LaraEu não sabia o que fazer com tudo isso. Falcão me deixava confusa, me fazia sentir coisas que eu não queria, mas que, no fundo, não dava pra negar. Eu tava ali, tentando manter o controle da situação, mas tudo que ele fazia era me deixar mais perdida. Não sabia se tava me apaixonando por ele ou se odiava o que ele representava.Eu saí do quarto sem olhar pra trás, e quando fechei a porta, senti uma espécie de alívio, mas ao mesmo tempo, um vazio. O ar da casa parecia mais denso, como se as coisas tivessem parado de se mover ali dentro. Como se tudo girasse em torno daquele homem, que, por mais que eu tentasse, não conseguia entender.O corredor estava silencioso, e eu me apoiei na parede por um instante, tentando organizar meus pensamentos. Mas, o que eu sentia agora? Raiva? Desespero? Confusão? Uma mistura de tudo. E, por mais que eu tentasse, não conseguia fugir disso.A raiva começou a tomar conta de mim quando pensei naquela mulher. Ele tinha ido pra cama com ela na minha fre
A casa da Ju era pequena, mas aconchegante. O cheiro do incenso que ela sempre acendia me trouxe uma sensação estranha de paz, mesmo com minha cabeça girando de raiva e frustração. Me joguei no sofá e deixei o cansaço me dominar.— Quer comer alguma coisa? — Ju perguntou, já se levantando.— Não tô com fome — murmurei, abraçando uma almofada.Ela me olhou de lado, desconfiada, mas não insistiu. Sabia que eu falava pouco quando estava assim.— Você vai dormir aqui, né? — perguntou, como se houvesse outra opção.Eu assenti, aliviada por não precisar voltar praquela casa. Por mais que eu soubesse que uma hora teria que encarar Falcão, essa noite não seria essa hora.Ju sumiu no quarto e voltou com um short e uma blusa larga.— Toma, troca essa roupa, pelo menos.Peguei sem discutir e fui pro banheiro. Me encarei no espelho por um momento, os olhos inchados, a expressão cansada. Passei a mão na barriga, sentindo aquele peso de que minha vida não era mais só minha. Eu não podia mais agir c
FalcãoQuando eu saí da casa da Ju, a raiva fervia nas minhas veias. Aquela rapaziada achava que tava se divertindo, mas não tinha ideia do que tava rolando por trás das paredes do morro. Como assim a Lara tava lá, sozinha, sem um cara pra dar uma segurada? Eu tinha transado com a Renata na noite anterior, e agora me sentia um merda por não ter dado atenção pra mina.— Que merda, Falcão! — eu falei pra mim mesmo, socando a mão na parede enquanto caminhava. — O que você tá fazendo, cara? A mina tá no meio da confusão e você só ficou de bobeira?A verdade é que eu não queria admitir, mas a Lara tinha um jeito de me deixar maluco. Ela não se importava com a fama que eu tinha ou com o que o pessoal falava. E, porra, eu tinha que proteger a mina. Era minha obrigação, tá ligado?Tava pensando em como ia fazer pra reverter essa situação. As meninas tavam só fazendo bagunça, e, se continuasse assim, a Lara ia acabar se metendo em encrenca. Meu coração apertou só de imaginar. O que eu ia fazer
Quando finalmente a tensão começou a dar lugar à diversão, eu fui me deixando levar. As meninas estavam rindo e falando sobre tudo, e eu tentei esquecer a briga com o Falcão. Aquelas risadas eram tudo que eu precisava pra dar uma aliviada na cabeça.— Olha, eu trouxe uns docinhos que eu fiz! — a Fê gritou, animada, enquanto tirava as coisas da sacola. — Espero que vocês estejam preparadas pra um festival de açúcar!Eu ri, me deixando envolver pelo clima. Aquela noite era pra ser leve, e eu não queria que as preocupações voltassem. Com as meninas, eu esquecia, mesmo que por um tempo, de tudo que tava pegando fogo na minha vida.— Bolo de chocolate é meu fraco! — eu comentei, me empolgando com a ideia.— Se prepara, porque eu não sou de segurar a onda! — falei, me juntando a elas na hora de abrir as guloseimas.O papo fluiu fácil, e, aos poucos, a alegria tomou conta. Olhei pra cada uma das meninas e percebi como elas eram importantes pra mim. No meio de todo o caos que eu vivia, a amiz
