“Ele me vê como uma posse. Eu o vejo como uma lembrança que quero apagar.” Após três anos de separação, eu ainda sou, legalmente, a esposa do homem mais rico do país. Para ele, isso não é amor… é controle. Ele se recusa a assinar o divórcio, me mantém presa em um casamento que ele mal reconhece. Frio, distante, inalcançável. Mas tudo muda quando decido seguir em frente. Encontro alguém que pode me dar o que sempre quis: amor e liberdade. Só que o homem que ignorou minha existência por anos agora se transforma. Seu olhar, sua presença, tudo nele é diferente. Mais intenso. Mais perigoso. Por que ele está lutando para me ter de volta agora? Será que me enganei sobre quem ele é de verdade… ou estou apenas caindo em outra armadilha?
Ler maisNo dia seguinte, lá estava eu, em um ônibus cheio de gente indo para a temida sede da Speredo. A ideia de ir até aquele prédio enorme, onde Alexander praticamente reinava como um imperador corporativo, fazia minha pele arrepiar, mas não exatamente de empolgação. Era um misto de pavor e resignação, uma combinação que me acompanhou a cada troca de ônibus e fila exasperante.Depois de um longo tempo como passageira em três veículos diferentes e lotados, consegui descer no ponto de ônibus que ficava a uns bons quinze minutos de caminhada do prédio da Speredo. Se isso não fosse o suficiente para me deixar de mau humor, o cenário era. Olhei ao redor e me perguntei como aquele pedaço esquecido no leste da cidade se transformou em um centro reluzente de ternos caros e arranha-céus empresariais. Claro, graças a Alexander e sua equipe de magnatas calculistas. Eles compraram o terreno baratinho e o transformaram na meca de aspirantes a magnata e advogados de colarinho branco. Não pude evitar um
O segundo homem arrancou meu celular da mão com um olhar feroz e o jogou no chão, esmagando-o com força até não restar mais que pedaços quebrados. Antes que eu pudesse reagir, ele levantou a mão e desferiu um tapa brutal no meu rosto. A força me jogou ao chão, e tudo o que ouvi foi um zumbido penetrante, oscilando na minha cabeça como uma sirene distante.O pânico era tanto que a dor já se misturava ao terror — aquele tipo cruel de terror que nem me deixa pensar direito, só sentir. Não sabia ao certo o que se passava ao meu redor. Meus pensamentos eram um redemoinho caótico, interrompidos por flashes de um único pensamento: vou morrer aqui.Eles não me feriram mais depois disso. Em vez disso, o “filho” deficiente, que, aliás, estava mais saudável que eu, se levantou, pegou uma corda e prendeu minhas mãos com as do câmera, nos deixando atados e abandonados. O equipamento? Roubaram tudo, até o carro.Estava tudo acabado. Eles tinham ido embora, mas meu coração não. Palpitava tão forte,
No passado, quando o deixei, eu estava tão cega de raiva que mal conseguia pensar direito. Meu coração parecia um campo de batalha, e a dor era crua, gritante. Mas agora, três anos depois, tudo o que resta são cicatrizes — elas não doem, mas também nunca somem. Conversar com Alexander hoje é quase como falar com um estranho. A mágoa perdeu o impacto, coberta pela neblina do esquecimento, então consigo falar sobre divórcio sem me debulhar em lágrimas ou berrar.Do outro lado da linha, o silêncio dele dizia muito. Eu quase desliguei, satisfeita com o que havia dito, quando a voz de Alexander emergiu do jeito mais calculado.— E se for eu quem não quiser te deixar ir? Como você pretende me convencer a aceitar o divórcio?— Senhor Speredo! Você não tem respeito próprio?— Não tenho falta de respeito. Respeito a mim mesmo, e muito. O problema é que não tenho você, esposa. E isso não me agrada.Sem pensar duas vezes, desliguei. Não tinha paciência para lidar com aquele homem. Não agora. Na
Respirei fundo e, mantendo a compostura, dei minha ordem à minha avó:— Vovó, vá até Alexander com seu celular e coloque-me no viva-voz.Ela arfou, claramente entretida com minha ideia.— Finalmente decidiu usar o cérebro, hein?Imaginei minha avó avançando com a rapidez de um vendaval em direção ao casal. E lá estava ela, colocando-se entre os dois como um general em campo de batalha, soltando:— Alexander, sua esposa quer falar com você.O silêncio do outro lado era tão sólido que podia se partir em pedaços. Suspirei, lembrando que minha avó e tecnologia não se davam muito bem — para aprender a deslizar o dedo e atender uma chamada, foram meses de luta. Mas, fosse sorte ou o destino me ajudando, o silêncio seguia, indicando que eu havia sido ouvida. Aproveitei e soltei:— Senhor Speredo, por acaso autorizei você a transformar meu apartamento em seu armário? Porque suas coisas estão espalhadas pela minha sala de estar como se fosse sua. Está planejando trazer o guarda-roupa inteiro
