Isabella Ricci O telefone vibrou sobre a mesa de centro da sala e meu coração se apertou ao ver o nome dele na tela. Dimitri. Fechei os olhos por um instante, sentindo a familiar onda de emoções conflitantes me invadir. Eu não queria atender. Não queria ouvir aquela voz que um dia foi tudo para mim. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim queria encerrar aquilo de vez. Eu já havia tomado minha decisão. O passado precisava ficar para trás. Respirei fundo antes de deslizar o dedo pela tela, levando o celular ao ouvido. — Isabella — a voz dele era um sussurro carregado de tensão. — Você pode falar? Cruzei os braços, tentando conter a raiva e a dor que se misturavam dentro de mim. — Se for sobre os papéis do divórcio, sim, eu posso falar. Você tem alguma dúvida? Um silêncio pesado se instalou entre nós. Podia ouvi-lo respirar do outro lado da linha, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas. Mas não havia palavras certas. Nada que ele dissesse mudaria o que acon
Dimitri Carter A dor era um peso esmagador em meu peito. Eu nunca imaginei que chegaria ao ponto de sentir um vazio tão profundo, um buraco negro sugando cada fragmento de minha existência. Mas ali estava eu, sentado no chão frio do meu escritório, com os papéis espalhados ao meu redor e as palavras de Isabella ecoando na minha mente como um trovão incessante. Ela não queria me ver. Ela não queria mais me ter em sua vida. A ficha caiu como um soco brutal. Meus olhos ardiam, e, antes que percebesse, lágrimas deslizaram pelo meu rosto. Eu, Dimitri, chorava. Não de raiva, não de frustração, mas de dor. Uma dor que experimentei antes, quando havia perdido o meu filho e minha falecida esposa. Isabella foi minha força, minha tempestade e minha calmaria. E agora, ela estava fora do meu alcance. Levantei-me de súbito, meus músculos rígidos pelo tempo que passei imóvel. Passei as mãos pelo rosto, limpando as lágrimas, e encarei meu reflexo no vidro da janela. Eu precisava lutar. Se havi
Isabella Duarte Ricci O silêncio pairava sobre nós, denso e pesado. O som da porta se fechando ainda ecoava em minha mente, e eu podia sentir o peso da presença de Dimitri mesmo após sua partida. O cheiro amadeirado do perfume dele ainda pairava no ar, misturando-se ao aroma de cacau do chocolate quente que Aurora preparou mais cedo. Ela mexia os dedos nervosamente sobre o tecido da manta fina que cobria suas pernas, como se tentasse organizar as palavras antes de soltá-las. — Você... um dia vai contar para o Dimitri? — Sua voz soou baixa, quase um sussurro, mas atingiu meus sentidos como um trovão. Fechei os olhos por um breve instante, inspirando fundo. Eu sabia que essa pergunta viria, era inevitável. Mas ouvir Aurora verbalizá-la tornava tudo mais real, mais definitivo. — Não. Ele agora tem que se preocupar apenas com a mulher que engravidou e o bebê que ele terá — Minha resposta saiu firme, sem hesitação. Ela se virou para mim, os olhos castanhos refletindo um misto de surpr
Dimitri Carter Chegar em casa nunca pareceu tão estranho quanto naquele dia. Natasha entrou primeiro, calada, como de costume. Nosso casamento era uma farsa, um teatro montado às pressas por circunstâncias que fugiam ao meu controle. Havia meses que eu havia assinado os papéis do divórcio, me divorciar de Isabella foi de todas minhas escolhas, a única que eu me arrependia, mas ela não me queria e o meu erro de ter deixado a Natasha grávida não podia ser esquecido, apagado ou perdoado, O meu casamento atual era sem amor, sem sequer desejo, me vi casado com outra mulher. Tudo por responsabilidade. Tudo porque Natasha carregava minha filha. Natasha não se importava, ela só queria uma vida luxuosa, se exibir para as amigas que estava casada com um homem poderoso, mas eu não tinha sequer amor ou desejo por ela, dormíamos em quartos separados, tínhamos uma vida separada da outra, não havia nada, a não ser a responsabilidade em sermos pais da bebê que ela carregava em seu ventre. Caminh
