O olhar de Juliana não desgrudava de Lucas.De repente, ela puxou discretamente a manga da pessoa ao seu lado, fazendo um gesto para que ele se aproximasse.— Você não acha o Lucas... Estranho? — Sussurrou.Bruno, que não era tão atento quanto Juliana, voltou a observar Lucas com mais cuidado.Ajeitou os óculos, os olhos por trás das lentes se estreitaram.— Agora que você falou... Ele está mesmo esquisito.Durante toda a confusão, Lucas olhava para Vanessa com um carinho profundo demais.Não importava o que ela dissesse ou fizesse, ele permanecia calmo, inabalável.Era como se estivesse completamente apaixonado por ela.Mas... Tão apaixonado assim?Juliana não acreditava nem por um segundo.Ela se aproximou de Joana, falou algo baixinho, depois puxou Bruno pela mão e os dois saíram da casa.Ao passar perto de Vanessa, os passos de Juliana desaceleraram.Vanessa, como se sentisse algo, estremeceu visivelmente.Então escutou Juliana dizer:— Tem certeza que o Lucas te ama tanto assim?S
Um dia antes do baile de gala beneficente.Bruno foi pessoalmente até a casa de Juliana para levá-la à loja de vestidos.Tudo já estava previamente combinado. Assim que cruzaram a porta, uma equipe os recebeu com atenção imediata.— Sr. Mendes, Sra. Mendes, esta é uma das peças favoritas da nossa estilista principal. Chegou hoje mesmo do exterior... — Explicou a atendente com entusiasmo, enquanto orientava os assistentes a trazerem os modelos.O vestido era predominantemente preto.O decote ombro a ombro revelava uma elegância discreta, sem exageros.Nada de brilhos chamativos, apenas linhas simples, refinadas e absolutamente sofisticadas.Juliana se encantou no mesmo instante.— Quer experimentar? — Murmurou Bruno ao lado dela, a voz grave e baixa como um sussurro que escorregava direto pela espinha.Naquele dia, ele não usava os óculos.Sob os cílios longos e densos, os olhos escuros brilhavam com uma alegria contida.Talvez o tratamento da vendedora, chamando Juliana de “Sra. Mendes
Ela chamou a atendente do lado de fora.A cortina foi puxada para o lado mas não foi qualquer pessoa que entrou.Juliana estava de costas, os cabelos escuros contrastando com a pele clara.As omoplatas, desenhadas com delicadeza, surgiam sutilmente sob o tecido do vestido.— O zíper travou... Pode me ajudar, por favor? — Disse, apoiando uma das mãos na barra de apoio à frente, sem nem olhar para trás.A pessoa que entrou se aproximou em silêncio.A respiração quase inaudível.Foi então que Bruno estendeu a mão, dedos longos e firmes, e tocou suavemente o zíper do vestido.Ao fazer isso, a ponta dos seus dedos roçou sem querer a pele nua das costas de Juliana.Ela estremeceu.Uma onda de arrepio percorreu sua espinha, como se uma corrente elétrica tivesse saído da base da coluna e se espalhado pelo corpo todo.Algo estava estranho.Justo quando ia se virar, uma mão pousou sobre seu ombro.E a voz dele soou rouca, baixa, quase íntima:— Não se mexe, Ju.O cérebro de Juliana simplesmente
O coração de Juliana pareceu falhar uma batida com o gesto dele.Ela permaneceu parada, encarando a figura alta e elegante de Bruno refletida em seus olhos amendoados.Então, ele estendeu a mão, passando diante do rosto dela com suavidade.A ponta dos dedos tocou levemente uma mecha de cabelo caída sobre a testa dela, prendendo-a atrás da orelha.Ao roçar de leve sua pele, deixou para trás um arrepio sutil, quase doce.Os cílios longos e curvados de Juliana tremeram delicadamente.A cena, tão íntima e natural, fez o sangue de Catarina ferver.O ciúme queimava em seus olhos, tão intenso quanto o de Viviane.Mas ela... Não tinha posição para interferir.Por mais que quisesse, sua educação formal e anos de etiqueta não permitiam a ela bancar a mulher rejeitada.De fora, qualquer um juraria que Bruno e Juliana eram um casal apaixonado.Juliana tentou manter a compostura, mas as atendentes ao redor riam discretamente, encantadas.— Sra. Mendes, o Sr. Mendes é realmente um cavalheiro com voc
