Laura é uma psicóloga cética que acredita que o amor não passa de uma ilusão da mente. Bernardo é um fazendeiro determinado que precisa se casar para garantir sua herança. Quando ele lhe propõe um casamento de conveniência, Laura aceita, afinal, sentimentos não estariam envolvidos. Mas à medida que convivem, ela começa a questionar suas próprias certezas. E se o amor não for uma doença psicológica…
Ler maisQuando me levantei da cama, Laura ainda dormia. Ela parecia tão tranquila que me perguntei se aquilo era só cansaço ou um cansaço misturado com alívio. Eu não sabia mais como me sentir. Na noite anterior, subi pro quarto tarde, depois que ela já tinha dormido. E hoje, meu plano era sair cedo antes que ela acordasse e seguir pra fábrica. Era mais fácil quando eu não precisava encarar o que sentia. Amar alguém que não te escolhe de volta… era como remar sem direção, sem saber se um dia chega em terra firme. Fechei a porta do quarto com cuidado. Mas quando virei o corredor, parei seco. Thomas estava ali. Em pé, na ante-sala, como se não tivesse nada de errado em ficar encarando a porta do nosso quarto. — Posso saber por que você tá plantado aqui, olhando pra porta do meu quarto e da minha esposa? — perguntei, caminhando até ele com passos firmes. Meus olhos cravados nos dele. Ele não recuou. Nem fingiu constrangimento. Só me encarou com aquele mesmo ar insolente. — Tô esperando
Queridas leitoras,Antes de tudo, quero pedir desculpas por não ter conseguido publicar durante dois dias nesta semana, embora não tenham sido dias consecutivos. Foi semana muito corrida pra mim na faculdade, cheia de provas e trabalhos, e acabei ficando sobrecarregada. Mas estou planejando adiantar alguns capítulos neste final de semana e também durante o feriado da próxima semana, pra não deixar vocês sem atualizações.Aproveito também pra pedir uma ajudinha especial: estou enfrentando um probleminha com um dos meus livros aqui e preciso muito que uma leitora entre em contato comigo pra me ajudar a resolver o mais rápido possível, por favor. Se alguma de vocês puder se habilitar, ficaria imensamente grata!Vou deixar meu número abaixo e, por favor, se você puder me ajudar, me chama no WhatsApp, tá bom?(75) 998653267Ah, e eu também percebi que algumas leitoras, pela forma como escrevem, talvez sejam de Portugal. Se for o seu caso, pode deixar o seu número que eu mesma entro em c
Voltar pro casarão depois de uma manhã inteira tentando resolver pendências da fazenda no banco era, no mínimo, um alívio. O calor tinha dado uma trégua, mas minha paciência não. Aqueles tipos de conversa que parecem nunca sair do lugar, papelada, registros, ajustes burocráticos me tiravam do sério.Estacionei o carro na lateral da casa e mal desliguei o motor, vi Mariana se aproximando, apressada. A blusa de alcinhas e o sorriso comedido dela me diziam que vinha coisa. Mariana não sabia conversar casualmente. Sempre tinha algo por trás.— Voltou cedo — ela disse, encostando-se à porta do carro com a maior naturalidade do mundo.— Resolvi tudo que foi necessário — respondi, abrindo a porta.Ela riu baixinho e me acompanhou até a frente da casa, como se estivesse prestes a entregar uma fofoca de ouro.— Sabe o que é engraçado, Bernardo? — começou, como quem não quer nada. — Logo depois que você saiu, Laura subiu. E não demorou muito… Thomas também subiu.Meu corpo imediatamente enrijec
O restante da manhã se passou entre risos, conversas cruzadas e memórias que vinham à tona a cada mordida nos quitutes da Rosa. A mesa foi ficando mais leve, mesmo com a presença de Thomas e Mariana pairando como sombras do passado.— Eu preciso ir até o povoado resolver uma coisa rápida com o gerente do banco — Bernardo disse baixo, inclinando-se até mim. — Volto antes do almoço, tá?Assenti, tentando não deixar o incômodo transparecer. Eu queria que ele ficasse.— Claro — murmurei, e ele me beijou a têmpora antes de se despedir dos outros.A movimentação no casarão diminuiu. Lena e Diogo foram para os fundos da casa organizar as bebidas, Mariana sumiu não sei pra onde, talvez pro quarto dela, talvez pro mundo dela e minha tia foi conferir os pratos com a Rosa na cozinha. Foi nesse silêncio espaçado que resolvi subir. Queria tomar um banho rápido, trocar de roupa. Me sentia meio fora de mim.Subi as escadas devagar, sentindo aquele velho peso apertar o peito. Entrei no quarto e comec
