Eva Cottelo vivia a sua vida o mais silenciosamente que conseguia, afinal, ela precisava disso. Dona de um corpo escultural, que escondia sob roupas largas e um rosto de por inveja em qualquer um, ela lutara muito para conseguir a vaga de enfermeira em um dos hospitais mais requintados do Rio de Janeiro. Todos que a conheciam pensavam que ela era só mais uma enfermeira simples de fala mansa e olhar gentil. Eles não a conheciam de verdade e para Eva estava bom assim, pois havia demorado muitos anos para que ela conseguisse o merecido anonimato. Anton Volkov, um dos nomes mais conhecidos entre os mafiosos mais cruéis da Europa, destruirá cada plano de Eva de permanecer no anonimato, quando um evento trágico, deixa a vida de Anton nas mãos de Eva. Ela terá duas opções ao ver o homem de cabelos escuros e olhos azuis gelados: deixar que ele encontre um fim doloroso e manter sua vida no cotidiano comum ou salvar o homem que tem o poder de virar sua vida de cabeça para baixo. Cheia de segredos, Eva se vê em meio a um ardente desejo que seu corpo a impõe, mesmo que ela saiba que Anton representa tudo que ela teme. Dono de uma vontade de ferro e falta de escrúpulos, Anton vai querer desvendar cada pedaço do passado misterioso de Eva, almejando tomar até o último desejo da mulher que o faz agir por impulso, algo que ele nunca havia se permitido. Poderia o desejo entre ambos, ser forte o suficiente para manter essa ligação frágil deles intacta, a tantas mentiras e destinos cruéis? Eva e Anton não sabem, mas seus caminhos estão prestes a se entrelaçarem irreversivelmente, seja para o bem ou não.
Ler maisAntonNik assente, seu olhar voltando para o executor desmaiado na cadeira.— Já tirei tudo dele, quer fazer as honras ou deixa comigo? — ele me pergunta, retirando a sua faca de estimação, uma peça de coleção pavorosa, com o cabo branco, cheio de detalhes em dourado, girando em sua mão.Faço um sinal de despensa com a mão e ele entende. Nik pega um copo de agua no banheiro e quando volta, joga com tudo na cara do executor, que mal consegue abrir os olhos inchados.Há um sequencia de lamúrias e palavrões, enquanto o homem tenta entender onde está, o medo prevalecendo quando ele mira Nik, a faca ansiosa girando em sua mão, de novo e de novo.Nik tem complexo de diva e acredito que ele adore essa parte.— Por Favor... — O homem pede e eu perco o interesse nele de imediato.Já sei de cor o que acontecerá daqui para frente...Enquanto os sons gorgolejantes soam a minha frente, eu pego celular que pisca com o sinal de mensagens não vistas.As duas primeiras, eu ignoro, pois sei de quem se
EvaAbro meus olhos devagar, a dor em minha garganta quando tento engolir me fazendo lembrar aos poucos, os eventos desastrosos. Eu salvei aquele filho da mãe e ele me apagou? Minha indignação é pausada, quando percebo que o teto revestido em madeira e a escuridão em meu entorno em nada se parece com o hospital. Ele não faria... faria? Me levanto, uma tontura me levando, mas estabilizo, tentando achar o interruptor do abajur ao meu lado. — Acordou. — Ouço uma voz grave, como o puro veludo me dizer, o sotaque russo, me dando uma vaga ideia de quem se trata. A luz se espalha ao meu redor, me mostrando detalhes do quarto sofisticado, a cama macia com um dossel em estilo clássico, me lembrando muito do passado. — O que quer de mim? — indago, sentindo o nervosismo permear minhas palavras. — Saber quem é você, seria um bom começo. — Ele me devolve a pergunta, o tom monótono não combinando com o ardor que vejo em seu olhar. — Não há muito para saber, senhor. — Digo, ouvindo meu timb
AntonMeu andar apressado tem dois motivos muito específicos. Um deles ficou no quarto constantemente vigiado e com uma tranca especial. A mulher de olhar manso e ambarino, é dona de um dos rostos mais sensuais que eu já vi e isso na minha longa fila de mulheres exuberantes, é uma coisa e tanto.E se fosse só isso...A forma como meu corpo reagiu a proximidade do dela, o desejo que me corroeu, chegou a ser constrangedor.... e como se não bastasse todo esse drama...ainda tem o fato bizarro que ela me salvou... ou quase isso.Eu não esperava ser rastreado nesse país. A informação de onde Jakov estaria sendo internado era confidencial, mas não o suficiente pelo visto.Era para ser uma temporada tranquila, um lugar tranquilo, mas me vi diante de uma pistola, completamente desarmado.Quando a enfermeira entrou no quarto, minha mente já estava listando as diversas coisas que eu ainda não tinha terminado, que eu ainda queria concluir antes de realmente morrer.Não foi surpresa, que a vinganç
Eva“O líquido escarlate escorria por entre os meus dedos, algo que não vinha me incomodando em mais de seis anos nesse ramo, mais de seis anos a cargo da morte e do que ela poderia me proporcionar.Não fazia sentido estar tão abalada ao olhar para um rosto já sem vida, mas então, por qual motivo eu estava assim?Deixei o corpo já inerte cair no chão com um baque pesado, desviando o olhar, me recusando a encarar aquela vida ceifada. Meu erro. Como em uma piada do destino, o rosto ao qual meus olhos se depositaram foram os dele.Cottelo. Ele inclinou a cabeça, os olhos escuros me mirando com descrença, como se não acreditasse que no que estava vendo.— É isso, Eva? — ele me perguntou, um sorriso de escárnio lhe escapando, enquanto ele se aproximava — Depois de tanto tempo, de tanta pompa, o que vejo nesses seus lindos olhos é culpa? Em meu estado de completa desconexão, eu não reagi quando ele pegou em meus cabelos com força bruta e virou meu olhar para o rosto sem vida no chão.— Is
EvaExistem dias bons, dias ruins, dias péssimos e dias como hoje.Olho pela quarta vez como o senhor de idade, os cabelos alvos como os lençóis que cobrem a cama em que está deitado, está retirando o soro do braço. Estreito meus olhos, a minha paciência tendo uma luta boa com o dever, à medida que me aproximo.— Senhor Francis, esse já é o quarto que o senhor tira. — Repreendo, meu tom suave em nada equivalendo com a irritação que me domina.Ele me olha com uma expressão desgostosa, como se eu fosse a culpada de ele estar em seu terceiro ataque cardíaco.— Maria, eu já lhe avisei que eu estou bem. — Ele me diz, claro, mais uma vez não me reconhecendo.Eu já trabalhei na emergência, na pediatria e até na oncologia, mas para mim, não há nada mais desgastante do que trabalhar na geriatria.É cruel ver a mente das pessoas que já foram ativas se deteriorando pouco a pouco.Odeio isso.— Meu nome é Eva, senhor Francis. — Digo firme, vendo a confusão se espalhar em seu rosto — Vamos trocar