Tessar Vrynn é um pirata arrogante e cruel, de poucas palavras. Seu lema é: "Governe o mar e governe o mundo." Durante o saque a uma vila, sem sequer saber o nome do lugar, Tessar salvou a vida de uma garota que aparentava ter 16 ou 17 anos. Ela lhe disse que, a partir daquele momento, sua vida pertencia a ele, pois não sabia nadar e havia se lançado ao mar para morrer. Tessar se apaixonou por ela na primeira vez que a viu. Como prova desse momento, tatuou a data em que se conheceram em sua costela e jurou que voltaria para buscá-la em dez anos. E ele realmente voltou — no dia mais oportuno possível: quando ela estava prestes a ser sacrificada ao Deus do Mar, acusada de bruxaria. Sem hesitar, Tessar a salvou, sem imaginar que ela era filha de Seraphine D’Abyss, a própria Deusa do Mar. Seraphine nunca sentiu nada por sua filha, mas quando se trata de destruir os homens humanos, ela não mede esforços. E agora, usará a própria filha para acabar com Tessar, que ousou se intitular o Rei dos Sete Mares.
Leer másTESSAR VRYNNO Capitão Barba Negra praticamente nos obrigou a participar da festa. Não que eu reclamasse — afinal, uma noite de rum e risadas era algo raro em alto-mar —, mas eu sabia que aquela exceção tinha um motivo. Ele havia reencontrado Garrick, seu filho, depois de tanto tempo.Garrick não era um filho perdido. O Capitão se envolveu com uma mulher em Dessrosa e, dessa noite, veio Garrick, que, nove meses depois, chegou ao navio dentro de uma caixa de mariscos. Temendo pela segurança do menino, o capitão não o levou para o alto-mar. Pagou a uma conhecida para cuidar dele e deixou uma quantia significativa de dinheiro para que tivesse uma boa vida e bons estudos. Mas filho de peixe, peixinho é, e Garrick se tornou um pirata aos 15 anos. Apaixonou-se em uma ilha qualquer e ancorou ali mesmo.Mas ele perdeu tudo. Nunca disse como ou por quê, mas voltou a navegar comigo depois que salvei sua vida.— Capitão, vamos, beba! — Jarek encheu meu copo, arrancando-me de minhas lembranças.A
Me assustei ao ouvir gritos. O barulho de homens trabalhando. Passos na escada. Meus olhos ainda não haviam se acostumado à escuridão, e meu primeiro impulso foi me proteger. Encontrei uma pena sobre a mesa à minha frente. Me armei com ela. Ele entrou. Sua presença era forte. Imponente, como se carregasse o mundo nas costas. — Oi, minha jovem. — Sua voz invadiu meus tímpanos como adagas, talvez pelo tempo em silêncio. — Onde estou? — perguntei assustada, segurando a pena atrás das costas. — Bem... — Ele começou. — Este é o meu navio, O Vingança da Rainha Ana. Olhei para ele, esperando que dissesse mais alguma coisa. — Não sabe mesmo onde está? Você... — Como cheguei aqui? — É uma história engraçada. Uma garça bateu no meu imediato. Creio que eu fosse o alvo, mas estava dormindo, então meu imediato foi avisado por ela que você estava à deriva. Eu sabia que ele estava falando de Katar, mas não queria demonstrar fraqueza. — Então... seu
Enquanto remava, me permiti chorar. O mar era enorme; Tessar não me encontraria fácil. O destino não seria tão cruel comigo.Eu trouxe as frutas e a água do camarote, além de um único mapa que estava sobre a mesa – provavelmente a rota de fuga da Baía da Espuma, caso a noite chegasse e ainda estivéssemos lá. Meu coração apertou ao ouvir um grito. Era inaudível, mas eu sabia que era a voz dele. Meus braços se moveram agilmente para frente, como se quisessem voltar. Maldito medo que sempre nos faz querer retornar para algo que claramente não é para nós.Que se dane o mundo. Eu estou viva, e até meu coração parar de bater, vou atrás do que faz meu peito pulsar.Senti meus olhos se encherem d’água e fiquei feliz ao perceber que minha coragem era maior que meu medo. Bem, pelo menos até a noite chegar. Não é que eu tenha medo do escuro – é que sinto verdadeiro pavor. Meu corpo trava, eu começo a suar frio, e então congelo, sem conseguir me mover.O pensamento me levou à cela onde fiquei
Tessar voltou, mas acho que não quer ficar perto de mim. Ouvi quando ele se deitou novamente no chão. Dessa vez, não vou até lá—talvez ele precise do momento dele.Levantei-me devagar, pra não acordá-lo, eu só queria o casaco que estava atrás da porta. Eu estava seminua e não queria que mais ninguém me visse assim, então precisava pegar o casaco dele. Me vesti e voltei para a cama. Estava tão frio que, parecia que ele ia penetrar meus ossos.Tessar continuava deitado naquele chão gelado. Peguei um dos panos que me cobriam e por preocupação o coloquei sobre ele, tentando lhe dar um pouco de calor. Depois, voltei para a cama em silêncio, pé ante pé, para que ele não me visse. Deitei-me novamente, cobrindo-me até a cabeça, e virei o rosto para a parede do navio.Dessa vez, eu não estava apenas com medo. Eu estava apavorada. Mas não por mim. O medo de que ele se ferisse por minha causa fazia meu estômago revirar, e era horrível.Ouvi passos na escada do camarote, mas não me virei. Garric