Olivia Koudali. A mulher que sempre combinou melhor com Alexander — e provavelmente a primeira candidata a “Sra. CEO de Gelo”, até eu entrar na jogada e estragar seus planos perfeitos. Ela era a melhor amiga da minha cunhada e, claro, a queridinha da minha sogra. Uma mulher que poderia facilmente ser esquecida… se eu não a odiasse tanto.Por quê? Bom, além de ser a filha mimada de um figurão da política — tipo, um parlamentar que acha que pode comprar o universo inteiro —, Olivia era toda delicadeza e sofisticação. O tipo de mulher que as sogras adoram, sabe? Beleza impecável, educação de princesa, e aquele charme que parece ter saído de um manual sobre como agradar homens ricos.Claro, minha sogra a adorava. Claro, Alexander nunca a dispensou por completo. E claro, ela sempre me olhava como se eu fosse o erro que logo seria corrigido.Eu tolerava isso. Até o dia que minha paciência deu um salto da sacada.Era uma manhã comum. Olivia estava “visitando” a mansão para jogar tênis com Li
Por um segundo, eu congelei. Literalmente. Meu coração parou como se tivesse levado um choque, e minha pele se arrepiou de um jeito irritante. Eu tremia, e não era de frio. Ele parecia perceber, porque, em um estalo, soltou-me. Como se tivesse acordado de um transe. Dei um passo para trás, a raiva queimando meu rosto.— Não ouse me tocar de novo! — gritei, tentando manter o pouco controle que ainda me restava. — Vai embora!Estávamos ambos ofegantes, mas por motivos completamente diferentes. Eu de pura frustração, ele… bem, o jeito como os olhos dele me devoravam não deixava dúvidas. Era desejo. Pela primeira vez, eu vi desejo ali. E eu odeio admitir que parte de mim ficou feliz.Alexander se recompôs, ou pelo menos tentou. Não se aproximou, mas também não desviou o olhar. Ficamos assim, parados, respirando pesadamente, enquanto a tensão pulsava entre nós, quase tangível.É frustrante perceber que, mesmo depois de três anos, eu ainda não consigo decifrá-lo. O homem que todas as mulher
Eu não esperava nada menos do que frieza. Afinal, ele nunca foi do tipo que se preocupa, então por que agora meu estômago estava se retorcendo de culpa? Ele pegou o kit de primeiros socorros com a mesma calma meticulosa de sempre e começou a tratar o ferimento. A cada movimento, eu sentia aquela tensão pairando no ar, mas ele, como sempre, não deixava transparecer nada.— Não — sua voz veio baixa, mas firme —, você quis me machucar, esposa. E conseguiu.A lâmina de suas palavras cortou mais do que qualquer faca poderia. Fiquei ali, quieta, observando-o. Ele não se preocupou em dizer se o corte era profundo, nem eu perguntei. No fundo, acho que merecia o silêncio.Quando terminou, fechou o kit, jogou o algodão manchado de sangue no lixo e saiu do quarto como se nada tivesse acontecido. Em questão de minutos, estava de volta, segurando sua bolsa e casaco, calçando os sapatos com aquela eficiência insuportável. Nem sequer olhou para mim quando saiu. E assim foi. Três anos. Três longos an
Uma vez, eu estava sentada no hotel mais badalado das redes Speredo, o tal Hotel Central, por pura obrigação. Ah, como eu adorava ser a mensageira de luxo da minha querida sogra, levando papéis inúteis de um lado para o outro, só para não esquecer que eu, oficialmente, não existia na vida deles. Eu e meu figurino “mendiga chique”, como ela mesma adorava chamar, perambulávamos pelos corredores tentando achar Alexander, que, como sempre, não atendia minhas ligações. Prioridades, não é mesmo?Foi quando esbarrei nele. Um homem tão deslumbrante que, por um segundo, me perguntei se era real. Ele tinha aquele ar de modelo de revista, o tipo que fazia qualquer pessoa comum — no caso, eu — parecer invisível. Mas o sorriso… ah, o sorriso. Ele sorriu para mim, e eu fiquei ali, parada como uma adolescente boba, fascinada pela perfeição dele. Claro, não me pergunte como, mas acabei sentada com ele em uma mesa no bar. Não me orgulho disso, mas estava hipnotizada. Ele parecia ainda mais bonito que
Como fui idiota por achar que a voz dele tinha uma pitada de sinceridade quando disse que não estava feliz. Que Alexander Speredo afunde na própria miséria!Voltei ao estúdio com passos firmes, mais para reafirmar minha decisão do que qualquer outra coisa. Peguei meus pertences — alguns cadernos, canetas e aquela caneca que eu sempre esquecia de levar pra casa — e escrevi minha carta de demissão sem titubear. Três anos dedicados a esse programa e, num piscar de olhos, tudo acabou. Era típico. Com Alexander, não existe espaço para se opor. Ele decide, e você só tem duas opções: acatar ou sofrer as consequências. Hoje, escolhi a primeira. A sensação de perda já estava tão entranhada em mim que aceitar essa derrota foi quase automático. Que se dane.Coloquei tudo em uma sacola e fui direto ao escritório do gerente. Eu só queria entregar a carta e sumir dali.— O que aconteceu foi injusto com você, Charlotte. Perdoe-nos por não termos te apoiado… Mas, francamente, não tínhamos escolha — d