A voz grave e suave do homem ecoava pela sala.A luz alaranjada banhava seu rosto bonito, os cílios longos projetavam sombras sob os olhos, e a pele pálida e fria fazia-o parecer um cavaleiro vampiro saído direto de um mangá.Juliana segurava o copo com as duas mãos, e suas palmas começaram a suar de nervoso.— Sim. —Respondeu, num sussurro quase inaudível.De repente, o ar entre eles ficou carregado de uma tensão doce e sutil, envolta em uma atmosfera ambígua.Mas, justo quando a temperatura começava a subir...A campainha tocou, estridente e apressada, espantando toda a delicada atmosfera que havia se formado.No instante em que Juliana se levantou, Bruno deixou escapar, por um breve segundo, um olhar de clara insatisfação.Não era preciso ser um gênio para adivinhar: àquela hora, quem mais poderia estar tocando a campainha da casa de Juliana, senão Vitor?Algumas horas antes...Vitor havia postado nos stories que estava embarcando.Fazendo as contas, era exatamente a hora de sua che
— Vitor molhou, sem querer, a cama do quarto de hóspedes. — Explicou Bruno, com uma voz calma demais para parecer inocente. — E lá fora tá caindo um temporal... Ju, será que posso passar a noite aqui na sua casa?Vitor bufou baixinho, claramente indignado.Mas... Havia ganhado presentes demais para contestar.Então, com um sorriso forçado, concordou:— A culpa foi toda minha, Ju! Deixa o Bruno dormir aqui hoje, vai!Juliana ficou em silêncio.Algo ali... Não parecia certo.Mas também não encontrou palavras para recusar.Depois de um breve instante, ela se afastou da porta:— Pode entrar.Vitor já se preparava para entrar junto, quando uma mão firme e forte se estendeu à sua frente, bloqueando o caminho.Era Bruno.— Vai pra casa, vai. Amanhã cedo você tem aula na escola.Vitor ficou sem reação.“Sério? Tão rápido assim ele me descarta? Que traição descarada!”Com os olhos arregalados, assistiu à porta se fechar bem na sua cara.Virando-se de costas, pegou o celular e foi direto reclama
Até agora, Juliana só tinha conhecido alguns membros da família Moreira.Vitor foi o primeiro.Mesmo deixando de lado todas as coincidências, havia algo ali...Era para ser um primeiro encontro, mas a sensação era de reencontro.Algo familiar, quase reconfortante.E não foi só ela que sentiu isso.Outras pessoas também já haviam comentado:“Você se parece muito com o pessoal da família Moreira.”Se fossem apenas traços soltos, talvez fosse coincidência.Mas, observando com calma, os contornos do rosto, os olhos, a expressão Juliana realmente tinha uma semelhança de pelo menos setenta por cento.Ela já havia desconfiado antes.Mas nunca tivera vontade real de descobrir a verdade.Buscar por suas origens... Nunca foi um desejo.E por isso, também nunca correu atrás de provas.Mas agora, com Bruno colocando essa possibilidade às claras, Juliana se viu mergulhada em pensamentos.Bruno, respeitando o silêncio dela, não disse mais nada.Apenas ficou ali, ao lado dela, calmo, mexendo no celul
Como atual herdeiro e líder do Grupo Costa, Gustavo sempre esteve sob os holofotes.Mas agora, com a aparição pública de Juliana e Bruno juntos, a atenção em cima dele atingia um novo nível, intensa e sufocante.— Sr. Gustavo, quem é sua acompanhante desta noite? Tem algo a dizer sobre sua ex, Srta. Juliana?— Como se sente ao ver sua ex-noiva entrando de braços dados com seu tio neste baile?— Se eles se casarem... O senhor realmente daria sua bênção?— Sr. Gustavo...Gustavo já estava de cabeça quente.E essas perguntas, uma atrás da outra, só aumentavam sua irritação.Até que um fotógrafo mais ousado enfiou a câmera quase dentro do seu rosto.Foi o estopim.Os olhos estreitos de Gustavo se afiaram, perigosos como lâminas.Na próxima fração de segundo, seu braço disparou e com um único movimento, ele arremessou a câmera no chão.O equipamento explodiu em mil pedaços.O barulho ecoou pelo local.Silêncio absoluto.Todos pararam e o olharam, chocados.Mas Gustavo ignorou completamente
