Capítulo Quatro!

Miguel Yılmaz Aksoy

Eu não estava esperando visitas naquela manhã. Eu tinha acabado de me sentar no escritório, revisando documentos sobre as clínicas que a rede de hospitais planejava adquirir, quando ouvi a campainha soar. Antes que o mordomo pudesse atender, eu mesmo me levantei, intrigado.

Quando fui até a porta, encontrei Marc. Meu sobrinho, que crescemos juntos como irmãos. Vestido em um terno impecável, carregava aquele sorriso confiante que sempre o acompanhava. Ele estava com uma mala ao lado, claramente vindo direto do aeroporto.

— Marc? O que faz aqui tão cedo?— perguntei, surpreso, mas genuinamente feliz..

— Cheguei mais cedo para o Natal! — respondeu ele, abraçando-me brevemente. — E tenho boas notícias. Mas antes de tudo... onde está Anny?

O nome dela foi como um soco. Meu sorriso vacilou por um instante, mas recuperei a compostura rapidamente.

— Ela deve estar no quarto. Vou chamá-la.— Não era mentira, mas a situação era bem mais complicada do que ele imaginava.

Eu sabia que Anny estava arrumada, pronta para sair. O divórcio estava assinado, mas nenhum de nós havia tido coragem de anunciar ainda. Meu coração apertou. Não porque eu estivesse pronto para abrir mão dela, mas porque sabia que Marc e meu pai não podiam descobrir agora.

Respirei fundo e subi as escadas, sentindo o peso de cada degrau. Encontrei Anny no quarto que um dia foi nosso. Ela estava de pé ao lado da cama, sua mala pronta ao lado dela, os olhos presos na janela como se olhasse para um futuro longe de mim.

— Anny... preciso que fique.— minha voz saiu baixa, mas firme.

Ela virou-se devagar, cruzando os braços. Seus olhos me encararam com a frieza que eu havia causado ao longo dos anos.

— Por quê? — ela perguntou, a voz carregada de exaustão e mágoa.

— Marc está aqui. Ele chegou mais cedo para o Natal.

Ela arqueou uma sobrancelha, claramente não impressionada.

— E o que eu tenho a ver com isso, Miguel?

— Eles não podem saber agora sobre o divórcio. — Aproximei-me, tentando soar convincente. — *

Nosso pai precisa decidir quem vai comandar a rede de hospitais até o Natal. Se eles souberem do divórcio, o Marc com certeza será escolhido.

Ela soltou uma risada seca, balançando a cabeça.

— Você não precisa da minha ajuda para isso. Por que não pede à Diana? Tenho certeza de que ela está mais do que disposta a ajudá-lo a ocupar um cargo que, francamente, deveria ser dele.

Diana. Eu sabia que ela mencionaria Diana.

— Anny... — comecei, mas ela me interrompeu.

— Não! Não me venha com desculpas, Miguel. Você sempre pensou apenas em você mesmo. Não se importou em ferir meus sentimentos e agora tem a audácia de pedir que eu continue fingindo ser sua esposa? Mesmo depois de tudo que passei ao seu lado?

Eu engoli em seco. Ela tinha razão, é claro. Mas eu precisava dela.

— Eu te dou a empresa do seu pai. — As palavras saíram rápidas, quase desesperadas. —

Aquela que ele me vendeu. E mais cinco milhões. Será o suficiente para um novo começo, para você seguir sua vida.

Vi o impacto que minhas palavras causaram. Ela parou, seu rosto tenso, enquanto os olhos piscavam rápido, como se lutasse contra uma memória dolorosa.

— Você está disposto a me devolver a empresa do meu pai?— sua voz saiu baixa, quase inaudível, mas eu sabia que ela estava considerando.

— Sim!— confirmei.

Ela respirou fundo, cruzou os braços e finalmente disse:

— Está bem. Eu aceito.

Meu alívio foi imediato, mas durou pouco. Ela continuou, com a mesma frieza calculada, mas com o seu olhar sereno que sempre admirei nela.

— Mas tem mais uma condição. Diana não fica aqui enquanto eu estiver. Mande-a para um hotel, compre uma mansão para ela, mas eu não quero vê-la neste lugar até o Natal. Caso contrário, saio agora mesmo e não me submeto a fingir nada.

Eu a encarei por um longo momento. Ela era impressionante, até quando me confrontava. Cada palavra carregava uma força que eu sabia ser inabalável.

— Combinado!— respondi, finalmente.

Ela assentiu, pegando a mala e colocando-a de volta no closet. Eu sabia que, por quinze dias, teríamos de nos olhar como marido e mulher na frente da minha família. Mas dentro daquela casa, ela me olharia como o homem que a magoou.

continua...

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