Tessar Vrynn é um pirata arrogante e cruel, de poucas palavras. Seu lema é: "Governe o mar e governe o mundo." Durante o saque a uma vila, sem sequer saber o nome do lugar, Tessar salvou a vida de uma garota que aparentava ter 16 ou 17 anos. Ela lhe disse que, a partir daquele momento, sua vida pertencia a ele, pois não sabia nadar e havia se lançado ao mar para morrer. Tessar se apaixonou por ela na primeira vez que a viu. Como prova desse momento, tatuou a data em que se conheceram em sua costela e jurou que voltaria para buscá-la em dez anos. E ele realmente voltou — no dia mais oportuno possível: quando ela estava prestes a ser sacrificada ao Deus do Mar, acusada de bruxaria. Sem hesitar, Tessar a salvou, sem imaginar que ela era filha de Seraphine D’Abyss, a própria Deusa do Mar. Seraphine nunca sentiu nada por sua filha, mas quando se trata de destruir os homens humanos, ela não mede esforços. E agora, usará a própria filha para acabar com Tessar, que ousou se intitular o Rei dos Sete Mares.
Ler maisNo sétimo dia, Liora parecia querer mexer com a minha mente: seus olhares subliminares, seus toques atrevidos, seu jeito de falar. "Não posso fazer isso. Ela ainda está ferida. Vou mantê-la segura de mim", pensei, encostando-me ao leme para que os outros não percebessem a minha ereção involuntária, causada por Liora. Naquela noite, no convés, senti o cheiro de lírio. São seis meses no mar, e ela ainda tem cheiro de flor fresca. Meu Deus, eu amo essa mulher. Vi-a passeando entre a tripulação, que conversava com ela como se já fosse um deles. E realmente parecia que ela era uma pirata. Usava um vestido claro e leve, que mais parecia uma roupa de baixo. Estava aprendendo sobre navegação com Garrick, lendo mapas e, curiosamente, apaixonou-se pelo mapa do Fosso — influência das histórias de Bjorn, imagino. Quando me viu, curvou-se sobre a mesa, marcando cada curva daquele corpo moreno que me tirava do sério. O cabelo cacheado, molhado, escorria pelo pescoço, e ela fez questão de ar
Tessar Vrynn O vento cortava como facas, e as ondas levantavam o navio como se fosse um brinquedo. — Capitão! — Garrick gritou. — Não podemos abrir mão dos suprimentos! A próxima ilha está a quase doze dias daqui! Pensei por um instante, imaginando o que faria. — Todos abaixo! Apenas cinco homens comigo no convés! Recolham as velas e preparem os remos! — Capitão, pode ser... — Agora, Garrick! — o interrompi. — Não vou perder ninguém aqui hoje. Ele ficou, junto comigo, enquanto o restante da tripulação desceu para segurar os remos, caso o mar tentasse nos afundar. Estavam assustados. Qualquer pirata ficaria ao ver o tamanho das ondas colossais que nos atingiam. O cheiro de lírios inundou o ar no instante em que uma onda monstruosa se ergueu diante de nós. Eu me preparava para a morte quando a vi no convés. Liora. Estava de pé, os braços abertos e os olhos brilhando em âmbar. Sangue escorria de seus pontos abertos, misturando-se à água da chuva. — Porra,
LIORA NIX Doze dias se passaram. Eu já estava me acostumando a cuidar da tripulação, ajudar a limpar aves, pegar água e, às vezes, depois de Tessar dormir, Alarde Garrick me ensinava a navegar ou a lutar. O velho Bjorn sabia várias histórias antigas sobre a Deusa do Mar e seus feitos aterrorizantes. E eu sempre prestava atenção—lendas se tornam lendas porque são importantes. O mastro do navio finalmente foi reposto, e as velas, costuradas. Fiquei assustada quando vi que Tessar usou uma parte da pele de Asher e Jorrik para costurar a bandeira no navio. Mas não disse nada. Tessar parecia estressado nos últimos dias, e eu não queria problemas. Ele pediu que eu dormisse no navio. Creio que suspeite das aulas de Garrick. Tomara que ele não o machuque... Eu não me perdoaria. Saímos da ilha antes do amanhecer. O mar estava calmo, mas uma tempestade crescia dentro de mim. Eu sabia que ela voltaria. E se, dessa vez, não houvesse uma ilha por perto? Toda a tripulação poderia morrer. Iss
TESSAR VRYNN Eu deveria estar saciado. Mas nunca estou. Liora dorme ao meu lado, a pele marcada pelos meus dedos, pelos meus dentes. Ela pertence a mim. Não porque a conquistei, mas porque a tomei, e ela me deixou tomar. Seu peito sobe e desce, tranquilo, como se os últimos minutos não tivessem sido um caos de suor, gemidos e promessas feitas entre suspiros. Mas sei que não está dormindo de verdade. Seu corpo está mole, mas sua mente ainda vagueia. Eu poderia acordá-la. Poderia puxá-la para mim, fazê-la gemer meu nome outra vez, até que ela não tivesse força para fugir. Mas algo dentro de mim me mantém parado, observando-a. Minha mão desliza por sua pele, traçando os hematomas que deixei. Seu pescoço está vermelho, os lábios inchados. Ela se mexe sob meu toque, suspira baixinho. Ela gosta. De ser marcada. De ser tomada. Minha. Minha. Minha. Fecho os olhos e respiro fundo, forçando meu corpo a relaxar. O cheiro dela ainda está em mim. A noite foi embora devagar,
