Anny CeliK Ele não se casou comigo por amor. Ele fez isso por conveniência e respeito ao meu pai que havia implorado para Miguel cuidar de mim. Eu era uma promessa, um fardo que ele carregava por obrigação. Mesmo assim, eu continuei tentando. Por quatro anos fui uma esposa dedicada, mesmo quando ele me ignorava. Eu acreditava que o amor poderia nascer com o tempo, mas Miguel era uma parede de gelo que eu nunca conseguia derreter. Então, naquele dia fatídico, decidi surpreendê-lo em seu escritório. Preparei um almoço especial e fui até lá, imaginando que talvez, por uma vez, ele pudesse me olhar com carinho. Mas o que encontrei me destruiu. Diana a mulher que ele nunca havia esquecido, estava lá. Ela estava sentada em sua mesa, rindo de algo que ele disse. Seus olhos, que nunca haviam me olhado com amor, estavam fixos nela como se fosse o centro do universo. Meu coração quebrou naquele momento. Eu sabia que nunca poderia competir com aquele amor. — Anny, o que você está fazendo aqui? — A voz dele era fria, e a irritação em seu tom fez meu peito apertar ainda mais. Sem dizer nada, tirei a aliança do dedo e a joguei sobre a mesa. — Quero o divórcio. Ele sorriu, um sorriso amargo que cortou minha alma. — Os papéis já estão prontos. Estava esperando que você pedisse. — Você nunca me amou, não é? — Minha voz tremeu, mas mantive a cabeça erguida. — Não! As lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas eu me recusei a deixá-las me dominar. Ele apenas me olhou com aqueles olhos que nunca me viram de verdade, e naquele momento, soube que estava livre. Livre dele, mas ainda presa à dor de amá-lo.
Leer másIsabella Duarte Ricci Uma semana depois daquele jantar com o Tomas, eu saí para ir ao aniversário do meu sobrinho. A noite estava perfeita. As luzes douradas brilhavam suavemente, iluminando cada canto do enorme jardim onde a festa acontecia. Balões coloridos flutuavam no ar, enquanto crianças corriam animadas, rindo e brincando ao redor das mesas decoradas com tons de azul e dourado. Eu observava tudo com um sorriso terno nos lábios. Sentada em uma cadeira confortável, acariciava minha barriga já evidente, sentindo os leves chutes dos meus filhos. Era uma sensação mágica, como se suas pequenas vidas estivessem comemorando junto com a família naquele dia especial. — Eles estão chutando? — perguntou Aurora, minha irmã, ao se sentar ao meu lado. — Sim — respondi, levando a mão dela até minha barriga. — Estão animados, acho que sentem a felicidade no ar. Aurora sorriu emocionada. Estava tão feliz com minha presença na festa do pequeno Theo.O meu sobrinho estava radiante, cercad
Dimitri Carter Uma semana depois, sentado em minha cadeira de couro no escritório, observava o relógio impaciente. O detetive que contratei chegaria a qualquer momento. Passei dias remoendo a mentira de Derick e, quanto mais o tempo passava, mais eu sentia que algo estava errado. O clique da porta interrompeu meus pensamentos. — Senhor Carter, eu passei a semana inteira observando seu irmão e a esposa dele — disse o detetive, colocando uma pasta sobre minha mesa. — E ela não pode estar grávida, não como me disse que seria uma gestação de mais de oito meses. Além disso, ela não se consulta no hospital em que sua esposa Natasha também faz consultas. Minha mandíbula se contraiu. Apertei os punhos sobre a mesa enquanto ele continuava. — Mas a Isabella Duarte Ricci, é quem tem ido com frequência ao hospital. Consegui com um amigo meu, segurança de lá, alguns vídeos. Uma enfermeira também me confirmou. O ar pareceu fugir dos meus pulmões. Peguei a pasta, folheando as imagens de vídeos
Isabella Duarte Ricci A noite estava calma quando entrei no restaurante, meus olhos percorrendo o ambiente até encontrarem Tomas, já sentado em uma mesa próxima à janela. Ele sorriu ao me ver e se levantou, puxando a cadeira para mim com um gesto cortês. — Boa noite, Isabella. Você está linda. — Ele disse com um tom suave. Sentei-me e sorri de leve. — Obrigada, Tomas. E obrigada pelo convite. Eu realmente precisava de um momento assim. Ele assentiu e chamou o garçom, que logo nos entregou os cardápios. Enquanto eu analisava as opções, senti seu olhar sobre mim. — Como você tem se sentido? — perguntou ele, fechando seu cardápio sem nem precisar olhar. Suspirei, pousando o cardápio na mesa. — Um misto de emoções, para ser sincera. Estou feliz, claro, mas também assustada. Há muita coisa para processar. Tomas assentiu, compreensivo. — É normal. A maternidade vem com muitas incertezas, mas você não está sozinha. Tem pessoas que se importam com você e que vão te apoiar. Eu, por exe
Dimitri Carter Chegar em casa nunca pareceu tão estranho quanto naquele dia. Natasha entrou primeiro, calada, como de costume. Nosso casamento era uma farsa, um teatro montado às pressas por circunstâncias que fugiam ao meu controle. Havia meses que eu havia assinado os papéis do divórcio, me divorciar de Isabella foi de todas minhas escolhas, a única que eu me arrependia, mas ela não me queria e o meu erro de ter deixado a Natasha grávida não podia ser esquecido, apagado ou perdoado, O meu casamento atual era sem amor, sem sequer desejo, me vi casado com outra mulher. Tudo por responsabilidade. Tudo porque Natasha carregava minha filha. Natasha não se importava, ela só queria uma vida luxuosa, se exibir para as amigas que estava casada com um homem poderoso, mas eu não tinha sequer amor ou desejo por ela, dormíamos em quartos separados, tínhamos uma vida separada da outra, não havia nada, a não ser a responsabilidade em sermos pais da bebê que ela carregava em seu ventre. Caminh
