Acordei com uma dor de cabeça latejante. A noite passou rápido demais, e meu corpo parecia pesado, como se não fosse realmente meu. Nunca tinha bebido rum antes; ontem foi a primeira vez. Espero, de verdade, que tenhamos terminado a tradução das cartas.
— Boa tarde, moça — Bjorn disse, entrando no camarote com um sorriso animado. — Tarde? — perguntei, confusa, enquanto me sentava na cama. — Você nunca bebeu, né? — ele riu, colocando uma tigela de caldo de peixe na mesa ao lado da cama. — Não, em 27 anos. — Isso se vê — ele respondeu, rindo baixinho. — Trouxe caldo de peixe pra você. Vai ficar enjoada, mas vai melhorar, tá? — Obrigada, Bjorn. Você é um amor. Ele sorriu, como se eu tivesse feito a melhor coisa do mundo. Quando ele saiu do camarote, sua alegria pareceu me contagiar, mesmo com a cabeça latejando. A porta se abriu devagar novamente, e ele entrou. O cheiro dele invadiu minhas narinas, e tudo ficou lento. Vi ele andando em minha direção, devagar, como se o tempo tivesse parado. Eu estava sentada na cama, usando a camisa dele, que ficava grande em mim. Ele se aproximou, beijou minha mão, e uma onda de eletricidade percorreu meu corpo. Esquentei instantaneamente, e meus olhos ficaram azuis. Antes que ele pudesse se afastar, puxei-o e joguei-o na cama, subindo no colo dele e completando com um beijo molhado e barulhento. Meu corpo esquentava cada vez mais, e eu não conseguia me controlar. Ele agarrou minha cintura, tentando pausar o beijo. — Tudo bem? — ele perguntou, preocupado. — Sim, só fiquei com saudade — respondi em um tom malicioso. Eu não sabia o que estava fazendo, nem o que estava acontecendo. Meu corpo aquecia e esfriava, como se estivesse em chamas. — Seus olhos estão azuis — ele disse, olhando para mim. Virei-me para o espelho na parede do camarote e vi que era verdade. Mas não sabia por quê. Tentei me afastar dele, mas ele me segurou. — Espera, eu não tenho medo. Podemos continuar — ele sussurrou, e eu dei um sorrisinho, voltando a beijá-lo. Ele tirou minha blusa, e eu comecei a morder seu pescoço, como se soubesse exatamente o que estava fazendo. Mas eu nunca tinha feito isso antes. As mãos fortes dele deslizaram para minha bunda, e a forma como ele me segurava fazia meu corpo esquentar ainda mais. Eu estava sem blusa, com os seios de fora, e ele me olhava como se visse a imagem de um deus na frente dele. Vi uma lágrima escorrer no canto do olho dele. — Tudo bem? — perguntei, preocupada. — Perfeita. Qualquer coisa que eu diga será pequena comparada a isso. Você é minha religião, minha deusa. Sorri, abaixando os olhos, tímida. Ele segurou meu queixo, fazendo-me olhar para ele. — Olhe para mim. Eu não vou machucar você, tá bom? Eu sorri, assentindo com a cabeça, enquanto sentia o membro dele crescer cada vez mais. Meu corpo estava quente, e eu sentia cada vez mais calor. Queria que ele fosse até o fim comigo. Beijei-o novamente, dessa vez brincando com o cabelo dele, enrolando minha mão na sua nuca e rebolando no colo dele. Vi seu corpo começar a pegar fogo e sorri em resposta. — Capitão Vrynn, me fode — disse, maliciosa. Ele pareceu ter ganhado o mundo quando ouviu isso da minha boca. Eu não precisaria pedir outra vez. — Só se você pedir em espanhol — ele murmurou entre beijos. — Capitán Vrynn, fóllame, por favor — sussurrei no ouvido dele, mordendo-o no final da frase. Nesse momento, meu corpo já não respondia a mim. Eu estava fervendo, sem saber o que estava fazendo. Antes que eu pudesse pensar, ele me segurou e me jogou na cama. Não percebi que ele havia amarrado minhas mãos para trás. — Eu sinto muito, minha deusa — ele disse, com uma voz que misturava dor e desejo. — O que... Tessar, o que está fazendo? — perguntei, confusa. Ele se levantou, colocou minha blusa no lugar e olhou para mim com os olhos cheios d’água. — Tessar... — chamei, mas ele já havia saído do camarote e trancado a porta com chave. Meus olhos ficaram verdes outra vez, mas ele não