Evie Beaumont não compreendia os sonhos constantes com um monstro sanguinário da floresta mais assustadora de seu vilarejo, sequer poderia entender sua ligação com as íris negras que a faziam se arrepiar. Fadada a viver uma vida infeliz, Evie deixa para trás o misterio dos sonhos para resolver um problema real: estar noiva de um homem desprezível. Em meio a seu noivado, a garota descobre que sua vida foi uma grande mentira e, durante a tristeza, se perde na vasta floresta de neve. Lá, o que era sonho se torna realidade e a fera assustadora enfim aparece para preda-la...entretanto para sua surpresa ele a deixa viver. Mas Evie está convencida de que precisa eliminá-lo de seu vilarejo e fará de tudo para captura-lo! Enquanto isso, do outro lado do muro da floresta humana, há um rei amaldiçoado prestes a sequestrar uma humana que deveria matar.
Ler maisA magia toda a sufocava. Ela estava presa em uma roda de fogo com a música mais calma que já tinha escutado, mas que não fazia jus da situação. A risada macabra se misturava com a melodia. O ar não lhe chegava aos pulmões fazendo com que a mesma se debatesse à procura de uma salvação. Ela viu o rosto enrugado passar pelas chamas.— Irá queimar, criança— a velha disse.Evie perfurou a mão com as unhas pontiagudas e a falta de ar já se tornava horrível. A velha ainda a observava com satisfação no rosto. A menina ficou tonta e no último momento de sua lucidez viu os olhos da fera se inclinando sobre ela.**Evie acordou assustada. Percebeu um lençol diferente em uma cama diferente. O quarto era decorado com rosas rubras e folhas verdes, ela percebeu estar escuro pela pouca quantidade de luz que aquele quarto possuía. Era um pouco frio e a sensação de estar sendo observada era constante. Parecia um sonho encantada estar naquele cômodo, entretanto a aura daquele local não parecia nada en
A menina sangrava tanto que ele temia não chegar a tempo. O rei olhava intrigado para as facas presas nas roupas rasgadas da humana, era nítido que ela foi à floresta matá-lo.Garota tola. O rei devia estar furioso, mas na verdade estava surpreso com tamanha coragem, ele havia imaginado que a garota fosse uma dama delicada, frágil e fraca, como a maioria dos humanos, mas se enganou. A beleza quase angelical que ela possuía encobria sua personalidade.Os portões do castelo estavam enfim visíveis. Assim que entrou porta a dentro observou o lago, os espinhos e as rosas. O local era estranhamente mórbido, ainda que belo. A menina com certeza acordaria assustada e confusa.O rei fez uma careta de desgosto, se perguntando o motivo de estar incomodado com a reação negativa da humana ao acordar. Ela era sua prisioneira, não devia se importar com seu bem estar. A garota deveria se ajoelhar aos seus pés por salvar sua vida daquela bruxa intragável. Troye subiu as escadas e abriu a porta do
Evie chegou à mansão junto ao cair do sol. Levava um vestido em suas mãos para que sua irmã não desconfiasse de sua saída. Ela já estava atrasada para o jantar de noivado organizado por Johnny. Por um momento a menina pensou que o jantar seria cancelado devido a discussão que teve com o visconde, mas ao que parece o senhor Howard continuará com o plano inicial. Com um suspiro exausto, Evie abriu os grandes portões e se preparou para mais uma noite desagradável.(...)Troye não sabia o motivo de estar seguindo aquela humana. Inclusive, sentia-se um tolo todas as vezes que parava para pensar muito sobre suas ações. Entretanto, mesmo com seus próprios pensamentos negativos, estava a observando desde que saiu até o vilarejo. Sua surpresa foi pouca quando a viu com Amhèlydha. Ele tinha quase certeza de que a bruxa daria um jeito de encontrar a menina da floresta, então o rei teve a audácia de segui-la até a mansão com a intenção de protegê-la dos feitiços da bruxa. Era o que ele dizia a si
O vento entrava pela janela enquanto ela folheava mais um livro na biblioteca. Cinco livros abertos estavam acomodando o chão ao seu redor e Evie havia passado o dia inteiro e maior parte da tarde folheando-os a fim de encontrar algo que se encaixasse no perfil da criatura da floresta. Mas nada do que lia se encaixava com as características da fera. FúriasAs Fúrias, ou Erínias, ou ainda Benevolentes eram personificações da vingança, semelhantes a Nêmesis. Enquanto Nemesis punia os deuses, as Erínias puniam os mortais. Eram Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável). Viviam nas profundezas do submundo, onde torturavam as almas pecadoras julgadas por Hades e Perséfone.Evie bufou e fechou seu sexto livro. Ela deveria saber que não encontraria nada nos livros de mitologia grega, mas não sabia onde poderia iniciar suas pesquisas e, para ser sincera consigo mesma, tinha esperanças de encontrar sua resposta ali. Arrumando as saias para que não ficassem voando ela bufou no
