4. O Dentista e o Ex: Uma Combinação Perigosa

Só ouvia rumores dele através dos jornais e revistas que, infelizmente, não podia evitar. E mesmo depois de tanto tempo, ainda reconhecia sua voz. Meu coração disparou, não por amor, mas por puro ódio!

— Você parece muito bem, com admiradores ligando e pedindo para estar com você — ele continuou, seu tom frio e sarcástico.

Fiquei em silêncio, lembrando da promessa que fiz a mim mesma de não falar com ele novamente. E, claro, havia o medo. Se aprendi algo sobre Alexander, é que ele era implacável e impiedoso.

Agradecia a Deus, dia e noite, por ter me livrado desse demônio em forma de gente. Mas, aparentemente, superestimei minha sorte. Essa escoria ainda estava bordado na minha vida. Sabia onde eu trabalhava e me ligou, arruinando meu humor.

Fiz sinal para que Tamilian cortasse a ligação, mas antes que pudesse fazer isso, Alexander declarou, com um tom que gelou meu sangue:

— Nos encontraremos muito em breve, Charlotte.

E desligou.

Poderia alegar que fui ameaçada ao vivo, mas continuei a encenar meu show como se nada tivesse acontecido. Assim que a luz verde que indicava que estava no ar se apagou, saí correndo do prédio da estação, ignorando o restante do meu trabalho.

Parando um táxi, dei ao motorista o endereço da clínica odontológica que visitei naquela manhã. Precisava entrar em contato com o Dr. Jamil imediatamente; a vida dele estava em perigo por minha causa!

Embora estivéssemos oficialmente juntos há apenas um ano, conhecia bem meu marido. Sabia que suas palavras eram como ouro. Cada letra que pronunciava era intencional e precisava ser levada a sério. Hoje, expressou seu descontentamento com meu “admirador” de forma bastante clara. A mensagem era óbvia: o assunto do Dr. Jamil precisava ser resolvido antes que ele decidisse tomar o controle.

Se você quer saber se Alexander estava com ciúmes, eu adoraria dizer que sim, mas a verdade é que não estava. Para ele, eu era simplesmente sua propriedade. E ele odiava quando outros ousavam tocar em seus pertences.

Tentei entrar em contato com o número da clínica que estava escrito na minha receita, mas não consegui, mesmo após várias tentativas. Foi só quando o táxi chegou à clínica que minha ligação finalmente foi atendida pela recepcionista.

— O Dr. Jamil ainda está na clínica? — perguntei, a ansiedade me apertando.

Nem sabia seu nome completo ou se ele realmente se chamava Jamil. Se não fosse esse o nome, teria que começar a descrever seu físico na esperança de que a recepcionista o reconhecesse. E, claro, tão nervosa estava que nem prestei atenção na receita que o dentista me deu. O nome dele estava lá.

— O Dr. Jamil terminou seu turno às 12h. Se você precisar marcar uma consulta, posso ajudá-la. Mas se for só uma pergunta, preciso verificar com ele primeiro.

— Sim, preciso perguntar sobre algo. Sou a paciente que esteve aqui esta manhã, Charlotte Viradia. Preciso falar com ele urgentemente.

— Ok. Vou entrar em contato com ele agora.

Enquanto esperava, me assustei com o som de um telefone tocando ao meu lado. Reflexivamente, virei a cabeça, apenas para encontrar o Dr. Jamil parado ali, me olhando com um sorriso largo.

— Estou ocupado agora — ele disse, atendendo ao telefone e desligando imediatamente.

Continuei a olhar para ele, intrigada. A voz de desculpas da recepcionista soou do outro lado do meu telefone:

— Desculpe, mas o dentista está ocupado agora. Se não for um assunto urgente, pode entrar em contato mais tarde, ou posso encaminhá-la a outro dentista.

— Obrigada, contatarei mais tarde — disse, desligando.

Dr. Jamil me observava, sorridente. Eu poderia admirar aquele sorriso, se não fosse a situação em que me encontrava.

— Desde quando você está aqui?

Ele parecia se divertir, e seu sorriso se ampliava a cada momento.

— Eu voltei para a clínica porque esqueci as chaves de casa e te vi aqui parada. Veio me encontrar?

Balancei a cabeça em um ‘sim’, analisando nosso entorno.

— Podemos ir a algum lugar calmo primeiro?

Ele assentiu, e, com um tom de comando, disse:

— Siga-me.

Logo estávamos em um café próximo. Não trocamos uma palavra no caminho. Assim que nos sentamos e pedimos nossas bebidas, não consegui me segurar.

— Sou uma mulher casada, Dr. Jamil.

O sorriso dele desapareceu, dando lugar a um olhar sério.

— Você não está usando seu anel de casamento. Isso é só sua maneira de me rejeitar?

— Não precisaria mentir sobre isso. Escolhi vir aqui e falar com você por respeito, não para te ridicularizar.

— Seu marido é o homem que ligou logo depois? — ele me interrompeu, sua expressão se endurecendo. Percebendo meu silêncio, acrescentou: — Vocês não parecem se dar bem, afinal, ele disse que não se encontram há muito tempo.

— Isso… é um assunto pessoal.

— Eu me envolvi no momento em que decidi ligar para o seu show — declarou, ousado.

Olhei para ele, surpresa. Ele não tinha noção do perigo!

— Agora eu me apaixonei ainda mais por você desde que me rejeitou — ele continuou.

Só consegui ficar parada, incrédula. Como assim “se apaixonou”? Somente nos vimos uma vez, e seria impossível dizer que foi pela minha aparência; ela era bem esquecível, se é que posso afirmar.

— Eu nunca fui rejeitado por uma mulher. E você não parece se dar bem com seu marido, o que sugere um divórcio. Portanto, não posso aceitar isso como motivo para sua rejeição.

Do que é feito esse homem?!

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