Isabella Duarte Ricci A noite estava calma quando entrei no restaurante, meus olhos percorrendo o ambiente até encontrarem Tomas, já sentado em uma mesa próxima à janela. Ele sorriu ao me ver e se levantou, puxando a cadeira para mim com um gesto cortês. — Boa noite, Isabella. Você está linda. — Ele disse com um tom suave. Sentei-me e sorri de leve. — Obrigada, Tomas. E obrigada pelo convite. Eu realmente precisava de um momento assim. Ele assentiu e chamou o garçom, que logo nos entregou os cardápios. Enquanto eu analisava as opções, senti seu olhar sobre mim. — Como você tem se sentido? — perguntou ele, fechando seu cardápio sem nem precisar olhar. Suspirei, pousando o cardápio na mesa. — Um misto de emoções, para ser sincera. Estou feliz, claro, mas também assustada. Há muita coisa para processar. Tomas assentiu, compreensivo. — É normal. A maternidade vem com muitas incertezas, mas você não está sozinha. Tem pessoas que se importam com você e que vão te apoiar. Eu, por exe
Dimitri Carter Uma semana depois, sentado em minha cadeira de couro no escritório, observava o relógio impaciente. O detetive que contratei chegaria a qualquer momento. Passei dias remoendo a mentira de Derick e, quanto mais o tempo passava, mais eu sentia que algo estava errado. O clique da porta interrompeu meus pensamentos. — Senhor Carter, eu passei a semana inteira observando seu irmão e a esposa dele — disse o detetive, colocando uma pasta sobre minha mesa. — E ela não pode estar grávida, não como me disse que seria uma gestação de mais de oito meses. Além disso, ela não se consulta no hospital em que sua esposa Natasha também faz consultas. Minha mandíbula se contraiu. Apertei os punhos sobre a mesa enquanto ele continuava. — Mas a Isabella Duarte Ricci, é quem tem ido com frequência ao hospital. Consegui com um amigo meu, segurança de lá, alguns vídeos. Uma enfermeira também me confirmou. O ar pareceu fugir dos meus pulmões. Peguei a pasta, folheando as imagens de vídeos
Isabella Duarte Ricci Uma semana depois daquele jantar com o Tomas, eu saí para ir ao aniversário do meu sobrinho. A noite estava perfeita. As luzes douradas brilhavam suavemente, iluminando cada canto do enorme jardim onde a festa acontecia. Balões coloridos flutuavam no ar, enquanto crianças corriam animadas, rindo e brincando ao redor das mesas decoradas com tons de azul e dourado. Eu observava tudo com um sorriso terno nos lábios. Sentada em uma cadeira confortável, acariciava minha barriga já evidente, sentindo os leves chutes dos meus filhos. Era uma sensação mágica, como se suas pequenas vidas estivessem comemorando junto com a família naquele dia especial. — Eles estão chutando? — perguntou Aurora, minha irmã, ao se sentar ao meu lado. — Sim — respondi, levando a mão dela até minha barriga. — Estão animados, acho que sentem a felicidade no ar. Aurora sorriu emocionada. Estava tão feliz com minha presença na festa do pequeno Theo.O meu sobrinho estava radiante, cercad
Anny CeliK Quando acordei naquele hospital, o rosto dele foi a primeira coisa que vi. Miguel Ylmaz. Tão perfeito e imponente quanto um deus grego, com olhos profundos que pareciam ler minha alma. Ele segurava minha mão, mas seu toque era frio. Não parecia o toque de alguém que amava, mas eu não sabia disso na época. Naquele momento, acreditei que ele era meu tudo. — Sou seu noivo, Anny. Você sofreu um acidente, mas vai ficar bem. — Suas palavras soaram gentis, mas vazias, como se fossem ensaiadas. Eu não percebi. Minha memória havia sido apagada pelo impacto do acidente, e a ideia de que esse homem era meu noivo parecia perfeita demais para questionar. O casamento veio rápido, quase como uma formalidade. Eu mal conhecia minha nova vida, mas estava cega pela ideia de amor. Miguel, o homem mais poderoso da Turquia, estava se casando comigo. Era uma história digna de um conto de fadas, ou assim pensei. Na verdade, era uma tragédia em formação. Durante a cerimônia, ele não sorriu