Isabella Duarte Ricci O silêncio pairava sobre nós, denso e pesado. O som da porta se fechando ainda ecoava em minha mente, e eu podia sentir o peso da presença de Dimitri mesmo após sua partida. O cheiro amadeirado do perfume dele ainda pairava no ar, misturando-se ao aroma de cacau do chocolate quente que Aurora preparou mais cedo. Ela mexia os dedos nervosamente sobre o tecido da manta fina que cobria suas pernas, como se tentasse organizar as palavras antes de soltá-las. — Você... um dia vai contar para o Dimitri? — Sua voz soou baixa, quase um sussurro, mas atingiu meus sentidos como um trovão. Fechei os olhos por um breve instante, inspirando fundo. Eu sabia que essa pergunta viria, era inevitável. Mas ouvir Aurora verbalizá-la tornava tudo mais real, mais definitivo. — Não. Ele agora tem que se preocupar apenas com a mulher que engravidou e o bebê que ele terá — Minha resposta saiu firme, sem hesitação. Ela se virou para mim, os olhos castanhos refletindo um misto de surpr
Dimitri Carter A dor era um peso esmagador em meu peito. Eu nunca imaginei que chegaria ao ponto de sentir um vazio tão profundo, um buraco negro sugando cada fragmento de minha existência. Mas ali estava eu, sentado no chão frio do meu escritório, com os papéis espalhados ao meu redor e as palavras de Isabella ecoando na minha mente como um trovão incessante. Ela não queria me ver. Ela não queria mais me ter em sua vida. A ficha caiu como um soco brutal. Meus olhos ardiam, e, antes que percebesse, lágrimas deslizaram pelo meu rosto. Eu, Dimitri, chorava. Não de raiva, não de frustração, mas de dor. Uma dor que experimentei antes, quando havia perdido o meu filho e minha falecida esposa. Isabella foi minha força, minha tempestade e minha calmaria. E agora, ela estava fora do meu alcance. Levantei-me de súbito, meus músculos rígidos pelo tempo que passei imóvel. Passei as mãos pelo rosto, limpando as lágrimas, e encarei meu reflexo no vidro da janela. Eu precisava lutar. Se havi
Isabella Ricci O telefone vibrou sobre a mesa de centro da sala e meu coração se apertou ao ver o nome dele na tela. Dimitri. Fechei os olhos por um instante, sentindo a familiar onda de emoções conflitantes me invadir. Eu não queria atender. Não queria ouvir aquela voz que um dia foi tudo para mim. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim queria encerrar aquilo de vez. Eu já havia tomado minha decisão. O passado precisava ficar para trás. Respirei fundo antes de deslizar o dedo pela tela, levando o celular ao ouvido. — Isabella — a voz dele era um sussurro carregado de tensão. — Você pode falar? Cruzei os braços, tentando conter a raiva e a dor que se misturavam dentro de mim. — Se for sobre os papéis do divórcio, sim, eu posso falar. Você tem alguma dúvida? Um silêncio pesado se instalou entre nós. Podia ouvi-lo respirar do outro lado da linha, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas. Mas não havia palavras certas. Nada que ele dissesse mudaria o que acon
Um mês depois... Eu estava em minha empresa, imerso em pilhas de documentos e relatórios, tentando me distrair da confusão que era minha própria vida. Mas não importava quantos contratos eu assinasse ou quantos negócios fechasse, a verdade me perseguia como uma sombra insistente: Isabella ainda estava em minha mente. A porta do meu escritório se abriu abruptamente e Natasha entrou sem ser anunciada. Sua expressão era dura, e antes que eu pudesse sequer perguntar o motivo de sua presença, ela jogou algo sobre minha mesa. Um teste de gravidez. Meu olhar se fixou naqueles dois pequenos tracinhos vermelhos. Um peso imediato caiu sobre meus ombros, e eu levantei os olhos para encarar Natasha. Ela cruzou os braços, a expressão desafiadora. — Eu estou grávida — disse ela, a voz firme. — E não sou o tipo de mulher que vai aceitar uma pensão e criar um filho sozinha. Quero que case comigo e seja um pai presente para o nosso bebê. Quero que ele tenha uma família. Respirei fundo, esfre
Dimitri Carter A garrafa de uísque estava quase vazia. O líquido âmbar descia queimando minha garganta, mas a dor era tão amarga quanto o sabor da bebida. Melhor sentir isso do que encarar o vazio que me consumia por dentro.Eu estava jogado no sofá da sala, encarando a escuridão do cômodo. A mansão era grande demais para mim, fria demais. Mas talvez fosse exatamente o que eu merecia, ou o que me representava, eu deveria ser parte daquele cômodo, como uma mobília, vazio e sem vida.O som dos saltos ecoando pelo corredor me tirou dos meus pensamentos. Não precisei olhar para saber quem era.— Dimitri — a voz de Natasha soou hesitante, quase como se soubesse que não era bem-vinda ali. — Precisamos conversar.Soltei uma risada baixa e irônica. Conversar? Eu não queria falar. Não queria ouvir. Só queria esquecer.— Se veio para isso, pode ir embora — murmurei, levando o copo aos lábios mais uma vez.Mas Natasha nunca foi do tipo que aceitava um não. Ela se aproximou, deslizando os dedos