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Capítulo 5 - Divertido

Anton

Nik assente, seu olhar voltando para o executor desmaiado na cadeira.

— Já tirei tudo dele, quer fazer as honras ou deixa comigo? — ele me pergunta, retirando a sua faca de estimação, uma peça de coleção pavorosa, com o cabo branco, cheio de detalhes em dourado, girando em sua mão.

Faço um sinal de despensa com a mão e ele entende. Nik pega um copo de agua no banheiro e quando volta, j**a com tudo na cara do executor, que mal consegue abrir os olhos inchados.

Há um sequencia de lamúrias e palavrões, enquanto o homem tenta entender onde está, o medo prevalecendo quando ele mira Nik, a faca ansiosa girando em sua mão, de novo e de novo.

Nik tem complexo de diva e acredito que ele adore essa parte.

— Por Favor... — O homem pede e eu perco o interesse nele de imediato.

Já sei de cor o que acontecerá daqui para frente...

Enquanto os sons gorgolejantes soam a minha frente, eu pego celular que pisca com o sinal de mensagens não vistas.

As duas primeiras, eu ignoro, pois sei de quem se trata e não quero ter de lidar com ele tão cedo, mas as duas últimas me chamam atenção.

O meu investigador pessoal, aquele que cuida dos assuntos mais discretos, que mandei verificar os dados de Eva, mandou diversos relatórios.

“Vinte e cinco anos, solteira, nenhum parentesco verificado, nenhum histórico policial. Se mudou da Itália a alguns anos e com a formação que tinha, foi se transferindo de emprego a emprego, até finalmente parar no lar para idosos de alto nível.

Não identificamos nenhum relacionamento amoroso ou qualquer rede social ativa. O amigo do hospital, quem lhe fez a indicação do emprego, tem feito ligações e mandado mensagens para o número dela, então considero inteligente dar uma desculpa para o desaparecimento dela com urgência e evitar o envolvimento da polícia local nisso.

Nota-se que a falta de informações sobre ela, deve ser levada em conta e exige cautela. Estarei em busca de mais informações.”

Leio e releio o e-mail, sentindo bem no fundo da minha mente, aquela desconfiança crua tomar conta.

Tem algo aí, algo nessa mulher que me cheira a problemas, mas que também me instiga a desvendá-la... de maneiras muito específicas.

Percebo que Nik já terminou com o executor, o sangue em sua mão e expressão levemente satisfeita no rosto dele me causando certo cansaço.

Nik e eu somos como cães que se acostumaram a caçar a própria comida. Não nos vemos satisfeitos até termos o nosso alvo entre os dentes, sentindo até o último suspiro.

— Nik, providencie a transferência segura de Jakov essa noite e prepare nossa equipe de segurança para partimos amanhã. — Declaro, chamando a atenção dele.

— Estamos indo para casa, então. E a garota? — ele me pergunta, guardando a faca.

Penso com calma na mulher com curvas deliciosas e olhos felinos quase dourados, os cílios espessos que batem frenéticos quando ela parece apreensiva.

Ela é um desassossego para minha sanidade e com toda certeza isso é um erro.

— Ela vai conosco. — digo, mesmo contrariando cada orientação desconfiada do meu cérebro.

Os olhos de Eva se desviam para a comida a sua frente como se ela estivesse prestes a vomitar. Tem cerca de meia hora que cheguei aqui e mandei trazer o jantar, mas a mulher parece ficar verde a cada piscada.

— Pensei que gostaria, considerando o que descobrimos em seu apartamento. — Provoco, vendo o medo brilhar no olhar dela, assim como uma boa dose de irritação.

Ela é como um lobo vestido em pele de cordeiro... e começo a achar muito divertido instigar esse lobo a se mostrar.

Pego o hamburguer, tendo tido o cuidado de comprar na mesma empresa que vimos as embalagens em seu apartamento.

— Você não está me deixando ir, está? — ela pergunta, parecendo miserável.

Tomo o meu tempo, dando uma grande mordida no hamburguer, sentindo gosto deveras sem graça e engolindo com calma.

— Na verdade estamos de partida amanhã. — Informo, prestando muita atenção na forma como ela encrespa os lábios cheios em uma expressão desgostosa.

— Rússia? — ela indaga, em um fio de voz.

— Sim, você vai gostar, estamos em temporada de inverno. — digo, talvez saboreando um pouco demais de seu desespero.

— Eu não vou gostar, porra! — ela estala, do jeito que eu esperava, a mão batendo com força na mesa, os talheres saltitando com o movimento brusco — Eu. Quero. Ir. Embora.

Imperturbável com sua óbvia falta de controle, eu pego o copo de refrigerante, bebendo devagar, meus olhos não se desviando dela em nenhum momento.

— Eu não te conheço, mas começo a supor que é uma mulher inteligente... e essa... — indico sua postura ante a mesa e os talheres revirados — Essa não é a atitude mais inteligente aqui.

Eva pisca e eu quase posso ver o momento que ela guarda seu gênio forte em barras de aço, fingindo ser a garota dócil novamente.

— Por favor... eu não tenho nada a te oferecer. — ela murmura e eu quase acredito na nota de choro em seu timbre.

— Eu poderia discordar disso em muitos aspectos. — Digo, não disfarçando o meu olhar sedento nas curvas generosas dela.

— Eu não sou algo que possa ser usado e depois jogado fora. — ela me diz, entredentes, sua irritação prevalecendo novamente.

— Veremos. Agora seja uma garota boazinha e coma o seu jantar. — retruco, sabendo e gostando que a estou irritando.

Isso pode ser mais divertido do que imaginei...

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