Capítulo Três!

Anny Celik

Cheguei em casa com o coração apertado e uma sensação de vazio tão grande que parecia me engolir. Cada canto daquela mansão gritava o desprezo de Miguel, e ainda assim, ela havia sido o único lar que conheci nos últimos anos. Meu lar, e ainda assim nunca foi realmente meu.

Subi para o quarto, respirando fundo, tentando não desabar. Quando entrei, senti um nó na garganta ao olhar para a cama onde tantas noites chorei em silêncio. Respirei fundo, abri o armário e comecei a tirar minhas roupas. Coloquei peça por peça nas malas, com mãos trêmulas.

Eu queria ser forte, mas quando vi meu vestido de noiva pendurado lá, como um lembrete cruel de tudo que perdi, minhas forças me abandonaram. Minhas pernas cederam, e eu caí de joelhos no chão, segurando o vestido com tanta força que os dedos doíam. As lágrimas vieram sem controle, uma torrente que eu não conseguia parar.

— Por quê? — sussurrei, minha voz ecoando pelo quarto vazio. — Por que ele nunca me amou?

Mas eu não tinha respostas, apenas uma dor insuportável. Levantei-me com dificuldade e corri para o banheiro. Meu estômago se revirava, e antes que pudesse pensar, vomitei tudo. O gosto amargo na boca era um reflexo perfeito do que eu sentia por dentro. Talvez fosse o nojo. O nojo do desprezo de Miguel, o nojo de mim mesma por tê-lo amado tanto.

Depois de algum tempo, recuperei o controle. Lavei o rosto, olhei-me no espelho e vi uma mulher quebrada, mas determinada. Eu não podia continuar vivendo daquela maneira. Peguei as roupas, mas não fiz todas malas, desci as escadas e esperei.

O motorista de Miguel chegou pouco depois, trazendo um envelope. Ele me entregou sem dizer nada. Abri com mãos trêmulas e vi os papéis do divórcio, prontos para minha assinatura.

Assinei ali mesmo, sentindo como se estivesse cortando a última corda que me prendia a ele. O motorista observou em silêncio enquanto eu entregava o envelope de volta.

— A senhora precisa de algo? — perguntou ele, com um tom quase gentil.

Quando o motorista perguntou se eu precisava de algo, senti minha garganta se fechar. Meu coração estava pesado, mas minha mente sabia que não havia nada que ele pudesse fazer. Balancei a cabeça, tentando disfarçar a dor que se refletia em cada palavra.

— Não, obrigada. Só preciso descansar.

Ele assentiu, me observando com um olhar que parecia entender mais do que eu esperava. Virei-me e subi as escadas, uma força estranha guiando meus passos, como se cada degrau fosse uma despedida daquela casa que nunca foi um lar de verdade.

Ao entrar no quarto, deitei-me na cama pela última vez. Fechei os olhos e permiti que o cansaço me vencesse. O sono veio rápido, carregando-me para um lugar onde, pelo menos por algumas horas, eu poderia escapar da realidade que me sufocava.

Quando acordei, a luz do sol já invadia o quarto pelas cortinas entreabertas. Sentei-me na cama e respirei fundo, reunindo as forças que me restavam. Eu precisava terminar de arrumar as malas e seguir em frente, ainda que isso significasse abandonar tudo que um dia achei que seria meu futuro.

Coloquei as últimas peças de roupa na mala, fechei-a com um gesto decidido e a coloquei no chão. Fui até a cozinha e bebi um copo de água, tentando aliviar o nó que parecia permanente na minha garganta. Mas a tranquilidade durou pouco.

Assim que voltei para o corredor que levava ao meu quarto, Diana estava parada ali, como uma sombra que eu não conseguia evitar. Seus olhos brilhavam com uma satisfação cruel, e sua voz cortante quebrou o silêncio.

— Você realmente achou que era algo mais do que uma esposa por conveniência? — disse ela, cada palavra carregada de veneno. — Miguel nunca te amou. Você foi apenas uma peça no jogo dele, nada mais.

Por um momento, sua provocação quase me atingiu, mas eu respirei fundo, mantendo a cabeça erguida. Recusei-me a dar a ela o prazer de ver minha dor. Caminhei sem responder, ignorando cada palavra que ela soltava para tentar me ferir.

Quando passei por ela, Diana tropeçou e caiu ao chão com um gemido dramático, como se estivesse encenando um teatro particular. O som de passos apressados ecoou pela casa, e Miguel apareceu. Seus olhos caíram sobre Diana, depois em mim, e o veredicto estava claro antes mesmo que ele falasse.

— Anny, o que você fez?

As palavras dele foram como um golpe. Meu peito apertou, mas eu não deixei transparecer. Olhei para Diana, que fingia estar mais machucada do que realmente estava, e depois para Miguel, que parecia determinado a protegê-la.

Minha voz soou firme, mas meu coração estava em pedaços. Após enfrentar ele decidi subir em esperar por mais explicações ou acusações, virei-me e subi para o quarto, minhas mãos tremendo enquanto fechava a porta atrás de mim.

Quando finalmente fiquei sozinha, a barreira que eu havia construído desmoronou. As lágrimas vieram como uma tempestade, e eu chorei como não chorava há anos. Chorei pela dor, pelo desprezo, pela perda de tudo que um dia sonhei.

Enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto, prometi a mim mesma que seria a última vez que choraria por Miguel. Amanhã, eu sairia daquela casa. Amanhã, eu começaria a reconstruir minha vida.

continua...

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