estava mais lá para ver.Tessar Vrynn Duas noites. Malditas duas noites com ela naquele estado, e ainda nem chegamos à enseada de Lhamar. Se eu ficar, Liora não vai passar por tudo isso, mas se não ultrapassar a ilha, nunca serei, de fato, o rei dos Sete Mares. Que pirata maldito eu seria se temesse mulheres-peixe? — Capitão, estamos a todo pano, como o senhor mandou, mas... O senhor tem certeza? A senhorita Nix não parece nada bem. Olhei por cima do ombro para Garrick, meus olhos cheios d’água. A cena dela amarrada veio outra vez à minha mente, e eu levei a mão ao rosto. — Senhor, talvez, se dissesse a ela... talvez… Toquei o ombro de Garrick e desci as escadas do camarote. Havia pouco que eu não faria se Garrick me aconselhasse. Ele era um demônio do mar quando o conheci, tinha perdido esposa e filhos para uma doença e se embebedava todas as noites até ficar sem dinheiro para pagar. Quase morreu depois de ser espancado pelo dono da taverna. Eu saldei sua dívida e o convidei para navegar comigo. — Um h
Tessar VrynnMeu pequeno problema. Ela é tão linda… Não sei por quanto tempo serei humano e evitarei tomá-la.— Está quente. Você se sente bem?— Sim, me sinto bem. Mas já que você não pode sair, vamos dormir na mesma cama? — Os olhos dela brilham. Essa voz doce é linda. Qualquer homem cederia ao desejo, mas eu não sou qualquer homem. Eu sou Tessar Vrynn.— Não. Pode ficar com a cama, tenho muito a fazer — respondi, colocando-a no chão e me virando para sentar na cadeira.— Tudo bem, capitão Vrynn, irei dormir agora. Eu ganho um beijo de boa noite?Caralho. Ela sentou de perna aberta no meu colo. Que visão maravilhosa. Engulo seco, imaginando as diversas formas de fodê-la.— Um beijinho? — ela pede de forma manhosa, se aproximando de mim.O beijo dela é anestesiante. Nessa posição, ela me tem nas mãos.— Não faça isso. Posso machucar você, meu pequeno problema.Ela sorri com essas malditas covinhas lindas.Não curtimos muito tempo. Ouço os gritos de Asher no convés.— Não saia. Mesmo
Tessar voltou, mas acho que não quer ficar perto de mim. Ouvi quando ele se deitou novamente no chão. Dessa vez, não vou até lá—talvez ele precise do momento dele.Levantei-me devagar, pra não acordá-lo, eu só queria o casaco que estava atrás da porta. Eu estava seminua e não queria que mais ninguém me visse assim, então precisava pegar o casaco dele. Me vesti e voltei para a cama. Estava tão frio que, parecia que ele ia penetrar meus ossos.Tessar continuava deitado naquele chão gelado. Peguei um dos panos que me cobriam e por preocupação o coloquei sobre ele, tentando lhe dar um pouco de calor. Depois, voltei para a cama em silêncio, pé ante pé, para que ele não me visse. Deitei-me novamente, cobrindo-me até a cabeça, e virei o rosto para a parede do navio.Dessa vez, eu não estava apenas com medo. Eu estava apavorada. Mas não por mim. O medo de que ele se ferisse por minha causa fazia meu estômago revirar, e era horrível.Ouvi passos na escada do camarote, mas não me virei. Garric
Enquanto remava, me permiti chorar. O mar era enorme; Tessar não me encontraria fácil. O destino não seria tão cruel comigo.Eu trouxe as frutas e a água do camarote, além de um único mapa que estava sobre a mesa – provavelmente a rota de fuga da Baía da Espuma, caso a noite chegasse e ainda estivéssemos lá. Meu coração apertou ao ouvir um grito. Era inaudível, mas eu sabia que era a voz dele. Meus braços se moveram agilmente para frente, como se quisessem voltar. Maldito medo que sempre nos faz querer retornar para algo que claramente não é para nós.Que se dane o mundo. Eu estou viva, e até meu coração parar de bater, vou atrás do que faz meu peito pulsar.Senti meus olhos se encherem d’água e fiquei feliz ao perceber que minha coragem era maior que meu medo. Bem, pelo menos até a noite chegar. Não é que eu tenha medo do escuro – é que sinto verdadeiro pavor. Meu corpo trava, eu começo a suar frio, e então congelo, sem conseguir me mover.O pensamento me levou à cela onde fiquei
