Anny Celik Aceitei a oferta de Marc. Mesmo que algo em mim hesitasse, parecia ser a escolha certa. Um novo começo. Ele me conduziu até o quarto de visitas. O cômodo era luxuoso e confortável. Deitei na cama, sentindo o peso de tudo que havia acontecido nos últimos dias. O teto branco era um alívio para os olhos cansados, mas minha mente estava cheia de lembranças. Fechei os olhos, e as memórias vieram com força. Lembrei de como Miguel parecia se importar comigo nos primeiros meses do noivado. Havia momentos em que ele me olhava de um jeito que fazia meu coração acreditar que, talvez, eu pudesse ser feliz. Que, talvez, um dia ele pudesse me amar. Mas com o passar do tempo, percebi que eu era apenas uma parte do plano dele, uma peça no tabuleiro que ele controlava com precisão. Suspirei, sentindo o amargor das escolhas que fiz. Se eu tivesse negado os sentimentos que tinha por ele, tudo poderia ter sido diferente. Talvez eu tivesse mantido minha dignidade intacta. Talvez não estives
Anny Celik Já fazia duas semanas que eu estava trabalhando como advogada do hospital. O ambiente era acolhedor, e eu finalmente sentia que estava seguindo em frente. Ter um espaço só meu também fazia diferença. Meu apartamento era pequeno, mas tinha minha cara. Era meu refúgio. Leyla e Ferman continuavam sendo presenças constantes na minha vida, me oferecendo suporte de uma forma que eu não esperava, mas que agradecia profundamente. Quanto a Miguel, ele parecia ter desaparecido. Não o vi nem ouvi falar dele durante todo esse tempo, o que trouxe um misto de alívio e desconforto. Era estranho como sua ausência podia ser tão notável, mesmo quando eu achava que ela deveria ser indiferente para mim. Naquela noite, o hospital organizava uma festa para arrecadar fundos para a ala pediátrica gratuita. Eu não era fã de eventos sociais, mas Marc insistiu que eu fosse. Ele sempre fazia questão de me incluir, de me lembrar que eu era importante e que merecia estar presente. Me preparei com
Anny Celik Eu odiava estar ali. A mansão que um dia chamei de lar agora parecia um labirinto de lembranças que eu me esforcei tanto para enterrar. Assim que Miguel parou o carro e desceu para abrir minha porta, eu já sabia que aquilo não terminaria bem. — Não vou ficar aqui, Miguel. Você não pode me obrigar a isso. Saí do carro, tentando ignorar o peso do lugar e a proximidade dele. Cada passo que dava me deixava mais sufocada. — Anny, espera. Ignorei sua voz e continuei andando em direção à saída do portão. Foi quando senti sua mão segurando meu braço, me fazendo virar de frente para ele. — Não vou deixar você ir, não até eu contar o que está acontecendo. — Eu não pertenço mais à sua vida, Miguel. Não sou mais sua esposa, então tudo que for a respeito de você não é do meu interesse. Agora solte a minha mão. — Minhas palavras saíram mais afiadas do que eu esperava, mas eu queria que ele entendesse. Os olhos dele brilharam com uma intensidade que me deixou desc
Miguel Ylmaz Aksoy Desde o momento em que trouxe Anny de volta para esta casa, algo em mim sabia que a guerra estava longe de terminar. Quando me virei e vi a raiva em seus olhos, percebi que aquela mulher não era mais a mesma de antes. Ela havia endurecido, se fortalecido, e estava disposta a fazer o que fosse necessário para escapar. Mas eu não podia deixá-la ir. Não ainda. Ela se aproximou, os olhos queimando com uma fúria que fazia minha respiração acelerar. Anny sempre teve esse efeito sobre mim. Mesmo nos piores momentos, mesmo quando tudo entre nós parecia perdido, ela era o caos que me atraía e a paz que eu nunca conseguia alcançar. — Fala logo, Miguel. Diz o que você quer — ela exigiu, cruzando os braços e ficando perto o suficiente para que eu sentisse o perfume dela. — O que eu quero é mostrar para você que estou arrependido. — Respirei fundo, sentindo o peso do que estava prestes a admitir. — Eu não devia ter me divorciado de você, Anny. Por isso não quero que cor
