Anny CeliK Ele não se casou comigo por amor. Ele fez isso por conveniência e respeito ao meu pai que havia implorado para Miguel cuidar de mim. Eu era uma promessa, um fardo que ele carregava por obrigação. Mesmo assim, eu continuei tentando. Por quatro anos fui uma esposa dedicada, mesmo quando ele me ignorava. Eu acreditava que o amor poderia nascer com o tempo, mas Miguel era uma parede de gelo que eu nunca conseguia derreter. Então, naquele dia fatídico, decidi surpreendê-lo em seu escritório. Preparei um almoço especial e fui até lá, imaginando que talvez, por uma vez, ele pudesse me olhar com carinho. Mas o que encontrei me destruiu. Diana a mulher que ele nunca havia esquecido, estava lá. Ela estava sentada em sua mesa, rindo de algo que ele disse. Seus olhos, que nunca haviam me olhado com amor, estavam fixos nela como se fosse o centro do universo. Meu coração quebrou naquele momento. Eu sabia que nunca poderia competir com aquele amor. — Anny, o que você está fazendo aqui? — A voz dele era fria, e a irritação em seu tom fez meu peito apertar ainda mais. Sem dizer nada, tirei a aliança do dedo e a joguei sobre a mesa. — Quero o divórcio. Ele sorriu, um sorriso amargo que cortou minha alma. — Os papéis já estão prontos. Estava esperando que você pedisse. — Você nunca me amou, não é? — Minha voz tremeu, mas mantive a cabeça erguida. — Não! As lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas eu me recusei a deixá-las me dominar. Ele apenas me olhou com aqueles olhos que nunca me viram de verdade, e naquele momento, soube que estava livre. Livre dele, mas ainda presa à dor de amá-lo.
Ler maisCamila Duarte Saí do banheiro tentando me recompor, mas o olhar preocupado de Ester me fez entender que ela havia notado algo estranho. Engoli em seco, forçando um sorriso para disfarçar. — Camila, você está bem? — ela perguntou, franzindo a testa. — Sim, só preciso de um momento. É muita coisa de uma vez — respondi, desviando o olhar. Ester hesitou por um instante, mas antes que pudesse insistir, seu celular tocou. O som abrupto fez com que ela se sobressaltasse. Pegou o aparelho rapidamente e atendeu. — Sim? — Sua expressão mudou quase que instantaneamente. Seu corpo ficou rígido, e seus olhos se arregalaram levemente. — Tem certeza? Você viu isso acontecer? — Ela ficou em silêncio por alguns segundos, ouvindo atentamente. — Tudo bem. Obrigada por me avisar. Assim que desligou a chamada, virou-se para mim com um olhar que misturava choque e hesitação. Meu coração acelerou. — O que foi? — perguntei, sentindo a ansiedade crescer. Ester respirou fundo e segurou meu braço
Camila Duarte O telefone tocou e o som estridente ecoou pelo quarto silencioso. Atendi rapidamente, sem imaginar o que estava por vir. — Camila? — a voz de Ester tremia do outro lado da linha. — Aconteceu algo... A Aurora caiu da escada. Estamos no hospital. Eu sinto muito, mas preciso que venham até aqui. O chão pareceu sumir sob meus pés. O ar ficou pesado, e o pânico tomou conta de mim. — O quê? Como assim? — minha voz falhou. — Aurora... no hospital? Lorenzo apareceu no quarto, alarmado pela expressão devastada em meu rosto. — O que aconteceu? — perguntou, aproximando-se. — É a Aurora... ela caiu da escada. Está no hospital — murmurei, com as mãos trêmulas. Lorenzo não hesitou. Correu e vestiu-se às pressas e me ajudou a fazer o mesmo. Em poucos minutos, estávamos no carro. Apesar do desespero evidente, eu assumi o volante. — Camila, eu posso dirigir — sugeriu Lorenzo, mas neguei com a cabeça. — Eu preciso, você bebeu e... preciso fazer algo. Não posso ficar parada —
Lorenzo Ricci O vento suave do mar tocava nossos rostos enquanto eu vestia o roupão e entregava o outro para Camila. Ela o pegou em silêncio, mas seus olhos diziam tanto. Ajudei-a a vestir-se e, em seguida, peguei a bandeja com o vinho e os morangos mergulhados em fondue de chocolate. A varanda iluminada pela luz suave da lua criava um cenário perfeito, ou pelo menos deveria ser. Enchi duas taças de vinho e estendi uma para ela. Camila sorriu de leve, mas balançou a cabeça. — Não estou bebendo nada com álcool no momento — disse, sua voz baixa, quase um sussurro. — Mas você sempre gostou de vinho. Está tudo bem? — perguntei, sem esconder minha preocupação. Ela desviou o olhar para o mar. — Eu só não quero beber, Lorenzo. Amanhã tem o aniversário do Ares, e quero estar bem pela manhã, sem dores de cabeça ou ressaca. Havia algo por trás dessas palavras. Uma tensão sutil, um segredo talvez. Mas eu decidi não pressioná-la. Parte de mim temia que eu já não reconhecesse minha pr
Lorenzo Ricci Eu a encarei por alguns segundos, absorvendo a intensidade em seu olhar. Camila estava ali, tão linda, tão minha. Meu peito pesava com tudo o que eu havia guardado para mim nas últimas semanas, e eu sabia que não podia mais manter essa distância. Sem pensar duas vezes, me aproximei, segurando seu rosto com firmeza antes de pressionar meus lábios contra os dela. O beijo começou urgente, faminto. Minhas mãos deslizaram por seu corpo, puxando-a para mais perto enquanto eu sentia seu calor se fundir ao meu. Ela se entregou a mim sem resistência, suas unhas cravando em meus ombros enquanto nos movíamos na direção da mesa do meu escritório. Com um movimento ágil, a ergui e a sentei sobre a superfície de madeira, me posicionando entre suas pernas, aprofundando o beijo até que ambos estivéssemos ofegantes. Afastei-me apenas o suficiente para olhar em seus olhos. —Eu sinto muito por ter estado tão distante, Mila.— sussurrei contra seus lábios, minha voz carregada de arrep