Me assustei ao ouvir gritos. O barulho de homens trabalhando. Passos na escada. Meus olhos ainda não haviam se acostumado à escuridão, e meu primeiro impulso foi me proteger. Encontrei uma pena sobre a mesa à minha frente. Me armei com ela. Ele entrou. Sua presença era forte. Imponente, como se carregasse o mundo nas costas. — Oi, minha jovem. — Sua voz invadiu meus tímpanos como adagas, talvez pelo tempo em silêncio. — Onde estou? — perguntei assustada, segurando a pena atrás das costas. — Bem... — Ele começou. — Este é o meu navio, O Vingança da Rainha Ana. Olhei para ele, esperando que dissesse mais alguma coisa. — Não sabe mesmo onde está? Você... — Como cheguei aqui? — É uma história engraçada. Uma garça bateu no meu imediato. Creio que eu fosse o alvo, mas estava dormindo, então meu imediato foi avisado por ela que você estava à deriva. Eu sabia que ele estava falando de Katar, mas não queria demonstrar fraqueza. — Então... seu
TESSAR VRYNNO Capitão Barba Negra praticamente nos obrigou a participar da festa. Não que eu reclamasse — afinal, uma noite de rum e risadas era algo raro em alto-mar —, mas eu sabia que aquela exceção tinha um motivo. Ele havia reencontrado Garrick, seu filho, depois de tanto tempo.Garrick não era um filho perdido. O Capitão se envolveu com uma mulher em Dessrosa e, dessa noite, veio Garrick, que, nove meses depois, chegou ao navio dentro de uma caixa de mariscos. Temendo pela segurança do menino, o capitão não o levou para o alto-mar. Pagou a uma conhecida para cuidar dele e deixou uma quantia significativa de dinheiro para que tivesse uma boa vida e bons estudos. Mas filho de peixe, peixinho é, e Garrick se tornou um pirata aos 15 anos. Apaixonou-se em uma ilha qualquer e ancorou ali mesmo.Mas ele perdeu tudo. Nunca disse como ou por quê, mas voltou a navegar comigo depois que salvei sua vida.— Capitão, vamos, beba! — Jarek encheu meu copo, arrancando-me de minhas lembranças.A
Meu corpo parecia estar sendo eletrocutado. Cada vez que ele abria a boca, meu corpo respondia. Estamos longe da Baía da Espuma, então por que estou me sentindo assim? Meu corpo queima. O frio na minha barriga, ao invés de me congelar, me aquece. Não sei o que acontece quando ele age assim... dessa forma que eu não sei descrever. Ele tem efeito sobre mim.— Aai... — deixei escapar um gemido que não deveria enquanto ele me colocava sobre a mesa. Ele me olhou como se fosse me devorar, mas parecia estar com raiva.— Eu não posso fazer isso. Se você disser não, vou usar o resto da minha racionalidade pra sair daqui.Eu não ouvi nada do que ele disse. Só o jeito como falava devagar e ofegante fazia eu me sentir embriagada. Toquei a boca dele com o dedo, deslizando até o peito.— Eu vou fazer o que você quiser.Ele parecia queimar enquanto eu falava. Eu sabia que havia raiva ali, mas não sabia que sentimento era aquele que deixava seu olhar como o de um lobo faminto diante de um pedaço
TESSAR VRYNN Eu deveria estar saciado. Mas nunca estou. Liora dorme ao meu lado, a pele marcada pelos meus dedos, pelos meus dentes. Ela pertence a mim. Não porque a conquistei, mas porque a tomei, e ela me deixou tomar. Seu peito sobe e desce, tranquilo, como se os últimos minutos não tivessem sido um caos de suor, gemidos e promessas feitas entre suspiros. Mas sei que não está dormindo de verdade. Seu corpo está mole, mas sua mente ainda vagueia. Eu poderia acordá-la. Poderia puxá-la para mim, fazê-la gemer meu nome outra vez, até que ela não tivesse força para fugir. Mas algo dentro de mim me mantém parado, observando-a. Minha mão desliza por sua pele, traçando os hematomas que deixei. Seu pescoço está vermelho, os lábios inchados. Ela se mexe sob meu toque, suspira baixinho. Ela gosta. De ser marcada. De ser tomada. Minha. Minha. Minha. Fecho os olhos e respiro fundo, forçando meu corpo a relaxar. O cheiro dela ainda está em mim. A noite foi embor