Meu corpo parecia estar sendo eletrocutado. Cada vez que ele abria a boca, meu corpo respondia. Estamos longe da Baía da Espuma, então por que estou me sentindo assim? Meu corpo queima. O frio na minha barriga, ao invés de me congelar, me aquece. Não sei o que acontece quando ele age assim... dessa forma que eu não sei descrever. Ele tem efeito sobre mim. — Aai... — deixei escapar um gemido que não deveria enquanto ele me colocava sobre a mesa. Ele me olhou como se fosse me devorar, mas parecia estar com raiva. — Eu não posso fazer isso. Se você disser não, vou usar o resto da minha racionalidade pra sair daqui. Eu não ouvi nada do que ele disse. Só o jeito como falava devagar e ofegante fazia eu me sentir embriagada. Toquei a boca dele com o dedo, deslizando até o peito. — Eu vou fazer o que você quiser. Ele parecia queimar enquanto eu falava. Eu sabia que havia raiva ali, mas não sabia que sentimento era aquele que deixava seu olhar como o de um lobo faminto diante de
Liora Nix Acordei depois do desastre dos peixes. O mar estava calmo, e o céu, mais estrelado do que nunca. Uma visão linda, quase irreal. O convés estava silencioso, apenas o marujo no topo do mastro montava guarda. Observei quando ele desceu devagar e, estranhamente, me desejou boa noite antes de seguir em direção à cozinha. Apesar do frio, não me cobri. Só queria sentir aquele momento, respirar a brisa salgada. A sensação de querer ir embora havia sumido, e isso era estranho. Ele fez isso comigo. De alguma forma, parecia ter arrancado a dor de dentro de mim com as próprias mãos. Me chamavam de bruxa, mas quem teve o poder de acalmar o mar dentro de mim foi ele. Ouvi passos lentos atrás de mim. Era ele. Por um momento, achei que fosse me abraçar por trás, mas ele respeitou meu espaço e sentou-se ao meu lado. — Se sente melhor? — Sua voz grave era baixa, quase um sussurro. Assenti sem encará-lo. — A tripulação pediu para que eu lhe agradecesse. Os peixes vão evitar que pass
TESSAR VRYNN Eu não sabia o que estava acontecendo. Estava no meu camarote, concentrado nas cartas náuticas, traçando uma rota que nos mantivesse longe da enseada de Lhamar, a ilha das sereias. Se fôssemos pegos pelo seu canto, o navio inteiro poderia se perder. Era um risco que eu não estava disposto a correr. Então começaram os golpes no casco. Não parecia um canhão. O barulho era diferente, mais seco, como se algo estivesse se chocando contra a madeira repetidamente. Saí do camarote em passos rápidos, o cenho franzido, já preparado para qualquer ataque, mas o que vi no convés me deixou surpreso. Meus homens estavam parados, olhando maravilhados para o mar. Alguns pareciam encantados, outros assustados. E quando segui seus olhares, entendi o motivo. Peixes-espada se jogavam contra o navio. Um após o outro, como se tivessem enlouquecido. Alguns não sobreviveram ao impacto, caindo mortos na água ou deslizando pelo convés encharcado. — Bem, não precisaremos de suprimentos
— Capitão — a voz de Garrick me arrancou do passado. — A tripulação tá comentando. — Ele acendeu um cachimbo de ópio. — Dizem que a garota é bruxa. Que trouxe a tempestade. Olhei para o horizonte. O céu estava limpo, estrelado, mas um bom pirata sabe que não deve confiar no céu limpo. — E você? Acredita nessa bobagem? Ele cuspiu no chão. — Acredito que você tá arriscando o pescoço por uma mina que nem sabe amarrar um nó. Sorri, sem humor. — Eu arrisco meu pescoço todo dia, Garrick. Pelo menos dessa vez, o prêmio é bonito. Ele bufou, mas não discutiu. Ninguém no Arraia discutia comigo. Não depois do que eu fiz por eles. — E se ela tentar fugir? — Não vai. — Como pode ter tanta certeza? Encostei na amurada, sentindo o sal grudar na minha pele. — Porque ela não tem pra onde ir. — Você me disse que quem não tem nada a perder, não tem nada a temer. Encarei meu imediato por alguns segundos, tentando encontrar algo para dizer que provasse que ele estava errado, mas
Passei muito tempo com ela, e cheguei a pensar que era só mais uma entre tantas mulheres na minha vida. Mas me enganei. Me apaixonei. "Você é diferente dos outros", ela sussurrou na primeira noite que passamos juntos, seus dedos traçando as cicatrizes nas minhas costas. Eu era jovem e estúpido o suficiente para acreditar. Depois de um ano ao lado dela, me sentindo o homem mais feliz do mundo, decidi pedi-la em casamento. Mas, na noite anterior, Hedrien entrou no meu quarto, apressado, olhando pela janela como se temesse ser ouvido por alguém além de mim. "Tess, acorda!" Hedrien sacudiu meu ombro com força, o rosto pálido à luz da lamparina. "Olha isso." Os documentos que ele espalhou sobre minha cama cheiravam a tinta fresca e sigilo. "O velho Dain está desviando suprimentos dos postos fronteiriços", ele sussurrou, os olhos ardendo com aquela luz de justiça que sempre o condenaria. "Vou viajar depois de amanhã até o quartel de Nailli. Preciso pegar mais algumas informações e, depoi