O céu azulado foi a primeira coisa que ela viu ao despertar. Flocos de neve caiam em seu rosto enquanto a garota sentia uma tremenda dor de cabeça. Evie se levantou grunhindo e percebeu que estava na entrada da floresta negra. Ajeitou o vestido e a túnica sobre o corpo, ainda com a mente nublada e bagunçada. Dali já via sua casa.— Quem me trouxe aqui? — Se perguntou observando a floresta.A última lembrança que tinha da noite passada era a nevasca violenta…E a besta…Evie estremeceu ao se lembrar da fera. Alarmada, olhou ao redor com medo de que o monstro voltasse a aparecer em sua frente. Sua respiração acelerou. Seus pelos se arrepiaram e a memória, antes confusa, tornou-se clara. O sonho sangrento que a atormentava todas as noites era real! Apavorada, ela deu um passo apressado em direção a mansão, mas se lembrou de que alguém lhe tirara da floresta noite passada.A fera não havia lhe devorado!Percebeu com um pouco de atraso. A questão em si lhe perturbou instantaneamente. Por
—Eu devia matá-la — Disse Troye encostado em uma árvore — Te cortar em pedacinhos. Agora, com o sol sob sua cabeça, o rei desfrutava de seu corpo humanoide novamente. O rei amaldiçoado não conseguia tirar os olhos da humana desmaiada na neve, passou a noite toda a velando e protegendo. Mesmo com o dia nascendo ela ainda permanecia adormecida. Troye não entendia o que o havia feito hesitar na noite passada, mas algo naquela menina era peculiar. Talvez seus olhos tão encantadores ou o modo como ela conseguia parecer ainda mais bonita quando dormia, quase como uma deusa. Não que Troye tivesse reparado em como ela era bonita… — Tsc!— Resmungou e apontou o dedo indicador para a garota— A senhorita é uma encrenca. Eu vou te matar agora mesmo! Ele se aproximou em um pico de coragem e se ajoelhou em frente ao corpo dela. Pegou uma faca e apontou para seu peito. Suas mãos tremeram. Percebeu a lâmina brilhar e a jogou longe da garota. Troye grunhiu se perguntando o que havia de er
A fera sentiu alguém tocar o muro de espinhos. Em específico uma das três grandes rosas. E isso o assustou. Com um rugido feroz, correu pela floresta de sua corte, assustando as pequenas criaturas que habitavam a noite nebulosa. Troye berrou sobre o vento observando o muro — que dividia o seu mundo do mundo asqueroso dos humanos — cada vez mais próximo. Quando enfim chegou a divisa, parou abruptamente sobre o local exato em que as rosas encantadas eram protegidas. Havia uma para cada corte: Ar, Fogo e Gelo. Significavam a criação. A existencia de todas as criaturas mágicas. Elas criaram raizes juntos as plantas seculares que encobriram a barreira. Eram protegidas pelo espirito dos deuses dos três elementos do mundo mistíco. E uma delas não estava ali. Ninguém além dos guardiões poderiam tocá-las. Troye observou a rosa de sua corte e da corte de Gelo intactas. Mas a rosa de fogo havia sumido e o guardião legítimo, herdeiro do fogo, estava muito longe para necessitar de sua r
As irmãs de Evie derraparam abruptamente no meio do caminho, tamanho era a surpresa ao ouvirem as palavras da mais nova. Os convidados tentavam de todo modo se aproximar dos anfitriões a fim de ouvir a conversa completa. Até mesmo os músicos cochichavam entre si, deslumbrados com a possível fofoca da elite. Entretanto, para Evie, aquilo não era um espetáculo qualquer, era a vida de sua família seguindo um rumo decepcionante e infeliz. O visconde sorria tão descaradamente que não seria possível esconder sua vitória. — O que está fazendo? — O duque, pela primeira vez, parecia genuinamente preocupado com a filha mais nova. Evie passou grande parte da sua vida esperando receber aquele olhar, mas naquele momento não sentia nada que não fosse revolta. Estava decepcionada e com raiva.— A escolha certa — Disse em tom amargo— Já que o senhor optou pela errada.— Não — Falou entre os dentes — Não tomei a escolha errada. Você não deveria ter se metido nesse assunto, Evie.— O que está aco
Batom, pó, pérolas e seda estavam jogados em frente a Evie. Suas irmãs invadiram seu quarto alegando que ela precisava de ajuda para o grande baile. Evie não queria ir, mas se dissesse algo às suas irmãs, teria que contar do noivado arranjado e isso era algo que a garota estava mantendo a sete chaves. Pelo menos até pensar em um plano decente. Heloisa e Beatriz ajeitavam tudo com um grande sorriso no rosto enquanto Evie suspirava olhando da janela a neve cair. Ela estava pensando que a noite poderia passar despercebida. Não queria nem ao menos colocar um vestido grandioso como os de suas irmãs. A vontade de atazanar o Visconde no baile havia passado e agora a garota gostaria apenas de silêncio para pensar com clareza. Ela precisava ser esperta se quisesse vencer Johnny. — Vamos, Evie — Beatriz a puxou pelo braço colocando-a no centro do quarto. Bia e Heloisa a rodearam uma de cada vez enquanto Evie mordia os lábios olhando para o vestido verde simples que usava. Estava pensando e