Depois do Divórcio: Te quero de volta
Depois do Divórcio: Te quero de volta
Por: Julliany Soares
Capítulo Um!

Anny CeliK

Quando acordei naquele hospital, o rosto dele foi a primeira coisa que vi. Miguel Ylmaz. Tão perfeito e imponente quanto um deus grego, com olhos profundos que pareciam ler minha alma. Ele segurava minha mão, mas seu toque era frio. Não parecia o toque de alguém que amava, mas eu não sabia disso na época. Naquele momento, acreditei que ele era meu tudo.

— Sou seu noivo, Anny. Você sofreu um acidente, mas vai ficar bem. — Suas palavras soaram gentis, mas vazias, como se fossem ensaiadas.

Eu não percebi. Minha memória havia sido apagada pelo impacto do acidente, e a ideia de que esse homem era meu noivo parecia perfeita demais para questionar.

O casamento veio rápido, quase como uma formalidade. Eu mal conhecia minha nova vida, mas estava cega pela ideia de amor. Miguel, o homem mais poderoso da Turquia, estava se casando comigo. Era uma história digna de um conto de fadas, ou assim pensei. Na verdade, era uma tragédia em formação.

Durante a cerimônia, ele não sorriu. Sua mão segurava a minha com firmeza, mas sem calor. Ainda assim, quando disse “sim”, meu coração acreditou que talvez um dia ele pudesse me amar.

Os primeiros meses de casamento foram solitários. Miguel era ausente, era um advogado muito requisitado, também um poderoso magnata com um lado frio. Passava dias na empresa e noites trancado em seu escritório. Quando estávamos juntos, sua frieza era um lembrete constante de que algo estava errado. Mas eu me esforcei. Preparei jantares, decorei nossa casa com flores que achei que ele gostasse, vesti os melhores vestidos para tentar chamar sua atenção. Tudo em vão.

Ele fingia ser romântico diante da sua família, os Ylmaz Aksoy eram bastante unidos, mas ele sempre foi frio quando estávamos a sós.

Ele nunca levantava a voz, mas o silêncio dele era ensurdecedor. Eu passei noites chorando em nosso quarto, perguntando-me o que estava fazendo de errado. Ele me tratava como um objeto, uma peça de decoração em sua vida perfeita.

Foi então que descobri a verdade, quando lembrei após um bom tempo sem a memória do passado. Ele não se casou comigo por amor. Ele fez isso por conveniência e respeito ao meu pai que havia implorado para Miguel cuidar de mim. Eu era uma promessa, um fardo que ele carregava por obrigação.

Mesmo assim, eu continuei tentando. Por quatro anos fui uma esposa dedicada, mesmo quando ele me ignorava. Eu acreditava que o amor poderia nascer com o tempo, mas Miguel era uma parede de gelo que eu nunca conseguia derreter.

Então, naquele dia fatídico, decidi surpreendê-lo em seu escritório. Preparei um almoço especial e fui até lá, imaginando que talvez, por uma vez, ele pudesse me olhar com carinho.

Mas o que encontrei me destruiu. Diana a mulher que ele nunca havia esquecido, estava lá. Ela estava sentada em sua mesa, rindo de algo que ele disse. Seus olhos, que nunca haviam me olhado com amor, estavam fixos nela como se fosse o centro do universo.

Meu coração quebrou naquele momento. Eu sabia que nunca poderia competir com aquele amor.

— Anny, o que você está fazendo aqui? — A voz dele era fria, e a irritação em seu tom fez meu peito apertar ainda mais.

Sem dizer nada, tirei a aliança do dedo e a joguei sobre a mesa.

— Quero o divórcio.

Ele sorriu, um sorriso amargo que cortou minha alma.

— Os papéis já estão prontos. Estava esperando que você pedisse.

— Você nunca me amou, não é? — Minha voz tremeu, mas mantive a cabeça erguida.

— Não. Eu só me casei com você por respeito ao seu pai.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas eu me recusei a deixá-las me dominar.

— Eu te amei, Miguel. Com tudo que eu tinha. E tudo que você fez foi me desprezar, me usar para satisfazer suas vontades. Eu fui só uma obrigação para você.

Ele não respondeu. Apenas me olhou com aqueles olhos que nunca me viram de verdade, e naquele momento, soube que estava livre. Livre dele, mas ainda presa à dor de amá-lo.

Quando saí daquele escritório, deixei para trás não apenas um casamento, mas uma parte de mim mesma. Eu sabia que o caminho para a cura seria longo, mas prometi a mim mesma que nunca mais me sujeitaria a ser apenas uma promessa cumprida.

Naquele dia, aprendi que o amor unilateral é o tipo mais cruel de prisão. E, por mais que doesse, eu estava disposta a lutar pela minha liberdade.

Continua...

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