Uma das exigências era fazer uma doação de mais de um milhão para instituições de caridade.Talvez Juliana não tivesse feito isso.Mas Bruno tinha dinheiro e poder de sobra.Catarina respirou fundo para se recompor, depois apressou Viviane para escolher logo um vestido. Em seguida, afastou-se um pouco e ligou para o irmão mais velho, Vinícius.Ao saírem da loja de vestidos, Bruno levou Juliana para comprar joias.Sempre que Juliana fixava o olhar em alguma peça por mais de alguns segundos, ele fazia um gesto sutil com a mão e o vendedor imediatamente embalava tudo para enviar direto à casa dela.Juliana já não sabia mais o que dizer.— Sr. Bruno... Na verdade, eu não preciso de tudo isso.Bruno gastava sem hesitar. Para ele, era dinheiro de bolso. E quanto mais ouvia os elogios dos vendedores, mais se deixava levar.— Senhor, o senhor trata sua esposa como uma rainha!— Este par de alianças é perfeito para o casal! Simboliza uma união eterna, que jamais se romperá!— Dê uma olhada nest
A voz grave e suave do homem ecoava pela sala.A luz alaranjada banhava seu rosto bonito, os cílios longos projetavam sombras sob os olhos, e a pele pálida e fria fazia-o parecer um cavaleiro vampiro saído direto de um mangá.Juliana segurava o copo com as duas mãos, e suas palmas começaram a suar de nervoso.— Sim. —Respondeu, num sussurro quase inaudível.De repente, o ar entre eles ficou carregado de uma tensão doce e sutil, envolta em uma atmosfera ambígua.Mas, justo quando a temperatura começava a subir...A campainha tocou, estridente e apressada, espantando toda a delicada atmosfera que havia se formado.No instante em que Juliana se levantou, Bruno deixou escapar, por um breve segundo, um olhar de clara insatisfação.Não era preciso ser um gênio para adivinhar: àquela hora, quem mais poderia estar tocando a campainha da casa de Juliana, senão Vitor?Algumas horas antes...Vitor havia postado nos stories que estava embarcando.Fazendo as contas, era exatamente a hora de sua che
— Vitor molhou, sem querer, a cama do quarto de hóspedes. — Explicou Bruno, com uma voz calma demais para parecer inocente. — E lá fora tá caindo um temporal... Ju, será que posso passar a noite aqui na sua casa?Vitor bufou baixinho, claramente indignado.Mas... Havia ganhado presentes demais para contestar.Então, com um sorriso forçado, concordou:— A culpa foi toda minha, Ju! Deixa o Bruno dormir aqui hoje, vai!Juliana ficou em silêncio.Algo ali... Não parecia certo.Mas também não encontrou palavras para recusar.Depois de um breve instante, ela se afastou da porta:— Pode entrar.Vitor já se preparava para entrar junto, quando uma mão firme e forte se estendeu à sua frente, bloqueando o caminho.Era Bruno.— Vai pra casa, vai. Amanhã cedo você tem aula na escola.Vitor ficou sem reação.“Sério? Tão rápido assim ele me descarta? Que traição descarada!”Com os olhos arregalados, assistiu à porta se fechar bem na sua cara.Virando-se de costas, pegou o celular e foi direto reclama
Até agora, Juliana só tinha conhecido alguns membros da família Moreira.Vitor foi o primeiro.Mesmo deixando de lado todas as coincidências, havia algo ali...Era para ser um primeiro encontro, mas a sensação era de reencontro.Algo familiar, quase reconfortante.E não foi só ela que sentiu isso.Outras pessoas também já haviam comentado:“Você se parece muito com o pessoal da família Moreira.”Se fossem apenas traços soltos, talvez fosse coincidência.Mas, observando com calma, os contornos do rosto, os olhos, a expressão Juliana realmente tinha uma semelhança de pelo menos setenta por cento.Ela já havia desconfiado antes.Mas nunca tivera vontade real de descobrir a verdade.Buscar por suas origens... Nunca foi um desejo.E por isso, também nunca correu atrás de provas.Mas agora, com Bruno colocando essa possibilidade às claras, Juliana se viu mergulhada em pensamentos.Bruno, respeitando o silêncio dela, não disse mais nada.Apenas ficou ali, ao lado dela, calmo, mexendo no celul