Com o tempo passando, as coisas entre eu e o Falcão começaram a mudar, mas devagarinho. As conversas ficaram mais tranquilas, e, mesmo com aquela tensão no ar, percebia que ele estava tentando de verdade. Às vezes, quando ele me olhava, havia um brilho diferente nos olhos dele, algo que não era só ciúmes. Era como se ele estivesse começando a enxergar a Lara de um jeito novo.Um dia, enquanto eu estava na cozinha, organizando as coisas pro chá revelação do bebê, Falcão entrou com um sorriso que me surpreendeu.- E aí, como tão os preparativos? - ele perguntou, encostando no batente da porta, com aquele jeito que só ele tem, todo seguro.- Estou na correria, mas vai ficar incrível! A Ju, a Lívia e a Fê vão ajudar na decoração - respondi, tentando não deixar transparecer como seu olhar me deixava nervosa e animada ao mesmo tempo.Ele arqueou a sobrancelha, curioso.- E o que vai ter nessa festinha? Tô pensando em umas ideias pra deixar o clima mais daora.Ri, admirando como ele se esfor
Eu ainda sentia meu coração acelerado com tudo que tinha acabado de acontecer. As pessoas vinham nos parabenizar, e eu mal conseguia processar todas as emoções.Os parceiros do Falcão foram os primeiros a se aproximar. Leão veio primeiro, batendo no ombro dele com um sorriso satisfeito.— Parabéns, irmão! Agora tu vai ter que segurar essa princesa aí.— É, já se prepara porque filha de bandido é braba — Gato brincou, piscando pra mim.Sombra, que sempre era mais calado, apenas assentiu com a cabeça e deu um aperto de mão firme no Falcão.L7 deu um passo à frente, cruzando os braços e analisando Falcão com um meio sorriso.— E aí, cria… como é que é ser pai de menina? Tá preparado?Falcão riu de canto, balançando a cabeça.— Sempre tô. Mas agora é outro nível, né? Vou ter que dobrar a segurança.Todos riram, e Mestre foi o último a chegar, com um olhar quase paternal.— Isso aí, mano. Parabéns. Tu vai ver que nada nesse mundo vale mais do que sua filha.Falcão apenas assentiu, e os car
Flashback onO som do baile funk ainda estava no ar, mas eu mal conseguia ouvir. Minha cabeça só estava pensando nele. Falcão me puxou sem falar nada, e eu nem hesitei. Quando ele me olhou daquele jeito, eu já sabia o que ia acontecer. O clima entre a gente tava pegando fogo, só de olhar.A gente chegou na casa dele rapidinho. A porta fechou e, sem mais nem menos, ele me beijou com tudo. Me puxou pra perto e eu já tava sem saber o que tava acontecendo, mas meu corpo já tava entendendo. Ele era diferente. E eu só queria mais.Ele me empurrou suave pro quarto. A cama tava ali, me esperando, e eu sabia que não tinha mais volta. A respiração dele tava pesada, e o som das nossas roupas sendo tiradas misturava com o meu coração acelerado.Falcão me deitou na cama e, no mesmo segundo, tava em cima de mim, me olhando nos olhos. A tensão no ar dava pra cortar com a faca. Ele não disse nada, mas o jeito que ele me olhava, já falava tudo. Me tocou de um jeito que eu nunca tinha sentido antes. A
Flashback onLaraEle não me deu nem a mínima, e isso me deixou puta. Fui deitar, mas não consegui fechar os olhos. A raiva tava me corroendo por dentro. Como ele tinha coragem de agir assim, como se fosse só mais uma, sem dar nem uma satisfação? Eu merecia mais do que isso.O filho da puta me usou e agora me tratava como se fosse qualquer uma, como se eu fosse só um corpo pra ele. E eu, burra, caí na dele. Agora, aqui estava, deitada nessa cama imunda, sem saber o que fazer com a raiva que tava crescendo dentro de mim.Ele tava lá, com aquele jeito de quem não se importa com porra nenhuma. A raiva queimava dentro de mim, e eu só queria explodir. Eu não ia deixar isso passar. Ele podia achar que ia me deixar assim, com esse gosto de merda na boca, mas eu ia dar o troco. Eu não era qualquer uma. Não importava o quanto ele tentasse me desrespeitar, eu ia mostrar pra ele que eu não era só mais uma mina da favela que ele podia usar e jogar fora.Olhei pra ele, mas não disse nada. Só fique