O cheiro de bolo caseiro e pão quentinho invadiu o andar de cima antes mesmo que eu abrisse os olhos. Ainda era cedo, mas a movimentação no casarão já denunciava que o dia seria longo e especial. Me espreguicei devagar, deixando o peso dos lençóis escorrer pelo corpo ainda meio adormecido. Quando me sentei na cama, ouvi a porta do banheiro se abrir. Laura saiu de lá envolta por aquele aroma fresco de sabonete e perfume suave que já se tornara familiar e viciante. O cabelo dela estava solto, úmido, caindo em ondas suaves sobre os ombros. Vestia um vestido curto e estampado com flores pequenas, que deixava as pernas à mostra e os ombros delicadamente expostos. Por um segundo, esqueci de respirar. — Bom dia. — ela disse, ao me ver, com um sorriso tranquilo nos lábios. Laura estava mais suave hoje. Mais presente. Nada como a mulher tensa e silenciosa do dia anterior, que mal conseguiu encarar o próprio passado sem estremecer por dentro. — Bom dia… — respondi, ainda com a voz ro
A água escorria do meu corpo enquanto eu subia pela margem, os pés afundando levemente na terra úmida. Peguei o vestido sobre a pedra e vesti ali mesmo, sentindo o tecido grudar na pele molhada. Não me importei. Pela primeira vez em horas, minha mente estava em silêncio. Bernardo saiu logo atrás de mim, os cabelos pingando e um sorriso calmo nos lábios. A brisa leve arrepiava minha pele, e cruzei os braços instintivamente. — Está com frio? — ele perguntou, a voz baixa, como se não quisesse espantar o que quer que existisse entre nós naquele instante. Assenti com um gesto sutil. Ele se aproximou, e por um segundo apenas ficou ali, me olhando. Já tínhamos nos visto em muito menos do que estávamos agora, mas aquilo era diferente. Porque agora havia significado. Porque, naquele momento, eu não era só corpo — era coração exposto, era passado pulsando sob a pele. Ele passou os braços ao redor dos meus ombros, me puxando contra o peito dele. E eu deixei. Me encostei ali, ouvindo o so
A batida leve na porta interrompeu meus pensamentos. — Pode entrar — respondi, sem tirar os olhos da planilha aberta no computador. Quando a porta se abriu, levantei o olhar e vi Laura. Ela continuava do mesmo jeito, linda mas assim que coloquei os olhos nela, algo estava diferente. Os ombros rígidos, o rosto mais pálido, os olhos… distantes. Nada nela lembrava a mulher que geralmente entrava como uma tempestade tranquila, cheia de presença. E também não estava a mesma mulher receptiva e quente de ontem a noite. — Achei que ia tomar café com sua tia hoje, por isso saí cedo e não fiquei na cama. — comentei, tentando manter o tom leve. Ela fechou a porta devagar, como se o som pudesse quebrá-la por dentro. Encostou-se ali, sem dizer nada por alguns segundos. Então soltou, num tom curto: — Mudei de ideia. Minha atenção se prendeu nela de vez. O jeito como ela falava, como olhava para o chão… Laura sempre foi intensa, mas aquilo era diferente. Como se estivesse tentando se pro
Laura Acordei levemente desorientada, com os olhos ainda pesados pela noite anterior. Pisquei algumas vezes, tentando me situar, e só então olhei para o relógio da cabeceira — já era manhã do dia seguinte. Virei o rosto lentamente, e percebi que estava sozinha na cama. O lençol ao meu lado ainda guardava o calor tênue do Bernardo que já havia saído. Suspirei baixo, sentindo uma mistura de vazio e confusão tomar conta de mim. A noite anterior tinha sido intensa. Em todos os sentidos. Física, emocional… e, de alguma forma, até silenciosamente vulnerável. Por um momento, tive a impressão de que havíamos atravessado uma barreira invisível. Mas agora, tudo parecia nebuloso. Levantei-me da cama e fui para o banheiro, tomei um banho e fiquei pensativa. Amanhã seria o aniversário da Lena. Eu precisava sair para comprar um presente para ela. Após o banho, vesti um vestido leve e confortável, penteei os cabelos ainda úmidos e saí do quarto. O clima estava fresco, agradável, e meu es
Não fiquei na cama remoendo o fragmento que Laura havia deixado escapar sobre o passado. Eu queria, mas não podia. Me levantei, tirei a roupa e entrei no chuveiro. A água morna escorria pelos meus ombros, trazendo um alívio momentâneo, como se pudesse lavar as dúvidas e a tensão que cresciam dentro de mim. Fechei os olhos e deixei a testa encostar na parede fria, tentando organizar os pensamentos. Foi quando ouvi a porta do banheiro se abrir. Não me movi, tampouco abri os olhos. Eu sabia quem era. Senti seu perfume doce se espalhar pelo ambiente — um cheiro que agora parecia inevitavelmente ligado à ideia de casa, embora eu soubesse que talvez nunca tivesse isso de verdade com ela. Meu peito se apertou. Estava cansado de tentar entender a Laura. Senti sua presença se aproximar lentamente, seus passos leves no piso do banheiro. A porta do boxe se abriu devagar, deixando entrar uma lufada de ar mais frio. Não precisei olhar para saber que era ela. Laura entrou em silêncio, como se es