Tessar VrynnMeu pequeno problema. Ela é tão linda… Não sei por quanto tempo serei humano e evitarei tomá-la.— Está quente. Você se sente bem?— Sim, me sinto bem. Mas já que você não pode sair, vamos dormir na mesma cama? — Os olhos dela brilham. Essa voz doce é linda. Qualquer homem cederia ao desejo, mas eu não sou qualquer homem. Eu sou Tessar Vrynn.— Não. Pode ficar com a cama, tenho muito a fazer — respondi, colocando-a no chão e me virando para sentar na cadeira.— Tudo bem, capitão Vrynn, irei dormir agora. Eu ganho um beijo de boa noite?Caralho. Ela sentou de perna aberta no meu colo. Que visão maravilhosa. Engulo seco, imaginando as diversas formas de fodê-la.— Um beijinho? — ela pede de forma manhosa, se aproximando de mim.O beijo dela é anestesiante. Nessa posição, ela me tem nas mãos.— Não faça isso. Posso machucar você, meu pequeno problema.Ela sorri com essas malditas covinhas lindas.Não curtimos muito tempo. Ouço os gritos de Asher no convés.— Não saia. Mesmo
Tessar Vrynn Duas noites. Malditas duas noites com ela naquele estado, e ainda nem chegamos à enseada de Lhamar. Se eu ficar, Liora não vai passar por tudo isso, mas se não ultrapassar a ilha, nunca serei, de fato, o rei dos Sete Mares. Que pirata maldito eu seria se temesse mulheres-peixe? — Capitão, estamos a todo pano, como o senhor mandou, mas... O senhor tem certeza? A senhorita Nix não parece nada bem. Olhei por cima do ombro para Garrick, meus olhos cheios d’água. A cena dela amarrada veio outra vez à minha mente, e eu levei a mão ao rosto. — Senhor, talvez, se dissesse a ela... talvez… Toquei o ombro de Garrick e desci as escadas do camarote. Havia pouco que eu não faria se Garrick me aconselhasse. Ele era um demônio do mar quando o conheci, tinha perdido esposa e filhos para uma doença e se embebedava todas as noites até ficar sem dinheiro para pagar. Quase morreu depois de ser espancado pelo dono da taverna. Eu saldei sua dívida e o convidei para navegar comigo. — Um h
Acordei com uma dor de cabeça latejante. A noite passou rápido demais, e meu corpo parecia pesado, como se não fosse realmente meu. Nunca tinha bebido rum antes; ontem foi a primeira vez. Espero, de verdade, que tenhamos terminado a tradução das cartas. — Boa tarde, moça — Bjorn disse, entrando no camarote com um sorriso animado. — Tarde? — perguntei, confusa, enquanto me sentava na cama. — Você nunca bebeu, né? — ele riu, colocando uma tigela de caldo de peixe na mesa ao lado da cama. — Não, em 27 anos. — Isso se vê — ele respondeu, rindo baixinho. — Trouxe caldo de peixe pra você. Vai ficar enjoada, mas vai melhorar, tá? — Obrigada, Bjorn. Você é um amor. Ele sorriu, como se eu tivesse feito a melhor coisa do mundo. Quando ele saiu do camarote, sua alegria pareceu me contagiar, mesmo com a cabeça latejando. A porta se abriu devagar novamente, e ele entrou. O cheiro dele invadiu minhas narinas, e tudo ficou lento. Vi ele andando em minha direção, devagar, como se o te
Liora Nix Acordei depois do desastre dos peixes. O mar estava calmo, e o céu, mais estrelado do que nunca. Uma visão linda, quase irreal. O convés estava silencioso, apenas o marujo no topo do mastro montava guarda. Observei quando ele desceu devagar e, estranhamente, me desejou boa noite antes de seguir em direção à cozinha. Apesar do frio, não me cobri. Só queria sentir aquele momento, respirar a brisa salgada. A sensação de querer ir embora havia sumido, e isso era estranho. Ele fez isso comigo. De alguma forma, parecia ter arrancado a dor de dentro de mim com as próprias mãos. Me chamavam de bruxa, mas quem teve o poder de me acalmar foi ele. Ouvi passos lentos atrás de mim. Era ele. Por um momento, achei que fosse me abraçar por trás, mas ele respeitou meu espaço e sentou-se ao meu lado. — Se sente melhor? — Sua voz era baixa, quase um sussurro. Assenti sem encará-lo. — A tripulação pediu para que eu lhe agradecesse. Os peixes vão evitar que passemos a semana inteira comend
TESSAR VRYNN Eu não sabia o que estava acontecendo.Estava no meu camarote, concentrado nas cartas náuticas, traçando uma rota que nos mantivesse longe da enseada de Lhamar, a ilha das sereias. Se fossemos pegos pelo seu canto, o navio inteiro poderia se perder. Era um risco que eu não estava disposto a correr.Então começaram os golpes no casco.Não parecia um canhão. O barulho era diferente, mais seco, como se algo estivesse se chocando contra a madeira repetidamente.Saí do camarote em passos rápidos, o cenho franzido, já preparado para qualquer ataque, mas o que vi no convés me deixou surpreso. Meus homens estavam parados, olhando maravilhados para o mar. Alguns pareciam encantados, outros assustados. E quando segui seus olhares, entendi o motivo.Peixes-espada se jogavam contra o navio. Um após o outro, como se tivessem enlouquecido. Alguns não sobreviveram ao impacto, caindo mortos na água ou deslizando pelo convés encharcado.— Bem, não precisaremos de suprimentos essa