Após perder os pais em um trágico acidente, Lara, de 18 anos, se muda para a favela da Rosinha, no Rio de Janeiro, para viver com a avó. Em meio a essa mudança de vida, ela conhece Falcão, um homem de 25 anos, imponente e sedutor, com quem se envolve sem saber sua verdadeira identidade. Falcão é o líder do tráfico local, um homem calculista e distante, que nunca se deixa envolver por ninguém. Quando Lara descobre que está grávida, ela finalmente revela a Falcão a verdade sobre a sua situação, e é então que descobre quem ele realmente é: o temido chefe do morro. A gravidez a coloca em uma posição delicada, e ela precisará lidar com as consequências dessa descoberta. Entre o poder de Falcão e as complicações de uma vida na favela, Lara terá que encontrar seu caminho enquanto enfrenta os desafios de um relacionamento com o homem mais perigoso do morro, sem saber o que o futuro realmente reserva para ela e para o que está crescendo dentro dela.
Leer másEu ainda sentia meu coração acelerado com tudo que tinha acabado de acontecer. As pessoas vinham nos parabenizar, e eu mal conseguia processar todas as emoções.Os parceiros do Falcão foram os primeiros a se aproximar. Leão veio primeiro, batendo no ombro dele com um sorriso satisfeito.— Parabéns, irmão! Agora tu vai ter que segurar essa princesa aí.— É, já se prepara porque filha de bandido é braba — Gato brincou, piscando pra mim.Sombra, que sempre era mais calado, apenas assentiu com a cabeça e deu um aperto de mão firme no Falcão.L7 deu um passo à frente, cruzando os braços e analisando Falcão com um meio sorriso.— E aí, cria… como é que é ser pai de menina? Tá preparado?Falcão riu de canto, balançando a cabeça.— Sempre tô. Mas agora é outro nível, né? Vou ter que dobrar a segurança.Todos riram, e Mestre foi o último a chegar, com um olhar quase paternal.— Isso aí, mano. Parabéns. Tu vai ver que nada nesse mundo vale mais do que sua filha.Falcão apenas assentiu, e os car
Com o tempo passando, as coisas entre eu e o Falcão começaram a mudar, mas devagarinho. As conversas ficaram mais tranquilas, e, mesmo com aquela tensão no ar, percebia que ele estava tentando de verdade. Às vezes, quando ele me olhava, havia um brilho diferente nos olhos dele, algo que não era só ciúmes. Era como se ele estivesse começando a enxergar a Lara de um jeito novo.Um dia, enquanto eu estava na cozinha, organizando as coisas pro chá revelação do bebê, Falcão entrou com um sorriso que me surpreendeu.- E aí, como tão os preparativos? - ele perguntou, encostando no batente da porta, com aquele jeito que só ele tem, todo seguro.- Estou na correria, mas vai ficar incrível! A Ju, a Lívia e a Fê vão ajudar na decoração - respondi, tentando não deixar transparecer como seu olhar me deixava nervosa e animada ao mesmo tempo.Ele arqueou a sobrancelha, curioso.- E o que vai ter nessa festinha? Tô pensando em umas ideias pra deixar o clima mais daora.Ri, admirando como ele se esfor
Quando finalmente a tensão começou a dar lugar à diversão, eu fui me deixando levar. As meninas estavam rindo e falando sobre tudo, e eu tentei esquecer a briga com o Falcão. Aquelas risadas eram tudo que eu precisava pra dar uma aliviada na cabeça.— Olha, eu trouxe uns docinhos que eu fiz! — a Fê gritou, animada, enquanto tirava as coisas da sacola. — Espero que vocês estejam preparadas pra um festival de açúcar!Eu ri, me deixando envolver pelo clima. Aquela noite era pra ser leve, e eu não queria que as preocupações voltassem. Com as meninas, eu esquecia, mesmo que por um tempo, de tudo que tava pegando fogo na minha vida.— Bolo de chocolate é meu fraco! — eu comentei, me empolgando com a ideia.— Se prepara, porque eu não sou de segurar a onda! — falei, me juntando a elas na hora de abrir as guloseimas.O papo fluiu fácil, e, aos poucos, a alegria tomou conta. Olhei pra cada uma das meninas e percebi como elas eram importantes pra mim. No meio de todo o caos que eu vivia, a amiz
FalcãoQuando eu saí da casa da Ju, a raiva fervia nas minhas veias. Aquela rapaziada achava que tava se divertindo, mas não tinha ideia do que tava rolando por trás das paredes do morro. Como assim a Lara tava lá, sozinha, sem um cara pra dar uma segurada? Eu tinha transado com a Renata na noite anterior, e agora me sentia um merda por não ter dado atenção pra mina.— Que merda, Falcão! — eu falei pra mim mesmo, socando a mão na parede enquanto caminhava. — O que você tá fazendo, cara? A mina tá no meio da confusão e você só ficou de bobeira?A verdade é que eu não queria admitir, mas a Lara tinha um jeito de me deixar maluco. Ela não se importava com a fama que eu tinha ou com o que o pessoal falava. E, porra, eu tinha que proteger a mina. Era minha obrigação, tá ligado?Tava pensando em como ia fazer pra reverter essa situação. As meninas tavam só fazendo bagunça, e, se continuasse assim, a Lara ia acabar se metendo em encrenca. Meu coração apertou só de imaginar. O que eu ia fazer
