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Capítulo 4 – Desconfiança

Anton

Meu andar apressado tem dois motivos muito específicos. Um deles ficou no quarto constantemente vigiado e com uma tranca especial. A mulher de olhar manso e ambarino, é dona de um dos rostos mais sensuais que eu já vi e isso na minha longa fila de mulheres exuberantes, é uma coisa e tanto.

E se fosse só isso...

A forma como meu corpo reagiu a proximidade do dela, o desejo que me corroeu, chegou a ser constrangedor.... e como se não bastasse todo esse drama...ainda tem o fato bizarro que ela me salvou... ou quase isso.

Eu não esperava ser rastreado nesse país. A informação de onde Jakov estaria sendo internado era confidencial, mas não o suficiente pelo visto.

Era para ser uma temporada tranquila, um lugar tranquilo, mas me vi diante de uma pistola, completamente desarmado.

Quando a enfermeira entrou no quarto, minha mente já estava listando as diversas coisas que eu ainda não tinha terminado, que eu ainda queria concluir antes de realmente morrer.

Não foi surpresa, que a vingança estivesse em primeiro lugar. Eu tenho contas muito altas a serem cobradas com Cielo, antes de conseguir descansar no inferno, pois não existem dúvidas de qual seria o destino para um homem como eu.

Desde que assumi o lugar de meu pai, sendo um dos líderes mais jovens da família Volkov, eu não sei o que é dormir sem ter sangue manchando minhas mãos ou minhas decisões. Deixou de incomodar na primeira semana, afinal, meu pai sempre me dissera que temia o dia em que eu assumisse o seu lugar.

“Há algo de doentio em você garoto.” Ele me dizia, sempre que enchia a cara.

Hoje a quase dez anos de sua morte, eu não tenho como discordar dele. Fiz o que precisei, fiz o que queria e até o que não podia para manter o nome de minha família respeitada entre os mais poderosos, entre os mais fracos.

Entro no elevador, o rosto de Eva, ainda muito presente em minha mente. A beleza dela nem é a questão, mas o óbvio fato que esconde algo.

Eu poderia deixar isso tudo para lá. Eu poderia eliminar a mulher, cortar logo esse mal.

Mas...

Eva remexeu algo pouco comum em mim: a impulsividade. Há anos que não sinto o sangue correr solto pelas veias, a vontade de descobrir cada ponto delicado do corpo de uma mulher, fazê-la me dizer cada segredo, nem que eu a descarte depois disso, pois sei que é o que terei que fazer em um momento ou outro.

Chego ao nível mais baixo do prédio que me pertence, respirando aliviado quando vejo a porta escura que indica o meu escritório.

Aqui ao menos poderei fazer o que sei melhor.

Abro a porta, vendo Nik, meu segundo em comando, digitando algo em seu celular, enquanto o executor frustrado está sentado, as mãos amarradas para trás, desacordado, os pontos sangrando no rosto e corpo, me indicando que Nik já começou a trabalhar nele.

— Então? — pergunto, tirando a chave do bolso e o celular, os jogando em cima da mesa, enquanto me sento na cadeira atrás da mesa.

— Falou fácil. Os Kavars, como sempre, mas gastaram pouco na contratação, considerando que o cara foi arriado por uma simples enfermeira. — Nik me informa, o desdém pelo executor claro, seus cabelos castanhos amarrados na nuca, claro, não querendo sujar os fios que tanto cuida.

— Eu não estaria tão certo disso Nik. — Declaro, me lembrando de como os reflexos de Eva foram marcantes — Ele é um despreparado, sem dúvida, mas a garota sabia o que estava fazendo. Acho que até um de nós dois estaríamos em apuros com ela.

— Hunn... verdade? — Nik pergunta e eu assinto — Mas você a apagou, não foi?

Penso na minha reação ao desmaiar Eva, quando claramente ela foi pega de surpresa.

Talvez ela até conseguisse se livrar do golpe, mas acredito que tenha ficado nervosa demais para pensar em algo.

— Eu disse que poderíamos estar em apuros... não tenho certeza e nem vamos testar a teoria. — Declaro, sentindo-me um pouco possessivo com relação a moça.

— Ela é sua, então? — Nik me pergunta, parecendo curioso, os olhos verdes nos meus.

Mesmo ainda não sabendo o que quero realmente da garota, a resposta que sai por meus lábios é:

— Sim.

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