O silêncio que tomou conta do grupo naquela tarde era pesado, mas eu não queria mais ficar ali, apavorada e cheia de incertezas. Fê foi a primeira a reagir, pegando a minha mão e dizendo, com firmeza:
— Lara, vamos resolver isso. Vamos no posto de saúde agora mesmo. Vai que é só um susto. Melhor fazer o teste de sangue pra ter certeza. Eu respirei fundo, tentando me convencer de que estava tudo bem, de que não era nada. Mas, no fundo, eu sabia. Eu sabia que algo estava acontecendo dentro de mim, e que isso não ia ser tão fácil quanto queria acreditar. Lívia, que não falava muito desde a minha revelação, colocou a mão no meu ombro e falou com um tom mais suave, mas ainda com preocupação: — A gente vai ficar com você, amiga. Vamos fazer esse teste e, se der positivo, a gente resolve tudo junto. Não precisa ter medo, não. Ju, a mais impaciente de todas, já estava dando as ordens, como sempre. — Vamos logo, Lara. Não tem tempo a perder, não. Se você tá grávida, é melhor saber logo e tomar uma atitude. Não vai ficar nessa indecisão. Aquelas palavras fizeram meu coração bater mais forte. Eu queria que tudo fosse apenas um pesadelo, uma ilusão, mas não era. Eu estava realmente começando a entender o que aquilo significava. E se fosse verdade? E se eu estivesse grávida de Falcão? Não demorou muito, e lá estávamos nós no posto de saúde, esperando em uma sala fria e sem graça. Eu não conseguia parar de mexer nas minhas mãos, nervosa. As meninas estavam comigo o tempo todo, me apoiando, mas a minha cabeça estava uma bagunça. O tempo parecia ter parado enquanto a enfermeira preparava o material para o teste de sangue. Eu só conseguia pensar no futuro. Como eu ia lidar com aquilo? O que eu ia fazer com uma criança, se fosse realmente minha? A enfermeira, depois de tirar o sangue, nos pediu para esperar um pouco. A sala parecia cada vez mais apertada. Eu tentei conversar com as meninas, mas estava tão tensa que mal conseguia articular uma frase. — Eu só espero que não seja verdade, sabe? – falei, olhando para o chão. – Eu não sei o que fazer, não sei se sou capaz de lidar com isso. E… e Falcão? O que eu vou fazer com ele? Lívia me olhou, um pouco mais séria agora, e disse: — Você não vai precisar lidar com Falcão sozinha, Lara. Se você estiver grávida, vai ter nós três para te ajudar. E sobre ele… você vai ter que ser firme. Não pode deixar ele mandar na sua vida. Ele tem um poder grande, mas quem decide o que fazer com você, é você. Eu me senti mais tranquila com as palavras de Lívia. Eu sabia que a decisão seria minha, mas, ao mesmo tempo, tudo parecia tão fora de controle. Finalmente, a enfermeira entrou na sala com o resultado. O meu coração acelerou quando ela se aproximou com o papel em mãos. Ela olhou para mim com uma expressão neutra, mas não disse nada por um momento, o que fez o suspense aumentar ainda mais. — O teste deu positivo – ela disse, de forma simples e direta. As palavras dela ficaram ecoando na minha cabeça como uma sentença de vida. O teste realmente deu positivo. Eu estava grávida. Eu senti minhas pernas fraquejarem, e foi só o apoio de Fê e das outras meninas que me mantiveram de pé. Eu olhei para elas, e uma onda de emoções tomou conta de mim. Medo, tristeza, incerteza… mas também uma sensação estranha de que, de algum jeito, eu não estava sozinha. Elas estavam comigo. Ju foi a primeira a reagir, pegando minha mão e dizendo: — Agora a gente vai ter que agir, Lara. Não vamos deixar você sozinha nessa, vamos pensar no que fazer, mas o primeiro passo é você ficar calma. A gente vai dar um jeito, tá? Eu respirei fundo, tentando manter a calma. Não sabia o que fazer com aquele resultado, mas sabia que tinha que tomar uma decisão. E com as minhas amigas ao meu lado, eu sentia que talvez fosse possível lidar com tudo isso. A enfermeira nos deu algumas orientações e nos deixou sair. O caminho de volta parecia ainda mais longo do que antes, e o peso da novidade ainda estava fresco na minha mente. Eu olhei para as meninas, tentando não demonstrar o turbilhão que estava acontecendo dentro de mim. — O que eu faço agora? – perguntei, a voz embargada. Fê olhou pra mim com seriedade. — O que você quiser, Lara. Mas o primeiro passo é não deixar Falcão controlar a sua vida. E a gente