Miguel Ylmaz Aksoy Eu não consegui dormir naquela noite. Permaneci sentado na poltrona do quarto, observando Anny enquanto ela se encolhia na cama, o rosto virado para a parede. Cada curva do seu corpo parecia gritar que ela estava distante, inalcançável. Como foi que chegamos a isso? Deixei o amor da minha vida escapar, me afoguei na obsessão por outra pessoa e agora, quando finalmente percebi que tentei fingir não amá-la, talvez fosse tarde demais. O silêncio no quarto era sufocante. Eu precisava falar com ela, dizer mais do que apenas desculpas vazias. Precisava fazê-la entender que tudo o que fiz, por mais errado que fosse, sempre teve como objetivo protegê-la de mim mesmo e dos meus segredos. — Não vai dormir? — Sua voz baixa cortou o silêncio. Olhei para ela, mas ela não se virou. — Não consigo. — Respondi, direto. Ela bufou, quase rindo. — Culpa costuma tirar o sono mesmo. — Anny... — Me levantei, caminhando até a cama. — Sei que você não acredita em
Anny Celik A luz da manhã entrou timidamente pelas cortinas entreabertas, trazendo-me de volta à realidade. Pisquei algumas vezes, tentando ajustar meus olhos à claridade. Virei o rosto, e meu coração deu um salto ao perceber Miguel deitado ao meu lado. Ele me segurava pela cintura, como se, mesmo dormindo, tivesse medo de me deixar ir. Por um momento, fiquei observando-o. A expressão dele era serena, os traços tão familiares e ainda tão dolorosos de encarar. Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas então ele abriu os olhos lentamente, encontrando os meus. — Bom dia. — Ele sorriu e, antes que eu pudesse reagir, inclinou-se e me deu um selinho. Afastei-me ligeiramente, meu corpo tenso. — Você está equivocado, Miguel. Eu não sou a Diana. Ele piscou algumas vezes, como se precisasse processar minhas palavras, mas manteve o tom calmo. — Você tem todo direito de agir assim. Eu sempre a rejeitei, acreditando que amava a Diana... — Ele fez uma pausa, e seu olhar ficou mais séri
Anny Celik Desci as escadas com o coração acelerado, a cabeça cheia de pensamentos e as palavras de Miguel ecoando na minha mente. A pasta com os documentos ainda pesava em minhas mãos, um lembrete físico do que acabara de acontecer. Antes que pudesse processar tudo, a porta da frente se abriu e Diana entrou, o som dos saltos ecoando no mármore. Seus olhos encontraram os meus, depois deslizaram para a pasta que eu segurava, e finalmente subiram para Miguel, que vinha logo atrás de mim. — O que está acontecendo aqui? — Diana perguntou, sua voz carregada de desconfiança. Parei no pé da escada, sentindo o olhar dela alternar entre mim e Miguel. Antes que eu pudesse responder, ele desceu os últimos degraus, parando ao meu lado. — Isso não te diz respeito, Diana. — Ele falou com firmeza, mas sem hostilidade. — Não me diz respeito? — Ela riu, incrédula, cruzando os braços. — Eu acho que me diz, sim, Miguel. Afinal, nós dois temos uma história. Ou você esqueceu? Eu olhei pa
Capítulo Dezesseis!Miguel Ylmaz Aksoy A porta se fechou atrás de Anny, levando com ela qualquer resquício de controle que eu ainda tivesse. Meu corpo inteiro estava tenso, e a sala parecia pequena demais para conter a tempestade que se formava dentro de mim. Diana permaneceu no meio do salão, seus olhos fixos em mim, ardendo com uma mistura de raiva e mágoa. — Então é isso? — ela disparou, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina. — Você vai simplesmente deixá-la ir e me rejeitar de novo? Passei a mão pelo cabelo, tentando organizar meus pensamentos, mas a única coisa que eu conseguia enxergar era o rosto de Anny. Seus olhos determinados, a firmeza com que ela se colocou diante de todos... Ela ainda era a mulher que me desafiava, que me fazia querer ser melhor, mesmo quando eu não sabia como. — Diana... — comecei, mantendo minha voz o mais calma possível. — Eu nunca pedi nada disso a você. Ela riu, um som amargo e cheio de desprezo. — Claro que não pediu, Miguel! Voc