Camila Duarte Ricci Eu estava exausta. As últimas semanas foram um turbilhão, e, mesmo que eu tentasse manter a calma, meu coração carregava um peso insuportável. Cheguei em casa duas horas depois, acompanhada de Amber e da enfermeira que a auxiliava. Enquanto caminhávamos pela sala, senti a tensão no ar, como se as paredes carregassem os ecos das discussões que haviam acontecido ali.Amber parou no meio da sala, o olhar vagando pelos porta-retratos e quadros pendurados. Ela observou cada detalhe, as fotos do meu casamento com Lorenzo, imagens das nossas filhas crescendo, momentos que construímos juntos. Seu rosto ficou tenso, e seus olhos brilharam com uma mistura de emoções que eu não sabia ao certo interpretar.Respirei fundo e quebrei o silêncio:— Sei que perdeu muita coisa nos últimos dez anos que esteve aprisionada, mas quero que fique aqui como minha irmã.Ela fechou os olhos por um momento, como se estivesse se preparando para uma batalha interna. Quando voltou a me encarar
Lorenzo Ricci Acordei cedo naquela manhã, sentindo o peso dos últimos dias sobre os meus ombros. O silêncio da casa contrastava com a tempestade dentro de mim. Respirei fundo e segui para a cozinha, onde encontrei minhas filhas já tomando café da manhã. Elas me olharam com um brilho no olhar, surpresas e felizes pela minha presença ali. — Papai! — uma delas exclamou, animada. — Você vai tomar café com a gente? Sorri, puxando uma cadeira para me sentar ao lado delas. — Claro, minhas princesas. Não perderia esse momento com vocês. Elas continuaram comendo, e eu me servi de um café forte, tentando ignorar o cansaço. Mal comecei a comer quando minha mãe, Anny, meu pai, Miguel, e meu irmão mais novo, Ares, se aproximaram da sala de estar. Anny me lançou um olhar avaliativo antes de se sentar à mesa. — Que surpresa, filho. Achei que estava de férias da sua família. — Sua voz carregava sarcasmo, algo típico dela quando queria demonstrar insatisfação. Ester, sorriu ao ouvir o com
Camila Duarte Ricci Ao chegar ao hospital, meu coração batia descompassado. Cada passo pelos corredores friamente iluminados aumentava minha ansiedade. Quando finalmente alcancei o quarto, encontrei Lorenzo sentado ao lado de Amber, que parecia dormir serenamente. Ao me ver, ele demonstrou surpresa. — É melhor você ir para casa; deve estar exausto — sugeri, tentando manter a calma. — Camila, precisamos conversar! — ele respondeu, a tensão evidente em sua voz. — Não se preocupe, ficarei com ela esta noite e amanhã conversamos. Agora vá para casa e descanse; você está com uma aparência péssima. — Camila, você não precisa ficar. — Ela pode ter sido seu amor, mas eu tenho um laço muito maior com ela. É a única pessoa da minha família biológica que está viva. Agora vá para casa e, amanhã, leve nossas filhas para a escola; elas estão sentindo sua falta. Lorenzo hesitou, mas acabou se levantando. Quando estava prestes a sair, chamei: — Espere! Ele parou na frente da porta,
Camila Duarte A água quente da banheira envolvia meu corpo, proporcionando um raro momento de alívio. Fechei os olhos e deixei a tensão se dissolver por alguns instantes, mas minha mente não conseguia desligar. Ainda havia muito a ser resolvido, muitas incertezas pairando no ar. Foi então que senti sua presença antes mesmo de vê-lo. Lorenzo entrou no banheiro silenciosamente e, sem dizer nada, se posicionou atrás de mim. Suas mãos firmes pousaram em meus ombros, iniciando uma massagem que fez meu corpo relaxar de imediato. — Não precisa se preocupar com nada — sua voz grave e reconfortante ecoou pelo ambiente. — Agora tudo ficará bem. Eu fiz um acordo com a Cia. Assim, eles não se envolvem com minha máfia aqui na Itália, e o Will não será mais um problema para nós. Abri os olhos e virei levemente o rosto para olhá-lo. A expressão séria e determinada de Lorenzo me dizia que ele havia tomado todas as medidas necessárias para garantir nossa segurança. Meu peito se encheu de alívi
Camila Duarte O silêncio pairava no quarto enquanto eu fitava Lorenzo. Seu olhar era firme, determinado, mas havia uma sombra de preocupação por trás da fúria que o consumia. Eu sabia que essa vingança era algo que ele planejava há anos, e agora ele me dava a escolha de fazer parte disso. Respirei fundo e encontrei minha própria determinação. — Eu aceito, Lorenzo. Eu quero que você faça isso. Mas antes, eu preciso vê-lo. Preciso olhar nos olhos do homem que matou minha mãe antes que ele pague por tudo o que fez. Lorenzo assentiu lentamente, seu olhar se tornando ainda mais sombrio. — Você terá essa chance. Eu vou garantir que você esteja diante dele antes do fim. No dia seguinte, eu entrei na mansão do meu pai biológico. Mônica, Verônica, Nagela e Regiane haviam conseguido nos infiltrar sem levantar suspeitas. Regiane, que assumira o papel de governanta, me guiava pelos corredores luxuosos, mas frios. — Venha por aqui. — sussurrou ela, com sua postura impecável. Cada pa