vai te ajudar a decidir o que fazer com isso. Mas a última palavra é sua. Lívia, mais calma, disse: — A gente vai pensar em tudo, amiga. Mas agora, o que importa é que você não está sozinha. Vamos juntas nessa. Eu as olhei e, pela primeira vez desde que soube do resultado, me senti um pouco mais segura. Eu sabia que a decisão não seria fácil, mas agora eu tinha minhas amigas para me apoiar. O futuro ainda era incerto, mas uma coisa eu tinha certeza: eu não estava sozinha. Gente eu sou nova escrevendo tô aprendendo a desenvolver uma história então desculpa os erros.O silêncio no carro era pesado enquanto voltávamos para casa. Eu não conseguia parar de pensar no teste. Estava grávida. A palavra soava como um eco na minha cabeça, sem fazer muito sentido, mas ao mesmo tempo, parecia tão real quanto a sensação de dor que estava se instalando no meu peito. As meninas tentavam me animar, mas eu sabia que nada mudaria a verdade que eu acabara de descobrir.Fê foi a primeira a quebrar o silêncio, tentando me puxar para a realidade.— Lara, você precisa pensar em tudo, calma. Não adianta ficar pirando, agora a gente tem que ver o que fazer. O que você quer, no fundo? Você tem um futuro pela frente, tem que se decidir.Eu estava tão confusa que nem sabia o que responder. Como decidir alguma coisa com uma bomba dessas caindo sobre a minha vida? Eu só queria que o mundo parasse de girar por um momento, para eu conseguir respirar.— Eu não sei… Eu realmente não sei o que fazer. Não me vejo cuidando de uma criança sozinha, mas também não sei se consigo tirar
As meninas estavam decididas. Se eu tinha que enfrentar Falcão, elas estariam comigo, não importa o que acontecesse. Elas sabiam muito mais sobre ele do que eu, e esse era o ponto que me fazia sentir que, talvez, eu ainda tivesse alguma chance de controlar a situação.Fê parecia a mais otimista.— Vai dar tudo certo, Lara. A gente tem que estar na frente dele, sem mostrar medo. Você vai ver, ele vai entender que você não é qualquer uma, que você não vai ser controlada por ele, não importa quem ele seja.Ju, por outro lado, era mais cautelosa. Ela já havia tido algumas experiências com caras problemáticos no passado, e seu instinto de proteção estava à flor da pele.— Só não vá achando que ele vai te dar mole, hein? Falcão é perigoso, a gente sabe disso. Não dá para ser mole com ele. Ele não vai te dar a mínima se você se mostrar fraca.Eu sabia o que Ju estava tentando dizer. Mas, ao mesmo tempo, eu me sentia perdida. Eu mal sabia o que fazer da minha vida depois do acidente, e agora,
FalcãoAs mulheres, essas, sempre cheias de truque. Chegaram no morro, e eu nem dei muita atenção no começo. Mas quando vi ela, Lara, o papo mudou. Garota diferente, pensava que ia causar algum impacto, que ia chegar e todo mundo ia se curvar pra ela. No fundo, até admito, ela tem uma coragem. Mas coragem aqui não vale de nada quando a gente vive de respeito e medo, e não de promessas vazias.Eu tava ali, no meu canto, falando com os meus homens. Nada demais. Nada que me tirasse o foco. Até que ela, com aquele jeito inocente, pediu pra conversar comigo. Achou que eu ia dar bola pra essa história, né? Pensa que sou qualquer idiota.— Falcão, podemos conversar a sós? — A voz dela tava tremendo um pouco, mas não sei se era de nervoso ou se tava tentando ser convencente. Toda mulher acha que vai me pegar com essas frescuras.Levantei uma sobrancelha, olhei pros caras em volta e dei a permissão com um gesto seco. Ninguém ia mexer com a conversa dela e eu. Era o meu momento.Ela veio mais p
FalcãoAquela garota não sabia com quem estava lidando. Pensou que ia me enganar com essa história de gravidez? Me poupe. Eu não sou qualquer otário que cai em golpe de barriga. Ela queria me fazer de palhaço, mas não ia rolar. Eu não ia assumir essa criança, não importa o que ela dissesse. Ela que se virasse.Ela ficou ali, parada, esperando uma reação minha. Eu a encarei com desdém, sem dar a mínima para o que ela estava tentando me convencer. Não ia cair nessa. Eu já vi esse filme antes, e o final sempre é o mesmo: a mulher tentando me manipular, achando que pode me controlar. Mas comigo não tem essa. Eu sou o Falcão, o dono do morro, e ninguém me engana. Ela tentou falar, mas eu a interrompi com um gesto brusco. — Não adianta, garota. Eu não vou cair nessa. Vai procurar outro otário para enganar. Eu não sou seu babaca. Ela tentou argumentar, mas eu não estava disposto a ouvir. Já estava cansado dessas tentativas de manipulação. Eu sabia o que ela queria, e não ia dar a ela o