Depois de ser expulsa da família Rodrigues, Juliana ficou sem absolutamente nada.Agora, sem o menor pudor, ela voltava a se apoiar na árvore frondosa que era Bruno, o que fazia Viviane ranger os dentes de raiva.Como aquela mulher, depois de destruir por completo a família Rodrigues, ainda conseguia viver tão tranquila, tão orgulhosa, como se nada tivesse acontecido?!Juliana deveria estar na lama, misturada à sujeira do chão.Deveria estar para sempre debaixo dos pés dela.Comparada à raiva que consumia Viviane, Juliana parecia muito mais calma.Ela lançou um olhar de soslaio para Viviane, a voz fria e o tom indiferente:— Então vamos ver no que isso vai dar.Três mulheres no mesmo palco... Ela estava curiosa para saber até onde aquilo iria.Logo, a silhueta de Juliana desapareceu diante delas.Catarina encarou Viviane, claramente contrariada:— Aquela frase que você soltou agora há pouco... Não foi praticamente um aviso indireto para a Juliana?Quando se conheceram, Catarina até ach
— Sr. Eduardo, Sra. Mariana, esta é minha irmã, Sabrina. — Disse Vinícius com naturalidade.Sabrina forçou um sorriso, delicado e quase inaudível, como o zumbido de um mosquito:— Sr. Eduardo, Sra. Mariana.Vinícius já havia contado tudo para a família com antecedência.Mas agora, com Sabrina ali, bem na frente deles, Eduardo e Mariana se surpreendiam com o próprio estado de espírito.Esperavam se emocionar, talvez até se comover... Mas o que sentiram foi algo completamente diferente.Sabrina parecia a eles... Estranha.Distante.Curiosamente, Juliana, por outro lado, despertava neles uma sensação familiar. Como se a conhecessem há anos.Essa comparação involuntária foi suficiente para que o casal escondesse o que realmente pensava.A verdade sobre a filha perdida da família ainda não havia sido revelada ao público. A ideia era fazer o anúncio naquela noite, durante o jantar de gala beneficente.Mas agora...— Vamos esperar seus irmãos chegarem antes de falar sobre isso. — Disse Eduard
As pessoas corriam em todas as direções, esbarrando umas nas outras.O burburinho era ensurdecedor, engolindo completamente a voz de Bruno, que se perdia no meio da confusão.Juliana acabou sendo levada pela multidão, avançando junto ao fluxo desordenado de corpos.Tudo ao redor era escuridão. Com a mão apoiada na parede, ela se guiava pelo tato, até que avistou à frente uma tênue fonte de luz.Antes mesmo que conseguisse controlar a sensação crescente de irritação, uma mão agarrou seu pulso de repente.A palma era áspera, marcada por calos que arranhavam sua pele, provocando uma leve ardência.Era uma mão de mulher.Juliana não reagiu. Deixou-se ser puxada, sem resistência.Elas seguiam em sentido contrário ao da multidão. E ali, no breu, podiam se mover com total liberdade.Enquanto caminhavam, Juliana percebeu algo incomum: na parede, traços sutis de pó fluorescente.Na mesma hora, tudo fez sentido.A fraca luz adiante permitia distinguir vagamente a silhueta da pessoa à frente, e o
No sétimo ano ao lado de Gustavo Costa, Juliana Oliveira tomou a decisão de romper o noivado. A mensagem que enviou levou duas horas para receber uma resposta. “Podemos cancelar o noivado, mas precisamos conversar pessoalmente.”Juliana apenas enviou a localização de onde estava. O ar-condicionado do café estava no máximo, enquanto lá fora o sol já começava a se pôr e o céu escurecia aos poucos. Ela estava pálida. Ao fechar os olhos, não conseguia afastar as imagens de Gustavo e Viviane Rodrigues juntos. Tão próximos, tão íntimos. Um era seu noivo. A outra, a filha biológica que os pais adotivos de Juliana haviam acabado de reencontrar. E ela? Estava sozinha, enfrentando dores intensas devido ao período menstrual e recebendo soro no hospital. Jamais imaginou que, naquele mesmo lugar, veria Gustavo segurando Viviane de maneira tão carinhosa. Quem, afinal, era Gustavo? O herdeiro de uma das famílias mais influentes da Cidade A e presidente do Grupo Costa. Um homem t