simples, refinadas e absolutamente sofisticadas.Juliana se encantou no mesmo instante.— Quer experimentar? — Murmurou Bruno ao lado dela, a voz grave e baixa como um sussurro que escorregava direto pela espinha.Naquele dia, ele não usava os óculos.Sob os cílios longos e densos, os olhos escuros brilhavam com uma alegria contida.Talvez o tratamento da vendedora, chamando Juliana de “Sra. Mendes
Ela chamou a atendente do lado de fora.A cortina foi puxada para o lado mas não foi qualquer pessoa que entrou.Juliana estava de costas, os cabelos escuros contrastando com a pele clara.As omoplatas, desenhadas com delicadeza, surgiam sutilmente sob o tecido do vestido.— O zíper travou... Pode me ajudar, por favor? — Disse, apoiando uma das mãos na barra de apoio à frente, sem nem olhar para trás.A pessoa que entrou se aproximou em silêncio.A respiração quase inaudível.Foi então que Bruno estendeu a mão, dedos longos e firmes, e tocou suavemente o zíper do vestido.Ao fazer isso, a ponta dos seus dedos roçou sem querer a pele nua das costas de Juliana.Ela estremeceu.Uma onda de arrepio percorreu sua espinha, como se uma corrente elétrica tivesse saído da base da coluna e se espalhado pelo corpo todo.Algo estava estranho.Justo quando ia se virar, uma mão pousou sobre seu ombro.E a voz dele soou rouca, baixa, quase íntima:— Não se mexe, Ju.O cérebro de Juliana simplesmente
O coração de Juliana pareceu falhar uma batida com o gesto dele.Ela permaneceu parada, encarando a figura alta e elegante de Bruno refletida em seus olhos amendoados.Então, ele estendeu a mão, passando diante do rosto dela com suavidade.A ponta dos dedos tocou levemente uma mecha de cabelo caída sobre a testa dela, prendendo-a atrás da orelha.Ao roçar de leve sua pele, deixou para trás um arrepio sutil, quase doce.Os cílios longos e curvados de Juliana tremeram delicadamente.A cena, tão íntima e natural, fez o sangue de Catarina ferver.O ciúme queimava em seus olhos, tão intenso quanto o de Viviane.Mas ela... Não tinha posição para interferir.Por mais que quisesse, sua educação formal e anos de etiqueta não permitiam a ela bancar a mulher rejeitada.De fora, qualquer um juraria que Bruno e Juliana eram um casal apaixonado.Juliana tentou manter a compostura, mas as atendentes ao redor riam discretamente, encantadas.— Sra. Mendes, o Sr. Mendes é realmente um cavalheiro com voc
Uma das exigências era fazer uma doação de mais de um milhão para instituições de caridade.Talvez Juliana não tivesse feito isso.Mas Bruno tinha dinheiro e poder de sobra.Catarina respirou fundo para se recompor, depois apressou Viviane para escolher logo um vestido. Em seguida, afastou-se um pouco e ligou para o irmão mais velho, Vinícius.Ao saírem da loja de vestidos, Bruno levou Juliana para comprar joias.Sempre que Juliana fixava o olhar em alguma peça por mais de alguns segundos, ele fazia um gesto sutil com a mão e o vendedor imediatamente embalava tudo para enviar direto à casa dela.Juliana já não sabia mais o que dizer.— Sr. Bruno... Na verdade, eu não preciso de tudo isso.Bruno gastava sem hesitar. Para ele, era dinheiro de bolso. E quanto mais ouvia os elogios dos vendedores, mais se deixava levar.— Senhor, o senhor trata sua esposa como uma rainha!— Este par de alianças é perfeito para o casal! Simboliza uma união eterna, que jamais se romperá!— Dê uma olhada nest