Falcão Eu não acredito nisso. Como é que aquela vagabunda vem me dizendo que está grávida? Não tem a mínima condição de ser meu filho. Eu não sou um desses idiotas que se deixa manipular por mulher. Já conheço o jogo delas. E ela estava tentando, de todas as formas, fazer eu cair nesse papo de "grávida do Falcão" só pra virar fiel. Eu sabia muito bem o que ela queria, mas não seria eu quem cairia nessa.Aquela mina parecia tão confiante com o papo de gravidez, mas eu não ia cair. Fui direto ao ponto. Se esse filho for meu, ela vai morar comigo, nem que seja à força. E se não for? Eu ia deixar ela na rua, simples assim. Não tenho paciência pra esse tipo de mulher, que tenta jogar o golpe da barriga achando que vai me prender. Se não for meu, a história termina ali, e ela vai aprender a não mexer com Falcão.Eu fico observando a situação, esperando a reação dela, e a única coisa que passa pela minha cabeça é: se esse filho for meu, ela vai ter que se submeter às minhas regras. Não vai
LaraAssim que atravessei a porta de casa, senti o peso de tudo desabar sobre mim. Minhas pernas estavam bambas, a cabeça rodava, e a raiva misturada com mágoa ainda queimava no meu peito. Eu não conseguia acreditar na forma como Falcão me tratou. Frio, cruel e arrogante, como se eu fosse apenas mais uma qualquer tentando tirar proveito dele.Minha avó estava sentada no sofá, assistindo televisão, mas assim que me viu entrar daquele jeito, franziu a testa e abaixou o volume.- O que aconteceu, menina? - O tom dela era preocupado.Minha garganta secou. Eu precisava contar. Ela merecia saber a verdade. Respirei fundo e sentei ao lado dela.- Vó... eu preciso te contar uma coisa.Ela me olhou de cima a baixo, percebendo minha hesitação.- Fala logo, Lara. O que foi?Fechei os olhos por um segundo, tentando reunir forças.- Eu tô grávida.O silêncio na sala foi ensurdecedor. Minha avó me encarou, e, por um momento, achei que ela não tinha entendido. Mas então, ela suspirou fundo e passou
Nos dias seguintes, eu fiquei inquieta. O ódio de Falcão ainda queimava dentro de mim, mas eu também sentia um cansaço absurdo, como se toda aquela situação estivesse drenando minhas forças. Minha vó tentava me acalmar, mas eu sabia que ela estava preocupada.Eu queria resolver aquilo de uma vez. Fazer o teste de paternidade e esfregar na cara de Falcão que ele era o pai do meu filho. Mas, mais do que isso, eu queria seguir minha vida sem que ele tivesse qualquer influência nela.Na tarde seguinte, fui encontrar Ju, Lívia e Fê. Precisava desabafar. Elas me esperavam na praça, sentadas em um banco de concreto debaixo de uma árvore. Assim que me viram, Lívia foi a primeira a falar:— E aí? Como foi com a sua avó?Sentei ao lado dela, soltando um suspiro pesado.— Ela ficou assustada quando soube que era o Falcão. Disse que ele é perigoso e que eu não devia me envolver com ele de jeito nenhum.Lívia revirou os olhos.— Até sua avó sabe que esse cara não vale nada.— Mas pelo menos ela me
Os dias seguintes foram de pura ansiedade. Eu tentava me distrair, mas a verdade era que minha cabeça girava em torno do teste de paternidade e do que aconteceria depois.Minha avó percebeu o quanto eu estava inquieta.— Para de andar de um lado pro outro, menina — ela disse, enquanto sentava na poltrona da sala com uma xícara de chá nas mãos.— Não consigo, vó. Tô agoniada.Ela suspirou e bateu no sofá ao lado dela.— Senta aqui.Obedeci. Ela pegou minha mão e apertou de leve.— Eu sei que você tá preocupada. Mas independente do que aquele homem disser, você tem a mim e suas amigas. Esse bebê vai ser amado, com ou sem ele.Meus olhos se encheram de lágrimas.— Eu sei, vó… Mas eu quero esfregar isso na cara dele. Ele me tratou como se eu fosse qualquer uma. Como se eu tivesse mentindo pra cima dele.— Homens como ele são assim — ela resmungou. — Acham que podem pisar nos outros sem consequência.Fiquei em silêncio, encarando o chão.— Mas eu quero que você se prepare — minha avó conti