A casa da Ju era pequena, mas aconchegante. O cheiro do incenso que ela sempre acendia me trouxe uma sensação estranha de paz, mesmo com minha cabeça girando de raiva e frustração. Me joguei no sofá e deixei o cansaço me dominar.— Quer comer alguma coisa? — Ju perguntou, já se levantando.— Não tô com fome — murmurei, abraçando uma almofada.Ela me olhou de lado, desconfiada, mas não insistiu. Sabia que eu falava pouco quando estava assim.— Você vai dormir aqui, né? — perguntou, como se houvesse outra opção.Eu assenti, aliviada por não precisar voltar praquela casa. Por mais que eu soubesse que uma hora teria que encarar Falcão, essa noite não seria essa hora.Ju sumiu no quarto e voltou com um short e uma blusa larga.— Toma, troca essa roupa, pelo menos.Peguei sem discutir e fui pro banheiro. Me encarei no espelho por um momento, os olhos inchados, a expressão cansada. Passei a mão na barriga, sentindo aquele peso de que minha vida não era mais só minha. Eu não podia mais agir c
LaraEu não sabia o que fazer com tudo isso. Falcão me deixava confusa, me fazia sentir coisas que eu não queria, mas que, no fundo, não dava pra negar. Eu tava ali, tentando manter o controle da situação, mas tudo que ele fazia era me deixar mais perdida. Não sabia se tava me apaixonando por ele ou se odiava o que ele representava.Eu saí do quarto sem olhar pra trás, e quando fechei a porta, senti uma espécie de alívio, mas ao mesmo tempo, um vazio. O ar da casa parecia mais denso, como se as coisas tivessem parado de se mover ali dentro. Como se tudo girasse em torno daquele homem, que, por mais que eu tentasse, não conseguia entender.O corredor estava silencioso, e eu me apoiei na parede por um instante, tentando organizar meus pensamentos. Mas, o que eu sentia agora? Raiva? Desespero? Confusão? Uma mistura de tudo. E, por mais que eu tentasse, não conseguia fugir disso.A raiva começou a tomar conta de mim quando pensei naquela mulher. Ele tinha ido pra cama com ela na minha fre
A tarde seguiu devagar. O movimento na loja diminuiu, e eu pude finalmente respirar um pouco. Tava cansada, mas sabia que não podia deixar que a cabeça ficasse só nas mesmas questões, na mesma conversa com Falcão. Eu precisava de um tempo para parar de pensar nele, parar de me preocupar com o que ele faria ou deixaria de fazer.Quando a chefe me dispensou, fui embora sem nem olhar para trás. Falcão estava lá fora, me esperando. Mas eu não queria mais aquela tensão, aquela necessidade de respostas que nunca vinham. Fui em direção ao carro, sem dar espaço para mais palavras desnecessárias. Não ia mais me prender naquilo.Ele me observou em silêncio enquanto eu entrava no carro. O caminho até minha casa foi tranquilo, e eu finalmente consegui focar em mim, em como seria bom chegar em casa, relaxar e pensar em coisas que realmente importavam. Ficar ali, remoendo os mesmos problemas, não ia me levar a lugar algum.Quando chegamos em frente à nossa casa, ele parou o carro e me olhou. Não qu
A casa tava estranhamente quieta. Depois da treta com a mãe do Falcão, eu achei que ia rolar guerra todo dia, mas ela sumiu pro quarto e nem olhou mais na minha cara. Melhor assim.Eu desci pra cozinha pra beber água, ainda com a cabeça a mil. Minha vó tava dormindo no quarto que o Falcão tinha improvisado pra ela, e ele? Sei lá. Provavelmente na sala, largado no sofá ou fumando um.Encostei no balcão, passando a mão pela barriga. Já tava começando a sentir uns incômodos, umas dores leves. A médica disse que era normal, mas toda vez que doía, eu ficava com aquele medo idiota de acontecer alguma coisa.Minha vida tinha virado de cabeça pra baixo tão rápido que às vezes eu me perguntava como eu ainda tava de pé. Perdi meus pais, mudei de cidade, fui morar no morro, engravidei de um cara que eu mal conhecia… e agora tava aqui, tentando construir alguma coisa no meio desse caos.Ouvi passos pesados vindo da sala e logo o Falcão apareceu na porta da cozinha, sem camisa, com o cabelo todo b
Falcão Saí do quarto puto. Minha mãe tinha que aprender a fechar a porra da boca antes de falar merda. Desci as escadas ainda fervendo de raiva e fui direto pra cozinha pegar um copo d’água, tentando esfriar a cabeça.Sombra tava na sala, largado no sofá, com um baseado na mão. Ele me olhou e soltou um riso debochado.— Qual foi, patrão? Tá com a cara de quem quer matar um.Joguei o copo na pia e me encostei na parede, cruzando os braços.— Minha mãe enchendo o saco. Meteu o louco pra cima da Lara, falou que ela quer dar golpe da barriga.Sombra riu de canto.— Ué, e tu já não falou essa merda também?Revirei os olhos.— Já, mas uma coisa é eu falar. Outra é os outros.Ele gargalhou.— Ah, agora entendi. Tu pode chamar de vagabunda, mas se alguém falar, o bagulho fica doido?Peguei o beck da mão dele e dei um trago, sentindo a fumaça acalmar meu peito.— A mina tá carregando meu filho, porra. E eu falei merda no calor do momento. Agora já era, é minha responsa.Sombra balançou a cabe