Início / Romance / Cativa do Amor e Ódio / Capítulo 3 - Acordada
Capítulo 3 - Acordada

Eva

Abro meus olhos devagar, a dor em minha garganta quando tento engolir me fazendo lembrar aos poucos, os eventos desastrosos.

Eu salvei aquele filho da mãe e ele me apagou?

Minha indignação é pausada, quando percebo que o teto revestido em madeira e a escuridão em meu entorno em nada se parece com o hospital.

Ele não faria... faria?

Me levanto, uma tontura me levando, mas estabilizo, tentando achar o interruptor do abajur ao meu lado.

— Acordou. — Ouço uma voz grave, como o puro veludo me dizer, o sotaque russo, me dando uma vaga ideia de quem se trata.

A luz se espalha ao meu redor, me mostrando detalhes do quarto sofisticado, a cama macia com um dossel em estilo clássico, me lembrando muito do passado.

— O que quer de mim? — indago, sentindo o nervosismo permear minhas palavras.

— Saber quem é você, seria um bom começo. — Ele me devolve a pergunta, o tom monótono não combinando com o ardor que vejo em seu olhar.

— Não há muito para saber, senhor. — Digo, ouvindo meu timbre tremer e não é fingimento — Me chamo Eva Joice, trabalho como enfermeira no lar para idosos e estava seguindo com minha vida, até chegar naquele quarto. Por favor, me deixe ir embora.

O homem passa a mão nos cabelos escuros, bagunçando a perfeição que estava antes, os lábios sensuais se esticando em um rápido e áspero sorriso, enquanto ele se levanta, o corpo alto e as pernas fortes se direcionando até o aparador, enchendo um copo com um líquido ambarino, que arrisco ser uísque.

— Quer saber algo interessante... Eva? — ele pergunta, meu nome rolando em sua língua com um toque de dúvida.

— Eu só quero ir embora. — Respondo, minha voz soando quase irritada.

— Bom, deixe-me lhe dizer mesmo assim. — ele me responde, ignorando por completo o meu pedido — Já vi pessoas sequestradas aos montes, já vi pessoas com medo aos montes e posso dizer com toda certeza que você não está com medo. Nervosa? Sim, mas não com medo, como qualquer um ficaria. E isso combinado ao fato de que nocauteou um executor, com quase o dobro do seu tamanho, me faz acreditar que está mentindo para mim. Quem é você?

Estremeço, sentindo na base do meu ventre uma contração indesejada.

Que merda é essa? Estou mesmo me sentindo atraída por ele?

— Eu já lhe disse, sou enfermeira e não quero problemas. — Insisto, sem sequer considerar a possibilidade de lhe dizer a verdade. Seria um caos.

O homem leva o copo aos lábios, bebendo sem pressa, os olhos passeando primeiro por meu rosto e depois descendo pelo uniforme modesto, mas que está claramente apertado em meu busto, algo que eu já havia reclamado meses atrás com o hospital.

Sento-me o melhor que consigo, minha vontade de cruzar os braços impedida pela certeza de que isso só atrairia ainda mais a atenção para mim.

— Ainda que eu quisesse fazer isso e eu não quero... ainda assim, está presa comigo pelo simples fato de estar envolvida naquele incidente. — Ele me responde, após beber de uma só vez, o restante do uísque.

Incidente? Ele chama a sua tentativa de assassinato de incidente?

— E aí, qual é a sua grande ideia? Me arrastar com você como se eu fosse uma mala? — Estalo com ele, mostrando um pouco do meu lado irritado, algo que eu me arrependo de imediato.

— É isso... ou eu posso te deixar para ser interrogada pelos homens que vieram atrás de mim. — Ele me responde, a frieza voltando a imperar em seu olhar.

— Deixe que eu mesma me preocupo com minha segurança... só me deixe ir embora. — Peço, sabendo que me restam poucos recursos, mas disposta a arriscar outra fuga.

O homem se aproxima, cada passo dado com displicência, a presença masculina poderosa, combinada ao olhar intimidante, enviando ao meu corpo uma hiper consciência dele. Seu rosto para a poucos centímetros do meu, os lábios presos em uma sombra de um sorriso que nunca vem.

— Outra atitude interessante, Eva. Começo a te considerar um quebra-cabeças digno de uma segunda olhada. — Ele murmura, os olhos parando devagar em meus lábios, fazendo com que minha respiração fique presa na garganta.

Seus olhos sobem para os meus, uma mistura de interesse com cautela ali, que me desconcerta. Ele se afasta, me fazendo respirar aliviada novamente, mas algo martela em minha mente.

— Qual o seu nome? — Indago, sabendo que ele não vai me deixar ir tão cedo.

Ele se vira um pouco, a mão já posta em cima da maçaneta.

— Anton. — ele me responde, já se virando novamente.

Anton... onde eu já ouvi isso?

— Sobrenome? — Arrisco a pergunta ousada, vendo que ele se vira para mim, a desconfiança muito presente na expressão.

— Acho que alguém aqui, quer uma vantagem que eu não tenho.... — Ele comenta, me fazendo suar frio com a expectativa — Anton Volkov. Obtenha isso como um gesto de boa vontade, pois não sou idiota o suficiente para crer que seu sobrenome real é Joice.

Vejo-o se virar, saindo do quarto e trancando a porta, a ameaça em seu tom pouco fazendo perto do que a percepção do seu nome fez.

Anton Volkov... puta merda... Não existe a menor chance de eu lhe dizer quem sou de verdade.... quais eram as probabilidades de eu ter me envolvido com o homem mais perigoso da máfia russa?

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App